Atentado a faca já matou marechal e senador

Carlos Machado Bittencourt (1897) e Pinheiro Machado (1915) morreram apunhalados

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Foto do author Edmundo Leite
Por Edmundo Leite e Liz Batista
Atualização:
Arma que matou o senador Pinheiro Machado em 1915. Foto: Museu da República/Acervo Estadão

A República brasileira ainda não tinha completado dez anos quando um atentado político abalou o País. Em 5 de novembro de 1897, um praça do Exército tentou matar o presidente Prudente de Moraes a tiros e acabou assassinando com um punhal o ministro da Guerra, marechal Carlos Machado Bittencourt no Rio de Janeiro, então capital federal. Já no século 20, também no Rio, o senador Pinheiro Machado, que era vice-presidente do Senado, morreu esfaqueado por um desempregado em 8 de setembro 1915. 

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O atentado contra Prudente de Moraes e o assassinato de Bittencourt foram cometidos pelo soldado Marcelino Bispo de Melo quando o presidente da República e o general que venceu a Guerra de Canudos chegavam ao Arsenal de Guerra, no centro do Rio, para recepcionar tropas vitoriosas que voltavam do conflito na Bahia. O soldado disparou a arma de fogo contra o presidente, mas não acertou. O marechal Bittencourt então partiu para cima do soldado, que o estocou duas vezes no peito com um punhal. Marcelino foi preso imediatamente, mas as investigações sobre as causas do atentado acabaram comprometidas com sua morte, dois meses depois, quando foi encontrado enforcado em um lençol na cela onde estava preso.

Pinheiro Machado - A morte do senador gaúcho causou grande comoção em 1915. Ele estava na frente de um hotel quando foi apunhalado nas costas por Francisco Manso de Paiva Coimbra, um conterrâneo desempregado com traços de fanatismo político que considerava o senador um caudilho e responsável por morte de cidadão no Rio Grande do Sul.

Preso sem resistência logo depois do crime, o assassino, que alegou ter agido sozinho, por motivos políticos, foi condenado a 21 anos de prisão. Solto em 1935 após 20 anos preso, Manso de Paiva conseguiu restebelecer a vida simples que tinha com pequenos bicos e depois um emprego como funcionário público numa repartição no Rio. 

Com 79 anos, envelhecido e morando num subúrbio carioca, no cinquentenário do crime, em 1965, deu uma entrevista ao Jornal do Brasil na qual falou sobre suas motivações para matar o político: "Não fui eu quem matou Pinheiro Machado. Foi a paixão de uma época". Dois anos antes, ao mesmo jornal, declarou que fez tudo "por amor ao Brasil e ao povo". "Eu sabia que iam lembrar de mim agora que mataram o presidente Kennedy. Sabia porque ninguém quer esquecer que eu, na minha juventude, fui um patriota que deixou se arrebatar pelo ódio que sentia pelo homem que havia, dias antes, assassinado estudantes indefedos nas praças de Porto Alegre. Alguém deveria vingar aquelas mortes"... "Foi tudo por paixão política."  

Jornal de 1915 com notícia da mortede Pinheiro Machado. Foto: Acervo Estadão

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