Pagu

Escritora

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Patrícia Rehder Galvão

9/6/1910, São João da Boa Vista (SP) – 12/12/1962, Santos (SP)

PUBLICIDADE

Filha de Adélia e Thiers Galvão da França, desde moça tinha vocação para polêmicas. Andava com roupas transparentes, fumava na rua e falava palavrões quando assediada pelos estudantes do Largo São Francisco. Estudou até os 15 anos na Escola Normal e colaborava com o jornal de seu bairro, o Jornal do Brás. Não participou da Semana de Arte Moderna de 1922, mas assim que completou 18 anos se engajou no movimento modernista. Acaba sendo apadrinhada por Oswaldo de Andrade e sua mulher, Tarsila do Amaral.

É nessa época que ganha o apelido de Pagu, junção das primeiras sílabas de "Patrícia Goulart". O poeta Raul Bopp lhe escreveu e dedicou um poema, mas trocou seu nome. Permaneceu junto de Oswald, Tarsila e Raul no movimento antropofágico, ala radical do modernismo que passou a fazer oposição à ala de Mário de Andrade. Pagu colaborou com a “Revista de Antropofagia” especialmente com desenhos, mas já na época exercia seus dotes literários com poemas e contos.

Em 1929 iniciou um romance com Oswald de Andrade de quem fica grávida. Casou-se com o pintor Waldemar Belisário para manter as aparências, mas a relação durou pouco tempo. Oswald separou-se de Tarsila e casou-se com Pagú, o que causou um escândalo na sociedade da época. O filho dos dois ganhou o nome de Rudá. No mesmo ano Pagú viajou para Buenos Aires onde encontrou Luis Carlos Prestes e ficou maravilhada com as ideias comunistas. Voltou para o Brasil e junto do marido filiou-se ao Partido Comunista.

Em 23 de agosto de 1931 participando de um comício de estivadores no Porto de Santos recolheu o corpo de Herculano de Souza, trabalhador ferido enfrentando a polícia. Foi detida e tornou-se a primeira mulher presa por motivos políticos no Brasil. É detida novamente no protesto contra a execução nos Estados Unidos de anarquistas italianos.

O Partido Comunista afirma após a prisão que Pagu é uma agitadora individual. Ela e Oswald passam a ser mal vistos no partido, mas não abandonam sua causa. Em março lança junto do marido o tablóide “O Homem do Povo” que circula por apenas dois meses, tendo a divulgação proibida por pressão dos estudantes de direito do Largo de São Francisco.

Publicidade

Praticamente separada do marido em 1932, vai morar no Rio de Janeiro a mando do PC e passou a trabalhar como lanterninha em um cinema, com objetivo de conhecer a realidade dos trabalhadores. No ano seguinte publicou seu primeiro livro “Parque Industrial” sob o pseudônimo de Maia Lobo. Nele expôs a vida das trabalhadores paulistanas submetidas a condições sub humanas de trabalho.

Em dezembro de 1933 deixou o Brasil e iniciou uma viagem pelo mundo. Visitou Estados Unidos, Japão e China escrevendo para jornais de São Paulo e Rio de Janeiro (chegando a entrevistar Sigmund Freud). Sua jornada a levou para a Rússia onde fica decepcionada com a pobreza que viu nas ruas, contrariando sua ideia de revolução do proletariado.

Foi para a França onde ficou por algum tempo e participou do Partido Comunista Francês. Fez amizade com revolucionários como André Breton e Paul Éluard. Acabou sendo detida como comunista estrangeira e deportada para o Brasil. Em 1935 separou-se de Oswald de Andrade. Acabou presa devido às perseguições que se originaram após a Intentona Comunista e passou dois anos encarcerada sofrendo torturas. Saindo da prisão em 1940, desvinculou-se do Partido Comunista brasileiro e passou a critica-lo.

Passou a colaborar com alguns jornais de esquerda e lançou o romance “A Famosa Revista” feito em parceria com Geraldo Ferraz. Entrou também para a escola de Arte Dramática. Em 1950 filiou-se ao PSB e concorre ao cargo de deputada estadual não conseguindo se eleger. Na década seguinte dedica-se ao teatro, traduzindo e dirigindo algumas peças e alcançando a presidência da União do Teatro Amador de Santos. Acabou morrendo vitíma de câncer. Em 1987 sua vida foi retratada no filme “Eternamente Pagu”dirigido por Norma Benguell, com Carla Camurati no papel-título.

mulheres no Acervo

Páginas selecionadas pelo Editor

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.