Búlgaros celebram libertação de equipe médica

Enfermeiras e médico eram acusados pela Líbia de infectar crianças com HIV.

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Por Virginia Savova
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Este é o dia pelo qual a Bulgária esperava por mais de oito anos - o dia em que as cinco enfermeiras búlgaras e o médico palestino (que ganhou nacionalidade búlgara no mês passado) sentenciados à morte na Líbia finalmente voltaram ao país. "Bem-vindos ao lar" e "Livres" diziam as frases nas telas de um canal de televisão búlgaro que transmitiu ao vivo a chegada da equipe médica que estava presa na Líbia. Depois de 2.755 dias na prisão, Valia Cherveniasjhka, Snezhana Dimitrova, Nasya Nenova, Valentina Siropoulo, Kristina Valcheva e o médico Ashraf Alhajouj foram libertados. "Os médicos estão de volta à Bulgária", anunciavam as estações de rádio. "Dois grandes eventos marcaram a Bulgária este ano - a entrada do país na União Européia e o retorno dos médicos", disse a televisão estatal da Bulgária. "Esta é a notícia feliz que queríamos ouvir", disse um âncora de telejornal no canal privado Nova TV. Antes da madrugada os familiares dos ex-prisioneiros se reuniram no aeroporto da capital búlgara, Sófia. "Não acredito no que está acontecendo", disse um sorridente Marian Georgiev, filho do médico Zdravko Georgiev, que é marido e foi réu junto com Kristina Valcheva. As famílias foram as primeiras a encontrar os ex-prisioneiros segundos depois que eles saíram do avião do governo da França que trouxe os seis para Sófia. Autoridades do governo da Bulgária aplaudiram muito a comissária para assuntos externos da União Européia, Benita Ferrero-Waldner e Cecília Sarkozy, mulher do presidente francês Nicolas Sarkozy, que acompanharam a equipe na viagem de volta para casa. "Estou feliz, vivi o bastante para voltar", afirmou a enfermeira Nenova. "Fomos acordados por volta das 4h e às 5h45 estávamos atravessando os portões da prisão de Djudeida. Então entramos no avião. Não olhei pela janela. Sei que estou livre, mas ainda não consigo acreditar", disse Valcheva. Falando em búlgaro, o médico palestino que ganhou a cidadania búlgara há um mês, Ashraf Alhajouj, agradeceu: "Muito obrigada, muito obrigada a todos vocês". Durante o tempo na prisão os seis receberam apoio inabalável do povo da Bulgária. Os pedidos pela libertação da equipe aumentaram em 2006, quando um jornal do país, um canal de televisão e uma estação de rádio lançaram uma campanha nacional sob o slogan: "Vocês não estão sozinhos". Um enorme cartaz com a mensagem "Estamos esperando por vocês" foi colocado por ativistas no aeroporto de Sófia há alguns dias. Na manhã ensolarada de julho multidões se reuniram do lado de fora do aeroporto e acenaram para os ex-prisioneiros. "Vive La France, que nos ajudou a libertá-los", escreveu um internauta na página de notícias na internet mediapool.bg. "A libertação das enfermeiras e do médico é um exemplo da força da União Européia", disse o jornalista búlgaro Velislava Dureva em uma entrevista de rádio. Inicialmente os seis vão ficar com suas famílias na Casa Boyana, o maior complexo hoteleiro governamental no país. Eles também serão submetidos a exames médicos e terão ajuda psicológica. O governo da Bulgária vai se reunir na quarta-feira para tomar providências para ajudar os seis a voltarem à vida normal. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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