Indignados, Piratas e emperrados


Jovens ao redor do mundo tomaram as ruas nos últimos três anos em protestos contra o desemprego, a corrupção e a ineficiência da classe política. Em alguns casos, conseguiram se estruturar em movimentos políticos organizados – os estudantes no Chile, o Partido dos Piratas na Alemanha e na Suécia e o Movimento 5 Estrelas na Itália. Em outros, mesmo ganhando força, não evoluíram para formações políticas.

Por Antonella Zugliani, Carlo Cauti e Mateus Andrighetto Tamiozzo

“Quem elegeu representantes em Parlamentos foi mais eficiente e obteve algum resultado, mudando o sistema por dentro”, avaliou o professor Marco Aurélio Nogueira, diretor do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da Unesp. “Já os Indignados, na Espanha, ou o Occupy Wall Street, nos EUA, não deram em nada, e os protestos na Praça Tahrir, no Egito, não tiveram sequência democrática”, analisou o autor de As Ruas e a Democracia: Ensaios sobre o Brasil Contemporâneo.

Os grupos que conseguiram eleger representantes têm três características comuns: organização elaborada, hierarquia e uso da internet para mobilizar e discutir pautas. Foi o que ocorreu no Chile, em que movimentos estudantis elegeram líderes para o Congresso no último pleito, como Camila Vallejo, que se tornou deputada.

“Os estudantes elegem seus líderes nas universidades e escolas”, disse Giovanna Roa, de 27 anos, eleita vice-presidente da Federação da Universidade Católica do Chile em 2010. “Após terminarem a faculdade, esses líderes entram na política e recebem muitos votos dos jovens com os quais se mobilizaram.” Na Espanha, no entanto, esse tipo de organização é rejeitado. “Temos atuação horizontal, não reconhecemos nenhum líder. Todas as decisões são tomadas em assembleias”, afirmou o universitário Andres Santos Prestel, de 21, ativista do movimento 15-M.

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Levantamento do Centro para Políticas Europeias feito em julho diz que 94% dos jovens espanhóis já participaram de alguma atividade política, com partidos ou em ações independentes. Esse índice de participação, porém, não resultou na criação de uma força política organizada. Logo, não conseguiu impor as reivindicações das ruas no debate parlamentar. “Temos um universo político muito diverso e opiniões de todo tipo. Assim, entrar no Parlamento como grupo minoritário não serviria muito”, argumentou o representante da Comissão Legal do 15-M, Javier Raboso, de 32.

O Partido dos Piratas da Alemanha, com 45 assentos nos Parlamentos regionais, é mais um exemplo de movimento que se organizou e obteve sucesso eleitoral. “É preciso liderança e estrutura para formar um partido”, destacou o deputado estadual de Berlim Martin Delius, de 29. Para ele, todos devem se envolver nas discussões. “Mas, ao mesmo tempo, se todo mundo é líder, ninguém se responsabiliza por nada.”

A internet teve papel fundamental no surgimento e consolidação de novos partidos. “Graças à rede conseguimos organizar eventos com centenas de milhares de pessoas”, contou a deputada italiana do M5S Chiara di Benedetto, de 26 anos, em referência aos três V-Days, comícios que reuniram mais de 200 mil participantes na Itália. “Ao mesmo tempo, permitimos que os cidadãos escolhessem seus candidatos por votação online.”

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O M5S criou um sistema de eleições prévias a partir de currículos com exigência de “ficha limpa” – iniciativa inédita na Itália. “Os eleitores discutem e emendam nossas propostas de lei na internet”, disse Chiara. Com essa estratégia, o M5S ganhou as eleições gerais de março, obtendo 156 cadeiras no Parlamento italiano.

Extremismo. Na Grécia, os protestos contra a crise econômica, sem evoluir para uma nova formação política, acabaram reforçando partidos extremistas de direita, como o Aurora Dourada e o Syriza, que hoje têm respectivamente 18 e 72 assentos no Parlamento. “Esses partidos representam parte dos jovens. A situação se agrava e os extremistas ganham popularidade”, disse o estudante de antropologia Stefanos Liakakos, de 24.

