50 milhões de brasileiros têm algum amigo ou parente que foi assassinado


Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que 1 em cada 3 pessoas acima de 16 anos já teve proximidade com casos de violência no País

Por Marco Antônio Carvalho

SÃO PAULO - O pai do estudante Diego Cassas Ribeiro, morto aos 18 anos com quatro tiros em São Paulo, ainda não consegue entrar no quarto do filho. O crime aconteceu em 2013, no estacionamento de um restaurante do McDonald’s no bairro de Pinheiros. A família de Ribeiro compõe a estatística mostrada por uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública feita pelo Datafolha em todo o País. Um em cada três brasileiros acima de 16 anos tem ao menos um amigo ou parente que foi vítima de homicídio, o que equivale a cerca de 50 milhões de pessoas (35%).

Rosemeire de Castro chora sobre o corpo do filho Giovanelli de Carvalho, assassinado em Campinas em 2014 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O Fórum é uma organização sem fins lucrativos que reúne acadêmicos e profissionais da área de segurança e tem missão de promover debates e análises sobre o tema. 

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O número da amostra é maior entre a população negra (38%) do que entre os brancos (27%), e entre os mais pobres (36%) do que entre os mais ricos (32%). Em 12% dos casos, o responsável pela morte foi um policial.

Nas últimas duas décadas, o Brasil somou cerca de 1 milhão de assassinados. Um dos objetivos da pesquisa era mensurar como a violência altera a rotina dos “sobreviventes”, pessoas do círculo da vítima que ainda convive com a insegurança. O levantamento integra uma iniciativa internacional denominada Instinto de Vida, que cobra a redução dos homicídios em países da América Latina. 

Das 50 cidades mais violentas do mundo, 25 estão no Brasil; veja ranking

1 | 51

38 - Buffalo City (África do Sul)

Foto: Reuters
2 | 51

Levantamento

Foto: Reuters
3 | 51

50 - Jaboatão dos Guararapes/PE (Brasil)

Foto: Chico Bezerra/Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes
4 | 51

49 - Kingston (Jamaica)

Foto: Xinhua/Reuters
5 | 51

48 - San Juan (Porto Rico)

Foto: José Jimenez/Getty Images
6 | 51

47 - João Pessoa/PB (Brasil)

Foto: Polícia Militar
7 | 51

46 - Cuiabá/MT (Brasil)

Foto: Governo de Meto Grosso
8 | 51

45 - New Orleans (Estados Unidos)

Foto: Rick Willking/Reuters
9 | 51

44 - Detroit (Estados Unidos)

Foto: REUTERS/Rebecca Cook
10 | 51

43 - Canoas/RS (Brasil)

Foto: Polícia Civil
11 | 51

42 - Porto Alegre/RS (Brasil)

Foto: Polícia Civil
12 | 51

41 - Mazatlán (México)

Foto: REUTERS/Stringer
13 | 51

40 - Culiacán (México)

Foto: Fidel Duran/Reuters
14 | 51

39 - Palmira (Colômbia)

Foto: Jaime Saldarriaga/Reuters
15 | 51

37 - Juazeiro do Norte/CE (Brasil)

Foto: Samuel Macedo/Prefeitura de Juazeiro do Norte
16 | 51

36 - Vitória da Conquista/BA (Brasil)

Foto: ROBSON FERNANDJES/AE
17 | 51

35 - Tijuana (México)

Foto: Sandy Huffaker/The New York Times
18 | 51

34 - Villa Nueva (Guatemala)

Foto: Jorge Dan Lopez/Reuters
19 | 51

33 - Natal/RN (Brasil)

Foto: REUTERS/Leo Carioca
20 | 51

32 - Cariacica/ES (Brasil)

Foto: Alcione Coutinho/Prefeitura de Cariacica
21 | 51

31 - Betim/MG (Brasil)

Foto: Washington Alves / Estadão
22 | 51

30 - Maceió/RN (Brasil)

Foto: Ricardo Freire/AE
23 | 51

29 - Baltimore (Estados Unidos)

Foto: Salt Serkan Gurbuz/Reuters
24 | 51

28 - Camaçari/BA (Brasil)

Foto: Mateus Pereira/GOVBA
25 | 51

27 - Nelson Mandela Bay (África do Sul)

