O todo poderoso na Cidade de Deus


Favela carioca acompanhou com euforia a visita de Barack Obama, recebido aos gritos de ''lindo''

Por Alfredo Junqueira

Barack Obama era tema de conversa em tudo que era mesa de bar, salão de beleza, churrasco de boteco, grupo de vizinhas e até nas rodinhas com crianças que se espalhavam na noite de sábado pelas ruas da Cidade de Deus. Ninguém estava muito interessado nas perspectivas comerciais ou na reaproximação política e diplomática que a viagem do presidente americano poderia proporcionar ao Brasil. Cadeira permanente no Conselho de Segurança na Organização das Nações Unidas era tema totalmente esnobado. O importante era que o homem mais poderoso do planeta - chamado sempre carinhosamente de "o negão" ou "o crioulo" - tinha escolhido a Cidade de Deus para visitar em sua rápida passagem pelo Rio de Janeiro.Os moradores estavam felizes com a perspectiva de melhoria na imagem da comunidade. A violência na Cidade de Deus ganhou notoriedade mundial depois do sucesso do filme homônimo do cineasta Fernando Meirelles, em 2002.Para muitos moradores, nem mesmo a inauguração da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no local, em fevereiro de 2009, teve tanto efeito na mudança da imagem da favela como a visita de Obama e sua família. O nome da Cidade de Deus está de volta ao noticiário - mas, dessa vez, num aspecto positivo. Fila no salão. "Moro aqui há 35 anos e acho que a comunidade está melhorando. A visita dele é importante para isso. O povo vai ficar mais orgulhoso. Ainda mais sendo ele um presidente da cor", argumentou a diarista Valkiria dos Santos Pereira, de 65 anos, enquanto aguardava para ser atendida num dos salões de beleza da comunidade. "Preciso estar bonita para se eu tiver a chance de encontrar o Obama, né?".As expectativas para visita de Obama eram as mais variadas. Algumas faixas penduradas em postes e portões saudavam o presidente americano. Um supermercado local tropeçou no inglês ao dar as boas-vindas à "God of City". O menino Lucas Lopes Guimarães, de 9 anos, ficou até as 22h de sábado no campinho em que Obama era esperado para bater uma bola. Queria estar preparado para a eventualidade de jogar futebol com o presidente americano. A cozinheira Regina Helenas Gomes do Rosário, de 66 anos, pretendia oferecer um pouco de sua comida, "tipicamente brasileira", para o visitante.Animado no comando de um churrasco que avançou pela madrugada numa das vielas da comunidade, o barman Roberto dos Reis Santos, de 52 anos, adaptava funks para homenagear o presidente americano e resumiu a sensação dos moradores que estavam felizes com a visita. "A nossa expectativa para a chegada do presidente é imensa. Qualquer morador do bairro gostaria de recebê-lo em casa. O mais poderoso do mundo. E o cara ainda é crioulo", comemorou Santos. Uma placa convocava para a "Feijoada do Obama", que estava programada para acontecer ontem à tarde, depois da partida da comitiva americana.A madrugada terminava quando os primeiros fiéis partiam para as igrejas evangélicas da região e os últimos boêmios fechavam as contas nos botecos. Todos comentavam sobre a visita do presidente americano. Mas ninguém nesses dois grupos parecia muito interessado. A chegada de Obama aconteceria dali a algumas horas. Algumas viaturas da Polícia Militar espalhadas pelas ruas e travessas do bairro eram a única indicação do impressionante aparato militar que começaria a ser montado.Histeria na laje. A operação de guerra começou pouco depois das 4hs, quando os primeiros homens da Brigada de Operações Especiais do Exército chegaram e tomaram posições em cima de lajes e telhados nos arredores dos locais onde Obama passaria. Por volta das 6h, mais homens da Brigada de Infantaria Paraquedista tomaram ruas e esquinas. Um blindado Urutu entrou pela comunidade e se colocou bem em frente à entrada da Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) - local visitado por Obama. A segurança no local foi completada por homens do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) e agentes das polícias Civil e Federal - tudo acompanhado de perto por integrantes do Serviço Secreto americano.Todo o cuidado das forças de segurança brasileiras e americanas não impediu, no entanto, um grupo de mulheres de subir nas lajes que ficavam exatamente em frente à FIA. Lideradas pela costureira Anderlúcia Nogueira, de 39 anos, elas não pararam de gritar o nome do presidente americano durante os 33 minutos em que ele permaneceu no local. "Obama metido". Como Obama e sua família entraram em um local sem acesso ao público e com a parte externa fechada por enormes cortinas brancas, o bom humor das mulheres foi mudando e os gritos e aplausos foram sendo substituídos por vaias e xingamentos. O "Obama, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver" parou de ser gritado. Anderlúcia pediu ajuda para uma correspondente americana para gritar "Obama metido" e "Obama esnobe" em inglês.De repente, o presidente americano ultrapassa as cortinas e desponta na frente do portão. Anderlúcia e suas amigas voltaram a gritar."Lindo", berraram algumas. "Maravilhoso", arriscaram outras. Como um pop star, o presidente americano acenou, mandou beijos, provocou histeria em cima da laje. A aparição do homem mais poderoso do planeta não demorou mais que 30 segundos. Mas era o suficiente. Anderlúcia e as amigas estavam satisfeitas."Conquistei o Obama. Ele é maravilhoso", comemorou a costureira."Estou aqui desde as 6h. A expectativa valeu a pena", disse a manicure Valéria Caetano, de 31 anos. "Nosso bairro agora é famoso por algo bom", completou Anita de Paula, 62.De dentro do carro, a primeira-dama Michelle Obama acenou para o grupo eufórico, provocando mais gritos.

