Análise: Das cinzas – uma mensagem ao Museu Nacional


É imperioso que nos ergamos a todo custo além de vergonha, revolta e humilhação, que nos esmagam agora

Por Mário César Cardoso de Pinna

A dimensão da tragédia que se abateu sobre o Museu Nacional vai demorar a ser medida. A partir do dia 2 de setembro de 2018, somos todos parte da geração de ineptos que não estava à altura de seu legado. Segundo o padrão normal das tragédias, as responsabilidades serão transplantadas e retransplantadas nível após nível de governo e administrações, no empurra-empurra tradicional e estéril. Mas no liquidificador do tempo, só restará a impressão de que a sociedade brasileira de hoje está aquém da grandeza de um projeto como o do Museu Nacional, o único museu completo de História Natural do País. O efeito do desastre na desmoralização e no apequenamento da autoestima e da cultura nacionais será brutal. 

Incêndio de grandes proporções que destruiu o Museu Nacional, na zona norte do Rio, na noite deste domingo, 2 Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

Mas a história não se encerra nunca. Fala-se muito da destruição de nosso passado, mas o desastre do Museu Nacional também compromete o futuro. Entre o passado e o futuro temos apenas o fugaz presente, no qual temos de agir sem hesitação. Felizmente, alguns dos laboratórios e acervos já haviam sido transferidos para outras instalações. E não estamos falando de pouco. Seria um erro grave nos entregarmos ao desamparo indiscriminado. 

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Incêndio destrói o Museu Nacional no Rio de Janeiro

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Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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Foto: Marcelo Sayão/EFE
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Mas há muito mais que a herança material. Para além do acervo, o corpo de pesquisadores continua composto pelos mesmos nomes de antes do desastre. Esse time é talvez o maior patrimônio da instituição neste momento, com vários cientistas de renome internacional. O patrimônio humano é o cerne das instituições. Sem ele o que resta nada mais é que uma casca oca, uma fachada vazia de significado. 

Portanto, não cometamos um segundo erro ao pensar que a fachada é tudo que restou do Museu Nacional. É imperioso que nos ergamos a todo custo além de vergonha, revolta e humilhação, que nos esmagam agora. A alma da instituição sobrevive em sua vigorosa equipe de docentes, funcionários e alunos. Agora é o momento de fornecer os meios para que o espírito vital da instituição reconstrua seu corpo material, reunindo os acervos e instalações em um novo Museu Nacional que seja nosso orgulho pelos próximos 200 anos.

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*É DIRETOR DO MUSEU DE ZOOLOGIA DA USP

A dimensão da tragédia que se abateu sobre o Museu Nacional vai demorar a ser medida. A partir do dia 2 de setembro de 2018, somos todos parte da geração de ineptos que não estava à altura de seu legado. Segundo o padrão normal das tragédias, as responsabilidades serão transplantadas e retransplantadas nível após nível de governo e administrações, no empurra-empurra tradicional e estéril. Mas no liquidificador do tempo, só restará a impressão de que a sociedade brasileira de hoje está aquém da grandeza de um projeto como o do Museu Nacional, o único museu completo de História Natural do País. O efeito do desastre na desmoralização e no apequenamento da autoestima e da cultura nacionais será brutal. 

Incêndio de grandes proporções que destruiu o Museu Nacional, na zona norte do Rio, na noite deste domingo, 2 Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

Mas a história não se encerra nunca. Fala-se muito da destruição de nosso passado, mas o desastre do Museu Nacional também compromete o futuro. Entre o passado e o futuro temos apenas o fugaz presente, no qual temos de agir sem hesitação. Felizmente, alguns dos laboratórios e acervos já haviam sido transferidos para outras instalações. E não estamos falando de pouco. Seria um erro grave nos entregarmos ao desamparo indiscriminado. 

Incêndio destrói o Museu Nacional no Rio de Janeiro

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Incêndio destrói o Museu Nacional no Rio de Janeiro

Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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Mas há muito mais que a herança material. Para além do acervo, o corpo de pesquisadores continua composto pelos mesmos nomes de antes do desastre. Esse time é talvez o maior patrimônio da instituição neste momento, com vários cientistas de renome internacional. O patrimônio humano é o cerne das instituições. Sem ele o que resta nada mais é que uma casca oca, uma fachada vazia de significado. 

Portanto, não cometamos um segundo erro ao pensar que a fachada é tudo que restou do Museu Nacional. É imperioso que nos ergamos a todo custo além de vergonha, revolta e humilhação, que nos esmagam agora. A alma da instituição sobrevive em sua vigorosa equipe de docentes, funcionários e alunos. Agora é o momento de fornecer os meios para que o espírito vital da instituição reconstrua seu corpo material, reunindo os acervos e instalações em um novo Museu Nacional que seja nosso orgulho pelos próximos 200 anos.

