Da enxaqueca ao transtorno autístico


 Relato de André sobre seu transtorno de espectro autista para a seção Vozes... (veja aqui como participar)

Por Claudia Belfort

 Transtorno autístico desapercebido por 30 anos

"Sempre me achei uma pessoa normal. Apenas tinha dores de cabeça frequentes e ideias diferentes, um jeito de pensar que questionava o que a maioria das pessoas acreditava. No colégio, professores me incentivaram a participar de competições científicas e, para minha surpresa, sempre estive entre os primeiros colocados, até no vestibular, mesmo dormindo durante a maioria das aulas. Consegui um bom emprego, que me permitiu conseguir outro melhor ainda.

No novo emprego passei a não conseguir fazer coisas simples. A pressão por entregar um projeto não era mais suficiente para me motivar e forçar minha concentração. Passava o dia com muito sono, mesmo com muitas doses de café. As dores de cabeça eram mais debilitantes.

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Procurei um neurologista. Diagnóstico: enxaqueca. Notei que ao tomar o remédio para crises de enxaqueca, ficava mais produtivo por três dias. Entretanto, nenhuma solução para o sono.

Acabei visitando um psiquiatra. Diagnóstico: depressão. Com fluoxetina, melhorei meu desempenho e motivação, salvando meu emprego, à custa de dores de cabeça mais frequentes.

Procurei outro psiquiatra, que não viu depressão no meu quadro, e trocou a medicação para um estimulante. As dores de cabeça diminuíram, a letargia sumiu, a concentração melhorou. Meu humor continuava instável, com semanas de melancolia. O médico passou então a procurar a causa dos distúrbios.

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Em alguns meses, um semi-diagnóstico: "Seus sintomas apresentam padrão similar aos de um grupo conhecido como espectro autístico". Superados o choque e o preconceito, continuei a terapia e passei a estudar o assunto a fundo, como um bom aspie.

Apesar de minhas deficiências de sociabilidade não serem severas o suficiente para caracterizar Síndrome de Asperger, recentes descobertas sobre o espectro autístico ajudaram a explicar muitos dos meus problemas. Níveis baixos e irregulares de cortisona, o hormônio do estresse, explicam a sonolência e as dificuldades de concentração, piorados ao me mudar de São Paulo para o novo emprego. Hipersensibilidade explica parte das dores de cabeça. Necessidade constante de estímulos, na forma de desafios intelectuais, explica o desânimo causado por um trabalho intelectual repetitivo. Agora já vejo um caminho para a melhora."

*

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A seção Vozes é um espaço para o leitor. O objetivo é permitir que portadores de distúrbios mentais  possam compartilhar experiências, relatar como receberam o diagnóstico, falar sobre seus temores e desejos,ajudar outras pessoas na compreensão do problema e mostrar como vivem (bem ou mal) os que têm e escondem sua doença, assim como os que as revelam. Veja aqui como participar

*

As informações divulgadas neste blog não substituem aconselhamento profissional. Antes de tomar qualquer decisão, procure um médico.

 Transtorno autístico desapercebido por 30 anos

"Sempre me achei uma pessoa normal. Apenas tinha dores de cabeça frequentes e ideias diferentes, um jeito de pensar que questionava o que a maioria das pessoas acreditava. No colégio, professores me incentivaram a participar de competições científicas e, para minha surpresa, sempre estive entre os primeiros colocados, até no vestibular, mesmo dormindo durante a maioria das aulas. Consegui um bom emprego, que me permitiu conseguir outro melhor ainda.

No novo emprego passei a não conseguir fazer coisas simples. A pressão por entregar um projeto não era mais suficiente para me motivar e forçar minha concentração. Passava o dia com muito sono, mesmo com muitas doses de café. As dores de cabeça eram mais debilitantes.

Procurei um neurologista. Diagnóstico: enxaqueca. Notei que ao tomar o remédio para crises de enxaqueca, ficava mais produtivo por três dias. Entretanto, nenhuma solução para o sono.

Acabei visitando um psiquiatra. Diagnóstico: depressão. Com fluoxetina, melhorei meu desempenho e motivação, salvando meu emprego, à custa de dores de cabeça mais frequentes.

Procurei outro psiquiatra, que não viu depressão no meu quadro, e trocou a medicação para um estimulante. As dores de cabeça diminuíram, a letargia sumiu, a concentração melhorou. Meu humor continuava instável, com semanas de melancolia. O médico passou então a procurar a causa dos distúrbios.

Em alguns meses, um semi-diagnóstico: "Seus sintomas apresentam padrão similar aos de um grupo conhecido como espectro autístico". Superados o choque e o preconceito, continuei a terapia e passei a estudar o assunto a fundo, como um bom aspie.

Apesar de minhas deficiências de sociabilidade não serem severas o suficiente para caracterizar Síndrome de Asperger, recentes descobertas sobre o espectro autístico ajudaram a explicar muitos dos meus problemas. Níveis baixos e irregulares de cortisona, o hormônio do estresse, explicam a sonolência e as dificuldades de concentração, piorados ao me mudar de São Paulo para o novo emprego. Hipersensibilidade explica parte das dores de cabeça. Necessidade constante de estímulos, na forma de desafios intelectuais, explica o desânimo causado por um trabalho intelectual repetitivo. Agora já vejo um caminho para a melhora."

