Bope está no topo, diz comandante


Coronel faz elogios ao filme ?Tropa de Elite? como ?obra de ficção?, mas critica cenas de tortura e execuções

Por Pedro Dantas

"Nós estamos no topo." Nós, na afirmação do coronel Alberto Pinheiro Neto, de 43 anos, são os 400 policiais comandados por ele do Batalhão de Operações Especiais, o Bope, retratados no filme Tropa de Elite como um núcleo incorruptível e destemido da Polícia Militar do Rio, mas envolvido com tortura e execuções. "As ações no Complexo do Alemão (zona norte) em junho devolveram a auto-estima dos policiais", diz Pinheiro Neto, que elogia o filme, apesar de fazer ressalvas. Tanto na operação do Alemão, na qual morreram 19 pessoas, como em Tropa de Elite, a fama de eficiência do Bope compete o tempo todo com as denúncias de truculência e abusos. Pinheiro Neto começou a carreira na Força Aérea Brasileira. Entrou para a polícia 23 anos atrás e há 13 serve no Bope. Foi no Quartel do Vale dos Ossos Secos, em Laranjeiras, na zona sul, sede do Bope, que falou ao Estado sobre a pergunta que mais ouviu nos últimos dias. "Sim, vi o filme e gostei como uma obra de ficção. Porém, achei as cenas de tortura e execuções desnecessárias. O Bope atua dentro da lei. Se há suspeitas de desvio de conduta, a apuração é rigorosa. Se não fosse assim, não éramos policiais." Na semana passada, soldados do Bope foram aplaudidos quando se exercitavam na Praia de Copacabana. Reflexo do filme, objeto do maior derrame de cópias piratas que a cidade já conheceu. Pinheiro prefere não dar tanto crédito assim ao filme de José Padilha. "Houve momentos significativos este ano, que foram a morte de João Hélio Fernandes (de 6 anos, morto ao ser arrastado no carro da mãe roubado por cinco jovens) em fevereiro e a morte do policial do Bope no Complexo do Alemão quando buscava os criminosos que executaram dois policiais no mesmo local onde o menino foi morto. Falo como cidadão. Foi o momento da sociedade dizer: ?Chega!?. Era preciso fazer alguma coisa e começaram as grandes operações, que foram eficazes. A população passou a enxergar uma luz no fim do túnel", avalia. Criado em janeiro de 1978, como Núcleo da Companhia de Operações Especiais, o Bope é dividido em três sub-unidades. A Força de Intervenção em Áreas de Alto Risco, a equipe que atua nas favelas, a Unidade de Intervenção Tática, composta por grupos de resgate de reféns, atiradores de elite e negociadores, e a Seção de Instrução Especializada, que treina os policiais da unidade, de outras polícias e forças armadas do Brasil e do exterior. Todo ano passam pelo curso do Bope 2.500 homens. Nem todos querem entrar para o Bope. E na realidade, dos que querem, pouquíssimos conseguem. Tropa de Elite mostra que neste treinamento há saraivadas de tapas na cara, ofensas verbais e privações de toda ordem (fome, inclusive). O coronel Pinheiro Neto admite que o contato físico "é previsto", mas nega que os instrutores batam "deliberadamente" nos alunos. Há, sim, um rito de iniciação na unidade. Para entrar no Bope, o aspirante precisa ter dois anos de experiência na rua e a ficha limpa. Antes dos cursos, faz testes físicos e psicológicos. Aceito, ele passa pelo Curso de Ações Táticas (CAT) para cabos e soldados do Bope. Em seguida, pode fazer o curso de Operações Especiais, chamado "caveira". É ele que o filme retrata. O curso simula situações de combate por três meses 24 horas por dia, com folgas eventuais. "A primeira fase chamada ?inferno? dura 20 dias é uma peneira para ver quem vai continuar. Depois, temos a fase de instrução, que é mais técnica, com simulações de operações em áreas de risco, selva, montanha, em embarcações, helicóptero e mergulho. Ao final, temos a fase de operações simuladas e reais", conta o coronel. No filme há clara distinção entre a PM e o Bope. A PM quase sempre é mostrada como corrupta, leniente com o crime, e o Bope é uma ilha de austeridade. Pinheiro Neto lamenta o que chama de "construção da imagem do Bope com a desconstrução da imagem da PM". "O Bope é uma unidade da PM. Dependemos da PM para obtermos munição, armamento, combustível e veículos. Se escolheram o Bope como herói, agradecemos, mas o Bope é da Polícia Militar", ressalta. Pelo menos do ponto de vista salarial as diferenças entre o Bope e o restante da PM não são significativas - policiais do Bope ganham uma gratificação fixa de R$ 500 sobre o soldo da PM. Apesar do otimismo ao falar que o Rio vive o momento "da grande virada" na área da segurança com a ocupação do Complexo do Alemão, apontado como o QG do Comando Vermelho, o coronel avalia que a cidade vive em guerra. "É guerra diferente onde os códigos da lei estão vigentes, mas é uma guerra. O detalhe é que uma guerra sem fim. Não existe sociedade sem crime. Isso é utopia, mas temos que reduzir a níveis aceitáveis esse mal que assola o Rio." Diante da turbulência de morros como os do Alemão ou da Mangueira, a favela vizinha ao Bope, a Tavares Bastos, no Catete (zona sul), é um oásis de tranqüilidade. Não há tráfico nem milícias. Os 4 mil moradores são objeto da curiosidade de arquitetos e antropólogos. "Depois que o Bope se instalou aqui (em 2000), tudo mudou para melhor. Só saio daqui para morar no asfalto", diz a dona de casa Djanira da Silva Porto. No mês que vem, a favela entrará no circuito internacional de cinema pois serviu de cenário para as filmagens de Incrível Hulk 2. Qualquer semelhança entre Hulk e policiais do Bope é mera coincidência.

