A dor para além da metáfora


Centrado na doença que mataria seu pai, Philip Roth dá em 'Patrimônio' o salto que elevaria sua obra ao grau de excelência

Por Vinícius Jatobá

Uma das vantagens da edição não cronológica da obra de Philip Roth, que vem sendo executada pela Companhia das Letras, é possibilitar uma leitura arqueológica de seu colossal trabalho. Há demasiados livros do escritor que, apesar de serem muitas vezes descuidados, muito abaixo em realização estética daquilo que o autor alcançou na última década e meia, possuem nós e temas que concentram tramas que seriam mais bem exploradas recentemente por ele. Patrimônio, que ganha nova edição, é um caso desses: é o romance anterior à explosão cômica de Operação Shylock, e possivelmente aquele que reeducou Roth, quer dizer, o fez rever escolhas que pareciam travar seu talento.

E o talento de Roth para a prosa de ficção é descomunal. Não é raro isso acontecer: um escritor desenvolver um talento cinzelado para o exercício da arte da prosa, e alcançar um domínio magistral de sua escrita, mas não conseguir encontrar temas e assuntos que brindem essa prosa com algo que chamaríamos de transcendência. Não raro grandes romancistas são prosistas pedestres, como Lobo Antunes, por exemplo, assim como acontece o contrário: mestres da prosa que desperdiçam seu talento em narrativas cujos personagens parecem não ter vida e cujas tramas são forçadas e esgarçadas. É o caso de Norman Mailer, Gore Vidal, escritores que se admira por trechos isolados, mas cujos livros sofrem de um descompasso entre o luxo da prosa e a pobreza de temas.

Após décadas escrevendo livros altamente retóricos, Roth encontrou uma trama que o forçou a tomar o caminho oposto: empobrecer a prosa, simplificar a sintaxe, domesticar o vocabulário: a morte do pai. Patrimônio é um anti-Roth: pedestre, direto, modesto. E é a primeira história verdadeiramente complexa de sua obra. No romance, o ficcionista encontra o tema que elevaria o restante do seu trabalho: o corpo. É curioso notar isso: um autor cuja carreira alcançou notoriedade escrevendo narrativas literárias de tempero erótico jamais tinha realmente encarado de frente a fisicalidade do corpo, a temporalidade do Eros e do desejo.

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Mesmo no superestimado O Complexo de Portnoy, um livro inteiro dedicado ao sexo, o corpo jamais é enfrentado; ele é sempre mais discurso, mais metáfora, mais histeria, que realidade. É até certo ponto um livro liberador, mas desnuda o corpo das personagens apenas para colocar diante dele o pudor da retórica. A morte também já esteve presente em Roth: em O Escritor Fantasma, Zuckerman visita seu mestre literário, E.I.Lonoff, para um jantar e, de certa forma, uma espécie de rito de condecoração. O livro inteiro é uma ladainha em redor do lugar da literatura, de como se usa a própria vida para se escrever, dos riscos de publicar e ter sua vida invadida. É um incômodo: a verdadeira história, a senilidade de Lonoff, não é jamais tocada.

Patrimônio muda tudo. Herman Roth é um personagem, mas é real, ele existiu, e esse limite purifica o talento do escritor, que vai, assim, direto aos fatos. A prosa deixa de circum-navegar em redor dos temas, autoindulgente e exibicionista: o assunto no livro é uma dor real, que nenhuma metáfora ou figura de estilo pode dar conta: a doença repentina que devora a saúde de um ser humano amado e querido. Roth pai doente pergunta ao Roth filho espantado: "O que eu sou agora?". E um dos mestres da prosa estadunidense, um artista que até então era capaz de fazer qualquer coisa em termos de escrita, não tem uma resposta. Na tentativa de lidar com a dor da morte do próprio pai, Roth fez um romance que presta uma homenagem seca e pouco volátil a um homem prático e realista.

