População busca fósseis de dinossauros em Nova Jersey


Adultos e crianças escavam fosso que pode conter revelações únicas sobre a extinção em massa que eliminou os dinossauros

Por Kenneth Chang
Esperança é ensinar aos jovens como decifrar os mistérios do mundo Foto: Christian Hansen/The New York Times

NOVA JERSEY - Atrás de uma loja Lowe's, em Nova Jersey, os cientistas raspam e peneiram metodicamente um fosso que pode conter revelações únicas sobre a extinção em massa que eliminou os dinossauros.

Naquela época, cerca de 66 milhões anos atrás, os oceanos eram mais elevados e essa parte do sul de Nova Jersey era um mar raso, localizado a cerca de 20 km das montanhas que se ergueram da água. Esse fosso em uma pedreira já foi um dia o fundo do mar e uma determinada camada, a aproximadamente 12 metros abaixo da superfície, contém uma grande variedade de fósseis.

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Kenneth J. Lacovara, professor de Paleontologia e Geologia na Universidade de Rowan, chama essa camada de "agrupamento de morte em massa". Ele acredita que pode ser a única coleção conhecida de restos de animais que remonta à extinção.

Por enquanto, essa é só uma hipótese, que será difícil provar. Lacovara e a universidade, que deve concluir a compra da pedreira este mês, enviaram estudantes de pós-graduação para catalogar meticulosamente os fósseis da época da extinção.

Mas eles não são os únicos caçadores de fósseis aqui.

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Uma vez por ano, nos últimos quatro anos, a pedreira foi aberta ao público, e os paleontólogos vieram em massa - cerca de 1.500 para o mais recente evento de comunidade em outubro passado.

"Encontrei um monte de pedras. Agora vamos lavá-las e torcer para que algumas sejam fósseis", disse Alexandra Hopper de Mantua, uma das participantes. Os escavadores ficam com os fósseis que encontram e há muitos deles para todos. As criaturas do fosso eram, em sua maioria, mariscos e ostras, mas há também fósseis de animais como crocodilos e tartarugas marinhas, além do Mosassauro ocasional, um lagarto aquático feroz, com dois dentes longos no fundo da garganta, para garantir que nenhuma presa engolida conseguisse escapar.

Conheça as 21 espécies de dinossauros do Brasil

1 | 8

Brasilotitan nemophagus

Foto: RODOLFO NOGUEIRA
2 | 8

Saturnalia tupiniqim

Foto: RODOLGO NOGUEIRA
3 | 8

Angaturama limai

Foto: RODOLFO NOGUEIRA
4 | 8

Mirischia asymmetrica

Foto: Rodolfo Nogueira
5 | 8

Amazonsaurus maranhensis

Foto: Rodolfo Nogueira
6 | 8

Oxalaya quilombensis

Foto: Rodolfo Nogueira
7 | 8

Gondwanatitan faustoi

Foto: Vasika Udurawane
8 | 8

Baurutitan britoi

Foto: Felipe Alves Elias
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Os fósseis estão sendo encontrados em todo o sedimento que preenche o poço, mas o agrupamento ocupa uma única camada compacta. Ossos e conchas às vezes se acumulam quando as correntes levam as criaturas marinhas mortas para um determinado canto, onde elas se acumularam ao longo de anos ou séculos.

Mas aqui, em geral, os esqueletos das criaturas maiores permaneceram intactos, o que sugere que todas morreram ao mesmo tempo e foram suavemente depositadas no fundo do mar.

A datação da camada fóssil coloca suas mortes bem perto da época do impacto de um meteoro no que hoje é a Península de Iucatã, no México. A maioria dos paleontólogos acha que o cataclismo climático que se seguiu matou três quartos das espécies que viviam na Terra - e todos os dinossauros, exceto aqueles que evoluíram para pássaros.

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O aparente paradoxo da extinção em massa é que os cientistas raramente encontram os restos de qualquer um dos bilhões de animais que morreram. Em todo o mundo, os ossos dos últimos dinossauros se encontram quase sempre bem abaixo da camada de extinção, marcada por irídio radioativo, um elemento basicamente achado em asteroides e cometas.

E mesmo assim aqui em Mantua, há uma confluência de morte em massa de cerca de 66 milhões de anos. "Parece meio bobo, mas será que esse poço no sul de Jersey, atrás da Lowe's, foi uma janela para esse momento crucial?" disse Lacovara.

Preservar a área

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Se não fosse a recessão em 2007, os fósseis em Mantua poderiam continuar enterrados e fora de alcance.

