Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Para ler nos dias ruins


'Você tem uma vida inteira pela frente, você e sua família, você e seus amigos, tenha esperança'

Por Gilberto Amendola

Isso não é uma crônica. Sei lá o que é. Você pode chamar de placebo. Em suma, dê o nome que quiser.  Isso aqui é um comprimido para você tomar nas tardes frias e nos dias ruins. 

Não vai ser sempre assim. 

Vai chegar o dia em que seremos felizes outra vez. Você não será mais acordada com a notícia de amigos, de amigos dos amigos ou de amáveis desconhecidos partindo por uma doença implacável.

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Vai chegar o dia em que o alerta do celular vai trazer recados triviais, fofoquinhas inocentes, nudes solicitados ou, na pior das hipóteses, lembretes de algum boleto esquecido. 

Imagem ilustrativa Foto: Pixabay/@peterng1618

Neste dia, você vai acordar depois de um sonho bom, sem medo e revigorada. Vai tomar aquele banho demorado e cantar no chuveiro um clássico como Purple Rain (usando um frasco de xampu como microfone).

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Ao se olhar no espelho vai reconhecer, depois de muito tempo, a própria beleza – e as gotas espessas de esperança escorrendo pela pele. 

Neste dia, você não vai passar o café em casa. Ao contrário, você vai vestir uma roupa colorida e procurar uma padaria. 

E você vai fechar os olhos para morder o pão. Vai ter manteiga escorrendo pelo canto da sua boca. Vai ter suco de laranja. Vai ter geleia. E vai ter um estranho rindo do seu brunch em êxtase. 

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E você vai tirar o dia para passear. Vai perceber que o bairro em que mora também mudou. Você vai entender que as velhas ruas precisam ser exploradas novamente. E você vai gostar da ideia de fazer turismo pelo próprio bairro. 

Você vai pular em uma “amarelinha” já meio apagada e perceber que está sendo observada.

Você vai atravessar a rua para abraçar uma amiga. E vocês vão colocar a conversa em dia dentro de uma confeitaria. Acredite, a bomba de chocolate será incrível (e não irá engordar ninguém). E vocês vão falar de viagens, dos colegas de trabalho e de uma festa marcada para daqui 15 dias.

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Você vai sentir uma ansiedade boa. Um frio na barriga. Uma vontade de conhecer gente nova. 

E depois você vai querer tomar um chope. Um chope cremoso, quase pornográfico. Um chope que vai descer macio, que vai ser um acalanto etílico, um chope redentor.

Em uma TV de zilhões de polegadas, o presidente que costuma te “dar nos nervos” vai falar alguma coisa. Uma coisa dessas que ele costuma falar, um embrulho mal-ajambrado, envolto em um laço de arame, e dedicado ao terror. 

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Mas, neste dia, nem o coisa ruim te pega. Você será maior e melhor do que os perdigotos negacionistas que saem daquela boca. 

Você vai virar para outro lado e focar no chope gelado – e, talvez, em uma possível paquera. Deixa o presidente falar. Ele vai passar. Você tem uma vida inteira pela frente.

De novo, você tem uma vida inteira pela frente, você e sua família, você e seus amigos, você e aqueles que ainda nem teve a oportunidade de conhecer, você e a torcida do Flamengo.

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Acalme o coração, esse dia vai chegar. Fique firme. Tenha esperança. Por enquanto, use máscara, beba água, vacine quando chegar a sua vez, faça ioga, sexo virtual, escreva bobagens no WhatsApp e tente não morrer.

*Gilberto Amendola é repórter do Estadão e observador da vida urbana

Isso não é uma crônica. Sei lá o que é. Você pode chamar de placebo. Em suma, dê o nome que quiser.  Isso aqui é um comprimido para você tomar nas tardes frias e nos dias ruins. 

Não vai ser sempre assim. 

Vai chegar o dia em que seremos felizes outra vez. Você não será mais acordada com a notícia de amigos, de amigos dos amigos ou de amáveis desconhecidos partindo por uma doença implacável.

Vai chegar o dia em que o alerta do celular vai trazer recados triviais, fofoquinhas inocentes, nudes solicitados ou, na pior das hipóteses, lembretes de algum boleto esquecido. 

Imagem ilustrativa Foto: Pixabay/@peterng1618

Neste dia, você vai acordar depois de um sonho bom, sem medo e revigorada. Vai tomar aquele banho demorado e cantar no chuveiro um clássico como Purple Rain (usando um frasco de xampu como microfone).

Ao se olhar no espelho vai reconhecer, depois de muito tempo, a própria beleza – e as gotas espessas de esperança escorrendo pela pele. 