Não surpreende que os livros posteriores a Patrimônio sejam duas obras-primas revisionistas de seu trabalho. Operação Shylock, uma metanarrativa em que Roth persegue Roth em uma Israel surrealista povoada de agentes secretos e grupos religiosos radicais, e O Teatro de Sabbath, onívora apoteose do Eros, em que o idoso Mickey Sabbath tem que lidar com a morte de sua amante perfeita enquanto busca uma substituta. Esses dois livros apagam do mapa todos os anteriores de Roth e inauguram o momento criativo mais celebrado de sua carreira. Sem jamais alcançar novamente a força de ambos os romances, o ficcionista publicou uma joia após outra: Homem Comum e A Humilhação, que tem pontos de contato com Patrimônio; a trilogia Pastoral Americana, Casei Com Um Comunista e A Marca Humana; e Fantasma Sai de Cena, que finalmente dá conta do legado de Lonoff. Essa última e prolixa etapa de sua vida criativa colocou Roth no mesmo patamar de excelência de Don DeLillo, Toni Morrison e Cormac McCarthy.

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VINICIUS JATOBÁ É CRÍTICO LITERÁRIO

 

PATRIMÔNIO - UMA HISTÓRIA VERÍDICA

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Autor: Philip Roth

Tradução: Jorio Dauster

Editora: Companhia das Letras (192 págs., R$ 34)

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Uma das vantagens da edição não cronológica da obra de Philip Roth, que vem sendo executada pela Companhia das Letras, é possibilitar uma leitura arqueológica de seu colossal trabalho. Há demasiados livros do escritor que, apesar de serem muitas vezes descuidados, muito abaixo em realização estética daquilo que o autor alcançou na última década e meia, possuem nós e temas que concentram tramas que seriam mais bem exploradas recentemente por ele. Patrimônio, que ganha nova edição, é um caso desses: é o romance anterior à explosão cômica de Operação Shylock, e possivelmente aquele que reeducou Roth, quer dizer, o fez rever escolhas que pareciam travar seu talento.

E o talento de Roth para a prosa de ficção é descomunal. Não é raro isso acontecer: um escritor desenvolver um talento cinzelado para o exercício da arte da prosa, e alcançar um domínio magistral de sua escrita, mas não conseguir encontrar temas e assuntos que brindem essa prosa com algo que chamaríamos de transcendência. Não raro grandes romancistas são prosistas pedestres, como Lobo Antunes, por exemplo, assim como acontece o contrário: mestres da prosa que desperdiçam seu talento em narrativas cujos personagens parecem não ter vida e cujas tramas são forçadas e esgarçadas. É o caso de Norman Mailer, Gore Vidal, escritores que se admira por trechos isolados, mas cujos livros sofrem de um descompasso entre o luxo da prosa e a pobreza de temas.

Após décadas escrevendo livros altamente retóricos, Roth encontrou uma trama que o forçou a tomar o caminho oposto: empobrecer a prosa, simplificar a sintaxe, domesticar o vocabulário: a morte do pai. Patrimônio é um anti-Roth: pedestre, direto, modesto. E é a primeira história verdadeiramente complexa de sua obra. No romance, o ficcionista encontra o tema que elevaria o restante do seu trabalho: o corpo. É curioso notar isso: um autor cuja carreira alcançou notoriedade escrevendo narrativas literárias de tempero erótico jamais tinha realmente encarado de frente a fisicalidade do corpo, a temporalidade do Eros e do desejo.

Mesmo no superestimado O Complexo de Portnoy, um livro inteiro dedicado ao sexo, o corpo jamais é enfrentado; ele é sempre mais discurso, mais metáfora, mais histeria, que realidade. É até certo ponto um livro liberador, mas desnuda o corpo das personagens apenas para colocar diante dele o pudor da retórica. A morte também já esteve presente em Roth: em O Escritor Fantasma, Zuckerman visita seu mestre literário, E.I.Lonoff, para um jantar e, de certa forma, uma espécie de rito de condecoração. O livro inteiro é uma ladainha em redor do lugar da literatura, de como se usa a própria vida para se escrever, dos riscos de publicar e ter sua vida invadida. É um incômodo: a verdadeira história, a senilidade de Lonoff, não é jamais tocada.

