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A obesidade continua avançando ao redor do planeta, ano após ano, configurando-se cada vez mais como um grande problema subestimado da humanidade. O número de adultos acima do peso deve chegar a 2,3 bilhões em 2025, o que representará um acréscimo de meio bilhão de pessoas em apenas dez anos.
O Brasil já tem mais pessoas com sobrepeso do que pessoas sem essa condição, de acordo com números compilados pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). De cada três pessoas com sobrepeso, uma chega à condição de obesidade – ou seja, atinge um Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30.
De acordo com a Abeso, o índice de obesidade entre a população brasileira deu um salto de quase 70% em apenas uma década e meia, passando de 11,8% para 19,8%. É um dado especialmente grave porque a obesidade está relacionada a uma série de problemas de saúde. Estima-se que quatro milhões de pessoas morrem por ano no mundo por complicações relacionadas a essa condição.
Riscos multiplicados
A obesidade vem sendo cada vez mais reconhecida como uma doença crônica, multifatorial e progressiva – algo que os especialistas consideram essencial para que o problema seja adequadamente enfrentado, de forma sistêmica.
A preocupação aumentou ainda mais com a pandemia de covid-19, já que a obesidade é um dos maiores fatores de risco para o agravamento da doença. “Há uma soma de motivos que contribuem para isso”, explica Monica Palmanhani, médica endocrinologista e gerente médica de obesidade da Novo Nordisk. “O obeso já tem uma função pulmonar comprometida e um volume pulmonar reduzido, pois pode ter acúmulo de gordura no pulmão. Além disso, por ser um estado inflamatório crônico, a obesidade predispõe à formação de coágulos.”
A especialista ressalta que há várias outras doenças frequentemente relacionadas à obesidade que são fatores agravantes para a covid-19, a exemplo de diabetes, hipertensão e apneia do sono. Os problemas se multiplicam quando a pessoa obesa precisa de internação: dificuldade maior para intubação, limitações para exames de imagem e baixa mobilidade para ventilação e respiração.
Soma de fatores
Há uma grande preocupação com a aceleração da pandemia de obesidade por causa da pandemia de covid-19 – tanto no que diz respeito ao agravamento dos casos já existentes quanto ao surgimento de novos. “Temos o isolamento social, a solidão, o aumento do estresse, a redução dos exercícios, várias situações que predispõem as pessoas a comerem mais. Quem pede uma comida por delivery raramente pede algo mais saudável”, exemplifica Monica.
Ela explica que há diversos fatores, genéticos e ambientais, que contribuem para um desbalanço entre o que a pessoa ingere e gasta, resultando no excesso de peso. “A maioria dos casos tem origem multifatorial: genética, hábitos de vida e uma predisposição maior a alterações ou mutações nos genes causadores da obesidade. São mais de 400 genes que contribuem para o fenótipo de obesidade humano”, descreve a especialista.
Assim, pessoas com mais riscos para essas mutações desenvolvem mais facilmente a obesidade. “Uma criança com pai e mãe obesos tem entre 70% e 80% de risco de se tornar uma criança também obesa.”
Para controlar a pandemia de obesidade, é essencial começar pelas crianças, segundo os especialistas. Dados do IBGE mostram que, na faixa etária entre 5 e 10 anos, 16% das crianças brasileiras já têm sobrepeso e 10% chegaram à obesidade. Entre adolescentes, as proporções são de 18% com sobrepeso e também 10% com obesidade.
As causas são diversas. Além do sedentarismo decorrente do maior tempo em frente às telas, há o aumento do consumo de alimentos industrializados e pouco saudáveis. Diversos estudos mostram que, quanto mais cedo iniciada a obesidade, mais difícil é se livrar dela na vida adulta. “Cerca de 70% das pessoas que têm obesidade na infância e na adolescência serão obesas na vida adulta. Por isso prevenir é o melhor tratamento”, observa Monica.
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