Diversidade e Inclusão

"A diversidade só inclui a pessoa com deficiência no discurso"


Carina Alves, presidente do Instituto Superar, fala ao #blogVencerLimites sobre a necessidade urgente de formar profissionais de diversas áreas nas temáticas da inclusão. O instituto participa do Programa Pulsar, que oferece cursos teóricos e práticos para atuação inclusiva em educação, esporte e saúde.

Por Luiz Alexandre Souza Ventura

Ouça essa reportagem com Audima no player acima ou acompanhe a tradução em Libras com Hand Talk no botão azul à esquerda.

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Descrição da imagem #pracegover: Alunos do Programa Pulsar estão em uma sala de aula. Em frente à classe está uma professora. Crédito: Divulgação.  Foto: Estadão

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"O Brasil é o país da diversidade, sabotada por preconceito e discriminação", afirma a psicóloga Carina Alves, presidente do Instituto Superar, um dos organizadores do Programa Pulsar, que está na quarta edição. São cursos teóricos e práticos para formação de profissionais que buscam uma atuação inclusiva nas áreas de educação, esporte e saúde.

"O povo brasileiro é uma fusão, mescla e miscigenação, mas vivemos tempos da cultura que inviabiliza a diversidade", ressalta Carina.

Os cursos são 100% presenciais, têm duração de dois meses, com aulas sobre educação inclusiva, acessibilidade, paradesporto, inclusão, diversidade, legislação para pessoas com deficiência, saúde e bem-estar. É voltado para profissionais de educação, psicologia, fisioterapia, pedagogia, nutrição e enfermagem.

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Nesta quarta edição foram incluídas aulas sobre acessibilidade em espaços culturais e tradução das aulas em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Há a previsão novas turmas para 2020, ainda sem data confirmada.

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#blogVencerLimites - O Programa Pulsar atua na capacitação de multiprofissionais para desenvolvimento da atuação inclusiva. Por que esses cursos são necessários?

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Carina Alves - A ideia do curso surgiu justamente pela lacuna que existe na formação de profissionais sobre a questão da diversidade, sobretudo da deficiência. Nas diversas áreas que dialogo, percebo a falta de conhecimento e informação sobre o universo da inclusão, seja no esporte, na cultura, na educação, na saúde, enfim, são inúmeras as formações que ainda hoje, em 2019, não debatem a temática em questão. Vivemos tempos da cultura que inviabiliza a diversidade.

#blogVencerLimites - Qual é o nível de conhecimento sobre acessibilidade e inclusão, sobre pessoas com deficiência em geral, entre profissionais de educação, educação física, psicologia, fisioterapia, pedagogia, nutrição e enfermagem?

Carina Alves - A minha visão desde a primeira versão do curso, em 2016, é que o nível é baixo, há de fato pouquíssima informação, por isso o curso tem tanta adesão e não tem evasão. Os alunos e alunas realmente têm engajamento nas aulas, se envolvem com os conteúdos disponibilizados e interagem com robustez nas oficinas práticas que oportunizamos.

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Ressalto que o corpo discente sabe que as pessoas com deficiência existem, mas não sabem como lidar, não sabem sobre a legislação vigente, sobre a terminologia correta, então a formação para inclusão se torna necessária a partir desses desencontros do cotidiano. Não podemos mais viver como se isso fosse algo banal, invisível. É tempo de despertar, de ter responsabilidade.

#blogVencerLimites - Qual é a sua avaliação sobre o respeito à diversidade no Brasil?

Carina Alves - Eu penso que temos muito a avançar, mas também não estamos parados. Tem um movimento social que se empodera e se fortalece em relação à diversidade e, cada vez mais, se faz urgente.

O Brasil é o país da diversidade, talvez não tenha isso tão claro e se sabota com o preconceito e a discriminação, mas a autenticidade do povo brasileiro é uma realidade de fusão, de mescla, de miscigenação. Não dá para vivermos na cultura eurocêntrica para entendermos diversidade. É preciso ter clareza de quem é o povo brasileiro e que a diversidade corre em nossas veias.

#blogVencerLimites - Quando falamos sobre diversidade, as pessoas com deficiência estão realmente incluídas nesse cenário?

Carina Alves - Quando falamos sim, mas quando vamos para a prática, nem tanto. A diversidade inclui a pessoa com deficiência no discurso, o que precisa é que isso aconteça na execução. Precisamos de ações, de políticas públicas, de vontade para incluir.

