O governo brasileiro vai lançar um site na internet para receber denúncias e rastrear casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 19, pela subsecretária da Criança e do Adolescente, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Carmem Oliveira. A nova ferramenta deve estar disponível em um prazo de três meses, com o projeto de parceria entre a secretaria, a Polícia Federal e a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). Carmem participou, no Rio, do lançamento do 3º Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, previsto para ocorrer na cidade de 25 a 28 de novembro. A terceira edição do congresso deve reunir três mil pessoas, dentre os quais 300 adolescentes. As edições anteriores foram realizadas em Estocolmo, na Suécia, em 1996, e em Yokohama, no Japão, no ano de 2001. Segundo a subsecretária, todas as iniciativas desse tipo já implementadas são no âmbito da sociedade civil. Ela disse acreditar que com mais esse site, o processo de identificação dos casos e a punição dos responsáveis pela exploração sexual contra crianças será acelerado. "Vamos receber denúncias e teremos um sistema de rastreamento que vai nos permitir muito mais rapidamente acionar a Polícia Federal, o que era um dos problemas. As denúncias chegam de várias partes, muitas vezes até duplicadas e não nos davam a devida proporção do problema no Brasil", explicou. A representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Marie Pierre Poirier, disse que iniciativas como essa refletem a determinação do governo brasileiro em acabar com a impunidade nos casos de exploração sexual. E esse foi um dos motivos, segundo ela, pelo qual o País foi escolhido para sediar o 3º Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. "O Brasil não quer mais falar de resoluções, mas de resultados. Quer desenvolver metas concretas, construindo indicadores que não existem no cenário internacional", disse. O lançamento do congresso contou também com a presença da primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, presidente de honra do evento. Ela disse que vai participar do encontro, e lamentou que esse tipo de violação aconteça no País. "É um horror, temos que mudar. Temos que começar a levar [esse tema] para dentro do nosso trabalho, começar a discutir esse assunto, e a população tem que nos ajudar", disse. Segundo o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, nos últimos três anos o volume de chamadas diárias recebidas no Disque 100 - ferramenta gratuita de combate à exploração sexual - passou de cerca de 170 para 2 mil, das quais 90% se confirmam como denúncias efetivas. "Vamos fazer do ano do congresso um evento em que o Brasil reforce o seu compromisso com o enfrentamento à erradicação do problema no País", afirmou Vanucchi. (Com informações da Agência Brasil)
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