Foto: REUTERS/Denis Balibouse
26 | 51

26 - Cali (Colômbia)

Foto: EFE/ Christian Escobar Mora
27 | 51

25 - Manaus/AM (Brasil)

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
28 | 51

24 - Imperatriz/MA (Brasil)

Foto: Sidney Rodrigues/Prefeitura de Imperatriz
29 | 51

23 - Santa Ana (El Salvador)

Foto: REUTERS/Alex Pena
30 | 51

22 - Aracaju/SE (Brasil)

Foto: Claudio Marques/Estadão
31 | 51

21 - Caucaia/CE (Brasil)

Foto: Reprodução/Google Street View
32 | 51

20 - Aparecida de Goiânia/GO (Brasil)

Foto: ED FERREIRA/AE
33 | 51

19 - St. Louis (Estados Unidos)

Foto: REUTERS/Aaron P Bernstein
34 | 51

18 - Mossoró/RN (Brasil)

Foto: Adriana Moreira/Estadão
35 | 51

17 - Victoria (México0

Foto: REUTERS/Henry Romero
36 | 51

16 - Belém/PA (Brasil)

Foto: Adriana Moreira/Estadão
37 | 51

15 - Cidade do Cabo (África do Sul)

Foto: REUTERS/Mike Hutchings
38 | 51

14 - Viamão/RS (Brasil)

Foto: DHPP/Polícia Civil
39 | 51

13 - Caruaru/PE (Brasil)

Foto: SECOM PE
40 | 51

12 - Serra/ES (Brasil)

Foto: WILTON JUNIOR/AGENCIA ESTADO/AE
41 | 51

11 - Choloma (Honduras)

Foto: REUTERS
42 | 51

10 - Ananindeua/PA (Brasil)

Foto: REUTERS/Paulo Santos
43 | 51

9 - Guatemala (Guatemala)

Foto: Jorge Dan Lopez/Reuters
44 | 51

8 - Grande São Luís/MA (Brasil)

Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
45 | 51

7 - Marabá/PA (Brasil)

Foto: Dida Sampaio/Estadão
46 | 51

6 - Distrito Central (Honduras)

Foto: Orlando Sierra/AFP
47 | 51

5 - Chilpancingo de los Bravo (México)

Foto: Jorge Dan Lopez/Reuters
48 | 51

4 - Soyapango (El Salvador)

Foto: REUTERS/Jose Cabezas
49 | 51

3 - San Pedro Sula (Honduras)

Foto: Jorge Cabrera/Reuters
50 | 51

2 - Acapulco de Juarez (México)

Foto: Enric Marti/AP
51 | 51

1 - San Salvador (El Salvador)

Foto: AP
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Impacto. “O homicídio é uma realidade que está muito perto de nós e atinge a todos numa velocidade muita grande. Os números representam uma tragédia para o País”, disse ao Estado o diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima. “Também é triste notar como os crimes impactam o cotidiano dos que continuaram vivendo.”

Para Marcelo Cassas, irmão do estudante morto há quatro anos, o principal impacto foi psicológico. “Até hoje, meu pai não consegue entrar no quarto do meu irmão, nem ver fotos dele. Minha mãe sofreu muito com depressão e só agora está se livrando dos remédios”, conta. “A dor é para o resto da vida.”

50 milhões de brasileiros confirmaram proximidade com a violência Foto: Datafolha / Fórum Brasileiro de Segurança Pública
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Condenado pelo homicídio, Caio Rodrigues está foragido e nunca foi preso. A família da vítima oferece R$ 10 mil por informações que levem à captura do procurado. “Ele vai ser pego no tempo de Deus”, diz Cassas.

Com 58.467 homicídios registrados em 2015, dado mais recente, a pesquisa aponta ainda que 71% da população considera esse patamar “muito alto”. Para 23%, o índice é “alto” e para 4%, “médio”. O Datafolha ouviu 2.065 pessoas acima de 16 anos em 150 cidades, entre 3 e 8 de abril. A margem de erro é de dois pontos.