É necessário e urgente pensar a acessibilidade. Existem vários tipos de acessibilidade e falo sempre que a mais importante, na minha opinião, é a acessibilidade atitudinal, ou seja, é a atitude das pessoas em relação à pessoa com deficiência.

Penso que não somente a pessoa com deficiência, mas a grávida, o idoso, o obeso, enfim, pessoas com mobilidade reduzida também precisam de acesso para ir e vir.

Quando imagino um cadeirante precisando de uma rampa ou uma calçada para se locomover, também penso na grávida, ou na mãe com carrinho de bebê, penso no cego que precisa de um cardápio em braile para pedir um prato no restaurante, na criança com deficiência intelectual que necessita de recursos na sala de aula, e por aí vai.

O universo da diversidade é, de fato, extenso e precisa ser pensado, sem deixar de lado as questões de gênero, raça e religião. A diversidade é multiplicidade, é pluralidade, é para todos e todas.

#blogVencerLimites - Quais políticas públicas para pessoas com deficiência são mais urgentes neste momento?

Carina Alves - As políticas públicas de acessibilidade. Não adianta ter uma vasta legislação e não conseguirmos colocá-las em prática, nem mesmo ações que inviabilizam a realidade da pessoa com deficiência. Pensar a pluralidade não é fácil, é um desafio e precisa ser pensada de maneira responsável. Temos políticas importantes, temos avanços, o que não dá é para retroceder. A educação carece, o esporte, a sociedade clama por políticas públicas sérias.

Eu não sou uma pessoa com deficiência, mas tenho muitas pessoas em minha família, muitos amigos e o meu trabalho é totalmente voltado para essa causa. São mais de 20 anos nessa luta e, se eu pudesse, mudaria tudo que existe hoje em termos de legislação e desenvolveria novas políticas de acesso e inclusão. Não posso dizer que uma é mais urgente que a outra, mas a educação precisa ser repensada, com certeza.

Descrição da imagem #pracegover: Alunos do Programa Pulsar estão em uma sala de aula, todos em pé, com duplas frente à frente. Crédito: Divulgação.  Foto: Estadão

SAIBA MAIS - Em dois anos, o Programa Pulsar qualificou aproximadamente 100 profissionais, com aprovação pela Lei Federal de Incentivo ao Esporte.

Tudo começou com um intercâmbio educacional entre Brasil e Alemanha, parceria entre as cidades do Rio de Janeiro e de Colônia, em 2016 e 2017. No ano seguinte houve uma atualização do programa, que resultou no formato atual.

O Instituto Superar colabora com expertise na área da inclusão e na formação de professores no Brasil. A Câmara Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro foi a idealizadora do projeto. A Deutsche Sporthochschule Köln, instituição de renome na área da inclusão e na formação de professores na Alemanha, chancela o curso. A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) recebeu a primeira turma e o Museu de Arte do Rio (MAR) abriga as aulas da turma atual.

O projeto tem patrocínio de Equinor, Instituto Lojas Renner, Machado Meyer, Localiza e Thyssenkrupp.

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"O Brasil é o país da diversidade, sabotada por preconceito e discriminação", afirma a psicóloga Carina Alves, presidente do Instituto Superar, um dos organizadores do Programa Pulsar, que está na quarta edição. São cursos teóricos e práticos para formação de profissionais que buscam uma atuação inclusiva nas áreas de educação, esporte e saúde.

"O povo brasileiro é uma fusão, mescla e miscigenação, mas vivemos tempos da cultura que inviabiliza a diversidade", ressalta Carina.

Os cursos são 100% presenciais, têm duração de dois meses, com aulas sobre educação inclusiva, acessibilidade, paradesporto, inclusão, diversidade, legislação para pessoas com deficiência, saúde e bem-estar. É voltado para profissionais de educação, psicologia, fisioterapia, pedagogia, nutrição e enfermagem.

Nesta quarta edição foram incluídas aulas sobre acessibilidade em espaços culturais e tradução das aulas em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Há a previsão novas turmas para 2020, ainda sem data confirmada.

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Carina Alves - A ideia do curso surgiu justamente pela lacuna que existe na formação de profissionais sobre a questão da diversidade, sobretudo da deficiência. Nas diversas áreas que dialogo, percebo a falta de conhecimento e informação sobre o universo da inclusão, seja no esporte, na cultura, na educação, na saúde, enfim, são inúmeras as formações que ainda hoje, em 2019, não debatem a temática em questão. Vivemos tempos da cultura que inviabiliza a diversidade.

