Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Eu já me esqueci de você


Meus amigos dizem ser uma sequela da covid. Pode ser. Mas eu me esqueci de você.

Por Gilberto Amendola
Demorei seis segundos para ligar os pontos entre a fotografia e algum capítulo-fantasma da minha própria vida Foto: Rirri/Unsplash.com

Eu me esqueci de você. 

Meus amigos dizem ser uma sequela da covid.

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Pode ser.

Mas eu me esqueci de você.

Dias atrás, uma foto sua despencou de um livro. 

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(Sinapses preguiçosas. Sinais fracos de internet. Telegramas que nunca chegam. E-mails presos na caixa de saída. Celular no modo avião. Palavras que secam a garganta...).

Demorei seis segundos para ligar os pontos entre a fotografia e algum capítulo-fantasma da minha própria vida.

Houve um tempo em que as coisas aconteciam de um jeito mais atropelado. Tudo parecia uma corrida afobada de 100 metros rasos.

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O nosso tempo junto não foi maior do que o de um comercial de margarina.

Tudo o que a gente viveu cabe dentro de uma caixinha. São momentos bem acomodados. As peças estão encaixadas como em uma partida perfeita de Tetris.

Mas acabou.

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Mais um amor lançado ao mar.

Como tantos outros (nota-se a importância de aprender a nadar). 

Tomara que metade dele tenha encontrado um outro porto. 

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Hoje, nossa foto é um marcador de página no meio de um guia de viagem. Guia de uma cidade que a gente nunca visitou.

Naquela época, seria divertido. Claro, com um ou outro contratempo, mas divertido. 

A primeira coisa que eu quero fazer quando essa loucura acabar é uma viagem.

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Eu já disse que me esqueci de você?

Meus amigos dizem que é uma óbvia sequela da covid. 

Fiz um café forte. Trabalhei um pouco. Escrevi esse texto. Fui para o sofá. Liguei a TV. A curva dos doentes. A montanha de mortos. A intubação. A extubação. O pavor de acordar no meio de um procedimento destes. Eu só quero apagar. Só me acordem depois das próximas eleições.

São dias difíceis para todo mundo.

Não tenho mais notícias suas.

Mágoas antigas não enchem barriga. São apenas cócegas, cosquinhas no pé.

Nossa obrigação é seguir adiante.

E esperar a vacina.

Eu já me esqueci de você.

Meus amigos dizem que é uma sequela da covid.

Que você e os seus estejam bem. 

Demorei seis segundos para ligar os pontos entre a fotografia e algum capítulo-fantasma da minha própria vida Foto: Rirri/Unsplash.com

Eu me esqueci de você. 

Meus amigos dizem ser uma sequela da covid.

Pode ser.

Mas eu me esqueci de você.

Dias atrás, uma foto sua despencou de um livro. 

(Sinapses preguiçosas. Sinais fracos de internet. Telegramas que nunca chegam. E-mails presos na caixa de saída. Celular no modo avião. Palavras que secam a garganta...).

Demorei seis segundos para ligar os pontos entre a fotografia e algum capítulo-fantasma da minha própria vida.

Houve um tempo em que as coisas aconteciam de um jeito mais atropelado. Tudo parecia uma corrida afobada de 100 metros rasos.

O nosso tempo junto não foi maior do que o de um comercial de margarina.

Tudo o que a gente viveu cabe dentro de uma caixinha. São momentos bem acomodados. As peças estão encaixadas como em uma partida perfeita de Tetris.

Mas acabou.

Mais um amor lançado ao mar.

Como tantos outros (nota-se a importância de aprender a nadar). 

Tomara que metade dele tenha encontrado um outro porto. 

Hoje, nossa foto é um marcador de página no meio de um guia de viagem. Guia de uma cidade que a gente nunca visitou.

Naquela época, seria divertido. Claro, com um ou outro contratempo, mas divertido. 

A primeira coisa que eu quero fazer quando essa loucura acabar é uma viagem.

Eu já disse que me esqueci de você?

Meus amigos dizem que é uma óbvia sequela da covid. 

Fiz um café forte. Trabalhei um pouco. Escrevi esse texto. Fui para o sofá. Liguei a TV. A curva dos doentes. A montanha de mortos. A intubação. A extubação. O pavor de acordar no meio de um procedimento destes. Eu só quero apagar. Só me acordem depois das próximas eleições.

São dias difíceis para todo mundo.

Não tenho mais notícias suas.

Mágoas antigas não enchem barriga. São apenas cócegas, cosquinhas no pé.

Nossa obrigação é seguir adiante.

E esperar a vacina.

Eu já me esqueci de você.