Patrimônio muda tudo. Herman Roth é um personagem, mas é real, ele existiu, e esse limite purifica o talento do escritor, que vai, assim, direto aos fatos. A prosa deixa de circum-navegar em redor dos temas, autoindulgente e exibicionista: o assunto no livro é uma dor real, que nenhuma metáfora ou figura de estilo pode dar conta: a doença repentina que devora a saúde de um ser humano amado e querido. Roth pai doente pergunta ao Roth filho espantado: "O que eu sou agora?". E um dos mestres da prosa estadunidense, um artista que até então era capaz de fazer qualquer coisa em termos de escrita, não tem uma resposta. Na tentativa de lidar com a dor da morte do próprio pai, Roth fez um romance que presta uma homenagem seca e pouco volátil a um homem prático e realista.

Não surpreende que os livros posteriores a Patrimônio sejam duas obras-primas revisionistas de seu trabalho. Operação Shylock, uma metanarrativa em que Roth persegue Roth em uma Israel surrealista povoada de agentes secretos e grupos religiosos radicais, e O Teatro de Sabbath, onívora apoteose do Eros, em que o idoso Mickey Sabbath tem que lidar com a morte de sua amante perfeita enquanto busca uma substituta. Esses dois livros apagam do mapa todos os anteriores de Roth e inauguram o momento criativo mais celebrado de sua carreira. Sem jamais alcançar novamente a força de ambos os romances, o ficcionista publicou uma joia após outra: Homem Comum e A Humilhação, que tem pontos de contato com Patrimônio; a trilogia Pastoral Americana, Casei Com Um Comunista e A Marca Humana; e Fantasma Sai de Cena, que finalmente dá conta do legado de Lonoff. Essa última e prolixa etapa de sua vida criativa colocou Roth no mesmo patamar de excelência de Don DeLillo, Toni Morrison e Cormac McCarthy.

VINICIUS JATOBÁ É CRÍTICO LITERÁRIO

 

PATRIMÔNIO - UMA HISTÓRIA VERÍDICA

Autor: Philip Roth

Tradução: Jorio Dauster

Editora: Companhia das Letras (192 págs., R$ 34)

 

Uma das vantagens da edição não cronológica da obra de Philip Roth, que vem sendo executada pela Companhia das Letras, é possibilitar uma leitura arqueológica de seu colossal trabalho. Há demasiados livros do escritor que, apesar de serem muitas vezes descuidados, muito abaixo em realização estética daquilo que o autor alcançou na última década e meia, possuem nós e temas que concentram tramas que seriam mais bem exploradas recentemente por ele. Patrimônio, que ganha nova edição, é um caso desses: é o romance anterior à explosão cômica de Operação Shylock, e possivelmente aquele que reeducou Roth, quer dizer, o fez rever escolhas que pareciam travar seu talento.

E o talento de Roth para a prosa de ficção é descomunal. Não é raro isso acontecer: um escritor desenvolver um talento cinzelado para o exercício da arte da prosa, e alcançar um domínio magistral de sua escrita, mas não conseguir encontrar temas e assuntos que brindem essa prosa com algo que chamaríamos de transcendência. Não raro grandes romancistas são prosistas pedestres, como Lobo Antunes, por exemplo, assim como acontece o contrário: mestres da prosa que desperdiçam seu talento em narrativas cujos personagens parecem não ter vida e cujas tramas são forçadas e esgarçadas. É o caso de Norman Mailer, Gore Vidal, escritores que se admira por trechos isolados, mas cujos livros sofrem de um descompasso entre o luxo da prosa e a pobreza de temas.

Após décadas escrevendo livros altamente retóricos, Roth encontrou uma trama que o forçou a tomar o caminho oposto: empobrecer a prosa, simplificar a sintaxe, domesticar o vocabulário: a morte do pai. Patrimônio é um anti-Roth: pedestre, direto, modesto. E é a primeira história verdadeiramente complexa de sua obra. No romance, o ficcionista encontra o tema que elevaria o restante do seu trabalho: o corpo. É curioso notar isso: um autor cuja carreira alcançou notoriedade escrevendo narrativas literárias de tempero erótico jamais tinha realmente encarado de frente a fisicalidade do corpo, a temporalidade do Eros e do desejo.

