O dia a dia dos alunos Curso Estado de Jornalismo

E se o jornalismo deixasse de existir?


Por Redação

Não sei qual dimensão de cataclismo poderia viabilizar tamanho drama.  Tão pouco consigo definir minha utilidade em um mundo pós-jornalismo. Seria um zumbi de orelhas grandes, talvez. E mancaria. Balzac, escritor francês, certa vez declarou que "se a imprensa não existisse, seria preciso NÃO inventá-la". Pode chamá-lo de sacana, se quiser; eu o chamarei de desiludido. Ora, imaginar o mundo sem jornalismo é o mesmo que pensar em sociedades estanques, impedidas de evoluir.  Um caos mais amplo, portanto.

De acordo com a Associação Nacional de Jornais (ANJ), existem hoje no Brasil cerca de 3.000 títulos, entre diários e semanais. Poderíamos relativizar, sem grande esforço, a qualidade de muitas dessas publicações. Duvidamos, também, da relevância de alguns dos programas noticiosos (vide Sônia Abrão) transmitidos pelas centenas de TVs e rádios espalhadas pelo País. O conteúdo publicado em certos sites e revistas levanta, do mesmo modo, as nossas suspeitas. Concordamos, no entanto, em um ponto: esses veículos são os responsáveis por tirar do sepulcro os mais bizarros casos de corrupção; são a voz de milhares de brasileiros que, todos os dias, arquejam ao fazer uso de um transporte público sucateado;  em boa parte do mundo, a imprensa é a segurança de que a democracia, por mais que violada, terá o seu momento de respiro, a sua chance de retorno.

Apocalipse

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O assunto é sério, mas vale também uma análise despretensiosa. Se o jornalismo morresse, teríamos que suportar, entre outras bizarrices, o programa de humor do William Bonner - diário. Como perderíamos em crítica, as músicas do Calypso comporiam a playlist de mais pessoas, uma delas, quem sabe, o seu melhor amigo. O sentimento de indignação, tão bem aguçado pelo jornalismo, ficaria adormecido em muitas almas, o que tornaria cada vez mais aceitável a ideia de que cuecas são, sim, excelentes depositários do dinheiro alheio. Marília Gabriela se transformaria na estrela-mor da Globo, e todos teríamos que elogiar a sua desenvoltura como atriz, sob pena de parecermos ressentidos caso não o fizéssemos. Em resumo: uma total baderna.

Redenção?

Se é desesperador pensar na hecatombe acima, agora imagine: Paulo Maluf impune. Exploração de menores como opção de lazer. Seis meses para conseguir uma consulta no SUS. Wall Street desregulando o mercado financeiro. A ocultação dos segredos da ditadura no Brasil. O despotismo dos dirigentes do futebol brasileiro. Por fim, o buraco em frente a sua garagem. Do alto da minha arrogância, grito: ainda somos necessários. Se o jornalismo não existisse, Balzac, nós estaríamos desamparados. Sem esperanças. O exercício proposto é simples - quase superficial - mas assombroso o suficiente. É hora de roer as unhas, caro leitor, porque a possibilidade apresentada nestas linhas não é de todo improvável.

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Leandro Igor Vieira, de 26 anos, é formado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Não sei qual dimensão de cataclismo poderia viabilizar tamanho drama.  Tão pouco consigo definir minha utilidade em um mundo pós-jornalismo. Seria um zumbi de orelhas grandes, talvez. E mancaria. Balzac, escritor francês, certa vez declarou que "se a imprensa não existisse, seria preciso NÃO inventá-la". Pode chamá-lo de sacana, se quiser; eu o chamarei de desiludido. Ora, imaginar o mundo sem jornalismo é o mesmo que pensar em sociedades estanques, impedidas de evoluir.  Um caos mais amplo, portanto.

