SÃO PAULO - Abril foi marcado por crimes de extrema crueldade no País: no Rio, um rapaz entrou armado na escola e atirou contra os alunos de uma sala, matando 12 crianças. Dias antes, à luz da manhã, policiais executaram um suspeito de roubo dentro de um cemitério em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, e flagrado por uma moradora da região.
A manhã do dia 7 foi marcada por sangue de inocentes num dos ataques mais chocantes já ocorridos no País: o ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, entrou na Escola Municipal Tasso da Silveira, subiu para o 1.º andar, invadiu uma sala e atirou, matando quatro estudantes. Em seguida, entrou na sala vizinha e fez mais disparos, matando outras oito crianças.
Policiais foram avisados por alunos que fugiram da escola ao escutar os tiros e encontraram Wellington descendo as escadas. O PM, então, atingiu a perna do atirador, que se suicidou em seguida. Outros 12 estudantes foram baleados, mas sobreviveram ao ataque. Ao todo, foram mais de 60 disparos em 15 minutos.
O massacre em Realengo gerou comoção e a presidente Dilma decretou luto oficial. Até Bono Vox, vocalista da banda U2, e o Papa prestaram homenagens às vítimas. Medidas de segurança nas escolas foram alteradas e o governo antecipou a campanha pelo desarmamento.
Dias depois, uma série de vídeos encontrados na casa de Wellington mostraram que ele premeditou o crime, motivado pelo bullying que sofreu na época em que era estudante. A família, que não compareceu ao enterro, confirmou que o atirador sofria distúrbios psicológicos.
Execução em SP. Dois dias antes, uma testemunha viu a viatura da Polícia Militar chegar no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, tirar o suspeito de dentro e atirar contra ela. Ao mesmo tempo, ligava para o 190 e denunciava os passos dos dois PMs, identificados posteriormente da 4.ª Companhia do 29.º Batalhão.
A mulher ainda teve coragem de confrontar os policiais enquanto eles saiam do cemitério. "O senhor que estava naquela viatura? O senhor que acertou o disparo ali? Foi o senhor que tirou a pessoa de dentro? Estava próximo de onde estávamos. Eu estou falando com a Polícia Militar".
Os PMs foram presos e aguardam julgamento. A Defensoria pediu indenização ao governo do Estado de R$ 1 milhão para os pais da vítima e ressarcimento pelos gastos com sepultamento e transporte do corpo.
Com isso, os casos de morte após resistência passaram a ser investigados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Antes, eram registrados em qualquer delegacia e, normalmente, não eram apuradas as circunstâncias da morte.
Esgoto em Niterói. Uma cena nunca imaginada ocorreu na Grande Rio: a parede de uma estação de tratamento de esgoto rompeu e os dejetos tomaram conta das ruas e casas de Ponta de Areia, em Niterói. Carros foram arrastados pela correnteza de lama por três quarteirões e sete pessoas tiveram ferimentos leves.
A Águas de Niterói, responsável pelo tratamento de esgoto, foi multada em R$ 110 mil por crime ambiental e as famílias afetadas deveriam ser indenizadas pelos prejuízos.
Homofobia. Foi neste mês que o Grupo Gay Bahia (GGB) divulgou que houve aumento no número de homicídios contra gays em todo o Brasil. Segundo o levantamento da entidade, o número de assassinatos causados por homofobia cresceu 31% entre 2009 e 2010. A região Nordeste foi onde houve o maior número de crimes contra a comunidade LGBT.