#blogVencerLimites - Qual é o nível de conhecimento sobre acessibilidade e inclusão, sobre pessoas com deficiência em geral, entre profissionais de educação, educação física, psicologia, fisioterapia, pedagogia, nutrição e enfermagem?

Carina Alves - A minha visão desde a primeira versão do curso, em 2016, é que o nível é baixo, há de fato pouquíssima informação, por isso o curso tem tanta adesão e não tem evasão. Os alunos e alunas realmente têm engajamento nas aulas, se envolvem com os conteúdos disponibilizados e interagem com robustez nas oficinas práticas que oportunizamos.

Ressalto que o corpo discente sabe que as pessoas com deficiência existem, mas não sabem como lidar, não sabem sobre a legislação vigente, sobre a terminologia correta, então a formação para inclusão se torna necessária a partir desses desencontros do cotidiano. Não podemos mais viver como se isso fosse algo banal, invisível. É tempo de despertar, de ter responsabilidade.

#blogVencerLimites - Qual é a sua avaliação sobre o respeito à diversidade no Brasil?

Carina Alves - Eu penso que temos muito a avançar, mas também não estamos parados. Tem um movimento social que se empodera e se fortalece em relação à diversidade e, cada vez mais, se faz urgente.

O Brasil é o país da diversidade, talvez não tenha isso tão claro e se sabota com o preconceito e a discriminação, mas a autenticidade do povo brasileiro é uma realidade de fusão, de mescla, de miscigenação. Não dá para vivermos na cultura eurocêntrica para entendermos diversidade. É preciso ter clareza de quem é o povo brasileiro e que a diversidade corre em nossas veias.

#blogVencerLimites - Quando falamos sobre diversidade, as pessoas com deficiência estão realmente incluídas nesse cenário?

Carina Alves - Quando falamos sim, mas quando vamos para a prática, nem tanto. A diversidade inclui a pessoa com deficiência no discurso, o que precisa é que isso aconteça na execução. Precisamos de ações, de políticas públicas, de vontade para incluir.

É necessário e urgente pensar a acessibilidade. Existem vários tipos de acessibilidade e falo sempre que a mais importante, na minha opinião, é a acessibilidade atitudinal, ou seja, é a atitude das pessoas em relação à pessoa com deficiência.

Penso que não somente a pessoa com deficiência, mas a grávida, o idoso, o obeso, enfim, pessoas com mobilidade reduzida também precisam de acesso para ir e vir.

Quando imagino um cadeirante precisando de uma rampa ou uma calçada para se locomover, também penso na grávida, ou na mãe com carrinho de bebê, penso no cego que precisa de um cardápio em braile para pedir um prato no restaurante, na criança com deficiência intelectual que necessita de recursos na sala de aula, e por aí vai.

O universo da diversidade é, de fato, extenso e precisa ser pensado, sem deixar de lado as questões de gênero, raça e religião. A diversidade é multiplicidade, é pluralidade, é para todos e todas.

#blogVencerLimites - Quais políticas públicas para pessoas com deficiência são mais urgentes neste momento?

Carina Alves - As políticas públicas de acessibilidade. Não adianta ter uma vasta legislação e não conseguirmos colocá-las em prática, nem mesmo ações que inviabilizam a realidade da pessoa com deficiência. Pensar a pluralidade não é fácil, é um desafio e precisa ser pensada de maneira responsável. Temos políticas importantes, temos avanços, o que não dá é para retroceder. A educação carece, o esporte, a sociedade clama por políticas públicas sérias.

Eu não sou uma pessoa com deficiência, mas tenho muitas pessoas em minha família, muitos amigos e o meu trabalho é totalmente voltado para essa causa. São mais de 20 anos nessa luta e, se eu pudesse, mudaria tudo que existe hoje em termos de legislação e desenvolveria novas políticas de acesso e inclusão. Não posso dizer que uma é mais urgente que a outra, mas a educação precisa ser repensada, com certeza.

Descrição da imagem #pracegover: Alunos do Programa Pulsar estão em uma sala de aula, todos em pé, com duplas frente à frente. Crédito: Divulgação.  Foto: Estadão

SAIBA MAIS - Em dois anos, o Programa Pulsar qualificou aproximadamente 100 profissionais, com aprovação pela Lei Federal de Incentivo ao Esporte.