“Podemos ser julgados no futuro como monstros morais por conviver com esse sentimento de indiferença diante de 60 mil homicídios anuais”, diz Pedro Abramovay, ex-secretário nacional de Justiça e presidente para a América Latina da Open Society (organização fundada pelo bilionário George Soros para promover democracia). “Não se indignar é ser cúmplice”, diz, ao dizer que é preciso “reagir com o cérebro” e estudar os fatores que levam à violência. “A maioria das vítimas é pobre e negra e um pedaço da sociedade consegue conviver com esse cenário. É preciso buscar energia para reverter isso”, afirma Abramovay. / COLABOROU FELIPE RESK

SÃO PAULO - O pai do estudante Diego Cassas Ribeiro, morto aos 18 anos com quatro tiros em São Paulo, ainda não consegue entrar no quarto do filho. O crime aconteceu em 2013, no estacionamento de um restaurante do McDonald’s no bairro de Pinheiros. A família de Ribeiro compõe a estatística mostrada por uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública feita pelo Datafolha em todo o País. Um em cada três brasileiros acima de 16 anos tem ao menos um amigo ou parente que foi vítima de homicídio, o que equivale a cerca de 50 milhões de pessoas (35%).

Rosemeire de Castro chora sobre o corpo do filho Giovanelli de Carvalho, assassinado em Campinas em 2014 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O Fórum é uma organização sem fins lucrativos que reúne acadêmicos e profissionais da área de segurança e tem missão de promover debates e análises sobre o tema. 

O número da amostra é maior entre a população negra (38%) do que entre os brancos (27%), e entre os mais pobres (36%) do que entre os mais ricos (32%). Em 12% dos casos, o responsável pela morte foi um policial.

Nas últimas duas décadas, o Brasil somou cerca de 1 milhão de assassinados. Um dos objetivos da pesquisa era mensurar como a violência altera a rotina dos “sobreviventes”, pessoas do círculo da vítima que ainda convive com a insegurança. O levantamento integra uma iniciativa internacional denominada Instinto de Vida, que cobra a redução dos homicídios em países da América Latina. 

Das 50 cidades mais violentas do mundo, 25 estão no Brasil; veja ranking

1 | 51

38 - Buffalo City (África do Sul)

Foto: Reuters
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Levantamento

Foto: Reuters
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50 - Jaboatão dos Guararapes/PE (Brasil)

Foto: Chico Bezerra/Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes
4 | 51

49 - Kingston (Jamaica)

Foto: Xinhua/Reuters
5 | 51

48 - San Juan (Porto Rico)

Foto: José Jimenez/Getty Images
6 | 51

47 - João Pessoa/PB (Brasil)

Foto: Polícia Militar
7 | 51

46 - Cuiabá/MT (Brasil)

Foto: Governo de Meto Grosso
8 | 51

45 - New Orleans (Estados Unidos)

Foto: Rick Willking/Reuters
9 | 51

44 - Detroit (Estados Unidos)

Foto: REUTERS/Rebecca Cook
10 | 51

43 - Canoas/RS (Brasil)

Foto: Polícia Civil
11 | 51

42 - Porto Alegre/RS (Brasil)

Foto: Polícia Civil
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41 - Mazatlán (México)

Foto: REUTERS/Stringer
13 | 51

40 - Culiacán (México)

Foto: Fidel Duran/Reuters
14 | 51

39 - Palmira (Colômbia)

Foto: Jaime Saldarriaga/Reuters
15 | 51

37 - Juazeiro do Norte/CE (Brasil)

Foto: Samuel Macedo/Prefeitura de Juazeiro do Norte
16 | 51

36 - Vitória da Conquista/BA (Brasil)

Foto: ROBSON FERNANDJES/AE
17 | 51

35 - Tijuana (México)

Foto: Sandy Huffaker/The New York Times
18 | 51

34 - Villa Nueva (Guatemala)

Foto: Jorge Dan Lopez/Reuters
19 | 51

33 - Natal/RN (Brasil)

Foto: REUTERS/Leo Carioca
20 | 51

32 - Cariacica/ES (Brasil)

Foto: Alcione Coutinho/Prefeitura de Cariacica
21 | 51

31 - Betim/MG (Brasil)

Foto: Washington Alves / Estadão
22 | 51

30 - Maceió/RN (Brasil)

Foto: Ricardo Freire/AE
23 | 51

29 - Baltimore (Estados Unidos)

Foto: Salt Serkan Gurbuz/Reuters
24 | 51

28 - Camaçari/BA (Brasil)

Foto: Mateus Pereira/GOVBA
25 | 51

27 - Nelson Mandela Bay (África do Sul)

Foto: REUTERS/Denis Balibouse
26 | 51

26 - Cali (Colômbia)

Foto: EFE/ Christian Escobar Mora
27 | 51

25 - Manaus/AM (Brasil)

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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24 - Imperatriz/MA (Brasil)

Foto: Sidney Rodrigues/Prefeitura de Imperatriz
29 | 51

23 - Santa Ana (El Salvador)

Foto: REUTERS/Alex Pena
30 | 51

22 - Aracaju/SE (Brasil)

Foto: Claudio Marques/Estadão
31 | 51

21 - Caucaia/CE (Brasil)

Foto: Reprodução/Google Street View
32 | 51

20 - Aparecida de Goiânia/GO (Brasil)

Foto: ED FERREIRA/AE
33 | 51

19 - St. Louis (Estados Unidos)

Foto: REUTERS/Aaron P Bernstein
34 | 51

18 - Mossoró/RN (Brasil)

Foto: Adriana Moreira/Estadão
35 | 51

17 - Victoria (México0

Foto: REUTERS/Henry Romero
36 | 51

16 - Belém/PA (Brasil)

Foto: Adriana Moreira/Estadão
37 | 51

15 - Cidade do Cabo (África do Sul)

Foto: REUTERS/Mike Hutchings
38 | 51

14 - Viamão/RS (Brasil)

Foto: DHPP/Polícia Civil
39 | 51

13 - Caruaru/PE (Brasil)

Foto: SECOM PE
40 | 51

12 - Serra/ES (Brasil)

Foto: WILTON JUNIOR/AGENCIA ESTADO/AE
41 | 51

11 - Choloma (Honduras)

Foto: REUTERS
42 | 51

10 - Ananindeua/PA (Brasil)

Foto: REUTERS/Paulo Santos
43 | 51

9 - Guatemala (Guatemala)

Foto: Jorge Dan Lopez/Reuters
44 | 51

8 - Grande São Luís/MA (Brasil)

Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
45 | 51

7 - Marabá/PA (Brasil)

Foto: Dida Sampaio/Estadão
46 | 51

6 - Distrito Central (Honduras)

Foto: Orlando Sierra/AFP
47 | 51

5 - Chilpancingo de los Bravo (México)

Foto: Jorge Dan Lopez/Reuters
48 | 51

4 - Soyapango (El Salvador)

Foto: REUTERS/Jose Cabezas
49 | 51

3 - San Pedro Sula (Honduras)

Foto: Jorge Cabrera/Reuters
50 | 51

2 - Acapulco de Juarez (México)

Foto: Enric Marti/AP
51 | 51

1 - San Salvador (El Salvador)

Foto: AP

Impacto. “O homicídio é uma realidade que está muito perto de nós e atinge a todos numa velocidade muita grande. Os números representam uma tragédia para o País”, disse ao Estado o diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima. “Também é triste notar como os crimes impactam o cotidiano dos que continuaram vivendo.”

Para Marcelo Cassas, irmão do estudante morto há quatro anos, o principal impacto foi psicológico. “Até hoje, meu pai não consegue entrar no quarto do meu irmão, nem ver fotos dele. Minha mãe sofreu muito com depressão e só agora está se livrando dos remédios”, conta. “A dor é para o resto da vida.”

50 milhões de brasileiros confirmaram proximidade com a violência Foto: Datafolha / Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Condenado pelo homicídio, Caio Rodrigues está foragido e nunca foi preso. A família da vítima oferece R$ 10 mil por informações que levem à captura do procurado. “Ele vai ser pego no tempo de Deus”, diz Cassas.

Com 58.467 homicídios registrados em 2015, dado mais recente, a pesquisa aponta ainda que 71% da população considera esse patamar “muito alto”. Para 23%, o índice é “alto” e para 4%, “médio”. O Datafolha ouviu 2.065 pessoas acima de 16 anos em 150 cidades, entre 3 e 8 de abril. A margem de erro é de dois pontos.