Mesmo no superestimado O Complexo de Portnoy, um livro inteiro dedicado ao sexo, o corpo jamais é enfrentado; ele é sempre mais discurso, mais metáfora, mais histeria, que realidade. É até certo ponto um livro liberador, mas desnuda o corpo das personagens apenas para colocar diante dele o pudor da retórica. A morte também já esteve presente em Roth: em O Escritor Fantasma, Zuckerman visita seu mestre literário, E.I.Lonoff, para um jantar e, de certa forma, uma espécie de rito de condecoração. O livro inteiro é uma ladainha em redor do lugar da literatura, de como se usa a própria vida para se escrever, dos riscos de publicar e ter sua vida invadida. É um incômodo: a verdadeira história, a senilidade de Lonoff, não é jamais tocada.

Patrimônio muda tudo. Herman Roth é um personagem, mas é real, ele existiu, e esse limite purifica o talento do escritor, que vai, assim, direto aos fatos. A prosa deixa de circum-navegar em redor dos temas, autoindulgente e exibicionista: o assunto no livro é uma dor real, que nenhuma metáfora ou figura de estilo pode dar conta: a doença repentina que devora a saúde de um ser humano amado e querido. Roth pai doente pergunta ao Roth filho espantado: "O que eu sou agora?". E um dos mestres da prosa estadunidense, um artista que até então era capaz de fazer qualquer coisa em termos de escrita, não tem uma resposta. Na tentativa de lidar com a dor da morte do próprio pai, Roth fez um romance que presta uma homenagem seca e pouco volátil a um homem prático e realista.

Não surpreende que os livros posteriores a Patrimônio sejam duas obras-primas revisionistas de seu trabalho. Operação Shylock, uma metanarrativa em que Roth persegue Roth em uma Israel surrealista povoada de agentes secretos e grupos religiosos radicais, e O Teatro de Sabbath, onívora apoteose do Eros, em que o idoso Mickey Sabbath tem que lidar com a morte de sua amante perfeita enquanto busca uma substituta. Esses dois livros apagam do mapa todos os anteriores de Roth e inauguram o momento criativo mais celebrado de sua carreira. Sem jamais alcançar novamente a força de ambos os romances, o ficcionista publicou uma joia após outra: Homem Comum e A Humilhação, que tem pontos de contato com Patrimônio; a trilogia Pastoral Americana, Casei Com Um Comunista e A Marca Humana; e Fantasma Sai de Cena, que finalmente dá conta do legado de Lonoff. Essa última e prolixa etapa de sua vida criativa colocou Roth no mesmo patamar de excelência de Don DeLillo, Toni Morrison e Cormac McCarthy.

VINICIUS JATOBÁ É CRÍTICO LITERÁRIO

 

PATRIMÔNIO - UMA HISTÓRIA VERÍDICA

Autor: Philip Roth

Tradução: Jorio Dauster

Editora: Companhia das Letras (192 págs., R$ 34)

 

Uma das vantagens da edição não cronológica da obra de Philip Roth, que vem sendo executada pela Companhia das Letras, é possibilitar uma leitura arqueológica de seu colossal trabalho. Há demasiados livros do escritor que, apesar de serem muitas vezes descuidados, muito abaixo em realização estética daquilo que o autor alcançou na última década e meia, possuem nós e temas que concentram tramas que seriam mais bem exploradas recentemente por ele. Patrimônio, que ganha nova edição, é um caso desses: é o romance anterior à explosão cômica de Operação Shylock, e possivelmente aquele que reeducou Roth, quer dizer, o fez rever escolhas que pareciam travar seu talento.

