Minas tem 28 barragens sem estabilidade atestada


Dentre elas, nove pertencem à Vale. Responsáveis não teriam apresentado documento com informações técnica sobre estado das estruturas

Por Roberta Jansen

RIO - Uma lista oficial das 699 barragens instaladas em Minas Gerais em 2017 revela que pelo menos 28 delas não tinham a estabilidade atestada por auditor ou não tinham apresentado documentação nem informações técnicas para que a estabilidade fosse atestada.  Nove delas são da Vale. Um caso chama atenção: o do município de Nazareno, no sul de Minas. Lá, cinco barragens da Vale Manganês não têm a estabilidade atestada desde 2012. Tanto a barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, quanto a de Mariana, que romperam, tinham a suposta estabilidade reconhecida por auditores.

Córrego do Feijão foi tomado pela lama que vazouda barragem da Vale em Brumadinho Foto: Gaspar Nóbrega/Fundação SOS Mata Atlântica

“Na minha análise, todas estão em risco porque há um conflito de interesse claro nessa autofiscalização”, afirma o coordenador do Núcleo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Bruno Milanez. Ele fez um levantamento sobre as barragens reincidentes. “Mas o que dizer daquelas em que o próprio auditor, contratado pela empresa, não garante a estabilidade da barragem?”

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A Vale explicou que as barragens de Nazareno foram “descomissionadas”, ou seja, deixaram receber rejeitos. Segundo a empresa, elas foram “devolvidas ao meio ambiente”: ganharam uma camada de solo orgânico por cima, em 2017. Especialistas lembram que a barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, não recebia material havia três anos e, mesmo assim, se rompeu. Para eles, o monitoramento da estabilidade é necessário mesmo quando as barragens deixam de ser utilizadas.

A empresa explicou que, depois do colapso da barragem do Fundão, em Mariana, em 2015, que deixou 19 mortos, decidiu descomissionar todas as suas barragens de rejeitos feitas pelo método a montante. Nele, os rejeitos vão se acumulando em camadas. Segundo a empresa, ao fim do ano passado dez das 19 barragens desse tipo já haviam sido “aposentadas”. Entre elas estão as de Nazareno. O descomissionamento não ocorreu a tempo de evitar a explosão do Córrego do Feijão no último dia 25.

“A situação era muito ruim entre 2012 e 2013, melhorou um pouco em 2014, mas eram muitas barragens sem estabilidade atestada ou sem documentos de forma recorrente, durante anos seguidos”, contou Milanez. “E temos ainda essas barragens órfãs, que não pertencem a ninguém, em que as operações foram encerradas e ninguém sabe o que está acontecendo.”

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Outras quatro barragens da Vale apareciam na listagem de 2017 com “estabilidade não garantida pelo auditor”. São elas a das bacias de contenção de sedimentos 1, 2 e 3, em Conselheiro Lafaiete; a Barragem B, em Pato de Minas; e as de Prata 1 e Lagoa Principal, em Ouro Preto. As duas últimas estão sem garantias também desde 2012.  Segundo a Vale, a Barragem B não pertence mais à empresa. A empresa não se posicionou sobre as outras três.

“Toda barragem que tem um atestado de estabilidade tem também um estudo importante sobre a área imediatamente sob risco, que é o chamado “dam break”, que traz um mapa da área que pode ser atingida pelos rejeitos em caso de um rompimento”, explicou o especialista em geomorfologia da UFJF Miguel Fernandes Felippe. “Esse estudo é fundamental para a elaboração do plano de emergência, para o estabelecimento do sistema de alerta e alarme. Sem o atestado de estabilidade, o “dam break” não é público.”

Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho

1 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
2 | 37

Moradores

Foto: Mauro Pimentel/AFP
3 | 37

Catástrofe ambiental e humana

Foto: Adriano Machado/Reuters
4 | 37

Animais

Foto: Wilton Junior/Estadão
5 | 37

Dificuldade no resgate

Foto: Douglas Magno/AFP
6 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Douglas Magno/AFP
7 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
8 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
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Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
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Catástrofe ambiental e humana

Foto: Adriano Machado/Reuters
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Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
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Tragédia em Minas Gerais

Foto: Douglas Magno/AFP
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Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
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Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
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Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
16 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
17 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
18 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
19 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
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Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
21 | 37

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Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
22 | 37

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Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
23 | 37

Presidente Bolsonaro

Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
24 | 37

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Foto: Paulo Fonseca/EFE
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Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
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Foto: Wilton Junior/Estadão
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Tragédia em Minas Gerais

Foto: Wilton Junior/Estadão
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Batalha pela Vida

29 | 37

Estrada

Foto: Wilton Junior/Estadão
30 | 37

Carro atolado

Foto: Wilton Junior/Estadão
31 | 37

Helicoptero

Foto: Wilton Junior/Estadão
32 | 37

Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho

Foto: Washington Alves/Reuters
33 | 37

Corpo encontrado

Foto: Wilton Júnior/Estadão
34 | 37

Ponte

Foto: Antonio Lacerta/EFE
35 | 37

Área devastada

Foto: Wilton Júnior/Estadão
36 | 37

Equipe de resgate

Foto: Antonio Lacerda/EFE
37 | 37

Resgate aéreo

Foto: Giazi Cavalcante/Código 19
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Para Felippe, a falta de fiscalização não é o único problema. “Existe também a questão normativa, de termos normas técnicas específicas, tipos de mineração permitidos, modelos de barragem que não podem ser usados”, exemplifica. “Mas aumentar o rigor dessas normas técnicas é muito difícil por conta do forte lobby das empresas mineradoras no parlamento brasileiro; as pressões são muito grandes.”

Documento

Por nota, a Vale informou que em 24 de fevereiro de 2017 a Vale obteve a Declaração de Condição de Estabilidade da barragem Prata emitida por auditor externo.

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“Pelo fato dessa barragem não se enquadrar na Política Nacional de Segurança de Barragens e ser classificada como Classe I na Deliberação Normativa da Copam Nº 87/2005, não era obrigatória a realização da auditoria externa em setembro de 2017. Em setembro 2018, a estrutura foi auditada por auditor externo e teve a emissão da Declaração de Condição de Estabilidade em 03/09/2018 para o COPAM e 20/09/2018 para a ANM” (Agência Nacional de Mineração), informou a empresa no texto.

RIO - Uma lista oficial das 699 barragens instaladas em Minas Gerais em 2017 revela que pelo menos 28 delas não tinham a estabilidade atestada por auditor ou não tinham apresentado documentação nem informações técnicas para que a estabilidade fosse atestada.  Nove delas são da Vale. Um caso chama atenção: o do município de Nazareno, no sul de Minas. Lá, cinco barragens da Vale Manganês não têm a estabilidade atestada desde 2012. Tanto a barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, quanto a de Mariana, que romperam, tinham a suposta estabilidade reconhecida por auditores.

Córrego do Feijão foi tomado pela lama que vazouda barragem da Vale em Brumadinho Foto: Gaspar Nóbrega/Fundação SOS Mata Atlântica

“Na minha análise, todas estão em risco porque há um conflito de interesse claro nessa autofiscalização”, afirma o coordenador do Núcleo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Bruno Milanez. Ele fez um levantamento sobre as barragens reincidentes. “Mas o que dizer daquelas em que o próprio auditor, contratado pela empresa, não garante a estabilidade da barragem?”

A Vale explicou que as barragens de Nazareno foram “descomissionadas”, ou seja, deixaram receber rejeitos. Segundo a empresa, elas foram “devolvidas ao meio ambiente”: ganharam uma camada de solo orgânico por cima, em 2017. Especialistas lembram que a barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, não recebia material havia três anos e, mesmo assim, se rompeu. Para eles, o monitoramento da estabilidade é necessário mesmo quando as barragens deixam de ser utilizadas.

A empresa explicou que, depois do colapso da barragem do Fundão, em Mariana, em 2015, que deixou 19 mortos, decidiu descomissionar todas as suas barragens de rejeitos feitas pelo método a montante. Nele, os rejeitos vão se acumulando em camadas. Segundo a empresa, ao fim do ano passado dez das 19 barragens desse tipo já haviam sido “aposentadas”. Entre elas estão as de Nazareno. O descomissionamento não ocorreu a tempo de evitar a explosão do Córrego do Feijão no último dia 25.