Tudo começou com um intercâmbio educacional entre Brasil e Alemanha, parceria entre as cidades do Rio de Janeiro e de Colônia, em 2016 e 2017. No ano seguinte houve uma atualização do programa, que resultou no formato atual.

O Instituto Superar colabora com expertise na área da inclusão e na formação de professores no Brasil. A Câmara Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro foi a idealizadora do projeto. A Deutsche Sporthochschule Köln, instituição de renome na área da inclusão e na formação de professores na Alemanha, chancela o curso. A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) recebeu a primeira turma e o Museu de Arte do Rio (MAR) abriga as aulas da turma atual.

O projeto tem patrocínio de Equinor, Instituto Lojas Renner, Machado Meyer, Localiza e Thyssenkrupp.

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"O Brasil é o país da diversidade, sabotada por preconceito e discriminação", afirma a psicóloga Carina Alves, presidente do Instituto Superar, um dos organizadores do Programa Pulsar, que está na quarta edição. São cursos teóricos e práticos para formação de profissionais que buscam uma atuação inclusiva nas áreas de educação, esporte e saúde.

"O povo brasileiro é uma fusão, mescla e miscigenação, mas vivemos tempos da cultura que inviabiliza a diversidade", ressalta Carina.

Os cursos são 100% presenciais, têm duração de dois meses, com aulas sobre educação inclusiva, acessibilidade, paradesporto, inclusão, diversidade, legislação para pessoas com deficiência, saúde e bem-estar. É voltado para profissionais de educação, psicologia, fisioterapia, pedagogia, nutrição e enfermagem.

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Carina Alves - A ideia do curso surgiu justamente pela lacuna que existe na formação de profissionais sobre a questão da diversidade, sobretudo da deficiência. Nas diversas áreas que dialogo, percebo a falta de conhecimento e informação sobre o universo da inclusão, seja no esporte, na cultura, na educação, na saúde, enfim, são inúmeras as formações que ainda hoje, em 2019, não debatem a temática em questão. Vivemos tempos da cultura que inviabiliza a diversidade.

#blogVencerLimites - Qual é o nível de conhecimento sobre acessibilidade e inclusão, sobre pessoas com deficiência em geral, entre profissionais de educação, educação física, psicologia, fisioterapia, pedagogia, nutrição e enfermagem?

Carina Alves - A minha visão desde a primeira versão do curso, em 2016, é que o nível é baixo, há de fato pouquíssima informação, por isso o curso tem tanta adesão e não tem evasão. Os alunos e alunas realmente têm engajamento nas aulas, se envolvem com os conteúdos disponibilizados e interagem com robustez nas oficinas práticas que oportunizamos.

Ressalto que o corpo discente sabe que as pessoas com deficiência existem, mas não sabem como lidar, não sabem sobre a legislação vigente, sobre a terminologia correta, então a formação para inclusão se torna necessária a partir desses desencontros do cotidiano. Não podemos mais viver como se isso fosse algo banal, invisível. É tempo de despertar, de ter responsabilidade.

#blogVencerLimites - Qual é a sua avaliação sobre o respeito à diversidade no Brasil?

Carina Alves - Eu penso que temos muito a avançar, mas também não estamos parados. Tem um movimento social que se empodera e se fortalece em relação à diversidade e, cada vez mais, se faz urgente.

O Brasil é o país da diversidade, talvez não tenha isso tão claro e se sabota com o preconceito e a discriminação, mas a autenticidade do povo brasileiro é uma realidade de fusão, de mescla, de miscigenação. Não dá para vivermos na cultura eurocêntrica para entendermos diversidade. É preciso ter clareza de quem é o povo brasileiro e que a diversidade corre em nossas veias.

#blogVencerLimites - Quando falamos sobre diversidade, as pessoas com deficiência estão realmente incluídas nesse cenário?

Carina Alves - Quando falamos sim, mas quando vamos para a prática, nem tanto. A diversidade inclui a pessoa com deficiência no discurso, o que precisa é que isso aconteça na execução. Precisamos de ações, de políticas públicas, de vontade para incluir.

É necessário e urgente pensar a acessibilidade. Existem vários tipos de acessibilidade e falo sempre que a mais importante, na minha opinião, é a acessibilidade atitudinal, ou seja, é a atitude das pessoas em relação à pessoa com deficiência.

