Ele vendia minibíblias de madeira para sustentar família, e hoje filhos faturam R$ 35 milhões

Grupo Mirandinha começou com livro sagrado esculpido em miniatura e vendido como íma de geladeira no centro de SP; em 2022, ampliou operações para os EUA, vendendo artigos de festa

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Foto do author João Scheller

Uma empresa que começou vendendo minibíblias de madeira no centro de São Paulo, hoje fatura R$ 35 milhões com artigos para festa, como bandejas e boleiras, operando no Brasil e Estados Unidos. A companhia, que tem produção própria de diferentes artigos do gênero, começou com o trabalho do patriarca da família, Cláudio de Castro, que teve de vender as pequenas bíblias para sustentar a família após sua autoelétrica falir.

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Os produtos começaram a ser comercializados em 2003 como ímã de geladeira na região da rua 25 de Março e na Feira da Madrugada, pontos de comércio popular em São Paulo.

Anos depois, os filhos assumiram as operações da empresa e criaram o Grupo Mirandinha, que apostou na fabricação industrial de artigos para festa e conseguiu expandir suas operações com vendas para lojas do gênero.

Thiago Miranda, ao lado do pai Claudio de Castro (c) e seu irmão Bruno Miranda. Eles comandam o Grupo Mirandinha, que expandiu suas operações para os EUA no ano passado Foto: Werther Santana/Estadão

Empresa começou por necessidade, após falência de autoelétrica

Quando Cláudio de Castro teve de fechar a autoelétrica que comandava, foi até a Catedral da Sé, em São Paulo, orar e pedir por ideias que o ajudassem a encontrar uma solução para o sustento da família.

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Foi a partir daí que pensou em esculpir pequenas bíblias em madeira, comercializadas por ele no centro de São Paulo. As miniaturas eram comercializadas com salmos e em diferentes tamanhos, algumas como ímã de geladeira.

“Houve uma época em que fiquei três noites sem dormir para conseguir fazer as peças”, conta Cláudio de Castro, conhecido como Mirandinha por conta do sobrenome da esposa.

Ele conta que a procura pelas minibíblias foi tão grande que fez com que ele começasse a produzir miniaturas de chocolates, doces e outros alimentos e produtos vendidos nos supermercados. “Fui camelô na 25 de Março por cerca de 2 meses e depois já montei a loja e o negócio explodiu”, completa.

Cláudio manteve a venda das peças por vários anos, o que garantiu o sustento da família, mas foi a partir da entrada dos filhos - Thiago e Bruno Miranda - no negócio, que a pequena empresa começou a crescer de forma estruturada.

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Empresa é reformulada com a chegado dos filhos

Thiago desistiu do sonho de se tornar jogador de futebol e estudou administração de empresas. Enquanto isso, o irmão Bruno se dedicou à área de marketing.

Os dois se juntaram e, com o valor da venda de um carro, compraram o maquinário para a fabricação de tubetes, espécie de tubo plástico, fechado com uma tampa parecida com a utilizada em garrafas pet. O utensílio é muito usado em festas para servir doces ou entregar lembrancinhas.

Operando inicialmente em São Miguel Paulista, na zona leste, a empresa começou a crescer com as vendas dos tubetes. Na sequência, a companhia se adaptou, produzindo também boleiras, potes, bandejas e produtos de decoração para festas. Atualmente são mais de 400 produtos.

“Tivemos um investimento altíssimo em maquinário. Foi um grande desafio”, conta Thiago Miranda, diretor financeiro e administrativo do Grupo Mirandinha sobre os primeiros meses à frente da empresa.

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Thiago Miranda, diretor financeiro e administrativo do Grupo Mirandinha Foto: Werther Santana/Estadão

“Era uma empresa mais informal e simples. Só tínhamos dois funcionários”, conta Thiago, que ficava responsável pelo pensamento estratégico e de gestão do negócio, enquanto Bruno se concentrava em estudos de mercado e desenho de novos produtos, papéis que se mantém até hoje.

Atualmente, a empresa atende cerca de 15 mil lojas de artigos para festa, vendendo os produtos feitos em sua fábrica, em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. Até hoje os tubetes são o carro-chefe da companhia.

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Frascos de álcool em gel foram solução na pandemia

Quando as políticas de distanciamento social começaram a ser implementadas na pandemia, o ramo de festas foi um dos principais afetados.

Com as lojas fechadas, as vendas foram interrompidas abruptamente, e os irmãos tiveram que pensar em uma solução para continuar operando em meio à crise.

“O único momento em que vimos uma crise de verdade foi durante a pandemia”, diz Thiago. Ele cita que os problemas macroeconômicos durante os anos que antecederam à crise sanitária não foram impeditivos para o crescimento do grupo.

Foi então que eles desenvolveram um molde para álcool em gel que se encaixava no crachá de funcionários, o que fazia com que empresas que tinham operações presenciais pudessem oferecer uma forma prática de manter todos os colaboradores com o produto por perto.

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Não demorou para que grandes empresas buscassem o grupo para a compra do novo item, o que permitiu a manutenção das vendas durante o período. “Faturamos muito mais do que faturávamos antes da covid”, diz Thiago.

Empresa começou com o patriarca da família vendendo minibíblias de madeira no centro de São Paulo e hoje fatura R$ 35 milhões com artigos para festa Foto: WERTHER

Entrada nos Estados Unidos ocorre com lojas próprias

Foi durante a pandemia que o Grupo Mirandinha estruturou sua entrada no mercado americano. Foram dois anos de planejamento antes da abertura da unidade em Miami, no estado da Flórida, em junho de 2022. As vendas ocorrem tanto presencialmente, na unidade, como por meio da Amazon.

O fechamento de unidades da Party City, uma das principais redes de artigos para festa do país (que se encontra em processo de recuperação judicial) abriu ainda mais espaço para a expansão do grupo nos Estados Unidos. “Queremos expandir nos EUA e franquear lojas por lá”, conta Thiago.

Por conta de vantagens tributárias no momento da exportação e da valorização do dólar frente ao real, os produtos brasileiros conseguem competir com outros artigos vendidos no País, inclusive dos vindos da Ásia.

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O diretor da companhia exemplifica citando que um balde de Halloween, que custa em torno de R$ 7 para ser produzido, pode ser vendido por US$ 20 no mercado americano (cerca de R$ 97).

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