Neste dia, você não vai passar o café em casa. Ao contrário, você vai vestir uma roupa colorida e procurar uma padaria. 

E você vai fechar os olhos para morder o pão. Vai ter manteiga escorrendo pelo canto da sua boca. Vai ter suco de laranja. Vai ter geleia. E vai ter um estranho rindo do seu brunch em êxtase. 

E você vai tirar o dia para passear. Vai perceber que o bairro em que mora também mudou. Você vai entender que as velhas ruas precisam ser exploradas novamente. E você vai gostar da ideia de fazer turismo pelo próprio bairro. 

Você vai pular em uma “amarelinha” já meio apagada e perceber que está sendo observada.

Você vai atravessar a rua para abraçar uma amiga. E vocês vão colocar a conversa em dia dentro de uma confeitaria. Acredite, a bomba de chocolate será incrível (e não irá engordar ninguém). E vocês vão falar de viagens, dos colegas de trabalho e de uma festa marcada para daqui 15 dias.

Você vai sentir uma ansiedade boa. Um frio na barriga. Uma vontade de conhecer gente nova. 

E depois você vai querer tomar um chope. Um chope cremoso, quase pornográfico. Um chope que vai descer macio, que vai ser um acalanto etílico, um chope redentor.

Em uma TV de zilhões de polegadas, o presidente que costuma te “dar nos nervos” vai falar alguma coisa. Uma coisa dessas que ele costuma falar, um embrulho mal-ajambrado, envolto em um laço de arame, e dedicado ao terror. 

Mas, neste dia, nem o coisa ruim te pega. Você será maior e melhor do que os perdigotos negacionistas que saem daquela boca. 

Você vai virar para outro lado e focar no chope gelado – e, talvez, em uma possível paquera. Deixa o presidente falar. Ele vai passar. Você tem uma vida inteira pela frente.

De novo, você tem uma vida inteira pela frente, você e sua família, você e seus amigos, você e aqueles que ainda nem teve a oportunidade de conhecer, você e a torcida do Flamengo.

Acalme o coração, esse dia vai chegar. Fique firme. Tenha esperança. Por enquanto, use máscara, beba água, vacine quando chegar a sua vez, faça ioga, sexo virtual, escreva bobagens no WhatsApp e tente não morrer.

*Gilberto Amendola é repórter do Estadão e observador da vida urbana

Isso não é uma crônica. Sei lá o que é. Você pode chamar de placebo. Em suma, dê o nome que quiser.  Isso aqui é um comprimido para você tomar nas tardes frias e nos dias ruins. 

Não vai ser sempre assim. 

Vai chegar o dia em que seremos felizes outra vez. Você não será mais acordada com a notícia de amigos, de amigos dos amigos ou de amáveis desconhecidos partindo por uma doença implacável.

Vai chegar o dia em que o alerta do celular vai trazer recados triviais, fofoquinhas inocentes, nudes solicitados ou, na pior das hipóteses, lembretes de algum boleto esquecido. 

Imagem ilustrativa Foto: Pixabay/@peterng1618

Neste dia, você vai acordar depois de um sonho bom, sem medo e revigorada. Vai tomar aquele banho demorado e cantar no chuveiro um clássico como Purple Rain (usando um frasco de xampu como microfone).

Ao se olhar no espelho vai reconhecer, depois de muito tempo, a própria beleza – e as gotas espessas de esperança escorrendo pela pele. 

Neste dia, você não vai passar o café em casa. Ao contrário, você vai vestir uma roupa colorida e procurar uma padaria. 

E você vai fechar os olhos para morder o pão. Vai ter manteiga escorrendo pelo canto da sua boca. Vai ter suco de laranja. Vai ter geleia. E vai ter um estranho rindo do seu brunch em êxtase. 

E você vai tirar o dia para passear. Vai perceber que o bairro em que mora também mudou. Você vai entender que as velhas ruas precisam ser exploradas novamente. E você vai gostar da ideia de fazer turismo pelo próprio bairro. 

Você vai pular em uma “amarelinha” já meio apagada e perceber que está sendo observada.

Você vai atravessar a rua para abraçar uma amiga. E vocês vão colocar a conversa em dia dentro de uma confeitaria. Acredite, a bomba de chocolate será incrível (e não irá engordar ninguém). E vocês vão falar de viagens, dos colegas de trabalho e de uma festa marcada para daqui 15 dias.

Você vai sentir uma ansiedade boa. Um frio na barriga. Uma vontade de conhecer gente nova. 