Barack Obama era tema de conversa em tudo que era mesa de bar, salão de beleza, churrasco de boteco, grupo de vizinhas e até nas rodinhas com crianças que se espalhavam na noite de sábado pelas ruas da Cidade de Deus. Ninguém estava muito interessado nas perspectivas comerciais ou na reaproximação política e diplomática que a viagem do presidente americano poderia proporcionar ao Brasil. Cadeira permanente no Conselho de Segurança na Organização das Nações Unidas era tema totalmente esnobado. O importante era que o homem mais poderoso do planeta - chamado sempre carinhosamente de "o negão" ou "o crioulo" - tinha escolhido a Cidade de Deus para visitar em sua rápida passagem pelo Rio de Janeiro.Os moradores estavam felizes com a perspectiva de melhoria na imagem da comunidade. A violência na Cidade de Deus ganhou notoriedade mundial depois do sucesso do filme homônimo do cineasta Fernando Meirelles, em 2002.Para muitos moradores, nem mesmo a inauguração da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no local, em fevereiro de 2009, teve tanto efeito na mudança da imagem da favela como a visita de Obama e sua família. O nome da Cidade de Deus está de volta ao noticiário - mas, dessa vez, num aspecto positivo. Fila no salão. "Moro aqui há 35 anos e acho que a comunidade está melhorando. A visita dele é importante para isso. O povo vai ficar mais orgulhoso. Ainda mais sendo ele um presidente da cor", argumentou a diarista Valkiria dos Santos Pereira, de 65 anos, enquanto aguardava para ser atendida num dos salões de beleza da comunidade. "Preciso estar bonita para se eu tiver a chance de encontrar o Obama, né?".As expectativas para visita de Obama eram as mais variadas. Algumas faixas penduradas em postes e portões saudavam o presidente americano. Um supermercado local tropeçou no inglês ao dar as boas-vindas à "God of City". O menino Lucas Lopes Guimarães, de 9 anos, ficou até as 22h de sábado no campinho em que Obama era esperado para bater uma bola. Queria estar preparado para a eventualidade de jogar futebol com o presidente americano. A cozinheira Regina Helenas Gomes do Rosário, de 66 anos, pretendia oferecer um pouco de sua comida, "tipicamente brasileira", para o visitante.Animado no comando de um churrasco que avançou pela madrugada numa das vielas da comunidade, o barman Roberto dos Reis Santos, de 52 anos, adaptava funks para homenagear o presidente americano e resumiu a sensação dos moradores que estavam felizes com a visita. "A nossa expectativa para a chegada do presidente é imensa. Qualquer morador do bairro gostaria de recebê-lo em casa. O mais poderoso do mundo. E o cara ainda é crioulo", comemorou Santos. Uma placa convocava para a "Feijoada do Obama", que estava programada para acontecer ontem à tarde, depois da partida da comitiva americana.A madrugada terminava quando os primeiros fiéis partiam para as igrejas evangélicas da região e os últimos boêmios fechavam as contas nos botecos. Todos comentavam sobre a visita do presidente americano. Mas ninguém nesses dois grupos parecia muito interessado. A chegada de Obama aconteceria dali a algumas horas. Algumas viaturas da Polícia Militar espalhadas pelas ruas e travessas do bairro eram a única indicação do impressionante aparato militar que começaria a ser montado.Histeria na laje. A operação de guerra começou pouco depois das 4hs, quando os primeiros homens da Brigada de Operações Especiais do Exército chegaram e tomaram posições em cima de lajes e telhados nos arredores dos locais onde Obama passaria. Por volta das 6h, mais homens da Brigada de Infantaria Paraquedista tomaram ruas e esquinas. Um blindado Urutu entrou pela comunidade e se colocou bem em frente à entrada da Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) - local visitado por Obama. A segurança no local foi completada por homens do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) e agentes das polícias Civil e Federal - tudo acompanhado de perto por integrantes do Serviço Secreto americano.Todo o cuidado das forças de segurança brasileiras e americanas não impediu, no entanto, um grupo de mulheres de subir nas lajes que ficavam exatamente em frente à FIA. Lideradas pela costureira Anderlúcia Nogueira, de 39 anos, elas não pararam de gritar o nome do presidente americano durante os 33 minutos em que ele permaneceu no local. "Obama metido". Como Obama e sua família entraram em um local sem acesso ao público e com a parte externa fechada por enormes cortinas brancas, o bom humor das mulheres foi mudando e os gritos e aplausos foram sendo substituídos por vaias e xingamentos. O "Obama, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver" parou de ser gritado. Anderlúcia pediu ajuda para uma correspondente americana para gritar "Obama metido" e "Obama esnobe" em inglês.De repente, o presidente americano ultrapassa as cortinas e desponta na frente do portão. Anderlúcia e suas amigas voltaram a gritar."Lindo", berraram algumas. "Maravilhoso", arriscaram outras. Como um pop star, o presidente americano acenou, mandou beijos, provocou histeria em cima da laje. A aparição do homem mais poderoso do planeta não demorou mais que 30 segundos. Mas era o suficiente. Anderlúcia e as amigas estavam satisfeitas."Conquistei o Obama. Ele é maravilhoso", comemorou a costureira."Estou aqui desde as 6h. A expectativa valeu a pena", disse a manicure Valéria Caetano, de 31 anos. "Nosso bairro agora é famoso por algo bom", completou Anita de Paula, 62.De dentro do carro, a primeira-dama Michelle Obama acenou para o grupo eufórico, provocando mais gritos.

Barack Obama era tema de conversa em tudo que era mesa de bar, salão de beleza, churrasco de boteco, grupo de vizinhas e até nas rodinhas com crianças que se espalhavam na noite de sábado pelas ruas da Cidade de Deus. Ninguém estava muito interessado nas perspectivas comerciais ou na reaproximação política e diplomática que a viagem do presidente americano poderia proporcionar ao Brasil. Cadeira permanente no Conselho de Segurança na Organização das Nações Unidas era tema totalmente esnobado. O importante era que o homem mais poderoso do planeta - chamado sempre carinhosamente de "o negão" ou "o crioulo" - tinha escolhido a Cidade de Deus para visitar em sua rápida passagem pelo Rio de Janeiro.Os moradores estavam felizes com a perspectiva de melhoria na imagem da comunidade. A violência na Cidade de Deus ganhou notoriedade mundial depois do sucesso do filme homônimo do cineasta Fernando Meirelles, em 2002.Para muitos moradores, nem mesmo a inauguração da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no local, em fevereiro de 2009, teve tanto efeito na mudança da imagem da favela como a visita de Obama e sua família. O nome da Cidade de Deus está de volta ao noticiário - mas, dessa vez, num aspecto positivo. Fila no salão. "Moro aqui há 35 anos e acho que a comunidade está melhorando. A visita dele é importante para isso. O povo vai ficar mais orgulhoso. Ainda mais sendo ele um presidente da cor", argumentou a diarista Valkiria dos Santos Pereira, de 65 anos, enquanto aguardava para ser atendida num dos salões de beleza da comunidade. "Preciso estar bonita para se eu tiver a chance de encontrar o Obama, né?".As expectativas para visita de Obama eram as mais variadas. Algumas faixas penduradas em postes e portões saudavam o presidente americano. Um supermercado local tropeçou no inglês ao dar as boas-vindas à "God of City". O