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O espanhol avança

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Segundo previsões recentes publicadas pela revista Decanter, a Espanha deverá se tornar o maior produtor de vinhos do mundo, passando a França. Atualmente, proporcionalmente ao seu território, ela já tem a maior superfície plantada de vinhas, mas o clima é duro, muito seco e a produção média, pequena. Com as novas técnicas agrícolas e a permissão para irrigação, a produção deverá crescer. Só esperamos que esse salto em quantidade não deixe cair a qualidade. Infelizmente, o vinho espanhol é pouco conhecido no Brasil. É uma espécie de vinho para especialistas (insiders), desconhecido por grande parte dos consumidores. O país tem perto de 65 denominações de origem (DO), das quais duas especiais: Rioja e Priorato, classificadas como denominación de origem calificada (DOC). No entanto, o que vemos normalmente nas nossas prateleiras são os espumantes, muitos dos quais muito bons (cava), vinhos oportunistas, desses com rótulos bonitos e feitos às pressas, e pouquíssimos tintos e brancos de qualidade. Quando examinamos uma garrafa de vinho espanhol devemos notar, além da região geográfica o tipo: denominación de origen (o mais simples, sem envelhecimento na origem, para consumo rápido); crianza (com algum tempo de envelhecimento nas barricas e nas garrafas); reserva (com mais tempo de afinamento na origem) e gran reserva (que ficam muitos anos nas vinícolas). Uma classificação útil, mas não infalível. Entre os produtos de qualidade, os da zona de Rioja se destacam nas prateleiras e bem merecem, pois podem ser espetaculares. São os vinhos mais conhecidos e prezados, feitos principalmente com a nativa Tempranillo, uma uva magnífica. A Rioja fica no norte, onde há pelo menos mais duas denominações que merecem a atenção dos consumidores: Navarra (quase uma continuação da Rioja) e Somontano. Elas ficam perto dos Pirineus e têm produtos interessantes feitos com a Tempranillo e com as cepas francesas Cabernet Sauvignon e Merlot. Também há em Somontanos tintos originários da nativa, Moristel, que está perdendo terreno. ENATE 2005 ONDE ENCONTRAR: EXPAND, TEL. 3847-4747 PREÇO: R$ 59 COTAÇÃO: 89/100 A Enate é uma empresa relativamente recente e de grande prestígio. Bodega Pirineus, Viñas Del Vero e Enate fazem quase todos os vinhos de qualidade da denominação. Tintos de diversos tipos, utilizando a uva local Moristel, mas também cepas de outras regiões e países, como Tempranillo, Cabernet Sauvignon, Merlot e outras. Este Enate é feito com uvas do corte bordalês: Cabernet Sauvignon e Merlot, e vai parecer familiar aos que que bebem os vinhos (milhares e milhares) feitos com essas uvas. De certa forma, lembrou um bom chileno, com toques meio vegetais. Bela cor, com alguns sinais de envelhecimento (reflexos grenás)e pronto para o copo. Aroma complexo, de frutas, algo floral e evocações de madeira ao fundo. Na boca, redondo, macio e com taninos nada agressivos Frutas e algo de chocolate. Álcool muito bem comportado. 14% de álcool. PAGO DE CIRSUS VENDIMIA SELECIONADA 2004 ONDE ENCONTRAR: DECANTER, TEL. 3073-0500 PREÇO: R$ 66 COTAÇÃO: 90/100 Um vinho de Navarra que agradou do começo ao fim. Um corte reunindo a nativa Tempranillo com a mais potente e tânica uva francesa Cabernet Sauvignon e ainda a Merlot, mais elegante. Cabernet e Merlot são bastante difundidas na zona de Navarra. Aroma potente, gostoso, com algo de madeira, de chocolate e frutas. Aroma complexo, que foi melhorando e ficando mais intenso com o tempo. Na boca, redondo, denso e muito gostoso. Consegue ser intenso, encorpado e elegante. Um vinho com alguns anos na garrafa que está absolutamente pronto, tem pouco a ganhar com o tempo. Macio, sedoso e com taninos nada agressivos. Também foi melhorando com tempo no copo. Álcool muito bem comportado, sem se destacar demais. Deixa sensação agradável na boca, longo. 14% de álcool. GRAN FEUDO RESERVA 2001 VIÑAS VIEJAS ONDE ENCONTRAR: MISTRAL, TEL. 3372-3400 PREÇO: R$ 68,76 COTAÇÃO: 89/100 Um vinho da Julian Chivite, uma das maiores e mais caprichadas de Navarra. Este tinto está entre os melhores da empresa, um corte da local Tempranillo (elegante, com perto de 70% do total), Cabernet Sauvignon (mais tânica, potente, que demanda um certo tempo na garrafa, e Merlot (mais "doce", macia, elegante). Ótimo no nariz e na boca. Um vinho já evoluído, com notas grenás na cor, que não tem nada a ganhar com o tempo. Para ser provado já, com muito prazer. Passou por barricas novas francesas, consideradas mais finas, e americanas, mais intensas, mais puxadas para a baunilha, cujo toque aparece no aroma e na boca. O aroma é mesmo ótimo, não dos mais potentes. Na boca, equilibradíssimo, com álcool, tanino, acidez, muito bem integrados. Sem arestas. Dá vontade de continuar bebendo. Macio, longo. 12,5% de álcool. VIÑAS DEL VERO COLEC. LAS CORONAS SYRAH 2004 ONDE ENCONTRAR: MISTRAL, TEL. 3372-3400 PREÇO: R$ 72,11 COTAÇÃO: 89/100 Um estranho no ninho que não poderia ficar de fora pela sua qualidade. A Syrah não é típica da zona, mas está entrando com sucesso em muitas regiões da Península Ibérica. A Viñas Del Vero faz vinhos de qualidade, muito elogiados, com essa uva em vinhedos particulares (no caso, Las Coronas). Passou dez meses em barricas de carvalho francês do Allier. Um vinho encorpado, potente, vai encantar quem ama tintos potentes, marcados pelo carvalho. Bem escurão, dificilmente deixa passar a luz. Sem o menor sinal de envelhecimento na cor, mas pronto para beber. Pode ganhar com tempo na garrafa. Aroma intenso, complexo, com toques de queimado, de bala de café e de frutas. Um vinho concentrado, encorpado, que pesa na boca. Um pouco "quente", alcoólico. 14% de álcool.

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