POR APOIO, PMDB QUER MAIS
Ciente também que parte da insatisfação dos mais de 40 por cento de convencionais que votaram contra a manutenção da aliança está ligada ao seu tratamento pouco amistoso com o maior partido da coalizão, Dilma prometeu governar junto com o PMDB num eventual segundo mandato.
“Eu preciso do PMDB para juntos fazermos a melhor campanha. Mas sobretudo para juntos governar mais, com mais intensidade para o país e melhor”, acenou a petista.
Esse era um aceno esperado pela cúpula do partido, que nas últimas semanas se esforçou para evitar uma surpreendente derrota, depois que o movimento contrário à aliança ganhou corpo desde o início do ano.
Todas as negociações feitas para manter o PMDB ao lado de Dilma levam em conta uma repactuação da atual aliança, com mais espaço para o partido no governo e nas decisões do Executivo.
Temer tentou evitar o caráter fisiológico da reivindicação após a convenção.
"A participação maior do PMDB é no tocante às políticas públicas do país. O PMDB reclama muito disso e tenho dito aos companheiros e ao governo que nós teremos uma participação muito maior nas políticas públicas. Quando digo políticas públicas... é um pouco a participação do PMDB na área social como teve no passado", explicou o vice-presidente.
"É na ação relativa à saúde, à educação, à integração nacional. Não é exatamante ministério", acrescentou.
Segundo ele, o partido quer participar ativamente da formulação do programa de governo e descartou apoiar qualquer mudança na regulação da mídia que mude a Constituição na parte que trata da liberdade de imprensa e de expressão.
Temer não descartou nem mesmo mudanças na área econômica. "É possível que tenha que haver revisões e ajustamentos como sempre ocorre na economia de um país", afirmou a jornalistas após a convenção.
TRAIÇÕES
Durante a votação na convenção, a cúpula do PMDB fez previsões bem otimistas, calculando que a manutenção da aliança venceria por ampla margem de votos. O presidente da legenda, senador Valdir Raupp (RO), chegou a desdenhar da ala rebelde.
"Não sei se eles conseguem chegar a 15 por cento dos votos", disse ele aos jornalistas.
Mas quando as urnas foram abertas, o resultado surpreendeu aqueles que faziam prognósticos tão otimistas.
Um peemedebista ligado ao comando partidário disse à Reuters que a maior parte das traições vieram dos diretórios da Bahia, que apesar apoiar a pré-candidatura à Presidência do tucano Aécio Neves, prometeu a Temer que o apoiaria como vice na chapa de Dilma, e do Rio de Janeiro.
Entre os fluminenses, a aposta da cúpula do partido era que haveria uma divisão dos votos, mas eles cogitam que a maioria dos convencionais do Rio de Janeiro votaram contra a aliança.
A cúpula também achou estranha a ausência de convencionais da Paraíba e de Santa Catarina, que em tese votariam a favor da aliança.
Essas dúvidas, porém, dificilmente serão esclarecidas, já que a votação foi secreta.
"Ganhamos com o pior cenário que prevíamos", disse esse peemedebista à Reuters, sob condição de anonimato, já que a ordem de Temer é não fazer caça às bruxas no partido.