Durante a maior parte de um século, a Inversand Co. escavou uma areia esverdeada escura, conhecida como marga, da pedreira para uso em estações de tratamento de água, mas as regulamentações ambientais restritas acabaram encarecendo muito esse trabalho e a Inversand já pensava em fechar a área.

Um plano de desenvolvimento de Mantua exigia que o buraco fosse fechado para a construção de apartamentos e um shopping center. Quase seis anos atrás, Lacovara propôs algo diferente: queria preservar a pedreira, tanto como um local de escavação para os paleontólogos quanto para um museu para inspirar a geração mais jovem.

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Paleontólogos já há muito tempo sabiam sobre os fósseis na pedreira e em outras áreas de extração de marga na região.

A Inversand apoiou a ideia com entusiasmo. Escavadoras limparam uma seção do poço para que Lacovara e seus alunos pudessem meticulosamente escavar fósseis, lá descobrindo o agrupamento de morte em massa.

O município queria comprar a pedreira, mas não tinha os US$ 2 milhões para pagar pela área de 26 hectares.

A Inversand gastava centenas de milhares de dólares por ano para manter as bombas funcionando e desviar a água que poderia inundar o poço. Um pedido de subsídio governamental estava parado. Então, em meados do ano passado, funcionários da empresa disseram a Lacovara que as bombas seriam desligadas no final do ano.

"Seria o fim; a pedreira iria virar um lago em janeiro", disse ele.

A Rowan acabou sendo a salvadora.

Depois de mandar o esqueleto do Dreadnoughtus de volta para a Argentina, no final de 2014, ele se reuniu com o presidente da universidade, Ali A. Houshmand, que foi quem chamou o ex-aluno dos tempos em que a universidade ainda era o Glassboro State College, com a promessa de criar uma escola da Terra e do Meio Ambiente, da qual Lacovara seria o primeiro reitor.

Para Lacovara, uma parte essencial do acordo era que a Rowan comprasse a pedreira da Inversand. Houshmand concordou.

Caixa de areia para todas as idades

Com o futuro da pedreira agora seguro, Lacovara prevê mais dias de busca de fósseis, excursões escolares e um centro de visitantes com vista para o poço. "Queremos que a comunidade participe. Esse lugar tem vida, se modifica", disse ele.

A esperança não é necessariamente produzir paleontólogos, mas ensinar aos jovens como decifrar os mistérios do mundo.

"As crianças começam a pensar na ciência como um processo. É uma maneira de fazer perguntas sobre o seu mundo", disse Lacovara.

Quanto à possibilidade de ter encontrado um cemitério de época da extinção dos dinossauros, Lacovara tem o cuidado de dizer que ainda não há provas convincentes.

"Estamos na fase de averiguação. Muitos testes ainda serão necessários."

Mas é uma hipótese que vale a pena perseguir.

"Certamente temos pedras que datam daquela época. Sei que estamos muito perto."

Esperança é ensinar aos jovens como decifrar os mistérios do mundo Foto: Christian Hansen/The New York Times

NOVA JERSEY - Atrás de uma loja Lowe's, em Nova Jersey, os cientistas raspam e peneiram metodicamente um fosso que pode conter revelações únicas sobre a extinção em massa que eliminou os dinossauros.

Naquela época, cerca de 66 milhões anos atrás, os oceanos eram mais elevados e essa parte do sul de Nova Jersey era um mar raso, localizado a cerca de 20 km das montanhas que se ergueram da água. Esse fosso em uma pedreira já foi um dia o fundo do mar e uma determinada camada, a aproximadamente 12 metros abaixo da superfície, contém uma grande variedade de fósseis.

Kenneth J. Lacovara, professor de Paleontologia e Geologia na Universidade de Rowan, chama essa camada de "agrupamento de morte em massa". Ele acredita que pode ser a única coleção conhecida de restos de animais que remonta à extinção.

Por enquanto, essa é só uma hipótese, que será difícil provar. Lacovara e a universidade, que deve concluir a compra da pedreira este mês, enviaram estudantes de pós-graduação para catalogar meticulosamente os fósseis da época da extinção.

Mas eles não são os únicos caçadores de fósseis aqui.

Uma vez por ano, nos últimos quatro anos, a pedreira foi aberta ao público, e os paleontólogos vieram em massa - cerca de 1.500 para o mais recente evento de comunidade em outubro passado.