*É DIRETOR DO MUSEU DE ZOOLOGIA DA USP

A dimensão da tragédia que se abateu sobre o Museu Nacional vai demorar a ser medida. A partir do dia 2 de setembro de 2018, somos todos parte da geração de ineptos que não estava à altura de seu legado. Segundo o padrão normal das tragédias, as responsabilidades serão transplantadas e retransplantadas nível após nível de governo e administrações, no empurra-empurra tradicional e estéril. Mas no liquidificador do tempo, só restará a impressão de que a sociedade brasileira de hoje está aquém da grandeza de um projeto como o do Museu Nacional, o único museu completo de História Natural do País. O efeito do desastre na desmoralização e no apequenamento da autoestima e da cultura nacionais será brutal. 

Incêndio de grandes proporções que destruiu o Museu Nacional, na zona norte do Rio, na noite deste domingo, 2 Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

Mas a história não se encerra nunca. Fala-se muito da destruição de nosso passado, mas o desastre do Museu Nacional também compromete o futuro. Entre o passado e o futuro temos apenas o fugaz presente, no qual temos de agir sem hesitação. Felizmente, alguns dos laboratórios e acervos já haviam sido transferidos para outras instalações. E não estamos falando de pouco. Seria um erro grave nos entregarmos ao desamparo indiscriminado. 

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Mas há muito mais que a herança material. Para além do acervo, o corpo de pesquisadores continua composto pelos mesmos nomes de antes do desastre. Esse time é talvez o maior patrimônio da instituição neste momento, com vários cientistas de renome internacional. O patrimônio humano é o cerne das instituições. Sem ele o que resta nada mais é que uma casca oca, uma fachada vazia de significado. 

Portanto, não cometamos um segundo erro ao pensar que a fachada é tudo que restou do Museu Nacional. É imperioso que nos ergamos a todo custo além de vergonha, revolta e humilhação, que nos esmagam agora. A alma da instituição sobrevive em sua vigorosa equipe de docentes, funcionários e alunos. Agora é o momento de fornecer os meios para que o espírito vital da instituição reconstrua seu corpo material, reunindo os acervos e instalações em um novo Museu Nacional que seja nosso orgulho pelos próximos 200 anos.

*É DIRETOR DO MUSEU DE ZOOLOGIA DA USP

A dimensão da tragédia que se abateu sobre o Museu Nacional vai demorar a ser medida. A partir do dia 2 de setembro de 2018, somos todos parte da geração de ineptos que não estava à altura de seu legado. Segundo o padrão normal das tragédias, as responsabilidades serão transplantadas e retransplantadas nível após nível de governo e administrações, no empurra-empurra tradicional e estéril. Mas no liquidificador do tempo, só restará a impressão de que a sociedade brasileira de hoje está aquém da grandeza de um projeto como o do Museu Nacional, o único museu completo de História Natural do País. O efeito do desastre na desmoralização e no apequenamento da autoestima e da cultura nacionais será brutal. 

Incêndio de grandes proporções que destruiu o Museu Nacional, na zona norte do Rio, na noite deste domingo, 2 Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

Mas a história não se encerra nunca. Fala-se muito da destruição de nosso passado, mas o desastre do Museu Nacional também compromete o futuro. Entre o passado e o futuro temos apenas o fugaz presente, no qual temos de agir sem hesitação. Felizmente, alguns dos laboratórios e acervos já haviam sido transferidos para outras instalações. E não estamos falando de pouco. Seria um erro grave nos entregarmos ao desamparo indiscriminado. 

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Mas há muito mais que a herança material. Para além do acervo, o corpo de pesquisadores continua composto pelos mesmos nomes de antes do desastre. Esse time é talvez o maior patrimônio da instituição neste momento, com vários cientistas de renome internacional. O patrimônio humano é o cerne das instituições. Sem ele o que resta nada mais é que uma casca oca, uma fachada vazia de significado. 

Portanto, não cometamos um segundo erro ao pensar que a fachada é tudo que restou do Museu Nacional. É imperioso que nos ergamos a todo custo além de vergonha, revolta e humilhação, que nos esmagam agora. A alma da instituição sobrevive em sua vigorosa equipe de docentes, funcionários e alunos. Agora é o momento de fornecer os meios para que o espírito vital da instituição reconstrua seu corpo material, reunindo os acervos e instalações em um novo Museu Nacional que seja nosso orgulho pelos próximos 200 anos.

*É DIRETOR DO MUSEU DE ZOOLOGIA DA USP

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