No Brasil, para o professor da Unesp Marco Nogueira, embora as manifestações não tenham levado a resultados, poderiam ser consideradas um treino para o futuro. “Foi uma tentativa de criar uma nova forma de manifestação. A mobilização pode aumentar o nível de participação política da sociedade brasileira, que ainda permanece pouco organizada.”

“Quem elegeu representantes em Parlamentos foi mais eficiente e obteve algum resultado, mudando o sistema por dentro”, avaliou o professor Marco Aurélio Nogueira, diretor do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da Unesp. “Já os Indignados, na Espanha, ou o Occupy Wall Street, nos EUA, não deram em nada, e os protestos na Praça Tahrir, no Egito, não tiveram sequência democrática”, analisou o autor de As Ruas e a Democracia: Ensaios sobre o Brasil Contemporâneo.

Os grupos que conseguiram eleger representantes têm três características comuns: organização elaborada, hierarquia e uso da internet para mobilizar e discutir pautas. Foi o que ocorreu no Chile, em que movimentos estudantis elegeram líderes para o Congresso no último pleito, como Camila Vallejo, que se tornou deputada.

“Os estudantes elegem seus líderes nas universidades e escolas”, disse Giovanna Roa, de 27 anos, eleita vice-presidente da Federação da Universidade Católica do Chile em 2010. “Após terminarem a faculdade, esses líderes entram na política e recebem muitos votos dos jovens com os quais se mobilizaram.” Na Espanha, no entanto, esse tipo de organização é rejeitado. “Temos atuação horizontal, não reconhecemos nenhum líder. Todas as decisões são tomadas em assembleias”, afirmou o universitário Andres Santos Prestel, de 21, ativista do movimento 15-M.

Levantamento do Centro para Políticas Europeias feito em julho diz que 94% dos jovens espanhóis já participaram de alguma atividade política, com partidos ou em ações independentes. Esse índice de participação, porém, não resultou na criação de uma força política organizada. Logo, não conseguiu impor as reivindicações das ruas no debate parlamentar. “Temos um universo político muito diverso e opiniões de todo tipo. Assim, entrar no Parlamento como grupo minoritário não serviria muito”, argumentou o representante da Comissão Legal do 15-M, Javier Raboso, de 32.

O Partido dos Piratas da Alemanha, com 45 assentos nos Parlamentos regionais, é mais um exemplo de movimento que se organizou e obteve sucesso eleitoral. “É preciso liderança e estrutura para formar um partido”, destacou o deputado estadual de Berlim Martin Delius, de 29. Para ele, todos devem se envolver nas discussões. “Mas, ao mesmo tempo, se todo mundo é líder, ninguém se responsabiliza por nada.”

A internet teve papel fundamental no surgimento e consolidação de novos partidos. “Graças à rede conseguimos organizar eventos com centenas de milhares de pessoas”, contou a deputada italiana do M5S Chiara di Benedetto, de 26 anos, em referência aos três V-Days, comícios que reuniram mais de 200 mil participantes na Itália. “Ao mesmo tempo, permitimos que os cidadãos escolhessem seus candidatos por votação online.”

O M5S criou um sistema de eleições prévias a partir de currículos com exigência de “ficha limpa” – iniciativa inédita na Itália. “Os eleitores discutem e emendam nossas propostas de lei na internet”, disse Chiara. Com essa estratégia, o M5S ganhou as eleições gerais de março, obtendo 156 cadeiras no Parlamento italiano.

Extremismo. Na Grécia, os protestos contra a crise econômica, sem evoluir para uma nova formação política, acabaram reforçando partidos extremistas de direita, como o Aurora Dourada e o Syriza, que hoje têm respectivamente 18 e 72 assentos no Parlamento. “Esses partidos representam parte dos jovens. A situação se agrava e os extremistas ganham popularidade”, disse o estudante de antropologia Stefanos Liakakos, de 24.