E depois você vai querer tomar um chope. Um chope cremoso, quase pornográfico. Um chope que vai descer macio, que vai ser um acalanto etílico, um chope redentor.

Em uma TV de zilhões de polegadas, o presidente que costuma te “dar nos nervos” vai falar alguma coisa. Uma coisa dessas que ele costuma falar, um embrulho mal-ajambrado, envolto em um laço de arame, e dedicado ao terror. 

Mas, neste dia, nem o coisa ruim te pega. Você será maior e melhor do que os perdigotos negacionistas que saem daquela boca. 

Você vai virar para outro lado e focar no chope gelado – e, talvez, em uma possível paquera. Deixa o presidente falar. Ele vai passar. Você tem uma vida inteira pela frente.

De novo, você tem uma vida inteira pela frente, você e sua família, você e seus amigos, você e aqueles que ainda nem teve a oportunidade de conhecer, você e a torcida do Flamengo.

Acalme o coração, esse dia vai chegar. Fique firme. Tenha esperança. Por enquanto, use máscara, beba água, vacine quando chegar a sua vez, faça ioga, sexo virtual, escreva bobagens no WhatsApp e tente não morrer.

*Gilberto Amendola é repórter do Estadão e observador da vida urbana

Isso não é uma crônica. Sei lá o que é. Você pode chamar de placebo. Em suma, dê o nome que quiser.  Isso aqui é um comprimido para você tomar nas tardes frias e nos dias ruins. 

Não vai ser sempre assim. 

Vai chegar o dia em que seremos felizes outra vez. Você não será mais acordada com a notícia de amigos, de amigos dos amigos ou de amáveis desconhecidos partindo por uma doença implacável.

Vai chegar o dia em que o alerta do celular vai trazer recados triviais, fofoquinhas inocentes, nudes solicitados ou, na pior das hipóteses, lembretes de algum boleto esquecido. 

Imagem ilustrativa Foto: Pixabay/@peterng1618

Neste dia, você vai acordar depois de um sonho bom, sem medo e revigorada. Vai tomar aquele banho demorado e cantar no chuveiro um clássico como Purple Rain (usando um frasco de xampu como microfone).

Ao se olhar no espelho vai reconhecer, depois de muito tempo, a própria beleza – e as gotas espessas de esperança escorrendo pela pele. 

Neste dia, você não vai passar o café em casa. Ao contrário, você vai vestir uma roupa colorida e procurar uma padaria. 

E você vai fechar os olhos para morder o pão. Vai ter manteiga escorrendo pelo canto da sua boca. Vai ter suco de laranja. Vai ter geleia. E vai ter um estranho rindo do seu brunch em êxtase. 

E você vai tirar o dia para passear. Vai perceber que o bairro em que mora também mudou. Você vai entender que as velhas ruas precisam ser exploradas novamente. E você vai gostar da ideia de fazer turismo pelo próprio bairro. 

Você vai pular em uma “amarelinha” já meio apagada e perceber que está sendo observada.

Você vai atravessar a rua para abraçar uma amiga. E vocês vão colocar a conversa em dia dentro de uma confeitaria. Acredite, a bomba de chocolate será incrível (e não irá engordar ninguém). E vocês vão falar de viagens, dos colegas de trabalho e de uma festa marcada para daqui 15 dias.

Você vai sentir uma ansiedade boa. Um frio na barriga. Uma vontade de conhecer gente nova. 

E depois você vai querer tomar um chope. Um chope cremoso, quase pornográfico. Um chope que vai descer macio, que vai ser um acalanto etílico, um chope redentor.

Em uma TV de zilhões de polegadas, o presidente que costuma te “dar nos nervos” vai falar alguma coisa. Uma coisa dessas que ele costuma falar, um embrulho mal-ajambrado, envolto em um laço de arame, e dedicado ao terror. 

Mas, neste dia, nem o coisa ruim te pega. Você será maior e melhor do que os perdigotos negacionistas que saem daquela boca. 

Você vai virar para outro lado e focar no chope gelado – e, talvez, em uma possível paquera. Deixa o presidente falar. Ele vai passar. Você tem uma vida inteira pela frente.

De novo, você tem uma vida inteira pela frente, você e sua família, você e seus amigos, você e aqueles que ainda nem teve a oportunidade de conhecer, você e a torcida do Flamengo.

Acalme o coração, esse dia vai chegar. Fique firme. Tenha esperança. Por enquanto, use máscara, beba água, vacine quando chegar a sua vez, faça ioga, sexo virtual, escreva bobagens no WhatsApp e tente não morrer.

*Gilberto Amendola é repórter do Estadão e observador da vida urbana

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