Dunn analisa a terceira via da febre tropicalista


Professor norte-americano publica no Brasil, pela Unesp, o livro Brutalidade Jardim, no qual revê legado estético da Tropicália e sua redescoberta no exterior

Por Jotabê Medeiros

Brutalidade Jardim, título tirado de um verso da música Geleia Geral, de Gilberto Gil (por sua vez, emprestado das Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade), é o nome que batiza o recém-lançado livro do brasilianista norte-americano Christopher Dunn sobre a Tropicália.Não é por acaso que a junção do modernismo de Oswald e do tropicalismo de Gil batiza Brutalidade Jardim - A Tropicália e o Surgimento da Contracultura Brasileira (Unesp, 280 págs., R$ 37). O autor, professor da Tulane University, de New Orleans, é um estudioso da cultura brasileira. O interessante no estudo de Dunn sobre a Tropicália é que, mais do que um olhar para trás, uma revisão histórica, se trata também de analisar o impacto daquele movimento na produção artística que se faz atualmente - e sua influência no exterior, a partir dos anos 1990.Inicialmente, Dunn estabelece conexão direta entre a Tropicália e os movimentos artísticos do início do século, notadamente a antropofagia cultural apregoada por Oswald. Põe o teatro de José Celso Martinez Corrêa como um rito de passagem do movimento (não por acaso, é Zé Celso quem escreve o prefácio do volume). Analisa as injunções políticas dos principais artistas do período e seus confrontos (involuntários) com o regime militar."A ideia básica da Tropicália era ressaltar o absurdo, a contradição em si, sem propor uma solução, justamente para incomodar o público", disse Dunn. Para o autor, a novidade do tropicalismo não foi a apropriação de estilos estrangeiros, já que essa é uma marca da música brasileira desde o século 19. Os tropicalistas também não propuseram um novo estilo, como a bossa nova, ou um novo gênero, como o samba. Seu amálgama de citações e apropriações buscava elementos da cultura americana, sul-americana hispânica e formulações da modernidade tecnológica. A novidade teria sido o "abrasileiramento" dessas formas exógenas, de forma a fazer com que essas práticas fossem reconhecidas e aceitas como brasileiras."Talvez os melhores exemplos do tipo de canibalização irônica típica da Tropicália possam ser ouvidos nos discos dos Mutantes", escreve Dunn. O som da banda inspirou diversos artistas jovens americanos, como Beck, que fez um álbum chamado Mutations, em 1998, pleno de citações ao som que o impactou. Seu trabalho foi analisado como sendo algo contado da perspectiva de um "expatriado desencantado, vivendo em um lugar que "fede a encantos tropicais, onde os turistas roncam e se decompõem"", descreve.Christopher Dunn analisa com especial atenção o fenômeno da redescoberta de Tom Zé, no final dos anos 1990, após a reedição de seus discos nos Estados Unidos pelo selo Luaka Bop, de David Byrne. Tom Zé, na visão de Dunn, cumpre uma função mais educativa e abrangente do que seus colegas mais famosos nesse período. "Tom Zé abriu os ouvidos para uma tradição experimental e vanguardista na música brasileira que havia passado despercebida - salvo algumas exceções, como a música instrumental de Hermeto Pascoal, uma exceção que confirma a regra porque a inserção internacional do Hermeto sempre se deu por meio do jazz", diz.Dunn conta que teve a ideia do livro em 1985, quando tomou contato pela primeira vez com a bossa, os sambas de Chico e as baladas de Roberto Carlos. Mas um disco em especial o deixou embasbacado: Panis et Circensis, de 1968. "Seria uma celebração patriótica da vida nos trópicos? Ou uma sátira ferina? Seria uma apologia da modernização sob o governo militar? Ou um álbum de protesto?" Quando soube do que se tratava, pensou que poderia ser objeto de uma ótima tese. E acabou sendo."Chris saca a deflagração de um movimento que, no final do século, misturado com os Cantos de Homero, sem saber se era música-cinema-teatro-ação política, científica, poesia, prosa, erudita, popular, landita, nacional ou estrangeira, antiga, moderna ou brasileira, veio à tona, comeu de tudo que o mundo oferecia e fez o eterno retorno ao primitivo, mas tecnizando-o, manifestando-se sincronicamente, sem prévia combinação, neste movimento da nova cultura política balançando os quadris chamada Tropicália", escreveu Zé Celso Martinez Corrêa.

