América Latina oferece ladainha de problemas para o papa Francisco


Por HILARY BURKE E PAULO PRADA

Como arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio se enfurnava em comunidades carentes para colocar a Igreja Católica na linha de frente das suas lutas sociais, econômicas a espirituais. Nas vastas favelas que cercam a capital argentina, parte de uma área metropolitana de 13 milhões de habitantes, o homem que se tornou na quarta-feira o primeiro papa latino-americano às vezes celebrava uma missa. O mais importante é que ele mobilizava padres, freiras e outros para ministrar aos pobres, aos doentes, aos sem formação. O objetivo disso era trazer a Igreja Católica para mais perto dos seus seguidores, e também proteger sua influência ao desacelerar o avanço de igrejas evangélicas e outras denominações protestantes que se espalham rapidamente pela América Latina. Esses esforços, dizem subordinados, refletem a crença de Bergoglio de que a caridade e a compaixão estão no centro dos ensinamentos de uma Igreja que mais recentemente passou tanto tempo resolvendo escândalos e perdendo paroquianos quanto evangelizando e focando na fé. "Ele quer que saiamos dos conventos e igrejas para a rua", diz a freira Rosita Blanco, de 90 anos, no convento onde o próprio Bergoglio fez a primeira comunhão e o jardim da infância. "Ele quer que escutemos o povo." Foi lá, na rua, que o papa Francisco, como agora é chamado, viu de perto os crescentes desafios que têm abalado o outrora firme domínio do catolicismo sobre a vida espiritual da América Latina - junto a fiéis que se sentem em descompasso com os rituais e a doutrina da Igreja. "Este é um líder, como muitos da Igreja na América Latina, que testemunhou pessoalmente a pobreza, a rápida urbanização e as traumáticas mudanças nos destinos políticos e econômicos", disse o historiador Kenneth Serbin, da Universidade de San Diego, um especialista em religião latino-americana. "Ele sabe que um apelo ao básico pode ser a melhor forma de ajudar a Igreja na região, e também mundo afora." Embora a América Latina ainda seja a região com mais católicos no mundo, o percentual de latino-americanos que se declaram católicos caiu de cerca de 90 por cento em 1910 para 72 por cento em 2010, segundo o Fórum Pew para a Religião e a Vida Pública. E a tendência parece estar se acelerando. No Brasil, maior país católico do mundo, o número de pessoas que se declaram seguidoras dessa religião caiu de 74 por cento em 2000 para 65 por cento em 2010, segundo dados do governo. No mesmo período, o percentual de mexicanos católicos caiu de 88 para 83 por cento. A crescente insatisfação com o catolicismo na América Latina resulta em parte dos mesmos problemas que assolam a Igreja em outros continentes - escândalos relativos a abusos sexuais, acusações de corrupção e a inflexibilidade dos ensinamentos católicos a respeito de controle da natalidade, sexualidade e aborto. ROMPIMENTO COM O PASSADO Mas a tendência também tem muito a ver com as mudanças demográficas de uma região cada vez mais próspera e urbana, onde muitos se sentem alheios a uma religião arraigada num passado pobre e rural, quando a Igreja era uma das poucas instituições que funcionavam. De fato, assim como na Europa a Igreja se difundiu na Idade Média por meio dos feudos, na América Latina o catolicismo cresceu por causa dos seus vínculos com latifundiários e do seu apoio a uma entranhada estrutura de poder. "Houve um rompimento com um passado não tão distante, quando a Igreja se difundia por causa do seu vínculo com a elite rural", disse Fernando Altemeyer, professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. "À medida que as sociedades aqui se distanciam dessa estrutura, a Igreja não soube como se reorganizar em resposta." Os latino-americanos, como as pessoas de outros lugares, estão agora sintonizados em uma cultura global em rápida evolução, tão moldada pela Internet e a tecnologia quanto pela geografia. "É muito mais difícil transmitir um conjunto de crenças agora do que há uma geração", diz a socióloga Silvia Fernandes, autora de um estudo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro sobre o crescimento das igrejas evangélicas. "Isso é verdade para a política e os agrupamentos sociais, e é cada vez mais verdade para a religião." (Reportagem adicional de Guido Nejamkis)

Como arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio se enfurnava em comunidades carentes para colocar a Igreja Católica na linha de frente das suas lutas sociais, econômicas a espirituais. Nas vastas favelas que cercam a capital argentina, parte de uma área metropolitana de 13 milhões de habitantes, o homem que se tornou na quarta-feira o primeiro papa latino-americano às vezes celebrava uma missa. O mais importante é que ele mobilizava padres, freiras e outros para ministrar aos pobres, aos doentes, aos sem formação. O objetivo disso era trazer a Igreja Católica para mais perto dos seus seguidores, e também proteger sua influência ao desacelerar o avanço de igrejas evangélicas e outras denominações protestantes que se espalham rapidamente pela América Latina. Esses esforços, dizem subordinados, refletem a crença de Bergoglio de que a caridade e a compaixão estão no centro dos ensinamentos de uma Igreja que mais recentemente passou tanto tempo resolvendo escândalos e perdendo paroquianos quanto evangelizando e focando na fé. "Ele quer que saiamos dos conventos e igrejas para a rua", diz a freira Rosita Blanco, de 90 anos, no convento onde o próprio Bergoglio fez a primeira comunhão e o jardim da infância. "Ele quer que escutemos o povo." Foi lá, na rua, que o papa Francisco, como agora é chamado, viu de perto os crescentes desafios que têm abalado o outrora firme domínio do catolicismo sobre a vida espiritual da América Latina - junto a fiéis que se sentem em descompasso com os rituais e a doutrina da Igreja. "Este é um líder, como muitos da Igreja na América Latina, que testemunhou pessoalmente a pobreza, a rápida urbanização e as traumáticas mudanças nos destinos políticos e econômicos", disse o historiador Kenneth Serbin, da Universidade de San Diego, um especialista em religião latino-americana. "Ele sabe que um apelo ao básico pode ser a melhor forma de ajudar a Igreja na região, e também mundo afora." Embora a América Latina ainda seja a região com mais católicos no mundo, o percentual de latino-americanos que se declaram católicos caiu de cerca de 90 por cento em 1910 para 72 por cento em 2010, segundo o Fórum Pew para a Religião e a Vida Pública. E a tendência parece estar se acelerando. No Brasil, maior país católico do mundo, o número de pessoas que se declaram seguidoras dessa religião caiu de 74 por cento em 2000 para 65 por cento em 2010, segundo dados do governo. No mesmo período, o percentual de mexicanos católicos caiu de 88 para 83 por cento. A crescente insatisfação com o catolicismo na América Latina resulta em parte dos mesmos problemas que assolam a Igreja em outros continentes - escândalos relativos a abusos sexuais, acusações de corrupção e a inflexibilidade dos ensinamentos católicos a respeito de controle da natalidade, sexualidade e aborto. ROMPIMENTO COM O PASSADO Mas a tendência também tem muito a ver com as mudanças demográficas de uma região cada vez mais próspera e urbana, onde muitos se sentem alheios a uma religião arraigada num passado pobre e rural, quando a Igreja era uma das poucas instituições que funcionavam. De fato, assim como na Europa a Igreja se difundiu na Idade Média por meio dos feudos, na América Latina o catolicismo cresceu por causa dos seus vínculos com latifundiários e do seu apoio a uma entranhada estrutura de poder. "Houve um rompimento com um passado não tão distante, quando a Igreja se difundia por causa do seu vínculo com a elite rural", disse Fernando Altemeyer, professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. "À medida que as sociedades aqui se distanciam dessa estrutura, a Igreja não soube como se reorganizar em resposta." Os latino-americanos, como as pessoas de outros lugares, estão agora sintonizados em uma cultura global em rápida evolução, tão moldada pela Internet e a tecnologia quanto pela geografia. "É muito mais difícil transmitir um conjunto de crenças agora do que há uma geração", diz a socióloga Silvia Fernandes, autora de um estudo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro sobre o crescimento das igrejas evangélicas. "Isso é verdade para a política e os agrupamentos sociais, e é cada vez mais verdade para a religião." (Reportagem adicional de Guido Nejamkis)