“A situação era muito ruim entre 2012 e 2013, melhorou um pouco em 2014, mas eram muitas barragens sem estabilidade atestada ou sem documentos de forma recorrente, durante anos seguidos”, contou Milanez. “E temos ainda essas barragens órfãs, que não pertencem a ninguém, em que as operações foram encerradas e ninguém sabe o que está acontecendo.”

Outras quatro barragens da Vale apareciam na listagem de 2017 com “estabilidade não garantida pelo auditor”. São elas a das bacias de contenção de sedimentos 1, 2 e 3, em Conselheiro Lafaiete; a Barragem B, em Pato de Minas; e as de Prata 1 e Lagoa Principal, em Ouro Preto. As duas últimas estão sem garantias também desde 2012.  Segundo a Vale, a Barragem B não pertence mais à empresa. A empresa não se posicionou sobre as outras três.

“Toda barragem que tem um atestado de estabilidade tem também um estudo importante sobre a área imediatamente sob risco, que é o chamado “dam break”, que traz um mapa da área que pode ser atingida pelos rejeitos em caso de um rompimento”, explicou o especialista em geomorfologia da UFJF Miguel Fernandes Felippe. “Esse estudo é fundamental para a elaboração do plano de emergência, para o estabelecimento do sistema de alerta e alarme. Sem o atestado de estabilidade, o “dam break” não é público.”

Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho

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Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
2 | 37

Moradores

Foto: Mauro Pimentel/AFP
3 | 37

Catástrofe ambiental e humana

Foto: Adriano Machado/Reuters
4 | 37

Animais

Foto: Wilton Junior/Estadão
5 | 37

Dificuldade no resgate

Foto: Douglas Magno/AFP
6 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Douglas Magno/AFP
7 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
8 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
9 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
10 | 37

Catástrofe ambiental e humana

Foto: Adriano Machado/Reuters
11 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
12 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Douglas Magno/AFP
13 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
14 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
15 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
16 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
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Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
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Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
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Foto: Washington Alves/Reuters
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Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
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Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
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Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
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Presidente Bolsonaro

Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
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Foto: Paulo Fonseca/EFE
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Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
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Foto: Wilton Junior/Estadão
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Foto: Wilton Junior/Estadão
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Batalha pela Vida

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Estrada

Foto: Wilton Junior/Estadão
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Carro atolado

Foto: Wilton Junior/Estadão
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Helicoptero

Foto: Wilton Junior/Estadão
32 | 37

Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho

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33 | 37

Corpo encontrado

Foto: Wilton Júnior/Estadão
34 | 37

Ponte

Foto: Antonio Lacerta/EFE
35 | 37

Área devastada

Foto: Wilton Júnior/Estadão
36 | 37

Equipe de resgate

Foto: Antonio Lacerda/EFE
37 | 37

Resgate aéreo

Foto: Giazi Cavalcante/Código 19

Para Felippe, a falta de fiscalização não é o único problema. “Existe também a questão normativa, de termos normas técnicas específicas, tipos de mineração permitidos, modelos de barragem que não podem ser usados”, exemplifica. “Mas aumentar o rigor dessas normas técnicas é muito difícil por conta do forte lobby das empresas mineradoras no parlamento brasileiro; as pressões são muito grandes.”

Documento

Por nota, a Vale informou que em 24 de fevereiro de 2017 a Vale obteve a Declaração de Condição de Estabilidade da barragem Prata emitida por auditor externo.

“Pelo fato dessa barragem não se enquadrar na Política Nacional de Segurança de Barragens e ser classificada como Classe I na Deliberação Normativa da Copam Nº 87/2005, não era obrigatória a realização da auditoria externa em setembro de 2017. Em setembro 2018, a estrutura foi auditada por auditor externo e teve a emissão da Declaração de Condição de Estabilidade em 03/09/2018 para o COPAM e 20/09/2018 para a ANM” (Agência Nacional de Mineração), informou a empresa no texto.

