Violência não afeta votação, diz corte eleitoral de Santa Cruz


Segundo órgão, referendo ocorria normalmente em 97% dos locais de votação.

Por Marcia Carmo

Apesar dos violentos confrontos registrados, neste domingo, em pelo menos três localidades do Departamento (Estado) de Santa Cruz, entre os que apóiam e rejeitam a autonomia departamental, a Corte Departamental Eleitoral (CDE) afirmou que somente 3% dos pontos de votação para o referendo sobre a autonomia foram afetados. O balanço foi feito quando a votação ainda não tinha sido concluída. A previsão é de que a votação terminará às 18h (19h em Brasília). "Podemos dizer que a eleição funciona normalmente e é um sucesso", disse David Antelo, da CDE. No centro de Santa Cruz de la Sierra, capital do Departamento, a polícia foi chamada várias vezes para evitar confrontos mais graves entre os que gritavam "autonomia" e os que respondiam com "fora". Na cidade de Yapacani, a cerca de 150 quilômetros de Santa Cruz de la Sierra, a eleição foi suspensa depois que diferentes grupos entraram nos locais de votação e roubaram as urnas para que fossem destruídas em fogueiras improvisadas. Ali, alguns dos que reagiram apanharam dos demais diante das câmeras de televisão. Na localidade de Montero, a 80 quilômetros do centro da capital departamental, multidões a favor e contra o referendo se agrediram com paus, pedras e explosivos. Alguns foram linchados nas ruas e hospitalizados em estado grave. Os números totais ainda não tinham sido divulgados. Paus e estilingues No chamado Plano 3000, um bairro com quase 300 mil habitantes, que está a meia hora do centro da capital, moradores usaram paus e estilingues para combater os que queriam votar no referendo. A correria foi intensa e pontos de votação foram fechados. Ali, mais de trezentos policiais ocupavam as ruas, mas com a ordem de intervir apenas em situações "extremas". O Plano 3000 reúne, principalmente, moradores que chegaram de outros Departamentos, como Cochabamba e Oruro. Com um estilingue no pescoço, o artesão Mario Huaniquina, de 33 anos, que nasceu em Oruro, disse por que não votaria e tentava impedir que outros votassem: "Não nos consultaram para redigir este estatuto que está sendo votado hoje. Nós também temos direito a opinar e a decidir. E votar, mesmo pelo não, é dar legalidade a uma coisa falsa". O soldador Alfredo Blanco, de 35 anos, também afirmou que não votava porque não considerava uma votação "legítima". "Sou filho de colla (indígenas da região do Altiplano) e por isso sou humilhado aqui em Santa Cruz, onde existem salários e oportunidades para os ricos e para nós, os mais pobres, sobra o resto", disse. No megafone, uma líder comunitária dizia: "Aqui a direita não vai passar". Ao mesmo tempo, eram queimadas urnas na praça principal chamada "La Rotonda". Diálogo com Morales Nas diferentes localidades que repudiam a votação eram queimadas em fogueiras urnas e fotos do presidente do Comitê Pro-Santa Cruz, Branko Marinkovic, um dos principais líderes de defesa da autonomia. "Atos de violência não deveriam corresponder a um processo democrático legítimo como este", disse Marinkovic à BBC Brasil. Ele afirmou que não haverá diálogo com o presidente Evo Morales enquanto não terminar o processo de votação dos referendos que em junho serão realizados também pelos Departamentos de Beni, Pando e Tarija. "Nosso objetivo é chegar a uma autonomia real para assim podermos distribuir melhor os recursos que seriam fiscalizados de perto pelos eleitores. O federalismo é um sistema bom, como ocorre com Brasil e Argentina, os mais desenvolvidos da região. Mas poderíamos olhar para o modelo (de autonomias) da Espanha e Bélgica." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Apesar dos violentos confrontos registrados, neste domingo, em pelo menos três localidades do Departamento (Estado) de Santa Cruz, entre os que apóiam e rejeitam a autonomia departamental, a Corte Departamental Eleitoral (CDE) afirmou que somente 3% dos pontos de votação para o referendo sobre a autonomia foram afetados. O balanço foi feito quando a votação ainda não tinha sido concluída. A previsão é de que a votação terminará às 18h (19h em Brasília). "Podemos dizer que a eleição funciona normalmente e é um sucesso", disse David Antelo, da CDE. No centro de Santa Cruz de la Sierra, capital do Departamento, a polícia foi chamada várias vezes para evitar confrontos mais graves entre os que gritavam "autonomia" e os que respondiam com "fora". Na cidade de Yapacani, a cerca de 150 quilômetros de Santa Cruz de la Sierra, a eleição foi suspensa depois que diferentes grupos entraram nos locais de votação e roubaram as urnas para que fossem destruídas em fogueiras improvisadas. Ali, alguns dos que reagiram apanharam dos demais diante das câmeras de televisão. Na localidade de Montero, a 80 