Dois policiais militares acusados de matar o menor João Roberto Amorim Soares, de 3 anos, no dia 6 de julho, na Tijuca, zona norte do Rio, tiveram a prisão preventiva decretada na noite desta terça-feira, 29. O juiz Daniel Schiavoni Miller, do 2º Tribunal do Júri do Rio, acolheu a denúncia oferecida pelo Ministério Público contra os PMs Elias Gonçalves da Costa Neto e William de Paula. Miller considerou que o laudo pericial, o boletim de atendimento médico da vítima, as declarações de testemunhas e da mãe do garoto e imagens do vídeo apreendido comprovam a acusação contra os PMs. "Trato de crimes objetivamente graves - etiquetados como hediondos e inafiançáveis -, supostamente cometidos por policiais militares em serviço, justamente os agentes da lei, contra membros de uma família (genitora e seus dois filhos, um deles bebê) absolutamente inocente, sem envolvimento algum no delito que os denunciados suspeitavam ocorrer", afirmou Miller em sua decisão. O magistrado enfatizou a necessidade de prisão dos acusados durante o processo, para garantir o trâmite regular da instrução criminal - ou seja, para impedir que os dois policiais intimidem testemunhas e/ou destruam provas, ou prejudiquem a sua coleta. Segundo o juiz, a prisão preventiva é necessária para "garantir a ordem pública e regular instrução processual". Miller também argumenta que "há receio concreto de que os acusados - valendo-se de sua condição e decorrente autoridade que infundem na coletividade - mediante o desfazimento de provas e, principalmente, o desencorajamento a colaborar com a Justiça por parte das testemunhas, as quais são pessoas comuns do povo, atemorizáveis, venham, com o fim de adulterar a verdade, a perturbar a colheita dos elementos de convicção, com base nos quais os jurados, na qualidade de `juízes naturais da causa', oportunamente decidirão acerca dos fatos". Daniel Miller lembrou que os incidentes que resultaram na morte do menino foram objeto de ampla divulgação na mídia nacional e geraram intensa repercussão negativa. "São causadores de real abalo à paz e tranqüilidade junto à população desta cidade, agravando acentuadamente seu sentimento geral de insegurança", completou. O interrogatório dos policiais está marcado para o próximo dia 6 de agosto, às 13 horas. No início da audiência, serão exibidas imagens do fato contidas em fita de vídeo constante no processo.
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