De acordo com a Associação Nacional de Jornais (ANJ), existem hoje no Brasil cerca de 3.000 títulos, entre diários e semanais. Poderíamos relativizar, sem grande esforço, a qualidade de muitas dessas publicações. Duvidamos, também, da relevância de alguns dos programas noticiosos (vide Sônia Abrão) transmitidos pelas centenas de TVs e rádios espalhadas pelo País. O conteúdo publicado em certos sites e revistas levanta, do mesmo modo, as nossas suspeitas. Concordamos, no entanto, em um ponto: esses veículos são os responsáveis por tirar do sepulcro os mais bizarros casos de corrupção; são a voz de milhares de brasileiros que, todos os dias, arquejam ao fazer uso de um transporte público sucateado;  em boa parte do mundo, a imprensa é a segurança de que a democracia, por mais que violada, terá o seu momento de respiro, a sua chance de retorno.

Apocalipse

O assunto é sério, mas vale também uma análise despretensiosa. Se o jornalismo morresse, teríamos que suportar, entre outras bizarrices, o programa de humor do William Bonner - diário. Como perderíamos em crítica, as músicas do Calypso comporiam a playlist de mais pessoas, uma delas, quem sabe, o seu melhor amigo. O sentimento de indignação, tão bem aguçado pelo jornalismo, ficaria adormecido em muitas almas, o que tornaria cada vez mais aceitável a ideia de que cuecas são, sim, excelentes depositários do dinheiro alheio. Marília Gabriela se transformaria na estrela-mor da Globo, e todos teríamos que elogiar a sua desenvoltura como atriz, sob pena de parecermos ressentidos caso não o fizéssemos. Em resumo: uma total baderna.

Redenção?

Se é desesperador pensar na hecatombe acima, agora imagine: Paulo Maluf impune. Exploração de menores como opção de lazer. Seis meses para conseguir uma consulta no SUS. Wall Street desregulando o mercado financeiro. A ocultação dos segredos da ditadura no Brasil. O despotismo dos dirigentes do futebol brasileiro. Por fim, o buraco em frente a sua garagem. Do alto da minha arrogância, grito: ainda somos necessários. Se o jornalismo não existisse, Balzac, nós estaríamos desamparados. Sem esperanças. O exercício proposto é simples - quase superficial - mas assombroso o suficiente. É hora de roer as unhas, caro leitor, porque a possibilidade apresentada nestas linhas não é de todo improvável.

Leandro Igor Vieira, de 26 anos, é formado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Não sei qual dimensão de cataclismo poderia viabilizar tamanho drama.  Tão pouco consigo definir minha utilidade em um mundo pós-jornalismo. Seria um zumbi de orelhas grandes, talvez. E mancaria. Balzac, escritor francês, certa vez declarou que "se a imprensa não existisse, seria preciso NÃO inventá-la". Pode chamá-lo de sacana, se quiser; eu o chamarei de desiludido. Ora, imaginar o mundo sem jornalismo é o mesmo que pensar em sociedades estanques, impedidas de evoluir.  Um caos mais amplo, portanto.

De acordo com a Associação Nacional de Jornais (ANJ), existem hoje no Brasil cerca de 3.000 títulos, entre diários e semanais. Poderíamos relativizar, sem grande esforço, a qualidade de muitas dessas publicações. Duvidamos, também, da relevância de alguns dos programas noticiosos (vide Sônia Abrão) transmitidos pelas centenas de TVs e rádios espalhadas pelo País. O conteúdo publicado em certos sites e revistas levanta, do mesmo modo, as nossas suspeitas. Concordamos, no entanto, em um ponto: esses veículos são os responsáveis por tirar do sepulcro os mais bizarros casos de corrupção; são a voz de milhares de brasileiros que, todos os dias, arquejam ao fazer uso de um transporte público sucateado;  em boa parte do mundo, a imprensa é a segurança de que a democracia, por mais que violada, terá o seu momento de respiro, a sua chance de retorno.

Apocalipse

O assunto é sério, mas vale também uma análise despretensiosa. Se o jornalismo morresse, teríamos que suportar, entre outras bizarrices, o programa de humor do William Bonner - diário. Como perderíamos em crítica, as músicas do Calypso comporiam a playlist de mais pessoas, uma delas, quem sabe, o seu melhor amigo. O sentimento de indignação, tão bem aguçado pelo jornalismo, ficaria adormecido em muitas almas, o que tornaria cada vez mais aceitável a ideia de que cuecas são, sim, excelentes depositários do dinheiro alheio. Marília Gabriela se transformaria na estrela-mor da Globo, e todos teríamos que elogiar a sua desenvoltura como atriz, sob pena de parecermos ressentidos caso não o fizéssemos. Em resumo: uma total baderna.