RIO - Uma lista oficial das 699 barragens instaladas em Minas Gerais em 2017 revela que pelo menos 28 delas não tinham a estabilidade atestada por auditor ou não tinham apresentado documentação nem informações técnicas para que a estabilidade fosse atestada.  Nove delas são da Vale. Um caso chama atenção: o do município de Nazareno, no sul de Minas. Lá, cinco barragens da Vale Manganês não têm a estabilidade atestada desde 2012. Tanto a barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, quanto a de Mariana, que romperam, tinham a suposta estabilidade reconhecida por auditores.

Córrego do Feijão foi tomado pela lama que vazouda barragem da Vale em Brumadinho Foto: Gaspar Nóbrega/Fundação SOS Mata Atlântica

“Na minha análise, todas estão em risco porque há um conflito de interesse claro nessa autofiscalização”, afirma o coordenador do Núcleo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Bruno Milanez. Ele fez um levantamento sobre as barragens reincidentes. “Mas o que dizer daquelas em que o próprio auditor, contratado pela empresa, não garante a estabilidade da barragem?”

A Vale explicou que as barragens de Nazareno foram “descomissionadas”, ou seja, deixaram receber rejeitos. Segundo a empresa, elas foram “devolvidas ao meio ambiente”: ganharam uma camada de solo orgânico por cima, em 2017. Especialistas lembram que a barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, não recebia material havia três anos e, mesmo assim, se rompeu. Para eles, o monitoramento da estabilidade é necessário mesmo quando as barragens deixam de ser utilizadas.

A empresa explicou que, depois do colapso da barragem do Fundão, em Mariana, em 2015, que deixou 19 mortos, decidiu descomissionar todas as suas barragens de rejeitos feitas pelo método a montante. Nele, os rejeitos vão se acumulando em camadas. Segundo a empresa, ao fim do ano passado dez das 19 barragens desse tipo já haviam sido “aposentadas”. Entre elas estão as de Nazareno. O descomissionamento não ocorreu a tempo de evitar a explosão do Córrego do Feijão no último dia 25.

“A situação era muito ruim entre 2012 e 2013, melhorou um pouco em 2014, mas eram muitas barragens sem estabilidade atestada ou sem documentos de forma recorrente, durante anos seguidos”, contou Milanez. “E temos ainda essas barragens órfãs, que não pertencem a ninguém, em que as operações foram encerradas e ninguém sabe o que está acontecendo.”

Outras quatro barragens da Vale apareciam na listagem de 2017 com “estabilidade não garantida pelo auditor”. São elas a das bacias de contenção de sedimentos 1, 2 e 3, em Conselheiro Lafaiete; a Barragem B, em Pato de Minas; e as de Prata 1 e Lagoa Principal, em Ouro Preto. As duas últimas estão sem garantias também desde 2012.  Segundo a Vale, a Barragem B não pertence mais à empresa. A empresa não se posicionou sobre as outras três.

“Toda barragem que tem um atestado de estabilidade tem também um estudo importante sobre a área imediatamente sob risco, que é o chamado “dam break”, que traz um mapa da área que pode ser atingida pelos rejeitos em caso de um rompimento”, explicou o especialista em geomorfologia da UFJF Miguel Fernandes Felippe. “Esse estudo é fundamental para a elaboração do plano de emergência, para o estabelecimento do sistema de alerta e alarme. Sem o atestado de estabilidade, o “dam break” não é público.”

Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho

1 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
2 | 37

Moradores

Foto: Mauro Pimentel/AFP
3 | 37

Catástrofe ambiental e humana

Foto: Adriano Machado/Reuters
4 | 37

Animais

Foto: Wilton Junior/Estadão
5 | 37

Dificuldade no resgate

Foto: Douglas Magno/AFP
6 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Douglas Magno/AFP
7 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
8 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
9 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
10 | 37

Catástrofe ambiental e humana

Foto: Adriano Machado/Reuters
11 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
12 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Douglas Magno/AFP
13 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
14 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
15 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
16 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
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Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
18 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
19 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
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Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
21 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
22 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
23 | 37