"Nós estamos no topo." Nós, na afirmação do coronel Alberto Pinheiro Neto, de 43 anos, são os 400 policiais comandados por ele do Batalhão de Operações Especiais, o Bope, retratados no filme Tropa de Elite como um núcleo incorruptível e destemido da Polícia Militar do Rio, mas envolvido com tortura e execuções. "As ações no Complexo do Alemão (zona norte) em junho devolveram a auto-estima dos policiais", diz Pinheiro Neto, que elogia o filme, apesar de fazer ressalvas. Tanto na operação do Alemão, na qual morreram 19 pessoas, como em Tropa de Elite, a fama de eficiência do Bope compete o tempo todo com as denúncias de truculência e abusos. Pinheiro Neto começou a carreira na Força Aérea Brasileira. Entrou para a polícia 23 anos atrás e há 13 serve no Bope. Foi no Quartel do Vale dos Ossos Secos, em Laranjeiras, na zona sul, sede do Bope, que falou ao Estado sobre a pergunta que mais ouviu nos últimos dias. "Sim, vi o filme e gostei como uma obra de ficção. Porém, achei as cenas de tortura e execuções desnecessárias. O Bope atua dentro da lei. Se há suspeitas de desvio de conduta, a apuração é rigorosa. Se não fosse assim, não éramos policiais." Na semana passada, soldados do Bope foram aplaudidos quando se exercitavam na Praia de Copacabana. Reflexo do filme, objeto do maior derrame de cópias piratas que a cidade já conheceu. Pinheiro prefere não dar tanto crédito assim ao filme de José Padilha. "Houve momentos significativos este ano, que foram a morte de João Hélio Fernandes (de 6 anos, morto ao ser arrastado no carro da mãe roubado por cinco jovens) em fevereiro e a morte do policial do Bope no Complexo do Alemão quando buscava os criminosos que executaram dois policiais no mesmo local onde o menino foi morto. Falo como cidadão. Foi o momento da sociedade dizer: ?Chega!?. Era preciso fazer alguma coisa e começaram as grandes operações, que foram eficazes. A população passou a enxergar uma luz no fim do túnel", avalia. Criado em janeiro de 1978, como Núcleo da Companhia de Operações Especiais, o Bope é dividido em três sub-unidades. A Força de Intervenção em Áreas de Alto Risco, a equipe que atua nas favelas, a Unidade de Intervenção Tática, composta por grupos de resgate de reféns, atiradores de elite e negociadores, e a Seção de Instrução Especializada, que treina os policiais da unidade, de outras polícias e forças armadas do Brasil e do exterior. Todo ano passam pelo curso do Bope 2.500 homens. Nem todos querem entrar para o Bope. E na realidade, dos que querem, pouquíssimos conseguem. Tropa de Elite mostra que neste treinamento há saraivadas de tapas na cara, ofensas verbais e privações de toda ordem (fome, inclusive). O coronel Pinheiro Neto admite que o contato físico "é previsto", mas nega que os instrutores batam "deliberadamente" nos alunos. Há, sim, um rito de iniciação na unidade. Para entrar no Bope, o aspirante precisa ter dois anos de experiência na rua e a ficha limpa. Antes dos cursos, faz testes físicos e psicológicos. Aceito, ele passa pelo Curso de Ações Táticas (CAT) para cabos e soldados do Bope. Em seguida, pode fazer o curso de Operações Especiais, chamado "caveira". É ele que o filme retrata. O curso simula situações de combate por três meses 24 horas por dia, com folgas eventuais. "A primeira fase chamada ?inferno? dura 20 dias é uma peneira para ver quem vai continuar. Depois, temos a fase de instrução, que é mais técnica, com simulações de operações em áreas de risco, selva, montanha, em embarcações, helicóptero e mergulho. Ao final, temos