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'Adotei o procedimento padrão', diz Cardozo sobre denúncia de cartel
Uma temerária cascata toma conta da República. A nova oligarquia política nos impinge dias em que a tríade clássica da democracia - independência de poderes, respeito à livre expressão e governo exercido para todos -- está suspensa por decreto. A desenvolta ação envolve agora mais do que uma adesão acrítica aos companheiros de causa. Não há mais inibição no atropelo da legislação, unilateralmente aboliu-se o tópico "conflito de interesses". Para obter produtos políticos, desmoralize-se o outro poder. Acusem o juiz, esqueçam a ordem das coisas, acionem isqueiros perto das instituições. Se for para intensificar o domínio da coisa pública borrem a constituição. E se for pelo poder, aí então, aplique-se o tal golpe imobilizador do vale tudo.
Sim, até para eles existem limites. A República não é o Partido.
Se a trama era refundar o Estado precisavam antes combinar com os eleitores.
Quando agentes governamentais agem aberta e corporativamente sob o pretexto que for, para desqualificar opositores e críticos. Quando o poder imagina que o diálogo com a sociedade é um detalhe desprezível. Quando as forças que poderiam coibir os abusos estão amedrontadas ou desmoralizadas pelas gavetas, chegamos nas bordas de um temível retrocesso.
Os cofres podem estar abarrotados de dossiês, e só a justiça pode discernir a verdade dentre calúnias e litigâncias oportunistas. Nem que seja por causas humanitárias, merecemos todos mais isenção e seriedade.
Nossas cabeças não aguentam mais picotar papel.