Presidente Bolsonaro

Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
24 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Paulo Fonseca/EFE
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Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
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Foto: Wilton Junior/Estadão
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Foto: Wilton Junior/Estadão
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Batalha pela Vida

29 | 37

Estrada

Foto: Wilton Junior/Estadão
30 | 37

Carro atolado

Foto: Wilton Junior/Estadão
31 | 37

Helicoptero

Foto: Wilton Junior/Estadão
32 | 37

Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho

Foto: Washington Alves/Reuters
33 | 37

Corpo encontrado

Foto: Wilton Júnior/Estadão
34 | 37

Ponte

Foto: Antonio Lacerta/EFE
35 | 37

Área devastada

Foto: Wilton Júnior/Estadão
36 | 37

Equipe de resgate

Foto: Antonio Lacerda/EFE
37 | 37

Resgate aéreo

Foto: Giazi Cavalcante/Código 19

Para Felippe, a falta de fiscalização não é o único problema. “Existe também a questão normativa, de termos normas técnicas específicas, tipos de mineração permitidos, modelos de barragem que não podem ser usados”, exemplifica. “Mas aumentar o rigor dessas normas técnicas é muito difícil por conta do forte lobby das empresas mineradoras no parlamento brasileiro; as pressões são muito grandes.”

Documento

Por nota, a Vale informou que em 24 de fevereiro de 2017 a Vale obteve a Declaração de Condição de Estabilidade da barragem Prata emitida por auditor externo.

“Pelo fato dessa barragem não se enquadrar na Política Nacional de Segurança de Barragens e ser classificada como Classe I na Deliberação Normativa da Copam Nº 87/2005, não era obrigatória a realização da auditoria externa em setembro de 2017. Em setembro 2018, a estrutura foi auditada por auditor externo e teve a emissão da Declaração de Condição de Estabilidade em 03/09/2018 para o COPAM e 20/09/2018 para a ANM” (Agência Nacional de Mineração), informou a empresa no texto.

RIO - Uma lista oficial das 699 barragens instaladas em Minas Gerais em 2017 revela que pelo menos 28 delas não tinham a estabilidade atestada por auditor ou não tinham apresentado documentação nem informações técnicas para que a estabilidade fosse atestada.  Nove delas são da Vale. Um caso chama atenção: o do município de Nazareno, no sul de Minas. Lá, cinco barragens da Vale Manganês não têm a estabilidade atestada desde 2012. Tanto a barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, quanto a de Mariana, que romperam, tinham a suposta estabilidade reconhecida por auditores.

Córrego do Feijão foi tomado pela lama que vazouda barragem da Vale em Brumadinho Foto: Gaspar Nóbrega/Fundação SOS Mata Atlântica

“Na minha análise, todas estão em risco porque há um conflito de interesse claro nessa autofiscalização”, afirma o coordenador do Núcleo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Bruno Milanez. Ele fez um levantamento sobre as barragens reincidentes. “Mas o que dizer daquelas em que o próprio auditor, contratado pela empresa, não garante a estabilidade da barragem?”

A Vale explicou que as barragens de Nazareno foram “descomissionadas”, ou seja, deixaram receber rejeitos. Segundo a empresa, elas foram “devolvidas ao meio ambiente”: ganharam uma camada de solo orgânico por cima, em 2017. Especialistas lembram que a barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, não recebia material havia três anos e, mesmo assim, se rompeu. Para eles, o monitoramento da estabilidade é necessário mesmo quando as barragens deixam de ser utilizadas.

A empresa explicou que, depois do colapso da barragem do Fundão, em Mariana, em 2015, que deixou 19 mortos, decidiu descomissionar todas as suas barragens de rejeitos feitas pelo método a montante. Nele, os rejeitos vão se acumulando em camadas. Segundo a empresa, ao fim do ano passado dez das 19 barragens desse tipo já haviam sido “aposentadas”. Entre elas estão as de Nazareno. O descomissionamento não ocorreu a tempo de evitar a explosão do Córrego do Feijão no último dia 25.