a fase de operações simuladas e reais", conta o coronel. No filme há clara distinção entre a PM e o Bope. A PM quase sempre é mostrada como corrupta, leniente com o crime, e o Bope é uma ilha de austeridade. Pinheiro Neto lamenta o que chama de "construção da imagem do Bope com a desconstrução da imagem da PM". "O Bope é uma unidade da PM. Dependemos da PM para obtermos munição, armamento, combustível e veículos. Se escolheram o Bope como herói, agradecemos, mas o Bope é da Polícia Militar", ressalta. Pelo menos do ponto de vista salarial as diferenças entre o Bope e o restante da PM não são significativas - policiais do Bope ganham uma gratificação fixa de R$ 500 sobre o soldo da PM. Apesar do otimismo ao falar que o Rio vive o momento "da grande virada" na área da segurança com a ocupação do Complexo do Alemão, apontado como o QG do Comando Vermelho, o coronel avalia que a cidade vive em guerra. "É guerra diferente onde os códigos da lei estão vigentes, mas é uma guerra. O detalhe é que uma guerra sem fim. Não existe sociedade sem crime. Isso é utopia, mas temos que reduzir a níveis aceitáveis esse mal que assola o Rio." Diante da turbulência de morros como os do Alemão ou da Mangueira, a favela vizinha ao Bope, a Tavares Bastos, no Catete (zona sul), é um oásis de tranqüilidade. Não há tráfico nem milícias. Os 4 mil moradores são objeto da curiosidade de arquitetos e antropólogos. "Depois que o Bope se instalou aqui (em 2000), tudo mudou para melhor. Só saio daqui para morar no asfalto", diz a dona de casa Djanira da Silva Porto. No mês que vem, a favela entrará no circuito internacional de cinema pois serviu de cenário para as filmagens de Incrível Hulk 2. Qualquer semelhança entre Hulk e policiais do Bope é mera coincidência.

"Nós estamos no topo." Nós, na afirmação do coronel Alberto Pinheiro Neto, de 43 anos, são os 400 policiais comandados por ele do Batalhão de Operações Especiais, o Bope, retratados no filme Tropa de Elite como um núcleo incorruptível e destemido da Polícia Militar do Rio, mas envolvido com tortura e execuções. "As ações no Complexo do Alemão (zona norte) em junho devolveram a auto-estima dos policiais", diz Pinheiro Neto, que elogia o filme, apesar de fazer ressalvas. Tanto na operação do Alemão, na qual morreram 19 pessoas, como em Tropa de Elite, a fama de eficiência do Bope compete o tempo todo com as denúncias de truculência e abusos. Pinheiro Neto começou a carreira na Força Aérea Brasileira. Entrou para a polícia 23 anos atrás e há 13 serve no Bope. Foi no Quartel do Vale dos Ossos Secos, em Laranjeiras, na zona sul, sede do Bope, que falou ao Estado sobre a pergunta que mais ouviu nos últimos dias. "Sim, vi o filme e gostei como uma obra de ficção. Porém, achei as cenas de tortura e execuções desnecessárias. O Bope atua dentro da lei. Se há suspeitas de desvio de conduta, a apuração é rigorosa. Se não fosse assim, não éramos policiais." Na semana passada, soldados do Bope foram aplaudidos quando se exercitavam na Praia de Copacabana. Reflexo do filme, objeto do maior derrame de cópias piratas que a cidade já conheceu. Pinheiro prefere não dar tanto crédito assim ao filme de José Padilha. "Houve momentos significativos este ano, que foram a morte de João Hélio Fernandes (de 6 anos, morto ao ser arrastado no carro da mãe roubado por cinco jovens) em fevereiro e a morte do policial do Bope no Complexo do Alemão quando buscava os criminosos que executaram dois policiais no mesmo local onde o menino foi morto. Falo como cidadão. Foi o momento da sociedade dizer: ?Chega!?. Era preciso fazer alguma coisa e começaram as grandes operações, que foram eficazes. A população passou a enxergar uma luz no fim do túnel", avalia. Criado em janeiro de 1978, como Núcleo da Companhia de Operações Especiais, o Bope é dividido em três sub-unidades. A Força de Intervenção em Áreas de Alto Risco, a equipe que atua nas favelas, a Unidade de Intervenção Tática, composta por grupos de resgate de reféns, atiradores de elite e negociadores, e a Seção de Instrução Especializada, que treina os policiais da unidade, de outras polícias e forças armadas do Brasil e do exterior. Todo ano passam pelo curso do Bope 2.500 homens. Nem todos querem entrar para o Bope. E na realidade, dos que querem, pouquíssimos conseguem. Tropa de Elite mostra que neste treinamento há saraivadas de tapas na cara, ofensas verbais e privações de toda ordem (fome, inclusive). O coronel Pinheiro Neto admite que o contato físico "é previsto", mas nega que os instrutores batam "deliberadamente" nos alunos. Há, sim, um rito de iniciação na unidade. Para entrar no Bope, o aspirante precisa ter dois anos de experiência na rua e a ficha limpa. Antes dos cursos, faz testes físicos e psicológicos. Aceito, ele passa pelo Curso de Ações Táticas (CAT) para cabos e soldados do Bope. Em seguida, pode fazer o curso de Operações Especiais, chamado "caveira". É ele que o filme retrata. O curso simula situações de combate por três meses 24 horas por dia, com folgas eventuais. "A primeira fase chamada ?inferno? dura 20 dias é uma peneira para ver quem vai continuar. Depois, temos a fase de instrução, que é mais técnica, com simulações de operações em áreas de risco, selva, montanha, em embarcações, helicóptero e mergulho. Ao final, temos a fase de operações simuladas e reais", conta o coronel. No filme há clara distinção entre a PM e o Bope. A PM quase sempre é mostrada como corrupta, leniente com o crime, e o Bope é uma ilha de austeridade. Pinheiro Neto lamenta o que chama de "construção da imagem do Bope com a desconstrução da imagem da PM". "O Bope é uma unidade da PM. Dependemos da PM para obtermos munição, armamento, combustível e veículos. Se escolheram o Bope como herói, agradecemos, mas o Bope é da Polícia Militar", ressalta. Pelo menos do ponto de vista salarial as diferenças entre o Bope e o restante da PM não são significativas - policiais do Bope ganham uma gratificação fixa de R$ 500 sobre o soldo da PM. Apesar do otimismo ao falar que o Rio vive o momento "da grande virada" na área da segurança com a ocupação do Complexo do Alemão, apontado como o QG do Comando Vermelho, o coronel avalia que a cidade vive em guerra. "É guerra diferente onde os códigos da lei estão vigentes, mas é uma guerra. O detalhe é que uma guerra sem fim. Não existe sociedade sem crime. Isso é utopia, mas temos que reduzir a níveis aceitáveis esse mal que assola o Rio." Diante da turbulência de morros como os do Alemão ou da Mangueira, a favela vizinha ao Bope, a Tavares Bastos, no Catete (zona sul), é um oásis de tranqüilidade. Não há tráfico nem milícias. Os 4 mil moradores são objeto da curiosidade de arquitetos e antropólogos. "Depois que o Bope se instalou aqui (em 2000), tudo mudou para melhor. Só saio daqui para morar no asfalto", diz a dona de casa Djanira da Silva Porto. No mês que vem, a favela entrará no circuito internacional de cinema pois serviu de cenário para as filmagens de Incrível Hulk 2. Qualquer semelhança entre Hulk e policiais do Bope é mera coincidência.