Penso que não somente a pessoa com deficiência, mas a grávida, o idoso, o obeso, enfim, pessoas com mobilidade reduzida também precisam de acesso para ir e vir.

Quando imagino um cadeirante precisando de uma rampa ou uma calçada para se locomover, também penso na grávida, ou na mãe com carrinho de bebê, penso no cego que precisa de um cardápio em braile para pedir um prato no restaurante, na criança com deficiência intelectual que necessita de recursos na sala de aula, e por aí vai.

O universo da diversidade é, de fato, extenso e precisa ser pensado, sem deixar de lado as questões de gênero, raça e religião. A diversidade é multiplicidade, é pluralidade, é para todos e todas.

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Carina Alves - As políticas públicas de acessibilidade. Não adianta ter uma vasta legislação e não conseguirmos colocá-las em prática, nem mesmo ações que inviabilizam a realidade da pessoa com deficiência. Pensar a pluralidade não é fácil, é um desafio e precisa ser pensada de maneira responsável. Temos políticas importantes, temos avanços, o que não dá é para retroceder. A educação carece, o esporte, a sociedade clama por políticas públicas sérias.

Eu não sou uma pessoa com deficiência, mas tenho muitas pessoas em minha família, muitos amigos e o meu trabalho é totalmente voltado para essa causa. São mais de 20 anos nessa luta e, se eu pudesse, mudaria tudo que existe hoje em termos de legislação e desenvolveria novas políticas de acesso e inclusão. Não posso dizer que uma é mais urgente que a outra, mas a educação precisa ser repensada, com certeza.

Descrição da imagem #pracegover: Alunos do Programa Pulsar estão em uma sala de aula, todos em pé, com duplas frente à frente. Crédito: Divulgação.  Foto: Estadão

SAIBA MAIS - Em dois anos, o Programa Pulsar qualificou aproximadamente 100 profissionais, com aprovação pela Lei Federal de Incentivo ao Esporte.

Tudo começou com um intercâmbio educacional entre Brasil e Alemanha, parceria entre as cidades do Rio de Janeiro e de Colônia, em 2016 e 2017. No ano seguinte houve uma atualização do programa, que resultou no formato atual.

O Instituto Superar colabora com expertise na área da inclusão e na formação de professores no Brasil. A Câmara Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro foi a idealizadora do projeto. A Deutsche Sporthochschule Köln, instituição de renome na área da inclusão e na formação de professores na Alemanha, chancela o curso. A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) recebeu a primeira turma e o Museu de Arte do Rio (MAR) abriga as aulas da turma atual.

O projeto tem patrocínio de Equinor, Instituto Lojas Renner, Machado Meyer, Localiza e Thyssenkrupp.

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"O Brasil é o país da diversidade, sabotada por preconceito e discriminação", afirma a psicóloga Carina Alves, presidente do Instituto Superar, um dos organizadores do Programa Pulsar, que está na quarta edição. São cursos teóricos e práticos para formação de profissionais que buscam uma atuação inclusiva nas áreas de educação, esporte e saúde.

"O povo brasileiro é uma fusão, mescla e miscigenação, mas vivemos tempos da cultura que inviabiliza a diversidade", ressalta Carina.

Os cursos são 100% presenciais, têm duração de dois meses, com aulas sobre educação inclusiva, acessibilidade, paradesporto, inclusão, diversidade, legislação para pessoas com deficiência, saúde e bem-estar. É voltado para profissionais de educação, psicologia, fisioterapia, pedagogia, nutrição e enfermagem.

Nesta quarta edição foram incluídas aulas sobre acessibilidade em espaços culturais e tradução das aulas em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Há a previsão novas turmas para 2020, ainda sem data confirmada.

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Carina Alves - A ideia do curso surgiu justamente pela lacuna que existe na formação de profissionais sobre a questão da diversidade, sobretudo da deficiência. Nas diversas áreas que dialogo, percebo a falta de conhecimento e informação sobre o universo da inclusão, seja no esporte, na cultura, na educação, na saúde, enfim, são inúmeras as formações que ainda hoje, em 2019, não debatem a temática em questão. Vivemos tempos da cultura que inviabiliza a diversidade.

#blogVencerLimites - Qual é o nível de conhecimento sobre acessibilidade e inclusão, sobre pessoas com deficiência em geral, entre profissionais de educação, educação física, psicologia, fisioterapia, pedagogia, nutrição e enfermagem?