“Podemos ser julgados no futuro como monstros morais por conviver com esse sentimento de indiferença diante de 60 mil homicídios anuais”, diz Pedro Abramovay, ex-secretário nacional de Justiça e presidente para a América Latina da Open Society (organização fundada pelo bilionário George Soros para promover democracia). “Não se indignar é ser cúmplice”, diz, ao dizer que é preciso “reagir com o cérebro” e estudar os fatores que levam à violência. “A maioria das vítimas é pobre e negra e um pedaço da sociedade consegue conviver com esse cenário. É preciso buscar energia para reverter isso”, afirma Abramovay. / COLABOROU FELIPE RESK

SÃO PAULO - O pai do estudante Diego Cassas Ribeiro, morto aos 18 anos com quatro tiros em São Paulo, ainda não consegue entrar no quarto do filho. O crime aconteceu em 2013, no estacionamento de um restaurante do McDonald’s no bairro de Pinheiros. A família de Ribeiro compõe a estatística mostrada por uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública feita pelo Datafolha em todo o País. Um em cada três brasileiros acima de 16 anos tem ao menos um amigo ou parente que foi vítima de homicídio, o que equivale a cerca de 50 milhões de pessoas (35%).

Rosemeire de Castro chora sobre o corpo do filho Giovanelli de Carvalho, assassinado em Campinas em 2014 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O Fórum é uma organização sem fins lucrativos que reúne acadêmicos e profissionais da área de segurança e tem missão de promover debates e análises sobre o tema. 

O número da amostra é maior entre a população negra (38%) do que entre os brancos (27%), e entre os mais pobres (36%) do que entre os mais ricos (32%). Em 12% dos casos, o responsável pela morte foi um policial.

Nas últimas duas décadas, o Brasil somou cerca de 1 milhão de assassinados. Um dos objetivos da pesquisa era mensurar como a violência altera a rotina dos “sobreviventes”, pessoas do círculo da vítima que ainda convive com a insegurança. O levantamento integra uma iniciativa internacional denominada Instinto de Vida, que cobra a redução dos homicídios em países da América Latina. 

Das 50 cidades mais violentas do mundo, 25 estão no Brasil; veja ranking

1 | 51

38 - Buffalo City (África do Sul)

Foto: Reuters
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Levantamento

Foto: Reuters
3 | 51

50 - Jaboatão dos Guararapes/PE (Brasil)

Foto: Chico Bezerra/Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes
4 | 51

49 - Kingston (Jamaica)

Foto: Xinhua/Reuters
5 | 51

48 - San Juan (Porto Rico)

Foto: José Jimenez/Getty Images
6 | 51

47 - João Pessoa/PB (Brasil)

Foto: Polícia Militar
7 | 51

46 - Cuiabá/MT (Brasil)

Foto: Governo de Meto Grosso
8 | 51

45 - New Orleans (Estados Unidos)

Foto: Rick Willking/Reuters
9 | 51

44 - Detroit (Estados Unidos)

Foto: REUTERS/Rebecca Cook
10 | 51

43 - Canoas/RS (Brasil)

Foto: Polícia Civil
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42 - Porto Alegre/RS (Brasil)

Foto: Polícia Civil
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41 - Mazatlán (México)

Foto: REUTERS/Stringer
13 | 51

40 - Culiacán (México)

Foto: Fidel Duran/Reuters
14 | 51

39 - Palmira (Colômbia)

Foto: Jaime Saldarriaga/Reuters
15 | 51

37 - Juazeiro do Norte/CE (Brasil)

Foto: Samuel Macedo/Prefeitura de Juazeiro do Norte
16 | 51

36 - Vitória da Conquista/BA (Brasil)

Foto: ROBSON FERNANDJES/AE
17 | 51

35 - Tijuana (México)

Foto: Sandy Huffaker/The New York Times
18 | 51

34 - Villa Nueva (Guatemala)

Foto: Jorge Dan Lopez/Reuters
19 | 51

33 - Natal/RN (Brasil)

Foto: REUTERS/Leo Carioca
20 | 51

32 - Cariacica/ES (Brasil)

Foto: Alcione Coutinho/Prefeitura de Cariacica
21 | 51

31 - Betim/MG (Brasil)

Foto: Washington Alves / Estadão
22 | 51

30 - Maceió/RN (Brasil)

Foto: Ricardo Freire/AE
23 | 51

29 - Baltimore (Estados Unidos)

Foto: Salt Serkan Gurbuz/Reuters
24 | 51

28 - Camaçari/BA (Brasil)

Foto: Mateus Pereira/GOVBA
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27 - Nelson Mandela Bay (África do Sul)

Foto: REUTERS/Denis Balibouse
26 | 51

26 - Cali (Colômbia)

Foto: EFE/ Christian Escobar Mora
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25 - Manaus/AM (Brasil)

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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24 - Imperatriz/MA (Brasil)

Foto: Sidney Rodrigues/Prefeitura de Imperatriz
29 | 51

23 - Santa Ana (El Salvador)

Foto: REUTERS/Alex Pena
30 | 51

22 - Aracaju/SE (Brasil)

Foto: Claudio Marques/Estadão
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21 - Caucaia/CE (Brasil)

Foto: Reprodução/Google Street View
32 | 51

20 - Aparecida de Goiânia/GO (Brasil)

Foto: ED FERREIRA/AE
33 | 51

19 - St. Louis (Estados Unidos)

Foto: REUTERS/Aaron P Bernstein
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18 - Mossoró/RN (Brasil)

Foto: Adriana Moreira/Estadão
35 | 51

17 - Victoria (México0

Foto: REUTERS/Henry Romero
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16 - Belém/PA (Brasil)

Foto: Adriana Moreira/Estadão
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15 - Cidade do Cabo (África do Sul)

Foto: REUTERS/Mike Hutchings
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14 - Viamão/RS (Brasil)

Foto: DHPP/Polícia Civil
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13 - Caruaru/PE (Brasil)

Foto: SECOM PE
40 | 51

12 - Serra/ES (Brasil)

Foto: WILTON JUNIOR/AGENCIA ESTADO/AE
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11 - Choloma (Honduras)

Foto: REUTERS
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10 - Ananindeua/PA (Brasil)

Foto: REUTERS/Paulo Santos
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9 - Guatemala (Guatemala)

Foto: Jorge Dan Lopez/Reuters
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8 - Grande São Luís/MA (Brasil)

Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
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7 - Marabá/PA (Brasil)

Foto: Dida Sampaio/Estadão
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Foto: Orlando Sierra/AFP
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Foto: Jorge Dan Lopez/Reuters
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4 - Soyapango (El Salvador)

Foto: REUTERS/Jose Cabezas
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3 - San Pedro Sula (Honduras)

Foto: Jorge Cabrera/Reuters
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2 - Acapulco de Juarez (México)

Foto: Enric Marti/AP
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1 - San Salvador (El Salvador)

Foto: AP

Impacto. “O homicídio é uma realidade que está muito perto de nós e atinge a todos numa velocidade muita grande. Os números representam uma tragédia para o País”, disse ao Estado o diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima. “Também é triste notar como os crimes impactam o cotidiano dos que continuaram vivendo.”

Para Marcelo Cassas, irmão do estudante morto há quatro anos, o principal impacto foi psicológico. “Até hoje, meu pai não consegue entrar no quarto do meu irmão, nem ver fotos dele. Minha mãe sofreu muito com depressão e só agora está se livrando dos remédios”, conta. “A dor é para o resto da vida.”

50 milhões de brasileiros confirmaram proximidade com a violência Foto: Datafolha / Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Condenado pelo homicídio, Caio Rodrigues está foragido e nunca foi preso. A família da vítima oferece R$ 10 mil por informações que levem à captura do procurado. “Ele vai ser pego no tempo de Deus”, diz Cassas.

Com 58.467 homicídios registrados em 2015, dado mais recente, a pesquisa aponta ainda que 71% da população considera esse patamar “muito alto”. Para 23%, o índice é “alto” e para 4%, “médio”. O Datafolha ouviu 2.065 pessoas acima de 16 anos em 150 cidades, entre 3 e 8 de abril. A margem de erro é de dois pontos.

“Podemos ser julgados no futuro como monstros morais por conviver com esse sentimento de indiferença diante de 60 mil homicídios anuais”, diz Pedro Abramovay, ex-secretário nacional de Justiça e presidente para a América Latina da Open Society (organização fundada pelo bilionário George Soros para promover democracia). “Não se indignar é ser cúmplice”, diz, ao dizer que é preciso “reagir com o cérebro” e estudar os fatores que levam à violência. “A maioria das vítimas é pobre e negra e um pedaço da sociedade consegue conviver com esse cenário. É preciso buscar energia para reverter isso”, afirma Abramovay. / COLABOROU FELIPE RESK

SÃO PAULO - O pai do estudante Diego Cassas Ribeiro, morto aos 18 anos com quatro tiros em São Paulo, ainda não consegue entrar no quarto do filho. O crime aconteceu em 2013, no estacionamento de um restaurante do McDonald’s no bairro de Pinheiros. A família de Ribeiro compõe a estatística mostrada por uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública feita pelo Datafolha em todo o País. Um em cada três brasileiros acima de 16 anos tem ao menos um amigo ou parente que foi vítima de homicídio, o que equivale a cerca de 50 milhões de pessoas (35%).

Rosemeire de Castro chora sobre o corpo do filho Giovanelli de Carvalho, assassinado em Campinas em 2014 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O Fórum é uma organização sem fins lucrativos que reúne acadêmicos e profissionais da área de segurança e tem missão de promover debates e análises sobre o tema. 

O número da amostra é maior entre a população negra (38%) do que entre os brancos (27%), e entre os mais pobres (36%) do que entre os mais ricos (32%). Em 12% dos casos, o responsável pela morte foi um policial.

Nas últimas duas décadas, o Brasil somou cerca de 1 milhão de assassinados. Um dos objetivos da pesquisa era mensurar como a violência altera a rotina dos “sobreviventes”, pessoas do círculo da vítima que ainda convive com a insegurança. O levantamento integra uma iniciativa internacional denominada Instinto de Vida, que cobra a redução dos homicídios em países da América Latina. 

Das 50 cidades mais violentas do mundo, 25 estão no Brasil; veja ranking

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38 - Buffalo City (África do Sul)

Foto: Reuters
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Levantamento

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50 - Jaboatão dos Guararapes/PE (Brasil)

Foto: Chico Bezerra/Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes
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49 - Kingston (Jamaica)

Foto: Xinhua/Reuters
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48 - San Juan (Porto Rico)

Foto: José Jimenez/Getty Images
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47 - João Pessoa/PB (Brasil)

Foto: Polícia Militar
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46 - Cuiabá/MT (Brasil)

Foto: Governo de Meto Grosso
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45 - New Orleans (Estados Unidos)

Foto: Rick Willking/Reuters
9 | 51

44 - Detroit (Estados Unidos)

Foto: REUTERS/Rebecca Cook
10 | 51

43 - Canoas/RS (Brasil)

Foto: Polícia Civil
11 | 51

42 - Porto Alegre/RS (Brasil)

Foto: Polícia Civil
12 | 51

41 - Mazatlán (México)

Foto: REUTERS/Stringer
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40 - Culiacán (México)

Foto: Fidel Duran/Reuters
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39 - Palmira (Colômbia)

Foto: Jaime Saldarriaga/Reuters
15 | 51

37 - Juazeiro do Norte/CE (Brasil)

Foto: Samuel Macedo/Prefeitura de Juazeiro do Norte
16 | 51

36 - Vitória da Conquista/BA (Brasil)

Foto: ROBSON FERNANDJES/AE
17 | 51

35 - Tijuana (México)

Foto: Sandy Huffaker/The New York Times
18 | 51

34 - Villa Nueva (Guatemala)

Foto: Jorge Dan Lopez/Reuters
19 | 51

33 - Natal/RN (Brasil)

Foto: REUTERS/Leo Carioca
20 | 51

32 - Cariacica/ES (Brasil)

Foto: Alcione Coutinho/Prefeitura de Cariacica
21 | 51

31 - Betim/MG (Brasil)

Foto: Washington Alves / Estadão
22 | 51

30 - Maceió/RN (Brasil)

Foto: Ricardo Freire/AE
23 | 51

29 - Baltimore (Estados Unidos)

Foto: Salt Serkan Gurbuz/Reuters
24 | 51

28 - Camaçari/BA (Brasil)

Foto: Mateus Pereira/GOVBA
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27 - Nelson Mandela Bay (África do Sul)

Foto: REUTERS/Denis Balibouse
26 | 51

26 - Cali (Colômbia)

Foto: EFE/ Christian Escobar Mora
27 | 51

25 - Manaus/AM (Brasil)