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A seção Vozes é um espaço para o leitor. O objetivo é permitir que portadores de distúrbios mentais  possam compartilhar experiências, relatar como receberam o diagnóstico, falar sobre seus temores e desejos,ajudar outras pessoas na compreensão do problema e mostrar como vivem (bem ou mal) os que têm e escondem sua doença, assim como os que as revelam. Veja aqui como participar

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As informações divulgadas neste blog não substituem aconselhamento profissional. Antes de tomar qualquer decisão, procure um médico.

 Transtorno autístico desapercebido por 30 anos

"Sempre me achei uma pessoa normal. Apenas tinha dores de cabeça frequentes e ideias diferentes, um jeito de pensar que questionava o que a maioria das pessoas acreditava. No colégio, professores me incentivaram a participar de competições científicas e, para minha surpresa, sempre estive entre os primeiros colocados, até no vestibular, mesmo dormindo durante a maioria das aulas. Consegui um bom emprego, que me permitiu conseguir outro melhor ainda.

No novo emprego passei a não conseguir fazer coisas simples. A pressão por entregar um projeto não era mais suficiente para me motivar e forçar minha concentração. Passava o dia com muito sono, mesmo com muitas doses de café. As dores de cabeça eram mais debilitantes.

Procurei um neurologista. Diagnóstico: enxaqueca. Notei que ao tomar o remédio para crises de enxaqueca, ficava mais produtivo por três dias. Entretanto, nenhuma solução para o sono.

Acabei visitando um psiquiatra. Diagnóstico: depressão. Com fluoxetina, melhorei meu desempenho e motivação, salvando meu emprego, à custa de dores de cabeça mais frequentes.

Procurei outro psiquiatra, que não viu depressão no meu quadro, e trocou a medicação para um estimulante. As dores de cabeça diminuíram, a letargia sumiu, a concentração melhorou. Meu humor continuava instável, com semanas de melancolia. O médico passou então a procurar a causa dos distúrbios.

Em alguns meses, um semi-diagnóstico: "Seus sintomas apresentam padrão similar aos de um grupo conhecido como espectro autístico". Superados o choque e o preconceito, continuei a terapia e passei a estudar o assunto a fundo, como um bom aspie.

Apesar de minhas deficiências de sociabilidade não serem severas o suficiente para caracterizar Síndrome de Asperger, recentes descobertas sobre o espectro autístico ajudaram a explicar muitos dos meus problemas. Níveis baixos e irregulares de cortisona, o hormônio do estresse, explicam a sonolência e as dificuldades de concentração, piorados ao me mudar de São Paulo para o novo emprego. Hipersensibilidade explica parte das dores de cabeça. Necessidade constante de estímulos, na forma de desafios intelectuais, explica o desânimo causado por um trabalho intelectual repetitivo. Agora já vejo um caminho para a melhora."

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"Sempre me achei uma pessoa normal. Apenas tinha dores de cabeça frequentes e ideias diferentes, um jeito de pensar que questionava o que a maioria das pessoas acreditava. No colégio, professores me incentivaram a participar de competições científicas e, para minha surpresa, sempre estive entre os primeiros colocados, até no vestibular, mesmo dormindo durante a maioria das aulas. Consegui um bom emprego, que me permitiu conseguir outro melhor ainda.

No novo emprego passei a não conseguir fazer coisas simples. A pressão por entregar um projeto não era mais suficiente para me motivar e forçar minha concentração. Passava o dia com muito sono, mesmo com muitas doses de café. As dores de cabeça eram mais debilitantes.

Procurei um neurologista. Diagnóstico: enxaqueca. Notei que ao tomar o remédio para crises de enxaqueca, ficava mais produtivo por três dias. Entretanto, nenhuma solução para o sono.

Acabei visitando um psiquiatra. Diagnóstico: depressão. Com fluoxetina, melhorei meu desempenho e motivação, salvando meu emprego, à custa de dores de cabeça mais frequentes.

Procurei outro psiquiatra, que não viu depressão no meu quadro, e trocou a medicação para um estimulante. As dores de cabeça diminuíram, a letargia sumiu, a concentração melhorou. Meu humor continuava instável, com semanas de melancolia. O médico passou então a procurar a causa dos distúrbios.

Em alguns meses, um semi-diagnóstico: "Seus sintomas apresentam padrão similar aos de um grupo conhecido como espectro autístico". Superados o choque e o preconceito, continuei a terapia e passei a estudar o assunto a fundo, como um bom aspie.

Apesar de minhas deficiências de sociabilidade não serem severas o suficiente para caracterizar Síndrome de Asperger, recentes descobertas sobre o espectro autístico ajudaram a explicar muitos dos meus problemas. Níveis baixos e irregulares de cortisona, o hormônio do estresse, explicam a sonolência e as dificuldades de concentração, piorados ao me mudar de São Paulo para o novo emprego. Hipersensibilidade explica parte das dores de cabeça. Necessidade constante de estímulos, na forma de desafios intelectuais, explica o desânimo causado por um trabalho intelectual repetitivo. Agora já vejo um caminho para a melhora."

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A seção Vozes é um espaço para o leitor. O objetivo é permitir que portadores de distúrbios mentais  possam compartilhar experiências, relatar como receberam o diagnóstico, falar sobre seus temores e desejos,ajudar outras pessoas na compreensão do problema e mostrar como vivem (bem ou mal) os que têm e escondem sua doença, assim como os que as revelam. Veja aqui como participar

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