“A situação era muito ruim entre 2012 e 2013, melhorou um pouco em 2014, mas eram muitas barragens sem estabilidade atestada ou sem documentos de forma recorrente, durante anos seguidos”, contou Milanez. “E temos ainda essas barragens órfãs, que não pertencem a ninguém, em que as operações foram encerradas e ninguém sabe o que está acontecendo.”

Outras quatro barragens da Vale apareciam na listagem de 2017 com “estabilidade não garantida pelo auditor”. São elas a das bacias de contenção de sedimentos 1, 2 e 3, em Conselheiro Lafaiete; a Barragem B, em Pato de Minas; e as de Prata 1 e Lagoa Principal, em Ouro Preto. As duas últimas estão sem garantias também desde 2012.  Segundo a Vale, a Barragem B não pertence mais à empresa. A empresa não se posicionou sobre as outras três.

“Toda barragem que tem um atestado de estabilidade tem também um estudo importante sobre a área imediatamente sob risco, que é o chamado “dam break”, que traz um mapa da área que pode ser atingida pelos rejeitos em caso de um rompimento”, explicou o especialista em geomorfologia da UFJF Miguel Fernandes Felippe. “Esse estudo é fundamental para a elaboração do plano de emergência, para o estabelecimento do sistema de alerta e alarme. Sem o atestado de estabilidade, o “dam break” não é público.”

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Tragédia em Minas Gerais

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2 | 37

Moradores

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Catástrofe ambiental e humana

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4 | 37

Animais

Foto: Wilton Junior/Estadão
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Dificuldade no resgate

Foto: Douglas Magno/AFP
6 | 37

Tragédia em Minas Gerais

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Tragédia em Minas Gerais

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Tragédia em Minas Gerais

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9 | 37

Tragédia em Minas Gerais

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Catástrofe ambiental e humana

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Tragédia em Minas Gerais

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Tragédia em Minas Gerais

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Tragédia em Minas Gerais

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Tragédia em Minas Gerais

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15 | 37

Tragédia em Minas Gerais

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Tragédia em Minas Gerais

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Tragédia em Minas Gerais

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Tragédia em Minas Gerais

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Tragédia em Minas Gerais

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Tragédia em Minas Gerais

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Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
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Tragédia em Minas Gerais

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Presidente Bolsonaro

Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
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Tragédia em Minas Gerais

Foto: Paulo Fonseca/EFE
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Tragédia em Minas Gerais

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Tragédia em Minas Gerais

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Tragédia em Minas Gerais

Foto: Wilton Junior/Estadão
28 | 37

Batalha pela Vida

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Estrada

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30 | 37

Carro atolado

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Helicoptero

Foto: Wilton Junior/Estadão
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Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho

Foto: Washington Alves/Reuters
33 | 37

Corpo encontrado

Foto: Wilton Júnior/Estadão
34 | 37

Ponte

Foto: Antonio Lacerta/EFE
35 | 37

Área devastada

Foto: Wilton Júnior/Estadão
36 | 37

Equipe de resgate

Foto: Antonio Lacerda/EFE
37 | 37

Resgate aéreo

Foto: Giazi Cavalcante/Código 19

Para Felippe, a falta de fiscalização não é o único problema. “Existe também a questão normativa, de termos normas técnicas específicas, tipos de mineração permitidos, modelos de barragem que não podem ser usados”, exemplifica. “Mas aumentar o rigor dessas normas técnicas é muito difícil por conta do forte lobby das empresas mineradoras no parlamento brasileiro; as pressões são muito grandes.”

Documento

Por nota, a Vale informou que em 24 de fevereiro de 2017 a Vale obteve a Declaração de Condição de Estabilidade da barragem Prata emitida por auditor externo.

“Pelo fato dessa barragem não se enquadrar na Política Nacional de Segurança de Barragens e ser classificada como Classe I na Deliberação Normativa da Copam Nº 87/2005, não era obrigatória a realização da auditoria externa em setembro de 2017. Em setembro 2018, a estrutura foi auditada por auditor externo e teve a emissão da Declaração de Condição de Estabilidade em 03/09/2018 para o COPAM e 20/09/2018 para a ANM” (Agência Nacional de Mineração), informou a empresa no texto.

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