E o talento de Roth para a prosa de ficção é descomunal. Não é raro isso acontecer: um escritor desenvolver um talento cinzelado para o exercício da arte da prosa, e alcançar um domínio magistral de sua escrita, mas não conseguir encontrar temas e assuntos que brindem essa prosa com algo que chamaríamos de transcendência. Não raro grandes romancistas são prosistas pedestres, como Lobo Antunes, por exemplo, assim como acontece o contrário: mestres da prosa que desperdiçam seu talento em narrativas cujos personagens parecem não ter vida e cujas tramas são forçadas e esgarçadas. É o caso de Norman Mailer, Gore Vidal, escritores que se admira por trechos isolados, mas cujos livros sofrem de um descompasso entre o luxo da prosa e a pobreza de temas.

Após décadas escrevendo livros altamente retóricos, Roth encontrou uma trama que o forçou a tomar o caminho oposto: empobrecer a prosa, simplificar a sintaxe, domesticar o vocabulário: a morte do pai. Patrimônio é um anti-Roth: pedestre, direto, modesto. E é a primeira história verdadeiramente complexa de sua obra. No romance, o ficcionista encontra o tema que elevaria o restante do seu trabalho: o corpo. É curioso notar isso: um autor cuja carreira alcançou notoriedade escrevendo narrativas literárias de tempero erótico jamais tinha realmente encarado de frente a fisicalidade do corpo, a temporalidade do Eros e do desejo.

Mesmo no superestimado O Complexo de Portnoy, um livro inteiro dedicado ao sexo, o corpo jamais é enfrentado; ele é sempre mais discurso, mais metáfora, mais histeria, que realidade. É até certo ponto um livro liberador, mas desnuda o corpo das personagens apenas para colocar diante dele o pudor da retórica. A morte também já esteve presente em Roth: em O Escritor Fantasma, Zuckerman visita seu mestre literário, E.I.Lonoff, para um jantar e, de certa forma, uma espécie de rito de condecoração. O livro inteiro é uma ladainha em redor do lugar da literatura, de como se usa a própria vida para se escrever, dos riscos de publicar e ter sua vida invadida. É um incômodo: a verdadeira história, a senilidade de Lonoff, não é jamais tocada.

Patrimônio muda tudo. Herman Roth é um personagem, mas é real, ele existiu, e esse limite purifica o talento do escritor, que vai, assim, direto aos fatos. A prosa deixa de circum-navegar em redor dos temas, autoindulgente e exibicionista: o assunto no livro é uma dor real, que nenhuma metáfora ou figura de estilo pode dar conta: a doença repentina que devora a saúde de um ser humano amado e querido. Roth pai doente pergunta ao Roth filho espantado: "O que eu sou agora?". E um dos mestres da prosa estadunidense, um artista que até então era capaz de fazer qualquer coisa em termos de escrita, não tem uma resposta. Na tentativa de lidar com a dor da morte do próprio pai, Roth fez um romance que presta uma homenagem seca e pouco volátil a um homem prático e realista.

Não surpreende que os livros posteriores a Patrimônio sejam duas obras-primas revisionistas de seu trabalho. Operação Shylock, uma metanarrativa em que Roth persegue Roth em uma Israel surrealista povoada de agentes secretos e grupos religiosos radicais, e O Teatro de Sabbath, onívora apoteose do Eros, em que o idoso Mickey Sabbath tem que lidar com a morte de sua amante perfeita enquanto busca uma substituta. Esses dois livros apagam do mapa todos os anteriores de Roth e inauguram o momento criativo mais celebrado de sua carreira. Sem jamais alcançar novamente a força de ambos os romances, o ficcionista publicou uma joia após outra: Homem Comum e A Humilhação, que tem pontos de contato com Patrimônio; a trilogia Pastoral Americana, Casei Com Um Comunista e A Marca Humana; e Fantasma Sai de Cena, que finalmente dá conta do legado de Lonoff. Essa última e prolixa etapa de sua vida criativa colocou Roth no mesmo patamar de excelência de Don DeLillo, Toni Morrison e Cormac McCarthy.

VINICIUS JATOBÁ É CRÍTICO LITERÁRIO

 

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