Como arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio se enfurnava em comunidades carentes para colocar a Igreja Católica na linha de frente das suas lutas sociais, econômicas a espirituais. Nas vastas favelas que cercam a capital argentina, parte de uma área metropolitana de 13 milhões de habitantes, o homem que se tornou na quarta-feira o primeiro papa latino-americano às vezes celebrava uma missa. O mais importante é que ele mobilizava padres, freiras e outros para ministrar aos pobres, aos doentes, aos sem formação. O objetivo disso era trazer a Igreja Católica para mais perto dos seus seguidores, e também proteger sua influência ao desacelerar o avanço de igrejas evangélicas e outras denominações protestantes que se espalham rapidamente pela América Latina. Esses esforços, dizem subordinados, refletem a crença de Bergoglio de que a caridade e a compaixão estão no centro dos ensinamentos de uma Igreja que mais recentemente passou tanto tempo resolvendo escândalos e perdendo paroquianos quanto evangelizando e focando na fé. "Ele quer que saiamos dos conventos e igrejas para a rua", diz a freira Rosita Blanco, de 90 anos, no convento onde o próprio Bergoglio fez a primeira comunhão e o jardim da infância. "Ele quer que escutemos o povo." Foi lá, na rua, que o papa Francisco, como agora é chamado, viu de perto os crescentes desafios que têm abalado o outrora firme domínio do catolicismo sobre a vida espiritual da América Latina - junto a fiéis que se sentem em descompasso com os rituais e a doutrina da Igreja. "Este é um líder, como muitos da Igreja na América Latina, que testemunhou pessoalmente a pobreza, a rápida urbanização e as traumáticas mudanças nos destinos políticos e econômicos", disse o historiador Kenneth Serbin, da Universidade de San Diego, um especialista em religião latino-americana. "Ele sabe que um apelo ao básico pode ser a melhor forma de ajudar a Igreja na região, e também mundo afora." Embora a América Latina ainda seja a região com mais católicos no mundo, o percentual de latino-americanos que se declaram católicos caiu de cerca de 90 por cento em 1910 para 72 por cento em 2010, segundo o Fórum Pew para a Religião e a Vida Pública. E a tendência parece estar se acelerando. No Brasil, maior país católico do mundo, o número de pessoas que se declaram seguidoras dessa religião caiu de 74 por cento em 2000 para 65 por cento em 2010, segundo dados do governo. No mesmo período, o percentual de mexicanos católicos caiu de 88 para 83 por cento. A crescente insatisfação com o catolicismo na América Latina resulta em parte dos mesmos problemas que assolam a Igreja em outros continentes - escândalos relativos a abusos sexuais, acusações de corrupção e a inflexibilidade dos ensinamentos católicos a respeito de controle da natalidade, sexualidade e aborto. ROMPIMENTO COM O PASSADO Mas a tendência também tem muito a ver com as mudanças demográficas de uma região cada vez mais próspera e urbana, onde muitos se sentem alheios a uma religião arraigada num passado pobre e rural, quando a Igreja era uma das poucas instituições que funcionavam. De fato, assim como na Europa a Igreja se difundiu na Idade Média por meio dos feudos, na América Latina o catolicismo cresceu por causa dos seus vínculos com latifundiários e do seu apoio a uma entranhada estrutura de poder. "Houve um rompimento com um passado não tão distante, quando a Igreja se difundia por causa do seu vínculo com a elite rural", disse Fernando Altemeyer, professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. "À medida que as sociedades aqui se distanciam dessa estrutura, a Igreja não soube como se reorganizar em resposta." Os latino-americanos, como as pessoas de outros lugares, estão agora sintonizados em uma cultura global em rápida evolução, tão moldada pela Internet e a tecnologia quanto pela geografia. "É muito mais difícil transmitir um conjunto de crenças agora do que há uma geração", diz a socióloga Silvia Fernandes, autora de um estudo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro sobre o crescimento das igrejas evangélicas. "Isso é verdade para a política e os agrupamentos sociais, e é cada vez mais verdade para a religião." (Reportagem adicional de Guido Nejamkis)

Como arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio se enfurnava em comunidades carentes para colocar a Igreja Católica na linha de frente das suas lutas sociais, econômicas a espirituais. Nas vastas favelas que cercam a capital argentina, parte de uma área metropolitana de 13 milhões de habitantes, o homem que se tornou na quarta-feira o primeiro papa latino-americano às vezes celebrava uma missa. O mais importante é que ele mobilizava padres, freiras e outros para ministrar aos pobres, aos doentes, aos sem formação. O objetivo disso era trazer a Igreja Católica para mais perto dos seus seguidores, e também proteger sua influência ao desacelerar o avanço de igrejas evangélicas e outras denominações protestantes que se espalham rapidamente pela América Latina. Esses esforços, dizem subordinados, refletem a crença de Bergoglio de que a caridade e a compaixão estão no centro dos ensinamentos de uma Igreja que mais recentemente passou tanto tempo resolvendo escândalos e perdendo paroquianos quanto evangelizando e focando na fé. "Ele quer que saiamos dos conventos e igrejas para a rua", diz a freira Rosita Blanco, de 90 anos, no convento onde o próprio Bergoglio fez a primeira comunhão e o jardim da infância. "Ele quer que escutemos o povo." Foi lá, na rua, que o papa Francisco, como agora é chamado, viu de perto os crescentes desafios que têm abalado o outrora firme domínio do catolicismo sobre a vida espiritual da América Latina - junto a fiéis que se sentem em descompasso com os rituais e a doutrina da Igreja. "Este é um líder, como muitos da Igreja na América Latina, que testemunhou pessoalmente a pobreza, a rápida urbanização e as traumáticas mudanças nos destinos políticos e econômicos", disse o historiador Kenneth Serbin, da Universidade de San Diego, um especialista em religião latino-americana. "Ele sabe que um apelo ao básico pode ser a melhor forma de ajudar a Igreja na região, e também mundo afora." Embora a América Latina ainda seja a região com mais católicos no mundo, o percentual de latino-americanos que se declaram católicos caiu de cerca de 90 por cento em 1910 para 72 por cento em 2010, segundo o Fórum Pew para a Religião e a Vida Pública. E a tendência parece estar se acelerando. No Brasil, maior país católico do mundo, o número de pessoas que se declaram seguidoras dessa religião caiu de 74 por cento em 2000 para 65 por cento em 2010, segundo dados do governo. No mesmo período, o percentual de mexicanos católicos caiu de 88 para 83 por cento. A crescente insatisfação com o catolicismo na América Latina resulta em parte dos mesmos problemas que assolam a Igreja em outros continentes - escândalos relativos a abusos sexuais, acusações de corrupção e a inflexibilidade dos ensinamentos católicos a respeito de controle da natalidade, sexualidade e aborto. ROMPIMENTO COM O PASSADO Mas a tendência também tem muito a ver com as mudanças demográficas de uma região cada vez mais próspera e urbana, onde muitos se sentem alheios a uma religião arraigada num passado pobre e rural, quando a Igreja era uma das poucas instituições que funcionavam. De fato, assim como na Europa a Igreja se difundiu na Idade Média por meio dos feudos, na América Latina o catolicismo cresceu por causa dos seus vínculos com latifundiários e do seu apoio a uma entranhada estrutura de poder. "Houve um rompimento com um passado não tão distante, quando a Igreja se difundia por causa do seu vínculo com a elite rural", disse Fernando Altemeyer, professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. "À medida que as sociedades aqui se distanciam dessa estrutura, a Igreja não soube como se reorganizar em resposta." Os latino-americanos, como as pessoas de outros lugares, estão agora sintonizados em uma cultura global em rápida evolução, tão moldada pela Internet e a tecnologia quanto pela geografia. "É muito mais difícil transmitir um conjunto de crenças agora do que há uma geração", diz a socióloga Silvia Fernandes, autora de um estudo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro sobre o crescimento das igrejas evangélicas. "Isso é verdade para a política e os agrupamentos sociais, e é cada vez mais verdade para a religião." (Reportagem adicional de Guido Nejamkis)

Tudo Sobre

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.