"Encontrei um monte de pedras. Agora vamos lavá-las e torcer para que algumas sejam fósseis", disse Alexandra Hopper de Mantua, uma das participantes. Os escavadores ficam com os fósseis que encontram e há muitos deles para todos. As criaturas do fosso eram, em sua maioria, mariscos e ostras, mas há também fósseis de animais como crocodilos e tartarugas marinhas, além do Mosassauro ocasional, um lagarto aquático feroz, com dois dentes longos no fundo da garganta, para garantir que nenhuma presa engolida conseguisse escapar.

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Os fósseis estão sendo encontrados em todo o sedimento que preenche o poço, mas o agrupamento ocupa uma única camada compacta. Ossos e conchas às vezes se acumulam quando as correntes levam as criaturas marinhas mortas para um determinado canto, onde elas se acumularam ao longo de anos ou séculos.

Mas aqui, em geral, os esqueletos das criaturas maiores permaneceram intactos, o que sugere que todas morreram ao mesmo tempo e foram suavemente depositadas no fundo do mar.

A datação da camada fóssil coloca suas mortes bem perto da época do impacto de um meteoro no que hoje é a Península de Iucatã, no México. A maioria dos paleontólogos acha que o cataclismo climático que se seguiu matou três quartos das espécies que viviam na Terra - e todos os dinossauros, exceto aqueles que evoluíram para pássaros.

O aparente paradoxo da extinção em massa é que os cientistas raramente encontram os restos de qualquer um dos bilhões de animais que morreram. Em todo o mundo, os ossos dos últimos dinossauros se encontram quase sempre bem abaixo da camada de extinção, marcada por irídio radioativo, um elemento basicamente achado em asteroides e cometas.

E mesmo assim aqui em Mantua, há uma confluência de morte em massa de cerca de 66 milhões de anos. "Parece meio bobo, mas será que esse poço no sul de Jersey, atrás da Lowe's, foi uma janela para esse momento crucial?" disse Lacovara.

Preservar a área

Se não fosse a recessão em 2007, os fósseis em Mantua poderiam continuar enterrados e fora de alcance.

Durante a maior parte de um século, a Inversand Co. escavou uma areia esverdeada escura, conhecida como marga, da pedreira para uso em estações de tratamento de água, mas as regulamentações ambientais restritas acabaram encarecendo muito esse trabalho e a Inversand já pensava em fechar a área.

Um plano de desenvolvimento de Mantua exigia que o buraco fosse fechado para a construção de apartamentos e um shopping center. Quase seis anos atrás, Lacovara propôs algo diferente: queria preservar a pedreira, tanto como um local de escavação para os paleontólogos quanto para um museu para inspirar a geração mais jovem.

Paleontólogos já há muito tempo sabiam sobre os fósseis na pedreira e em outras áreas de extração de marga na região.

A Inversand apoiou a ideia com entusiasmo. Escavadoras limparam uma seção do poço para que Lacovara e seus alunos pudessem meticulosamente escavar fósseis, lá descobrindo o agrupamento de morte em massa.

O município queria comprar a pedreira, mas não tinha os US$ 2 milhões para pagar pela área de 26 hectares.

A Inversand gastava centenas de milhares de dólares por ano para manter as bombas funcionando e desviar a água que poderia inundar o poço. Um pedido de subsídio governamental estava parado. Então, em meados do ano passado, funcionários da empresa disseram a Lacovara que as bombas seriam desligadas no final do ano.

"Seria o fim; a pedreira iria virar um lago em janeiro", disse ele.

A Rowan acabou sendo a salvadora.

Depois de mandar o esqueleto do Dreadnoughtus de volta para a Argentina, no final de 2014, ele se reuniu com o presidente da universidade, Ali A. Houshmand, que foi quem chamou o ex-aluno dos tempos em que a universidade ainda era o Glassboro State College, com a promessa de criar uma escola da Terra e do Meio Ambiente, da qual Lacovara seria o primeiro reitor.

Para Lacovara, uma parte essencial do acordo era que a Rowan comprasse a pedreira da Inversand. Houshmand concordou.

Caixa de areia para todas as idades

Com o futuro da pedreira agora seguro, Lacovara prevê mais dias de busca de fósseis, excursões escolares e um centro de visitantes com vista para o poço. "Queremos que a comunidade participe. Esse lugar tem vida, se modifica", disse ele.

A esperança não é necessariamente produzir paleontólogos, mas ensinar aos jovens como decifrar os mistérios do mundo.

