O trecho acima transcrito com a grafia original poderia descrever perfeitamente o que acontece em São Paulo atualmente depois das chuvas fortes. Mas foi publicado no Suplemento em Rotogravura do Estadão em janeiro de 1931, quando a cidade enfrentou uma de suas recorrentes enchentes nas várzeas do Rio Tietê.
Além de mostrar o contraste dos estragos nas partes altas e baixas da cidade, o texto fala sobre o projeto de retificação do rio Tietê como uma possível solução para o problema. Mas também questiona a eficácia da ideia: "porém, não deixam de caber alguma duvida a respeito, pois que cidades que rios atravessas e que foram desde muito disciplinados em rectas e caes, ainda estão sujeitas a crescente das aguas, como Paris, que todo brasileiro conhece..."
A situação não falta pittoresco, para os que sabem apenas ver. Mas para os que sabem sentir, tambem, ella é simplesmente dolorosa. Significa centenas de famílias ilhadas nas suas próprias casas ou obrigadas a fugir dellas, representa os transportes interrompidos. E isto com tal extensão e força que se organisam, pelas enchentes, verdadeiros socorros publicos, nos quaes os bombeiros augmentam, com brilho, sua folha de serviços a collectividade.
A solução todos apontam dever estar na famosa rectificação do Tieté, sem duvida muito interessante e util, como grande melhoramento publico. De facto, porém, não deixam de caber alguma duvida a respeito, pois que cidades que rios atravessas e que foram desde muito disciplinados em rectas e caes, ainda estão sujeitas a crescente das aguas, como Paris, que todo brasileiro conhece...
As ultimas inundações, que logo vieram, cresceram e passaram, deram-nos ainda algum aspecto novo, como estes dois em que vemos um serviço de transportes aquaticos improvisados em Villa Maria e um canto da Ponte Grande onde o Tieté subiu cerca de tres metros."
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São Paulo alagada
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