Brutalidade Jardim, título tirado de um verso da música Geleia Geral, de Gilberto Gil (por sua vez, emprestado das Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade), é o nome que batiza o recém-lançado livro do brasilianista norte-americano Christopher Dunn sobre a Tropicália.Não é por acaso que a junção do modernismo de Oswald e do tropicalismo de Gil batiza Brutalidade Jardim - A Tropicália e o Surgimento da Contracultura Brasileira (Unesp, 280 págs., R$ 37). O autor, professor da Tulane University, de New Orleans, é um estudioso da cultura brasileira. O interessante no estudo de Dunn sobre a Tropicália é que, mais do que um olhar para trás, uma revisão histórica, se trata também de analisar o impacto daquele movimento na produção artística que se faz atualmente - e sua influência no exterior, a partir dos anos 1990.Inicialmente, Dunn estabelece conexão direta entre a Tropicália e os movimentos artísticos do início do século, notadamente a antropofagia cultural apregoada por Oswald. Põe o teatro de José Celso Martinez Corrêa como um rito de passagem do movimento (não por acaso, é Zé Celso quem escreve o prefácio do volume). Analisa as injunções políticas dos principais artistas do período e seus confrontos (involuntários) com o regime militar."A ideia básica da Tropicália era ressaltar o absurdo, a contradição em si, sem propor uma solução, justamente para incomodar o público", disse Dunn. Para o autor, a novidade do tropicalismo não foi a apropriação de estilos estrangeiros, já que essa é uma marca da música brasileira desde o século 19. Os tropicalistas também não propuseram um novo estilo, como a bossa nova, ou um novo gênero, como o samba. Seu amálgama de citações e apropriações buscava elementos da cultura americana, sul-americana hispânica e formulações da modernidade tecnológica. A novidade teria sido o "abrasileiramento" dessas formas exógenas, de forma a fazer com que essas práticas fossem reconhecidas e aceitas como brasileiras."Talvez os melhores exemplos do tipo de canibalização irônica típica da Tropicália possam ser ouvidos nos discos dos Mutantes", escreve Dunn. O som da banda inspirou diversos artistas jovens americanos, como Beck, que fez um álbum chamado Mutations, em 1998, pleno de citações ao som que o impactou. Seu trabalho foi analisado como sendo algo contado da perspectiva de um "expatriado desencantado, vivendo em um lugar que "fede a encantos tropicais, onde os turistas roncam e se decompõem"", descreve.Christopher Dunn analisa com especial atenção o fenômeno da redescoberta de Tom Zé, no final dos anos 1990, após a reedição de seus discos nos Estados Unidos pelo selo Luaka Bop, de David Byrne. Tom Zé, na visão de Dunn, cumpre uma função mais educativa e abrangente do que seus colegas mais famosos nesse período. "Tom Zé abriu os ouvidos para uma tradição experimental e vanguardista na música brasileira que havia passado despercebida - salvo algumas exceções, como a música instrumental de Hermeto Pascoal, uma exceção que confirma a regra porque a inserção internacional do Hermeto sempre se deu por meio do jazz", diz.Dunn conta que teve a ideia do livro em 1985, quando tomou contato pela primeira vez com a bossa, os sambas de Chico e as baladas de Roberto Carlos. Mas um disco em especial o deixou embasbacado: Panis et Circensis, de 1968. "Seria uma celebração patriótica da vida nos trópicos? Ou uma sátira ferina? Seria uma apologia da modernização sob o governo militar? Ou um álbum de protesto?" Quando soube do que se tratava, pensou que poderia ser objeto de uma ótima tese. E acabou sendo."Chris saca a deflagração de um movimento que, no final do século, misturado com os Cantos de Homero, sem saber se era música-cinema-teatro-ação política, científica, poesia, prosa, erudita, popular, landita, nacional ou estrangeira, antiga, moderna ou brasileira, veio à tona, comeu de tudo que o mundo oferecia e fez o eterno retorno ao primitivo, mas tecnizando-o, manifestando-se sincronicamente, sem prévia combinação, neste movimento da nova cultura política balançando os quadris chamada Tropicália", escreveu Zé Celso Martinez Corrêa.

