De fato, a bebida dá um certo vigor a quem bebe. Tem muito açúcar e fermenta quase que instantaneamente ao ser colhida. É efêmera e prazerosa. Vi João Meirelles (fotógrafo que me acompanhou pelas fazendas) quase chorar de satisfação depois do primeiro gole e as duas francesas da equipe de TV que acompanhava Bonnat pelas fazendas com as peles arrepiadas ao fim do primeiro copo. Acho que é uma reação comum à bebida. Acredito que as reações das pessoas ao sumo do cacau sejam mais representativas da experiência do que uma tentativa de descrição do gosto. Posso dizer que ela é quase licorosa de tão doce, mas não chega nem perto de enjoar, dado o equilíbrio da doçura com uma leve acidez e intensa refrescância.
+ A fantástica fazenda de chocolate
Sumo. Servido na fruta, colhido na folha. FOTO: João Milet Meirelles/Estadão.
Perdi a conta de quantas vezes bebi mel de cacau. Passava férias do meio do ano na Fazenda Aliança, em Ipiaú, interior da Bahia, e, mesmo com a vassoura de bruxa assustando todos e matando cacaueiros, era comum ter uma jarra de mel na geladeira (é preciso algumas dezenas de cacaus para extrair um litro de mel).
Queria poder lembrar do meu primeiro gole, mas já faz tempo e a memória também fermenta. Vai ser difícil é esquecer do último, na Fazenda Leolinda, de João Tavares. Colhido numa folha de bananeira estendida no chão, servido no próprio fruto e tomado na companhia inesperada de um casal de caititus que deram o ar da graça no meio da Mata Atlântica.