"Nós estamos no topo." Nós, na afirmação do coronel Alberto Pinheiro Neto, de 43 anos, são os 400 policiais comandados por ele do Batalhão de Operações Especiais, o Bope, retratados no filme Tropa de Elite como um núcleo incorruptível e destemido da Polícia Militar do Rio, mas envolvido com tortura e execuções. "As ações no Complexo do Alemão (zona norte) em junho devolveram a auto-estima dos policiais", diz Pinheiro Neto, que elogia o filme, apesar de fazer ressalvas. Tanto na operação do Alemão, na qual morreram 19 pessoas, como em Tropa de Elite, a fama de eficiência do Bope compete o tempo todo com as denúncias de truculência e abusos. Pinheiro Neto começou a carreira na Força Aérea Brasileira. Entrou para a polícia 23 anos atrás e há 13 serve no Bope. Foi no Quartel do Vale dos Ossos Secos, em Laranjeiras, na zona sul, sede do Bope, que falou ao Estado sobre a pergunta que mais ouviu nos últimos dias. "Sim, vi o filme e gostei como uma obra de ficção. Porém, achei as cenas de tortura e execuções desnecessárias. O Bope atua dentro da lei. Se há suspeitas de desvio de conduta, a apuração é rigorosa. Se não fosse assim, não éramos policiais." Na semana passada, soldados do Bope foram aplaudidos quando se exercitavam na Praia de Copacabana. Reflexo do filme, objeto do maior derrame de cópias piratas que a cidade já conheceu. Pinheiro prefere não dar tanto crédito assim ao filme de José Padilha. "Houve momentos significativos este ano, que foram a morte de João Hélio Fernandes (de 6 anos, morto ao ser arrastado no carro da mãe roubado por cinco jovens) em fevereiro e a morte do policial do Bope no Complexo do Alemão quando buscava os criminosos que executaram dois policiais no mesmo local onde o menino foi morto. Falo como cidadão. Foi o momento da sociedade dizer: ?Chega!?. Era preciso fazer alguma coisa e começaram as grandes operações, que foram eficazes. A população passou a enxergar uma luz no fim do túnel", avalia. Criado em janeiro de 1978, como Núcleo da Companhia de Operações Especiais, o Bope é dividido em três sub-unidades. A Força de Intervenção em Áreas de Alto Risco, a equipe que atua nas favelas, a Unidade de Intervenção Tática, composta por grupos de resgate de reféns, atiradores de elite e negociadores, e a Seção de Instrução Especializada, que treina os policiais da unidade, de outras polícias e forças armadas do Brasil e do exterior. Todo ano passam pelo curso do Bope 2.500 homens. Nem todos querem entrar para o Bope. E na realidade, dos que querem, pouquíssimos conseguem. Tropa de Elite mostra que neste treinamento há saraivadas de tapas na cara, ofensas verbais e privações de toda ordem (fome, inclusive). O coronel Pinheiro Neto admite que o contato físico "é previsto", mas nega que os instrutores batam "deliberadamente" nos alunos. Há, sim, um rito de iniciação na unidade. Para entrar no Bope, o aspirante precisa ter dois anos de experiência na rua e a ficha limpa. Antes dos cursos, faz testes físicos e psicológicos. Aceito, ele passa pelo Curso de Ações Táticas (CAT) para cabos e soldados do Bope. Em seguida, pode fazer o curso de Operações Especiais, chamado "caveira". É ele que o filme retrata. O curso simula situações de combate por três meses 24 horas por dia, com folgas eventuais. "A primeira fase chamada ?inferno? dura 20 dias é uma peneira para ver quem vai continuar. Depois, temos a fase de instrução, que é mais técnica, com simulações de operações em áreas de risco, selva, montanha, em embarcações, helicóptero e mergulho. Ao final, temos a fase de operações simuladas e reais", conta o coronel. No filme há clara distinção entre a PM e o Bope. A PM quase sempre é mostrada como corrupta, leniente com o crime, e o Bope é uma ilha de austeridade. Pinheiro Neto lamenta o que chama de "construção da imagem do Bope com a desconstrução da imagem da PM". "O Bope é uma unidade da PM. Dependemos da PM para obtermos munição, armamento, combustível e veículos. Se escolheram o Bope como herói, agradecemos, mas o Bope é da Polícia Militar", ressalta. Pelo menos do ponto de vista salarial as diferenças entre o Bope e o restante da PM não são significativas - policiais do Bope ganham uma gratificação fixa de R$ 500 sobre o soldo da PM. Apesar do otimismo ao falar que o Rio vive o momento "da grande virada" na área da segurança com a ocupação do Complexo do Alemão, apontado como o QG do Comando Vermelho, o coronel avalia que a cidade vive em guerra. "É guerra diferente onde os códigos da lei estão vigentes, mas é uma guerra. O detalhe é que uma guerra sem fim. Não existe sociedade sem crime. Isso é utopia, mas temos que reduzir a níveis aceitáveis esse mal que assola o Rio." Diante da turbulência de morros como os do Alemão ou da Mangueira, a favela vizinha ao Bope, a Tavares Bastos, no Catete (zona sul), é um oásis de tranqüilidade. Não há tráfico nem milícias. Os 4 mil moradores são objeto da curiosidade de arquitetos e antropólogos. "Depois que o Bope se instalou aqui (em 2000), tudo mudou para melhor. Só saio daqui para morar no asfalto", diz a dona de casa Djanira da Silva Porto. No mês que vem, a favela entrará no circuito internacional de cinema pois serviu de cenário para as filmagens de Incrível Hulk 2. Qualquer semelhança entre Hulk e policiais do Bope é mera coincidência.

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