BOA VISTA - Por volta das 15 horas, a maioria dos restaurantes de Boa Vista que têm serviço de self-service já está fechada, mas, nas últimas semanas, filas de até 50 pessoas se formam na porta dos estabelecimentos perto desse horário. Não são clientes comuns, mas sim venezuelanos famintos à espera de sobras.
Com a chegada de mais refugiados à cidade e a falta de vagas em abrigos, os que vivem em praças começaram a buscar alternativas para comer. Inicialmente, ONGs e igrejas entregavam refeições nos espaços, mas, com o aumento do fluxo migratório, a oferta não tem sido suficiente para todos.
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Eles chegam a percorrer 200 quilômetros a pé até a capital do Estado, Boa Vista, onde se amontoam em praças sem banheiro e água potável
Pelo menos três restaurantes da cidade passaram, então, a fazer marmitas com as sobras do almoço para distribuir aos estrangeiros. Assim que os comércios abrem as portas para entregar os restos, dezenas de imigrantes, alguns com crianças de colo, se espremem para conseguir pegar uma marmita. “É triste porque na Venezuela tínhamos profissão, casa, carro. Vir para outro país e passar por isso é humilhante. A gente só queria um trabalho para poder pagar pela nossa comida”, diz Alfredo Rafael, de 43 anos.