"As crianças começam a pensar na ciência como um processo. É uma maneira de fazer perguntas sobre o seu mundo", disse Lacovara.

Quanto à possibilidade de ter encontrado um cemitério de época da extinção dos dinossauros, Lacovara tem o cuidado de dizer que ainda não há provas convincentes.

"Estamos na fase de averiguação. Muitos testes ainda serão necessários."

Mas é uma hipótese que vale a pena perseguir.

"Certamente temos pedras que datam daquela época. Sei que estamos muito perto."

Esperança é ensinar aos jovens como decifrar os mistérios do mundo Foto: Christian Hansen/The New York Times

NOVA JERSEY - Atrás de uma loja Lowe's, em Nova Jersey, os cientistas raspam e peneiram metodicamente um fosso que pode conter revelações únicas sobre a extinção em massa que eliminou os dinossauros.

Naquela época, cerca de 66 milhões anos atrás, os oceanos eram mais elevados e essa parte do sul de Nova Jersey era um mar raso, localizado a cerca de 20 km das montanhas que se ergueram da água. Esse fosso em uma pedreira já foi um dia o fundo do mar e uma determinada camada, a aproximadamente 12 metros abaixo da superfície, contém uma grande variedade de fósseis.

Kenneth J. Lacovara, professor de Paleontologia e Geologia na Universidade de Rowan, chama essa camada de "agrupamento de morte em massa". Ele acredita que pode ser a única coleção conhecida de restos de animais que remonta à extinção.

Por enquanto, essa é só uma hipótese, que será difícil provar. Lacovara e a universidade, que deve concluir a compra da pedreira este mês, enviaram estudantes de pós-graduação para catalogar meticulosamente os fósseis da época da extinção.

Mas eles não são os únicos caçadores de fósseis aqui.

Uma vez por ano, nos últimos quatro anos, a pedreira foi aberta ao público, e os paleontólogos vieram em massa - cerca de 1.500 para o mais recente evento de comunidade em outubro passado.

"Encontrei um monte de pedras. Agora vamos lavá-las e torcer para que algumas sejam fósseis", disse Alexandra Hopper de Mantua, uma das participantes. Os escavadores ficam com os fósseis que encontram e há muitos deles para todos. As criaturas do fosso eram, em sua maioria, mariscos e ostras, mas há também fósseis de animais como crocodilos e tartarugas marinhas, além do Mosassauro ocasional, um lagarto aquático feroz, com dois dentes longos no fundo da garganta, para garantir que nenhuma presa engolida conseguisse escapar.

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1 | 8

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Foto: Vasika Udurawane
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Baurutitan britoi

Foto: Felipe Alves Elias

Os fósseis estão sendo encontrados em todo o sedimento que preenche o poço, mas o agrupamento ocupa uma única camada compacta. Ossos e conchas às vezes se acumulam quando as correntes levam as criaturas marinhas mortas para um determinado canto, onde elas se acumularam ao longo de anos ou séculos.

Mas aqui, em geral, os esqueletos das criaturas maiores permaneceram intactos, o que sugere que todas morreram ao mesmo tempo e foram suavemente depositadas no fundo do mar.

A datação da camada fóssil coloca suas mortes bem perto da época do impacto de um meteoro no que hoje é a Península de Iucatã, no México. A maioria dos paleontólogos acha que o cataclismo climático que se seguiu matou três quartos das espécies que viviam na Terra - e todos os dinossauros, exceto aqueles que evoluíram para pássaros.

O aparente paradoxo da extinção em massa é que os cientistas raramente encontram os restos de qualquer um dos bilhões de animais que morreram. Em todo o mundo, os ossos dos últimos dinossauros se encontram quase sempre bem abaixo da camada de extinção, marcada por irídio radioativo, um elemento basicamente achado em asteroides e cometas.

E mesmo assim aqui em Mantua, há uma confluência de morte em massa de cerca de 66 milhões de anos. "Parece meio bobo, mas será que esse poço no sul de Jersey, atrás da Lowe's, foi uma janela para esse momento crucial?" disse Lacovara.

Preservar a área

Se não fosse a recessão em 2007, os fósseis em Mantua poderiam continuar enterrados e fora de alcance.

Durante a maior parte de um século, a Inversand Co. escavou uma areia esverdeada escura, conhecida como marga, da pedreira para uso em estações de tratamento de água, mas as regulamentações ambientais restritas acabaram encarecendo muito esse trabalho e a Inversand já pensava em fechar a área.