quilômetros do centro da capital departamental, multidões a favor e contra o referendo se agrediram com paus, pedras e explosivos. Alguns foram linchados nas ruas e hospitalizados em estado grave. Os números totais ainda não tinham sido divulgados. Paus e estilingues No chamado Plano 3000, um bairro com quase 300 mil habitantes, que está a meia hora do centro da capital, moradores usaram paus e estilingues para combater os que queriam votar no referendo. A correria foi intensa e pontos de votação foram fechados. Ali, mais de trezentos policiais ocupavam as ruas, mas com a ordem de intervir apenas em situações "extremas". O Plano 3000 reúne, principalmente, moradores que chegaram de outros Departamentos, como Cochabamba e Oruro. Com um estilingue no pescoço, o artesão Mario Huaniquina, de 33 anos, que nasceu em Oruro, disse por que não votaria e tentava impedir que outros votassem: "Não nos consultaram para redigir este estatuto que está sendo votado hoje. Nós também temos direito a opinar e a decidir. E votar, mesmo pelo não, é dar legalidade a uma coisa falsa". O soldador Alfredo Blanco, de 35 anos, também afirmou que não votava porque não considerava uma votação "legítima". "Sou filho de colla (indígenas da região do Altiplano) e por isso sou humilhado aqui em Santa Cruz, onde existem salários e oportunidades para os ricos e para nós, os mais pobres, sobra o resto", disse. No megafone, uma líder comunitária dizia: "Aqui a direita não vai passar". Ao mesmo tempo, eram queimadas urnas na praça principal chamada "La Rotonda". Diálogo com Morales Nas diferentes localidades que repudiam a votação eram queimadas em fogueiras urnas e fotos do presidente do Comitê Pro-Santa Cruz, Branko Marinkovic, um dos principais líderes de defesa da autonomia. "Atos de violência não deveriam corresponder a um processo democrático legítimo como este", disse Marinkovic à BBC Brasil. Ele afirmou que não haverá diálogo com o presidente Evo Morales enquanto não terminar o processo de votação dos referendos que em junho serão realizados também pelos Departamentos de Beni, Pando e Tarija. "Nosso objetivo é chegar a uma autonomia real para assim podermos distribuir melhor os recursos que seriam fiscalizados de perto pelos eleitores. O federalismo é um sistema bom, como ocorre com Brasil e Argentina, os mais desenvolvidos da região. Mas poderíamos olhar para o modelo (de autonomias) da Espanha e Bélgica." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Apesar dos violentos confrontos registrados, neste domingo, em pelo menos três localidades do Departamento (Estado) de Santa Cruz, entre os que apóiam e rejeitam a autonomia departamental, a Corte Departamental Eleitoral (CDE) afirmou que somente 3% dos pontos de votação para o referendo sobre a autonomia foram afetados. O balanço foi feito quando a votação ainda não tinha sido concluída. A previsão é de que a votação terminará às 18h (19h em Brasília). "Podemos dizer que a eleição funciona normalmente e é um sucesso", disse David Antelo, da CDE. No centro de Santa Cruz de la Sierra, capital do Departamento, a polícia foi chamada várias vezes para evitar confrontos mais graves entre os que gritavam "autonomia" e os que respondiam com "fora". Na cidade de Yapacani, a cerca de 150 quilômetros de Santa Cruz de la Sierra, a eleição foi suspensa depois que diferentes grupos entraram nos locais de votação e roubaram as urnas para que fossem destruídas em fogueiras improvisadas. Ali, alguns dos que reagiram apanharam dos demais diante das câmeras de televisão. Na localidade de Montero, a 80 quilômetros do centro da capital departamental, multidões a favor e contra o referendo se agrediram com paus, pedras e explosivos. Alguns foram linchados nas ruas e hospitalizados em estado grave. Os números totais ainda não tinham sido divulgados. Paus e estilingues No chamado Plano 3000, um bairro com quase 300 mil habitantes, que está a meia hora do centro da capital, moradores usaram paus e estilingues para combater os que queriam votar no referendo. A correria foi intensa e pontos de votação foram fechados. Ali, mais de trezentos policiais ocupavam as ruas, mas com a ordem de intervir apenas em situações "extremas". O Plano 3000 reúne, principalmente, moradores que chegaram de outros Departamentos, como Cochabamba e Oruro. Com um estilingue no pescoço, o artesão Mario Huaniquina, de 33 anos, que nasceu em Oruro, disse por que não votaria e tentava impedir que outros votassem: "Não nos consultaram para redigir este estatuto que está sendo votado hoje. Nós também temos direito a opinar e a decidir. E votar, mesmo pelo não, é dar legalidade a uma coisa falsa". O soldador Alfredo Blanco, de 35 anos, também afirmou que não votava porque não considerava uma votação "legítima". "Sou filho de colla (indígenas da região do Altiplano) e por isso sou