PUBLICIDADE

Colunas

Suzana Barelli

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Le Vin Filosofia

Le Vin Filosofia

Por que apostar nos vinhos do vale de Itata?

Região na costa do Chile redescobre suas vinhas antigas, que rendem vinhos simples e frescos

O vale de Itata, a 460 quilômetros ao sul da capital Santiago, está escrevendo seu segundo grande capítulo na história do vinho chileno. O primeiro foi quando os espanhóis chegaram por lá, em 1550, plantaram suas primeiras videiras e transformaram a região na principal fornecedora de vinhos para o país andino. A proximidade do Oceano Pacífico facilitava o transporte da bebida para outras colônias espanholas.

Nos séculos seguintes, Itata foi perdendo prestígio com o desenvolvimento vitivinícola dos vales mais próximos a Santiago. Seus vinhos foram quase esquecidos, assim como suas videiras centenárias, cultivadas principalmente com as variedades País, nas tintas, e Moscato de Alexandria, nas brancas.

Vinhedo Vale de Itata, na costa do Chile Foto: Marcel Miwa

O segundo grande capítulo de Itata está sendo escrito agora, nos últimos dez ou 15 anos, com a redescoberta de suas vinhas antigas, e com a valorização de um estilo de vinho que pode ser mais simples e até mais rústico (nem sempre é), mas que tem qualidade e frescor. Sua produção guarda a tradição – um exemplo são as vinícolas que ao invés de prensarem as uvas em máquinas, preferem usar a “zaranda’, uma espécie de peneira de bambu.

Guardam também o respeito às uvas locais e ao seu terroir, sem tentar elaborar vinhos no estilo de outros vales, como Maipo ou Colchagua, por exemplo. Além da País e da Moscatel de Alexandria, Itata, que pode ser definido como o primeiro vale costeiro do Chile, séculos antes de Casablanca, Limarí ou Leyda, tem bons vinhedos da tinta Cinsault, e das brancas Chasselas, conhecida como corinto por lá, e da Sémillon. Há também a variedade ancestral Ovoide, um cruzamento espontâneo entre a País e a Moscatel, objeto de estudo recente. 

PUBLICIDADE

O enólogo Alejandro Cardozo, que por aqui elabora, entre outros, os espumantes Estrelas do Brasil, participou do estudo com a Ovoide e se surpreendeu com o seu potencial. “Ela resulta em um espumante muito fresco e aromático”, conta ele. Por enquanto, o espumante é elaborado comercialmente pela Cooperativa local de Loncomilla, e não chega ao Brasil.

Nos brancos e nos tintos, soma-se ao potencial dos vinhedos a presença de profissionais renomados. O chileno Pedro Parra, referência internacional em terroir, tem seu projeto na região; o enólogo François Massoc, que também trabalha na Domaine du Comte Liger-Belair, na Borgonha, elabora vinhos em Itata; e o sommelier Hector Riquelme, um dos melhores do país andino, se mudou de Santiago para Concepcíon, a capital da região, e incentiva a produção local.

Uma pequena amostra dos vinhos de Itata foi apresentada na semana passada, em uma degustação promovida pela ProChile em parceria com a escola Enocultura. Na taça, boas surpresas como os brancos Escogido Sémillon, da Riversas del Chillan (R$ 150, na Domínio Cassis); de um vinhedo plantado em 1950, e fresco Nitanto, um corte de Cinsault e país, com pequenas proporções de Cabernet Sauvignon e Malbec, da vinícola Terroir Sonoro (R$ 129, na Vinho Mix).

Da Pandolfi Price, de preços mais altos, duas boas surpresas, o branco Los Patrícios Chardonnay, com uma integração perfeita entre a fruta e a madeira (o vinho passa 22 meses em carvalho) e o Larkun Pinot Noir, pelo seu frescor – os vinhos custam respectivamente R$ 358 e R$ 197 da Winebrands.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE