"Desde o começo do ano tenho sentido uma grande movimentação no mundo do queijo. As pessoas estão adorando poder se encontrar em todos os salões e feiras que foram retomados depois da pandemia" disse Roland Barthélemy, presidente da Guilde des Fromagers, que eu encontrei em Berlim, no aniversário de 20 anos do Clube Alemão da associação.
No Brasil, Roland preside o Júri Supremo do concurso de queijos e produtos lácteos: um grupo seleto de 15 jurados brasileiros e internacionais, que vai escolher o melhor queijo do concurso brasileiro.
"No começo do ano houve o Salão do Queijo e da Agricultura em Paris. Depois, tivemos o grande salão de alimentação italiano Cibus, em Parma, que foi um sucesso e fez pela primeira vez um concurso de melhor queijista (comerciante de queijo). O vencedor vai concorrer no concurso internacional de Tours em 2023, ao lado de um candidato brasileiro, nós esperamos. No começo de junho, tivemos o Fancy Food Show Summer em Nova York. Agora estamos em Berlim para dois dias de eventos com queijeiros da Alemanha, Suíça e Áustria. Por todos os lugares que passo eu encontro uma alegria imensa das pessoas de poderem se reencontrar profissionalmente, fazer degustações e animações em torno do queijo" disse Roland.
Em Nova York, a Guilde inaugurou a nova loja do Cniel (Centro Nacional Interprofissional da Economia Leiteira da França). Chamada de French Cheese Board, é um espaço de degustações, formações, eventos e venda para divulgar os queijos europeus nos Estados Unidos.
No final de agosto, a Guilde realiza uma peregrinação à capela de São Lúcio Uguzon, o santo padroeiro dos queijeiros, com membros de toda Europa e América.
Mundial do Queijo do Brasil em Berlim
Na capital alemã, uma centena de queijeiros da Alemanha, Suíça e Áustria se encontraram depois de um jejum de 3 anos. Começaram no sábado dia 17 de junho com um espetáculo no Friedrichstadt Palast, em alto estilo, seguido de uma orgia de salsichas e fritas. No dia seguinte, realizaram a assembléia geral com a presença de cerca de 50 membros, com um relatório de prestação de contas germânica de arrecadações e ações dos últimos dois anos, porque no último ano não houve assembleia devido ao covid.
Eles convidaram eu e Maristela Nicolellis, embaixatriz e presidente do club da Guilde Brasil, para apresentar o mundial para a platéia e muitos estão animados de conhecer o mundo queijeiro do Brasil.
Em seguida, todos participaram de uma degustação às cegas para avaliar 28 queijos que terminou em um almoço de comidas típicas locais. De noite, a tradicional "cerimônia de entronização" onde novos membros aderem à grande família queijeira internacional, apresentados por seus padrinhos.
O mais engraçado foi ver, depois de todas essas formalidades, todo mundo cantar e dançar até altas horas da madrugada, a maior alegria, porque comer queijos assim dá mesmo muito entusiasmo, harmonizados com vinhos e geleias, frutas, sobremesas lácteas, todo mundo se soltou com um DJ super animado.
Na Europa como no mundo todo, esses eventos queijeiros, talvez um pouco Kitsch na Alemanha, descontraem os atores do mundo do queijo, possibilitando novas conexões e novos negócios. Resta saber o estilo de festa be brasileira que aguarda o Mundial do Queijo do Brasil.