Carina Alves - A minha visão desde a primeira versão do curso, em 2016, é que o nível é baixo, há de fato pouquíssima informação, por isso o curso tem tanta adesão e não tem evasão. Os alunos e alunas realmente têm engajamento nas aulas, se envolvem com os conteúdos disponibilizados e interagem com robustez nas oficinas práticas que oportunizamos.

Ressalto que o corpo discente sabe que as pessoas com deficiência existem, mas não sabem como lidar, não sabem sobre a legislação vigente, sobre a terminologia correta, então a formação para inclusão se torna necessária a partir desses desencontros do cotidiano. Não podemos mais viver como se isso fosse algo banal, invisível. É tempo de despertar, de ter responsabilidade.

#blogVencerLimites - Qual é a sua avaliação sobre o respeito à diversidade no Brasil?

Carina Alves - Eu penso que temos muito a avançar, mas também não estamos parados. Tem um movimento social que se empodera e se fortalece em relação à diversidade e, cada vez mais, se faz urgente.

O Brasil é o país da diversidade, talvez não tenha isso tão claro e se sabota com o preconceito e a discriminação, mas a autenticidade do povo brasileiro é uma realidade de fusão, de mescla, de miscigenação. Não dá para vivermos na cultura eurocêntrica para entendermos diversidade. É preciso ter clareza de quem é o povo brasileiro e que a diversidade corre em nossas veias.

#blogVencerLimites - Quando falamos sobre diversidade, as pessoas com deficiência estão realmente incluídas nesse cenário?

Carina Alves - Quando falamos sim, mas quando vamos para a prática, nem tanto. A diversidade inclui a pessoa com deficiência no discurso, o que precisa é que isso aconteça na execução. Precisamos de ações, de políticas públicas, de vontade para incluir.

É necessário e urgente pensar a acessibilidade. Existem vários tipos de acessibilidade e falo sempre que a mais importante, na minha opinião, é a acessibilidade atitudinal, ou seja, é a atitude das pessoas em relação à pessoa com deficiência.

Penso que não somente a pessoa com deficiência, mas a grávida, o idoso, o obeso, enfim, pessoas com mobilidade reduzida também precisam de acesso para ir e vir.

Quando imagino um cadeirante precisando de uma rampa ou uma calçada para se locomover, também penso na grávida, ou na mãe com carrinho de bebê, penso no cego que precisa de um cardápio em braile para pedir um prato no restaurante, na criança com deficiência intelectual que necessita de recursos na sala de aula, e por aí vai.

O universo da diversidade é, de fato, extenso e precisa ser pensado, sem deixar de lado as questões de gênero, raça e religião. A diversidade é multiplicidade, é pluralidade, é para todos e todas.

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Carina Alves - As políticas públicas de acessibilidade. Não adianta ter uma vasta legislação e não conseguirmos colocá-las em prática, nem mesmo ações que inviabilizam a realidade da pessoa com deficiência. Pensar a pluralidade não é fácil, é um desafio e precisa ser pensada de maneira responsável. Temos políticas importantes, temos avanços, o que não dá é para retroceder. A educação carece, o esporte, a sociedade clama por políticas públicas sérias.

Eu não sou uma pessoa com deficiência, mas tenho muitas pessoas em minha família, muitos amigos e o meu trabalho é totalmente voltado para essa causa. São mais de 20 anos nessa luta e, se eu pudesse, mudaria tudo que existe hoje em termos de legislação e desenvolveria novas políticas de acesso e inclusão. Não posso dizer que uma é mais urgente que a outra, mas a educação precisa ser repensada, com certeza.

Descrição da imagem #pracegover: Alunos do Programa Pulsar estão em uma sala de aula, todos em pé, com duplas frente à frente. Crédito: Divulgação.  Foto: Estadão

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Tudo começou com um intercâmbio educacional entre Brasil e Alemanha, parceria entre as cidades do Rio de Janeiro e de Colônia, em 2016 e 2017. No ano seguinte houve uma atualização do programa, que resultou no formato atual.

O Instituto Superar colabora com expertise na área da inclusão e na formação de professores no Brasil. A Câmara Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro foi a idealizadora do projeto. A Deutsche Sporthochschule Köln, instituição de renome na área da inclusão e na formação de professores na Alemanha, chancela o curso. A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) recebeu a primeira turma e o Museu de Arte do Rio (MAR) abriga as aulas da turma atual.

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