Redenção?

Se é desesperador pensar na hecatombe acima, agora imagine: Paulo Maluf impune. Exploração de menores como opção de lazer. Seis meses para conseguir uma consulta no SUS. Wall Street desregulando o mercado financeiro. A ocultação dos segredos da ditadura no Brasil. O despotismo dos dirigentes do futebol brasileiro. Por fim, o buraco em frente a sua garagem. Do alto da minha arrogância, grito: ainda somos necessários. Se o jornalismo não existisse, Balzac, nós estaríamos desamparados. Sem esperanças. O exercício proposto é simples - quase superficial - mas assombroso o suficiente. É hora de roer as unhas, caro leitor, porque a possibilidade apresentada nestas linhas não é de todo improvável.

Leandro Igor Vieira, de 26 anos, é formado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Não sei qual dimensão de cataclismo poderia viabilizar tamanho drama.  Tão pouco consigo definir minha utilidade em um mundo pós-jornalismo. Seria um zumbi de orelhas grandes, talvez. E mancaria. Balzac, escritor francês, certa vez declarou que "se a imprensa não existisse, seria preciso NÃO inventá-la". Pode chamá-lo de sacana, se quiser; eu o chamarei de desiludido. Ora, imaginar o mundo sem jornalismo é o mesmo que pensar em sociedades estanques, impedidas de evoluir.  Um caos mais amplo, portanto.

De acordo com a Associação Nacional de Jornais (ANJ), existem hoje no Brasil cerca de 3.000 títulos, entre diários e semanais. Poderíamos relativizar, sem grande esforço, a qualidade de muitas dessas publicações. Duvidamos, também, da relevância de alguns dos programas noticiosos (vide Sônia Abrão) transmitidos pelas centenas de TVs e rádios espalhadas pelo País. O conteúdo publicado em certos sites e revistas levanta, do mesmo modo, as nossas suspeitas. Concordamos, no entanto, em um ponto: esses veículos são os responsáveis por tirar do sepulcro os mais bizarros casos de corrupção; são a voz de milhares de brasileiros que, todos os dias, arquejam ao fazer uso de um transporte público sucateado;  em boa parte do mundo, a imprensa é a segurança de que a democracia, por mais que violada, terá o seu momento de respiro, a sua chance de retorno.

Apocalipse

O assunto é sério, mas vale também uma análise despretensiosa. Se o jornalismo morresse, teríamos que suportar, entre outras bizarrices, o programa de humor do William Bonner - diário. Como perderíamos em crítica, as músicas do Calypso comporiam a playlist de mais pessoas, uma delas, quem sabe, o seu melhor amigo. O sentimento de indignação, tão bem aguçado pelo jornalismo, ficaria adormecido em muitas almas, o que tornaria cada vez mais aceitável a ideia de que cuecas são, sim, excelentes depositários do dinheiro alheio. Marília Gabriela se transformaria na estrela-mor da Globo, e todos teríamos que elogiar a sua desenvoltura como atriz, sob pena de parecermos ressentidos caso não o fizéssemos. Em resumo: uma total baderna.

Redenção?

Se é desesperador pensar na hecatombe acima, agora imagine: Paulo Maluf impune. Exploração de menores como opção de lazer. Seis meses para conseguir uma consulta no SUS. Wall Street desregulando o mercado financeiro. A ocultação dos segredos da ditadura no Brasil. O despotismo dos dirigentes do futebol brasileiro. Por fim, o buraco em frente a sua garagem. Do alto da minha arrogância, grito: ainda somos necessários. Se o jornalismo não existisse, Balzac, nós estaríamos desamparados. Sem esperanças. O exercício proposto é simples - quase superficial - mas assombroso o suficiente. É hora de roer as unhas, caro leitor, porque a possibilidade apresentada nestas linhas não é de todo improvável.

Leandro Igor Vieira, de 26 anos, é formado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

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