Se Portugal está nos seus planos, esse texto provavelmente é para você. Polêmicas à parte, o centenário guia Michelin segue firme e forte e, nesta edição, ganha novos contornos em terras lusitanas. Desde o anúncio da separação do guia Michelin entre Portugal e Espanha na cerimônia de 2022, em Toledo, Espanha, um burburinho tomou conta dos bastidores da gastronomia portuguesa.
Com 163 restaurantes no guia, nenhum deles, até hoje, conseguiu alcançar as sonhadas três estrelas. E, uma das especulações, é que a divisão luso-hispânica pode representar novidades nessa seara. Outro tema recorrente - e não apenas na edição lusitana - , é a falta de representatividade feminina. no guia, algo que pode começar a mudar na noite desta terça (27).
Quando o assunto são as três estrelas, aqui e ali, surgem as apostas, como o Ocean, comandado pelo chef Hans Neuner. O austríaco acertou a mão na casa instalada no Vila Vita Park e vem conquistando o público com suas viagens pelas grandes navegações portuguesas. O último menu, aliás, foi inspirado no Brasil, depois de uma viagem de um mês pelo país. A próxima viagem gastronômica de Hans, que pode ser já com três estrelas, passa por Macau.
O chef Hans Neuner se inspirou no Brasil para desenhar o último menu do Ocean. O Belcanto, de José Avillez, é outro nome que aparece na bolsa de apostas. "Seria muito Portugal ganhar uma terceira estrela, seja quem for", resume. Outro nome que corre forte nos bastidores é de Ricardo Costa, à frente do The Yeatman e do Mira Mira, um fine dining mais despojado que também deve aparecer no guia.
Na linha de ascendência estrelar, por assim dizer, há outras apostas, que apontam quem pode chegar a duas. Hoje, Portugal tem sete restaurantes com essa distinção, a saber: Alma (Henrique Sá Pessoa, Lisboa), Belcanto (José Avillez, Lisboa), Ocean (Hans Neuner, Porches), The Yeatman (Ricardo Costa, Vila Nova de Gaia), Vila Joya (Dieter Koschina, Albufeira), Casa de Chá da Boa Nova (Rui Paula, Leça de Palmeira) e Il Gallo d'Oro (Benoît Sinthon, Ilha da Madeira).
Uma das possibilidades de ascensão, resultado das andanças da Viagem Gastronômica, especialmente por Lisboa, é o Feitoria, ora comandado pelo chef André Cruz, que herdou a missão do exemplar João Rodrigues (hoje no Canalha). O restaurante tem uma carta equilibrada, que evolui com leveza e criatividade. Um dos destaques é o peixe maturado em cera de abelha.
Na disputa por uma estrela, temos pelo menos duas fortes apostas. O 2 Monkeys, no Torel Palace Lisbon, é comandado pela dupla Vitor Matos (estrelado no Porto, com o Antiqvvm) e Francisco Quintas, responsável no dia a dia da casa.
O restaurante se auto intitula como "fun fine dining", pelo jeito despretensioso que serve o menu surpresa: os comensais se sentam ao redor do balcão e os membros da equipe se revezam para montar os pratos à nossa frente, com direito a bate-papo sobre técnicas e ingredientes.
O Plano, de Vítor Adão, também aparece forte nos bastidores, com seu menu que mescla boa técnica e ingredientes super portugueses, de olho sempre na tradição, sem "invencionices". Correm por fora restaurantes como o Yakuza, o oriental do chef Olivier da Costa.
Na linha das mulheres que vêm dando o que falar, estão duas candidatas a duas estrelas: A chef Marlene Vieira, que realiza um trabalho exemplar em seu Marlene, revezou a oferta de menus cotidiana com eventos com grandes chefs, em especial os estrelados portugueses, como Rui Paula, Henrique Sá Pessoa e Pedro Pena Bastos. Aliás, este último, à frente do Cura (Ritz), também pode aparecer com mais uma estrelinha, quem sabe? Outro restaurante que já está no guia e pode ganhar sua primeira estrela, também comandado por uma mulher - a chef Louise Bourrat - é o Boubou's, claramente de inspiração francesa.
Fora da constelação, há expectativas em torno dos Bib Gourmands, os restaurantes com ótima comida e bom preço. Nessa linha, um dos nomes quase certo é o Canalha, nova casa do chef João Rodrigues.
Façam duas apostas!