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
28 | 51

24 - Imperatriz/MA (Brasil)

Foto: Sidney Rodrigues/Prefeitura de Imperatriz
29 | 51

23 - Santa Ana (El Salvador)

Foto: REUTERS/Alex Pena
30 | 51

22 - Aracaju/SE (Brasil)

Foto: Claudio Marques/Estadão
31 | 51

21 - Caucaia/CE (Brasil)

Foto: Reprodução/Google Street View
32 | 51

20 - Aparecida de Goiânia/GO (Brasil)

Foto: ED FERREIRA/AE
33 | 51

19 - St. Louis (Estados Unidos)

Foto: REUTERS/Aaron P Bernstein
34 | 51

18 - Mossoró/RN (Brasil)

Foto: Adriana Moreira/Estadão
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17 - Victoria (México0

Foto: REUTERS/Henry Romero
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16 - Belém/PA (Brasil)

Foto: Adriana Moreira/Estadão
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15 - Cidade do Cabo (África do Sul)

Foto: REUTERS/Mike Hutchings
38 | 51

14 - Viamão/RS (Brasil)

Foto: DHPP/Polícia Civil
39 | 51

13 - Caruaru/PE (Brasil)

Foto: SECOM PE
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12 - Serra/ES (Brasil)

Foto: WILTON JUNIOR/AGENCIA ESTADO/AE
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11 - Choloma (Honduras)

Foto: REUTERS
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10 - Ananindeua/PA (Brasil)

Foto: REUTERS/Paulo Santos
43 | 51

9 - Guatemala (Guatemala)

Foto: Jorge Dan Lopez/Reuters
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8 - Grande São Luís/MA (Brasil)

Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
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7 - Marabá/PA (Brasil)

Foto: Dida Sampaio/Estadão
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6 - Distrito Central (Honduras)

Foto: Orlando Sierra/AFP
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5 - Chilpancingo de los Bravo (México)

Foto: Jorge Dan Lopez/Reuters
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4 - Soyapango (El Salvador)

Foto: REUTERS/Jose Cabezas
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3 - San Pedro Sula (Honduras)

Foto: Jorge Cabrera/Reuters
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2 - Acapulco de Juarez (México)

Foto: Enric Marti/AP
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1 - San Salvador (El Salvador)

Foto: AP

Impacto. “O homicídio é uma realidade que está muito perto de nós e atinge a todos numa velocidade muita grande. Os números representam uma tragédia para o País”, disse ao Estado o diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima. “Também é triste notar como os crimes impactam o cotidiano dos que continuaram vivendo.”

Para Marcelo Cassas, irmão do estudante morto há quatro anos, o principal impacto foi psicológico. “Até hoje, meu pai não consegue entrar no quarto do meu irmão, nem ver fotos dele. Minha mãe sofreu muito com depressão e só agora está se livrando dos remédios”, conta. “A dor é para o resto da vida.”

50 milhões de brasileiros confirmaram proximidade com a violência Foto: Datafolha / Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Condenado pelo homicídio, Caio Rodrigues está foragido e nunca foi preso. A família da vítima oferece R$ 10 mil por informações que levem à captura do procurado. “Ele vai ser pego no tempo de Deus”, diz Cassas.

Com 58.467 homicídios registrados em 2015, dado mais recente, a pesquisa aponta ainda que 71% da população considera esse patamar “muito alto”. Para 23%, o índice é “alto” e para 4%, “médio”. O Datafolha ouviu 2.065 pessoas acima de 16 anos em 150 cidades, entre 3 e 8 de abril. A margem de erro é de dois pontos.

“Podemos ser julgados no futuro como monstros morais por conviver com esse sentimento de indiferença diante de 60 mil homicídios anuais”, diz Pedro Abramovay, ex-secretário nacional de Justiça e presidente para a América Latina da Open Society (organização fundada pelo bilionário George Soros para promover democracia). “Não se indignar é ser cúmplice”, diz, ao dizer que é preciso “reagir com o cérebro” e estudar os fatores que levam à violência. “A maioria das vítimas é pobre e negra e um pedaço da sociedade consegue conviver com esse cenário. É preciso buscar energia para reverter isso”, afirma Abramovay. / COLABOROU FELIPE RESK

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