menino Lucas Lopes Guimarães, de 9 anos, ficou até as 22h de sábado no campinho em que Obama era esperado para bater uma bola. Queria estar preparado para a eventualidade de jogar futebol com o presidente americano. A cozinheira Regina Helenas Gomes do Rosário, de 66 anos, pretendia oferecer um pouco de sua comida, "tipicamente brasileira", para o visitante.Animado no comando de um churrasco que avançou pela madrugada numa das vielas da comunidade, o barman Roberto dos Reis Santos, de 52 anos, adaptava funks para homenagear o presidente americano e resumiu a sensação dos moradores que estavam felizes com a visita. "A nossa expectativa para a chegada do presidente é imensa. Qualquer morador do bairro gostaria de recebê-lo em casa. O mais poderoso do mundo. E o cara ainda é crioulo", comemorou Santos. Uma placa convocava para a "Feijoada do Obama", que estava programada para acontecer ontem à tarde, depois da partida da comitiva americana.A madrugada terminava quando os primeiros fiéis partiam para as igrejas evangélicas da região e os últimos boêmios fechavam as contas nos botecos. Todos comentavam sobre a visita do presidente americano. Mas ninguém nesses dois grupos parecia muito interessado. A chegada de Obama aconteceria dali a algumas horas. Algumas viaturas da Polícia Militar espalhadas pelas ruas e travessas do bairro eram a única indicação do impressionante aparato militar que começaria a ser montado.Histeria na laje. A operação de guerra começou pouco depois das 4hs, quando os primeiros homens da Brigada de Operações Especiais do Exército chegaram e tomaram posições em cima de lajes e telhados nos arredores dos locais onde Obama passaria. Por volta das 6h, mais homens da Brigada de Infantaria Paraquedista tomaram ruas e esquinas. Um blindado Urutu entrou pela comunidade e se colocou bem em frente à entrada da Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) - local visitado por Obama. A segurança no local foi completada por homens do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) e agentes das polícias Civil e Federal - tudo acompanhado de perto por integrantes do Serviço Secreto americano.Todo o cuidado das forças de segurança brasileiras e americanas não impediu, no entanto, um grupo de mulheres de subir nas lajes que ficavam exatamente em frente à FIA. Lideradas pela costureira Anderlúcia Nogueira, de 39 anos, elas não pararam de gritar o nome do presidente americano durante os 33 minutos em que ele permaneceu no local. "Obama metido". Como Obama e sua família entraram em um local sem acesso ao público e com a parte externa fechada por enormes cortinas brancas, o bom humor das mulheres foi mudando e os gritos e aplausos foram sendo substituídos por vaias e xingamentos. O "Obama, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver" parou de ser gritado. Anderlúcia pediu ajuda para uma correspondente americana para gritar "Obama metido" e "Obama esnobe" em inglês.De repente, o presidente americano ultrapassa as cortinas e desponta na frente do portão. Anderlúcia e suas amigas voltaram a gritar."Lindo", berraram algumas. "Maravilhoso", arriscaram outras. Como um pop star, o presidente americano acenou, mandou beijos, provocou histeria em cima da laje. A aparição do homem mais poderoso do planeta não demorou mais que 30 segundos. Mas era o suficiente. Anderlúcia e as amigas estavam satisfeitas."Conquistei o Obama. Ele é maravilhoso", comemorou a costureira."Estou aqui desde as 6h. A expectativa valeu a pena", disse a manicure Valéria Caetano, de 31 anos. "Nosso bairro agora é famoso por algo bom", completou Anita de Paula, 62.De dentro do carro, a primeira-dama Michelle Obama acenou para o grupo eufórico, provocando mais gritos.