Um plano de desenvolvimento de Mantua exigia que o buraco fosse fechado para a construção de apartamentos e um shopping center. Quase seis anos atrás, Lacovara propôs algo diferente: queria preservar a pedreira, tanto como um local de escavação para os paleontólogos quanto para um museu para inspirar a geração mais jovem.

Paleontólogos já há muito tempo sabiam sobre os fósseis na pedreira e em outras áreas de extração de marga na região.

A Inversand apoiou a ideia com entusiasmo. Escavadoras limparam uma seção do poço para que Lacovara e seus alunos pudessem meticulosamente escavar fósseis, lá descobrindo o agrupamento de morte em massa.

O município queria comprar a pedreira, mas não tinha os US$ 2 milhões para pagar pela área de 26 hectares.

A Inversand gastava centenas de milhares de dólares por ano para manter as bombas funcionando e desviar a água que poderia inundar o poço. Um pedido de subsídio governamental estava parado. Então, em meados do ano passado, funcionários da empresa disseram a Lacovara que as bombas seriam desligadas no final do ano.

"Seria o fim; a pedreira iria virar um lago em janeiro", disse ele.

A Rowan acabou sendo a salvadora.

Depois de mandar o esqueleto do Dreadnoughtus de volta para a Argentina, no final de 2014, ele se reuniu com o presidente da universidade, Ali A. Houshmand, que foi quem chamou o ex-aluno dos tempos em que a universidade ainda era o Glassboro State College, com a promessa de criar uma escola da Terra e do Meio Ambiente, da qual Lacovara seria o primeiro reitor.

Para Lacovara, uma parte essencial do acordo era que a Rowan comprasse a pedreira da Inversand. Houshmand concordou.

Caixa de areia para todas as idades

Com o futuro da pedreira agora seguro, Lacovara prevê mais dias de busca de fósseis, excursões escolares e um centro de visitantes com vista para o poço. "Queremos que a comunidade participe. Esse lugar tem vida, se modifica", disse ele.

A esperança não é necessariamente produzir paleontólogos, mas ensinar aos jovens como decifrar os mistérios do mundo.

"As crianças começam a pensar na ciência como um processo. É uma maneira de fazer perguntas sobre o seu mundo", disse Lacovara.

Quanto à possibilidade de ter encontrado um cemitério de época da extinção dos dinossauros, Lacovara tem o cuidado de dizer que ainda não há provas convincentes.

"Estamos na fase de averiguação. Muitos testes ainda serão necessários."

Mas é uma hipótese que vale a pena perseguir.

"Certamente temos pedras que datam daquela época. Sei que estamos muito perto."

Esperança é ensinar aos jovens como decifrar os mistérios do mundo Foto: Christian Hansen/The New York Times

NOVA JERSEY - Atrás de uma loja Lowe's, em Nova Jersey, os cientistas raspam e peneiram metodicamente um fosso que pode conter revelações únicas sobre a extinção em massa que eliminou os dinossauros.

Naquela época, cerca de 66 milhões anos atrás, os oceanos eram mais elevados e essa parte do sul de Nova Jersey era um mar raso, localizado a cerca de 20 km das montanhas que se ergueram da água. Esse fosso em uma pedreira já foi um dia o fundo do mar e uma determinada camada, a aproximadamente 12 metros abaixo da superfície, contém uma grande variedade de fósseis.

Kenneth J. Lacovara, professor de Paleontologia e Geologia na Universidade de Rowan, chama essa camada de "agrupamento de morte em massa". Ele acredita que pode ser a única coleção conhecida de restos de animais que remonta à extinção.

Por enquanto, essa é só uma hipótese, que será difícil provar. Lacovara e a universidade, que deve concluir a compra da pedreira este mês, enviaram estudantes de pós-graduação para catalogar meticulosamente os fósseis da época da extinção.

Mas eles não são os únicos caçadores de fósseis aqui.

Uma vez por ano, nos últimos quatro anos, a pedreira foi aberta ao público, e os paleontólogos vieram em massa - cerca de 1.500 para o mais recente evento de comunidade em outubro passado.

"Encontrei um monte de pedras. Agora vamos lavá-las e torcer para que algumas sejam fósseis", disse Alexandra Hopper de Mantua, uma das participantes. Os escavadores ficam com os fósseis que encontram e há muitos deles para todos. As criaturas do fosso eram, em sua maioria, mariscos e ostras, mas há também fósseis de animais como crocodilos e tartarugas marinhas, além do Mosassauro ocasional, um lagarto aquático feroz, com dois dentes longos no fundo da garganta, para garantir que nenhuma presa engolida conseguisse escapar.