Meus amigos dizem que é uma sequela da covid.

Que você e os seus estejam bem. 

Demorei seis segundos para ligar os pontos entre a fotografia e algum capítulo-fantasma da minha própria vida Foto: Rirri/Unsplash.com

Eu me esqueci de você. 

Meus amigos dizem ser uma sequela da covid.

Pode ser.

Mas eu me esqueci de você.

Dias atrás, uma foto sua despencou de um livro. 

(Sinapses preguiçosas. Sinais fracos de internet. Telegramas que nunca chegam. E-mails presos na caixa de saída. Celular no modo avião. Palavras que secam a garganta...).

Demorei seis segundos para ligar os pontos entre a fotografia e algum capítulo-fantasma da minha própria vida.

Houve um tempo em que as coisas aconteciam de um jeito mais atropelado. Tudo parecia uma corrida afobada de 100 metros rasos.

O nosso tempo junto não foi maior do que o de um comercial de margarina.

Tudo o que a gente viveu cabe dentro de uma caixinha. São momentos bem acomodados. As peças estão encaixadas como em uma partida perfeita de Tetris.

Mas acabou.

Mais um amor lançado ao mar.

Como tantos outros (nota-se a importância de aprender a nadar). 

Tomara que metade dele tenha encontrado um outro porto. 

Hoje, nossa foto é um marcador de página no meio de um guia de viagem. Guia de uma cidade que a gente nunca visitou.

Naquela época, seria divertido. Claro, com um ou outro contratempo, mas divertido. 

A primeira coisa que eu quero fazer quando essa loucura acabar é uma viagem.

Eu já disse que me esqueci de você?

Meus amigos dizem que é uma óbvia sequela da covid. 

Fiz um café forte. Trabalhei um pouco. Escrevi esse texto. Fui para o sofá. Liguei a TV. A curva dos doentes. A montanha de mortos. A intubação. A extubação. O pavor de acordar no meio de um procedimento destes. Eu só quero apagar. Só me acordem depois das próximas eleições.

São dias difíceis para todo mundo.

Não tenho mais notícias suas.

Mágoas antigas não enchem barriga. São apenas cócegas, cosquinhas no pé.

Nossa obrigação é seguir adiante.

E esperar a vacina.

Eu já me esqueci de você.

Meus amigos dizem que é uma sequela da covid.

Que você e os seus estejam bem. 

Demorei seis segundos para ligar os pontos entre a fotografia e algum capítulo-fantasma da minha própria vida Foto: Rirri/Unsplash.com

Eu me esqueci de você. 

Meus amigos dizem ser uma sequela da covid.

Pode ser.

Mas eu me esqueci de você.

Dias atrás, uma foto sua despencou de um livro. 

(Sinapses preguiçosas. Sinais fracos de internet. Telegramas que nunca chegam. E-mails presos na caixa de saída. Celular no modo avião. Palavras que secam a garganta...).

Demorei seis segundos para ligar os pontos entre a fotografia e algum capítulo-fantasma da minha própria vida.

Houve um tempo em que as coisas aconteciam de um jeito mais atropelado. Tudo parecia uma corrida afobada de 100 metros rasos.

O nosso tempo junto não foi maior do que o de um comercial de margarina.

Tudo o que a gente viveu cabe dentro de uma caixinha. São momentos bem acomodados. As peças estão encaixadas como em uma partida perfeita de Tetris.

Mas acabou.

Mais um amor lançado ao mar.

Como tantos outros (nota-se a importância de aprender a nadar). 

Tomara que metade dele tenha encontrado um outro porto. 

Hoje, nossa foto é um marcador de página no meio de um guia de viagem. Guia de uma cidade que a gente nunca visitou.

Naquela época, seria divertido. Claro, com um ou outro contratempo, mas divertido. 

A primeira coisa que eu quero fazer quando essa loucura acabar é uma viagem.

Eu já disse que me esqueci de você?

Meus amigos dizem que é uma óbvia sequela da covid. 

Fiz um café forte. Trabalhei um pouco. Escrevi esse texto. Fui para o sofá. Liguei a TV. A curva dos doentes. A montanha de mortos. A intubação. A extubação. O pavor de acordar no meio de um procedimento destes. Eu só quero apagar. Só me acordem depois das próximas eleições.

São dias difíceis para todo mundo.

Não tenho mais notícias suas.

Mágoas antigas não enchem barriga. São apenas cócegas, cosquinhas no pé.

Nossa obrigação é seguir adiante.

E esperar a vacina.

Eu já me esqueci de você.

Meus amigos dizem que é uma sequela da covid.

Que você e os seus estejam bem. 

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