No Brasil, para o professor da Unesp Marco Nogueira, embora as manifestações não tenham levado a resultados, poderiam ser consideradas um treino para o futuro. “Foi uma tentativa de criar uma nova forma de manifestação. A mobilização pode aumentar o nível de participação política da sociedade brasileira, que ainda permanece pouco organizada.”

“Quem elegeu representantes em Parlamentos foi mais eficiente e obteve algum resultado, mudando o sistema por dentro”, avaliou o professor Marco Aurélio Nogueira, diretor do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da Unesp. “Já os Indignados, na Espanha, ou o Occupy Wall Street, nos EUA, não deram em nada, e os protestos na Praça Tahrir, no Egito, não tiveram sequência democrática”, analisou o autor de As Ruas e a Democracia: Ensaios sobre o Brasil Contemporâneo.

Os grupos que conseguiram eleger representantes têm três características comuns: organização elaborada, hierarquia e uso da internet para mobilizar e discutir pautas. Foi o que ocorreu no Chile, em que movimentos estudantis elegeram líderes para o Congresso no último pleito, como Camila Vallejo, que se tornou deputada.

“Os estudantes elegem seus líderes nas universidades e escolas”, disse Giovanna Roa, de 27 anos, eleita vice-presidente da Federação da Universidade Católica do Chile em 2010. “Após terminarem a faculdade, esses líderes entram na política e recebem muitos votos dos jovens com os quais se mobilizaram.” Na Espanha, no entanto, esse tipo de organização é rejeitado. “Temos atuação horizontal, não reconhecemos nenhum líder. Todas as decisões são tomadas em assembleias”, afirmou o universitário Andres Santos Prestel, de 21, ativista do movimento 15-M.

Levantamento do Centro para Políticas Europeias feito em julho diz que 94% dos jovens espanhóis já participaram de alguma atividade política, com partidos ou em ações independentes. Esse índice de participação, porém, não resultou na criação de uma força política organizada. Logo, não conseguiu impor as reivindicações das ruas no debate parlamentar. “Temos um universo político muito diverso e opiniões de todo tipo. Assim, entrar no Parlamento como grupo minoritário não serviria muito”, argumentou o representante da Comissão Legal do 15-M, Javier Raboso, de 32.

O Partido dos Piratas da Alemanha, com 45 assentos nos Parlamentos regionais, é mais um exemplo de movimento que se organizou e obteve sucesso eleitoral. “É preciso liderança e estrutura para formar um partido”, destacou o deputado estadual de Berlim Martin Delius, de 29. Para ele, todos devem se envolver nas discussões. “Mas, ao mesmo tempo, se todo mundo é líder, ninguém se responsabiliza por nada.”

A internet teve papel fundamental no surgimento e consolidação de novos partidos. “Graças à rede conseguimos organizar eventos com centenas de milhares de pessoas”, contou a deputada italiana do M5S Chiara di Benedetto, de 26 anos, em referência aos três V-Days, comícios que reuniram mais de 200 mil participantes na Itália. “Ao mesmo tempo, permitimos que os cidadãos escolhessem seus candidatos por votação online.”

O M5S criou um sistema de eleições prévias a partir de currículos com exigência de “ficha limpa” – iniciativa inédita na Itália. “Os eleitores discutem e emendam nossas propostas de lei na internet”, disse Chiara. Com essa estratégia, o M5S ganhou as eleições gerais de março, obtendo 156 cadeiras no Parlamento italiano.

Extremismo. Na Grécia, os protestos contra a crise econômica, sem evoluir para uma nova formação política, acabaram reforçando partidos extremistas de direita, como o Aurora Dourada e o Syriza, que hoje têm respectivamente 18 e 72 assentos no Parlamento. “Esses partidos representam parte dos jovens. A situação se agrava e os extremistas ganham popularidade”, disse o estudante de antropologia Stefanos Liakakos, de 24.

No Brasil, para o professor da Unesp Marco Nogueira, embora as manifestações não tenham levado a resultados, poderiam ser consideradas um treino para o futuro. “Foi uma tentativa de criar uma nova forma de manifestação. A mobilização pode aumentar o nível de participação política da sociedade brasileira, que ainda permanece pouco organizada.”