humilhado aqui em Santa Cruz, onde existem salários e oportunidades para os ricos e para nós, os mais pobres, sobra o resto", disse. No megafone, uma líder comunitária dizia: "Aqui a direita não vai passar". Ao mesmo tempo, eram queimadas urnas na praça principal chamada "La Rotonda". Diálogo com Morales Nas diferentes localidades que repudiam a votação eram queimadas em fogueiras urnas e fotos do presidente do Comitê Pro-Santa Cruz, Branko Marinkovic, um dos principais líderes de defesa da autonomia. "Atos de violência não deveriam corresponder a um processo democrático legítimo como este", disse Marinkovic à BBC Brasil. Ele afirmou que não haverá diálogo com o presidente Evo Morales enquanto não terminar o processo de votação dos referendos que em junho serão realizados também pelos Departamentos de Beni, Pando e Tarija. "Nosso objetivo é chegar a uma autonomia real para assim podermos distribuir melhor os recursos que seriam fiscalizados de perto pelos eleitores. O federalismo é um sistema bom, como ocorre com Brasil e Argentina, os mais desenvolvidos da região. Mas poderíamos olhar para o modelo (de autonomias) da Espanha e Bélgica." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Apesar dos violentos confrontos registrados, neste domingo, em pelo menos três localidades do Departamento (Estado) de Santa Cruz, entre os que apóiam e rejeitam a autonomia departamental, a Corte Departamental Eleitoral (CDE) afirmou que somente 3% dos pontos de votação para o referendo sobre a autonomia foram afetados. O balanço foi feito quando a votação ainda não tinha sido concluída. A previsão é de que a votação terminará às 18h (19h em Brasília). "Podemos dizer que a eleição funciona normalmente e é um sucesso", disse David Antelo, da CDE. No centro de Santa Cruz de la Sierra, capital do Departamento, a polícia foi chamada várias vezes para evitar confrontos mais graves entre os que gritavam "autonomia" e os que respondiam com "fora". Na cidade de Yapacani, a cerca de 150 quilômetros de Santa Cruz de la Sierra, a eleição foi suspensa depois que diferentes grupos entraram nos locais de votação e roubaram as urnas para que fossem destruídas em fogueiras improvisadas. Ali, alguns dos que reagiram apanharam dos demais diante das câmeras de televisão. Na localidade de Montero, a 80 quilômetros do centro da capital departamental, multidões a favor e contra o referendo se agrediram com paus, pedras e explosivos. Alguns foram linchados nas ruas e hospitalizados em estado grave. Os números totais ainda não tinham sido divulgados. Paus e estilingues No chamado Plano 3000, um bairro com quase 300 mil habitantes, que está a meia hora do centro da capital, moradores usaram paus e estilingues para combater os que queriam votar no referendo. A correria foi intensa e pontos de votação foram fechados. Ali, mais de trezentos policiais ocupavam as ruas, mas com a ordem de intervir apenas em situações "extremas". O Plano 3000 reúne, principalmente, moradores que chegaram de outros Departamentos, como Cochabamba e Oruro. Com um estilingue no pescoço, o artesão Mario Huaniquina, de 33 anos, que nasceu em Oruro, disse por que não votaria e tentava impedir que outros votassem: "Não nos consultaram para redigir este estatuto que está sendo votado hoje. Nós também temos direito a opinar e a decidir. E votar, mesmo pelo não, é dar legalidade a uma coisa falsa". O soldador Alfredo Blanco, de 35 anos, também afirmou que não votava porque não considerava uma votação "legítima". "Sou filho de colla (indígenas da região do Altiplano) e por isso sou humilhado aqui em Santa Cruz, onde existem salários e oportunidades para os ricos e para nós, os mais pobres, sobra o resto", disse. No megafone, uma líder comunitária dizia: "Aqui a direita não vai passar". Ao mesmo tempo, eram queimadas urnas na praça principal chamada "La Rotonda". Diálogo com Morales Nas diferentes localidades que repudiam a votação eram queimadas em fogueiras urnas e fotos do presidente do Comitê Pro-Santa Cruz, Branko Marinkovic, um dos principais líderes de defesa da autonomia. "Atos de violência não deveriam corresponder a um processo democrático legítimo como este", disse Marinkovic à BBC Brasil. Ele afirmou que não haverá diálogo com o presidente Evo Morales enquanto não terminar o processo de votação dos referendos que em junho serão realizados também pelos Departamentos de Beni, Pando e Tarija. "Nosso objetivo é chegar a uma autonomia real para assim podermos distribuir melhor os recursos que seriam fiscalizados de perto pelos eleitores. O federalismo é um sistema bom, como ocorre com Brasil e Argentina, os mais desenvolvidos da região. Mas poderíamos olhar para o modelo (de autonomias) da Espanha e Bélgica." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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