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Os fósseis estão sendo encontrados em todo o sedimento que preenche o poço, mas o agrupamento ocupa uma única camada compacta. Ossos e conchas às vezes se acumulam quando as correntes levam as criaturas marinhas mortas para um determinado canto, onde elas se acumularam ao longo de anos ou séculos.

Mas aqui, em geral, os esqueletos das criaturas maiores permaneceram intactos, o que sugere que todas morreram ao mesmo tempo e foram suavemente depositadas no fundo do mar.

A datação da camada fóssil coloca suas mortes bem perto da época do impacto de um meteoro no que hoje é a Península de Iucatã, no México. A maioria dos paleontólogos acha que o cataclismo climático que se seguiu matou três quartos das espécies que viviam na Terra - e todos os dinossauros, exceto aqueles que evoluíram para pássaros.

O aparente paradoxo da extinção em massa é que os cientistas raramente encontram os restos de qualquer um dos bilhões de animais que morreram. Em todo o mundo, os ossos dos últimos dinossauros se encontram quase sempre bem abaixo da camada de extinção, marcada por irídio radioativo, um elemento basicamente achado em asteroides e cometas.

E mesmo assim aqui em Mantua, há uma confluência de morte em massa de cerca de 66 milhões de anos. "Parece meio bobo, mas será que esse poço no sul de Jersey, atrás da Lowe's, foi uma janela para esse momento crucial?" disse Lacovara.

Preservar a área

Se não fosse a recessão em 2007, os fósseis em Mantua poderiam continuar enterrados e fora de alcance.

Durante a maior parte de um século, a Inversand Co. escavou uma areia esverdeada escura, conhecida como marga, da pedreira para uso em estações de tratamento de água, mas as regulamentações ambientais restritas acabaram encarecendo muito esse trabalho e a Inversand já pensava em fechar a área.

Um plano de desenvolvimento de Mantua exigia que o buraco fosse fechado para a construção de apartamentos e um shopping center. Quase seis anos atrás, Lacovara propôs algo diferente: queria preservar a pedreira, tanto como um local de escavação para os paleontólogos quanto para um museu para inspirar a geração mais jovem.

Paleontólogos já há muito tempo sabiam sobre os fósseis na pedreira e em outras áreas de extração de marga na região.

A Inversand apoiou a ideia com entusiasmo. Escavadoras limparam uma seção do poço para que Lacovara e seus alunos pudessem meticulosamente escavar fósseis, lá descobrindo o agrupamento de morte em massa.

O município queria comprar a pedreira, mas não tinha os US$ 2 milhões para pagar pela área de 26 hectares.

A Inversand gastava centenas de milhares de dólares por ano para manter as bombas funcionando e desviar a água que poderia inundar o poço. Um pedido de subsídio governamental estava parado. Então, em meados do ano passado, funcionários da empresa disseram a Lacovara que as bombas seriam desligadas no final do ano.

"Seria o fim; a pedreira iria virar um lago em janeiro", disse ele.

A Rowan acabou sendo a salvadora.

Depois de mandar o esqueleto do Dreadnoughtus de volta para a Argentina, no final de 2014, ele se reuniu com o presidente da universidade, Ali A. Houshmand, que foi quem chamou o ex-aluno dos tempos em que a universidade ainda era o Glassboro State College, com a promessa de criar uma escola da Terra e do Meio Ambiente, da qual Lacovara seria o primeiro reitor.

Para Lacovara, uma parte essencial do acordo era que a Rowan comprasse a pedreira da Inversand. Houshmand concordou.

Caixa de areia para todas as idades

Com o futuro da pedreira agora seguro, Lacovara prevê mais dias de busca de fósseis, excursões escolares e um centro de visitantes com vista para o poço. "Queremos que a comunidade participe. Esse lugar tem vida, se modifica", disse ele.

A esperança não é necessariamente produzir paleontólogos, mas ensinar aos jovens como decifrar os mistérios do mundo.

"As crianças começam a pensar na ciência como um processo. É uma maneira de fazer perguntas sobre o seu mundo", disse Lacovara.

Quanto à possibilidade de ter encontrado um cemitério de época da extinção dos dinossauros, Lacovara tem o cuidado de dizer que ainda não há provas convincentes.

"Estamos na fase de averiguação. Muitos testes ainda serão necessários."

Mas é uma hipótese que vale a pena perseguir.

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