Barack Obama era tema de conversa em tudo que era mesa de bar, salão de beleza, churrasco de boteco, grupo de vizinhas e até nas rodinhas com crianças que se espalhavam na noite de sábado pelas ruas da Cidade de Deus. Ninguém estava muito interessado nas perspectivas comerciais ou na reaproximação política e diplomática que a viagem do presidente americano poderia proporcionar ao Brasil. Cadeira permanente no Conselho de Segurança na Organização das Nações Unidas era tema totalmente esnobado. O importante era que o homem mais poderoso do planeta - chamado sempre carinhosamente de "o negão" ou "o crioulo" - tinha escolhido a Cidade de Deus para visitar em sua rápida passagem pelo Rio de Janeiro.Os moradores estavam felizes com a perspectiva de melhoria na imagem da comunidade. A violência na Cidade de Deus ganhou notoriedade mundial depois do sucesso do filme homônimo do cineasta Fernando Meirelles, em 2002.Para muitos moradores, nem mesmo a inauguração da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no local, em fevereiro de 2009, teve tanto efeito na mudança da imagem da favela como a visita de Obama e sua família. O nome da Cidade de Deus está de volta ao noticiário - mas, dessa vez, num aspecto positivo. Fila no salão. "Moro aqui há 35 anos e acho que a comunidade está melhorando. A visita dele é importante para isso. O povo vai ficar mais orgulhoso. Ainda mais sendo ele um presidente da cor", argumentou a diarista Valkiria dos Santos Pereira, de 65 anos, enquanto aguardava para ser atendida num dos salões de beleza da comunidade. "Preciso estar bonita para se eu tiver a chance de encontrar o Obama, né?".As expectativas para visita de Obama eram as mais variadas. Algumas faixas penduradas em postes e portões saudavam o presidente americano. Um supermercado local tropeçou no inglês ao dar as boas-vindas à "God of City". O menino Lucas Lopes Guimarães, de 9 anos, ficou até as 22h de sábado no campinho em que Obama era esperado para bater uma bola. Queria estar preparado para a eventualidade de jogar futebol com o presidente americano. A cozinheira Regina Helenas Gomes do Rosário, de 66 anos, pretendia oferecer um pouco de sua comida, "tipicamente brasileira", para o visitante.Animado no comando de um churrasco que avançou pela madrugada numa das vielas da comunidade, o barman Roberto dos Reis Santos, de 52 anos, adaptava funks para homenagear o presidente americano e resumiu a sensação dos moradores que estavam felizes com a visita. "A nossa expectativa para a chegada do presidente é imensa. Qualquer morador do bairro gostaria de recebê-lo em casa. O mais poderoso do mundo. E o cara ainda é crioulo", comemorou Santos. Uma placa convocava para a "Feijoada do Obama", que estava programada para acontecer ontem à tarde, depois da partida da comitiva americana.A madrugada terminava quando os primeiros fiéis partiam para as igrejas evangélicas da região e os últimos boêmios fechavam as contas nos botecos. Todos comentavam sobre a visita do presidente americano. Mas ninguém nesses dois grupos parecia muito interessado. A chegada de Obama aconteceria dali a algumas horas. Algumas viaturas da Polícia Militar espalhadas pelas ruas e travessas do bairro eram a única indicação do impressionante aparato militar que começaria a ser montado.Histeria na laje. A operação de guerra começou pouco depois das 4hs, quando os primeiros homens da Brigada de Operações Especiais do Exército chegaram e tomaram posições em cima de lajes e telhados nos arredores dos locais onde Obama passaria. Por volta das 6h, mais homens da Brigada de Infantaria Paraquedista tomaram ruas e esquinas. Um blindado Urutu entrou pela comunidade e se colocou bem em frente à entrada da Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) - local visitado por Obama. A segurança no local foi completada por homens do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) e agentes das polícias Civil e Federal - tudo acompanhado de perto por integrantes do Serviço Secreto americano.Todo o cuidado das forças de segurança brasileiras e americanas não impediu, no entanto, um grupo de mulheres de subir nas lajes que ficavam exatamente em frente à FIA. Lideradas pela costureira Anderlúcia Nogueira, de 39 anos, elas não pararam de gritar o nome do presidente americano durante os 33 minutos em que ele permaneceu no local. "Obama metido". Como Obama e sua família entraram em um local sem acesso ao público e com a parte externa fechada por enormes cortinas brancas, o bom humor das mulheres foi mudando e os gritos e aplausos foram sendo substituídos por vaias e xingamentos. O "Obama, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver" parou de ser gritado. Anderlúcia pediu ajuda para uma correspondente americana para gritar "Obama metido" e "Obama esnobe" em inglês.De repente, o presidente americano ultrapassa as cortinas e desponta na frente do portão. Anderlúcia e suas amigas voltaram a gritar."Lindo", berraram algumas. "Maravilhoso", arriscaram outras. Como um pop star, o presidente americano acenou, mandou beijos, provocou histeria em cima da laje. A aparição do homem mais poderoso do planeta não demorou mais que 30 segundos. Mas era o suficiente. Anderlúcia e as amigas estavam satisfeitas."Conquistei o Obama. Ele é maravilhoso", comemorou a costureira."Estou aqui desde as 6h. A expectativa valeu a pena", disse a manicure Valéria Caetano, de 31 anos. "Nosso bairro agora é famoso por algo bom", completou Anita de Paula, 62.De dentro do carro, a primeira-dama Michelle Obama acenou para o grupo eufórico, provocando mais gritos.

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