“Quem elegeu representantes em Parlamentos foi mais eficiente e obteve algum resultado, mudando o sistema por dentro”, avaliou o professor Marco Aurélio Nogueira, diretor do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da Unesp. “Já os Indignados, na Espanha, ou o Occupy Wall Street, nos EUA, não deram em nada, e os protestos na Praça Tahrir, no Egito, não tiveram sequência democrática”, analisou o autor de As Ruas e a Democracia: Ensaios sobre o Brasil Contemporâneo.

Os grupos que conseguiram eleger representantes têm três características comuns: organização elaborada, hierarquia e uso da internet para mobilizar e discutir pautas. Foi o que ocorreu no Chile, em que movimentos estudantis elegeram líderes para o Congresso no último pleito, como Camila Vallejo, que se tornou deputada.

“Os estudantes elegem seus líderes nas universidades e escolas”, disse Giovanna Roa, de 27 anos, eleita vice-presidente da Federação da Universidade Católica do Chile em 2010. “Após terminarem a faculdade, esses líderes entram na política e recebem muitos votos dos jovens com os quais se mobilizaram.” Na Espanha, no entanto, esse tipo de organização é rejeitado. “Temos atuação horizontal, não reconhecemos nenhum líder. Todas as decisões são tomadas em assembleias”, afirmou o universitário Andres Santos Prestel, de 21, ativista do movimento 15-M.

Levantamento do Centro para Políticas Europeias feito em julho diz que 94% dos jovens espanhóis já participaram de alguma atividade política, com partidos ou em ações independentes. Esse índice de participação, porém, não resultou na criação de uma força política organizada. Logo, não conseguiu impor as reivindicações das ruas no debate parlamentar. “Temos um universo político muito diverso e opiniões de todo tipo. Assim, entrar no Parlamento como grupo minoritário não serviria muito”, argumentou o representante da Comissão Legal do 15-M, Javier Raboso, de 32.

O Partido dos Piratas da Alemanha, com 45 assentos nos Parlamentos regionais, é mais um exemplo de movimento que se organizou e obteve sucesso eleitoral. “É preciso liderança e estrutura para formar um partido”, destacou o deputado estadual de Berlim Martin Delius, de 29. Para ele, todos devem se envolver nas discussões. “Mas, ao mesmo tempo, se todo mundo é líder, ninguém se responsabiliza por nada.”

A internet teve papel fundamental no surgimento e consolidação de novos partidos. “Graças à rede conseguimos organizar eventos com centenas de milhares de pessoas”, contou a deputada italiana do M5S Chiara di Benedetto, de 26 anos, em referência aos três V-Days, comícios que reuniram mais de 200 mil participantes na Itália. “Ao mesmo tempo, permitimos que os cidadãos escolhessem seus candidatos por votação online.”

O M5S criou um sistema de eleições prévias a partir de currículos com exigência de “ficha limpa” – iniciativa inédita na Itália. “Os eleitores discutem e emendam nossas propostas de lei na internet”, disse Chiara. Com essa estratégia, o M5S ganhou as eleições gerais de março, obtendo 156 cadeiras no Parlamento italiano.

Extremismo. Na Grécia, os protestos contra a crise econômica, sem evoluir para uma nova formação política, acabaram reforçando partidos extremistas de direita, como o Aurora Dourada e o Syriza, que hoje têm respectivamente 18 e 72 assentos no Parlamento. “Esses partidos representam parte dos jovens. A situação se agrava e os extremistas ganham popularidade”, disse o estudante de antropologia Stefanos Liakakos, de 24.

No Brasil, para o professor da Unesp Marco Nogueira, embora as manifestações não tenham levado a resultados, poderiam ser consideradas um treino para o futuro. “Foi uma tentativa de criar uma nova forma de manifestação. A mobilização pode aumentar o nível de participação política da sociedade brasileira, que ainda permanece pouco organizada.”

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