Brutalidade Jardim, título tirado de um verso da música Geleia Geral, de Gilberto Gil (por sua vez, emprestado das Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade), é o nome que batiza o recém-lançado livro do brasilianista norte-americano Christopher Dunn sobre a Tropicália.Não é por acaso que a junção do modernismo de Oswald e do tropicalismo de Gil batiza Brutalidade Jardim - A Tropicália e o Surgimento da Contracultura Brasileira (Unesp, 280 págs., R$ 37). O autor, professor da Tulane University, de New Orleans, é um estudioso da cultura brasileira. O interessante no estudo de Dunn sobre a Tropicália é que, mais do que um olhar para trás, uma revisão histórica, se trata também de analisar o impacto daquele movimento na produção artística que se faz atualmente - e sua influência no exterior, a partir dos anos 1990.Inicialmente, Dunn estabelece conexão direta entre a Tropicália e os movimentos artísticos do início do século, notadamente a antropofagia cultural apregoada por Oswald. Põe o teatro de José Celso Martinez Corrêa como um rito de passagem do movimento (não por acaso, é Zé Celso quem escreve o prefácio do volume). Analisa as injunções políticas dos principais artistas do período e seus confrontos (involuntários) com o regime militar."A ideia básica da Tropicália era ressaltar o absurdo, a contradição em si, sem propor uma solução, justamente para incomodar o público", disse Dunn. Para o autor, a novidade do tropicalismo não foi a apropriação de estilos estrangeiros, já que essa é uma marca da música brasileira desde o século 19. Os tropicalistas também não propuseram um novo estilo, como a bossa nova, ou um novo gênero, como o samba. Seu amálgama de citações e apropriações buscava elementos da cultura americana, sul-americana hispânica e formulações da modernidade tecnológica. A novidade teria sido o "abrasileiramento" dessas formas exógenas, de forma a fazer com que essas práticas fossem reconhecidas e aceitas como brasileiras."Talvez os melhores exemplos do tipo de canibalização irônica típica da Tropicália possam ser ouvidos nos discos dos Mutantes", escreve Dunn. O som da banda inspirou diversos artistas jovens americanos, como Beck, que fez um álbum chamado Mutations, em 1998, pleno de citações ao som que o impactou. Seu trabalho foi analisado como sendo algo contado da perspectiva de um "expatriado desencantado, vivendo em um lugar que "fede a encantos tropicais, onde os turistas roncam e se decompõem"", descreve.Christopher Dunn analisa com especial atenção o fenômeno da redescoberta de Tom Zé, no final dos anos 1990, após a reedição de seus discos nos Estados Unidos pelo selo Luaka Bop, de David Byrne. Tom Zé, na visão de Dunn, cumpre uma função mais educativa e abrangente do que seus colegas mais famosos nesse período. "Tom Zé abriu os ouvidos para uma tradição experimental e vanguardista na música brasileira que havia passado despercebida - salvo algumas exceções, como a música instrumental de Hermeto Pascoal, uma exceção que confirma a regra porque a inserção internacional do Hermeto sempre se deu por meio do jazz", diz.Dunn conta que teve a ideia do livro em 1985, quando tomou contato pela primeira vez com a bossa, os sambas de Chico e as baladas de Roberto Carlos. Mas um disco em especial o deixou embasbacado: Panis et Circensis, de 1968. "Seria uma celebração patriótica da vida nos trópicos? Ou uma sátira ferina? Seria uma apologia da modernização sob o governo militar? Ou um álbum de protesto?" Quando soube do que se tratava, pensou que poderia ser objeto de uma ótima tese. E acabou sendo."Chris saca a deflagração de um movimento que, no final do século, misturado com os Cantos de Homero, sem saber se era música-cinema-teatro-ação política, científica, poesia, prosa, erudita, popular, landita, nacional ou estrangeira, antiga, moderna ou brasileira, veio à tona, comeu de tudo que o mundo oferecia e fez o eterno retorno ao primitivo, mas tecnizando-o, manifestando-se sincronicamente, sem prévia combinação, neste movimento da nova cultura política balançando os quadris chamada Tropicália", escreveu Zé Celso Martinez Corrêa.

