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Suzana Barelli

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Le Vin Filosofia

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O estilo de vinificar na história do vinho Periquita

Periquita Clássico, elaborado com a uva castelão, tenta ser igual ao vinho do passado, com capacidade de envelhecer com o tempo de guarda

O tinto Periquita é elaborado, de forma ininterrupta, desde o distante ano de 1850, na região de Setúbal, em Portugal. Mas, mesmo feito todos estes anos, o vinho não segue a mesma receita nestas mais de 170 safras. Ao longo dos anos, principalmente a partir da década de 1980, o Periquita foi ganhando toques de modernidade, como a colheita no ponto ótimo de maturação das uvas e a fermentação em tanques de inox com rígido controle de temperatura.

Periquita Clássicoé um vinho com notas de evolução, como couro, café e aromas de frutos não tão frescos. Foto: Regis Duvignau/Reuters

O resultado é um tinto elaborado com as uvas castelão, trincadeira e aragonez, que chega ao mercado com aromas bem nítidos e frutados, taninos macios e, principalmente, pronto para consumo. Este perfil mais moderno até gerou frutos – hoje o tinto tem a companhia do Periquita branco, do rosé, do reserva e até do Red Blend, um tinto com mais açúcar residual (são 17,5 gramas por litro), que atraí iniciantes no mundo de Baco.

Se esta mudança na elaboração do Periquita ampliou as suas vendas, ela deixou também um saudosismo no enólogo Domingos Soares Franco, da sexta geração da família proprietária da vinícola José Maria da Fonseca. Um saudosismo que contaminou toda a família. Em passagem pelo Brasil no final do ano passado, António Soares Franco, sobrinho de Domingos, e representante da sétima geração, era só elogios ao Periquita Clássico, um projeto que nasceu com o seu tio no começo dos anos 1990. A ideia era elaborar o vinho como antigamente, o que foi feito em seis safras: 1992, 1994, 1995, 1999, 2001 e 2004.

Agora, o Clássico voltou, com o lançamento da safra de 2014 no final do ano passado. Elaborado apenas com a uva castelão, cultivada na quinta Cova da Periquita, adquirida pela família Soares Franco em 1846, na Península de Setúbal, e que deu nome ao vinho. Suas uvas foram fermentadas junto com o engaço, como era realizado no passado, o que, sabe-se hoje, contribuía para deixar o vinho mais tânico e que necessitava de tempo em garrafa para perder esta certa rusticidade. A temperatura de fermentação também não foi totalmente controlada e, passada esta etapa, o tinto envelheceu em tonéis de barrica usada por 24 meses.

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O resultado é um tinto já com notas de evolução, como couro, um quê de café e de frutos mais evoluídos, não tão frescos. É um Periquita diferente dos atuais. Mas é também um tinto com maior capacidade de envelhecer com o tempo de guarda, o que não acontece com os Periquitas das safras recentes. “Suas uvas vêm de um vinhedo com vinhas velhas e tentamos que o vinho seja igual ao que era no passado”, afirma António Soares Franco.

O Clássico exemplifica também a trajetória da vinificação. Atualmente, o conhecimento de viticultura e as técnicas de enologia permitem elaborar vinhos que, ainda jovens, estão prontos para serem consumidos (o que acontece com mais de 90% dos vinhos que chegam ao mercado). Mas voltar ao passado é também resgatar uma história e uma tradição, que deve ser preservada.

Para quem se interessou, o Periquita é importado pela Interfood, que o comercializa no www.todovino.com.br. O tinto Periquita é vendido por R$ 78,99 e o Clássico, por R$ 462,99.

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