Brutalidade Jardim, título tirado de um verso da música Geleia Geral, de Gilberto Gil (por sua vez, emprestado das Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade), é o nome que batiza o recém-lançado livro do brasilianista norte-americano Christopher Dunn sobre a Tropicália.Não é por acaso que a junção do modernismo de Oswald e do tropicalismo de Gil batiza Brutalidade Jardim - A Tropicália e o Surgimento da Contracultura Brasileira (Unesp, 280 págs., R$ 37). O autor, professor da Tulane University, de New Orleans, é um estudioso da cultura brasileira. O interessante no estudo de Dunn sobre a Tropicália é que, mais do que um olhar para trás, uma revisão histórica, se trata também de analisar o impacto daquele movimento na produção artística que se faz atualmente - e sua influência no exterior, a partir dos anos 1990.Inicialmente, Dunn estabelece conexão direta entre a Tropicália e os movimentos artísticos do início do século, notadamente a antropofagia cultural apregoada por Oswald. Põe o teatro de José Celso Martinez Corrêa como um rito de passagem do movimento (não por acaso, é Zé Celso quem escreve o prefácio do volume). Analisa as injunções políticas dos principais artistas do período e seus confrontos (involuntários) com o regime militar."A ideia básica da Tropicália era ressaltar o absurdo, a contradição em si, sem propor uma solução, justamente para incomodar o público", disse Dunn. Para o autor, a novidade do tropicalismo não foi a apropriação de estilos estrangeiros, já que essa é uma marca da música brasileira desde o século 19. Os tropicalistas também não propuseram um novo estilo, como a bossa nova, ou um novo gênero, como o samba. Seu amálgama de citações e apropriações buscava elementos da cultura americana, sul-americana hispânica e formulações da modernidade tecnológica. A novidade teria sido o "abrasileiramento" dessas formas exógenas, de forma a fazer com que essas práticas fossem reconhecidas e aceitas como brasileiras."Talvez os melhores exemplos do tipo de canibalização irônica típica da Tropicália possam ser ouvidos nos discos dos Mutantes", escreve Dunn. O som da banda inspirou diversos artistas jovens americanos, como Beck, que fez um álbum chamado Mutations, em 1998, pleno de citações ao som que o impactou. Seu trabalho foi analisado como sendo algo contado da perspectiva de um "expatriado desencantado, vivendo em um lugar que "fede a encantos tropicais, onde os turistas roncam e se decompõem"", descreve.Christopher Dunn analisa com especial atenção o fenômeno da redescoberta de Tom Zé, no final dos anos 1990, após a reedição de seus discos nos Estados Unidos pelo selo Luaka Bop, de David Byrne. Tom Zé, na visão de Dunn, cumpre uma função mais educativa e abrangente do que seus colegas mais famosos nesse período. "Tom Zé abriu os ouvidos para uma tradição experimental e vanguardista na música brasileira que havia passado despercebida - salvo algumas exceções, como a música instrumental de Hermeto Pascoal, uma exceção que confirma a regra porque a inserção internacional do Hermeto sempre se deu por meio do jazz", diz.Dunn conta que teve a ideia do livro em 1985, quando tomou contato pela primeira vez com a bossa, os sambas de Chico e as baladas de Roberto Carlos. Mas um disco em especial o deixou embasbacado: Panis et Circensis, de 1968. "Seria uma celebração patriótica da vida nos trópicos? Ou uma sátira ferina? Seria uma apologia da modernização sob o governo militar? Ou um álbum de protesto?" Quando soube do que se tratava, pensou que poderia ser objeto de uma ótima tese. E acabou sendo."Chris saca a deflagração de um movimento que, no final do século, misturado com os Cantos de Homero, sem saber se era música-cinema-teatro-ação política, científica, poesia, prosa, erudita, popular, landita, nacional ou estrangeira, antiga, moderna ou brasileira, veio à tona, comeu de tudo que o mundo oferecia e fez o eterno retorno ao primitivo, mas tecnizando-o, manifestando-se sincronicamente, sem prévia combinação, neste movimento da nova cultura política balançando os quadris chamada Tropicália", escreveu Zé Celso Martinez Corrêa.

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