A vez da política de sentimentos


Copie Conforme, de Abbas Kiarostami, põe em discussão conflitos de um casal

Por Luiz Carlos Merten e CANNES

Houve uma bela festa do Brasil hoje, na salas do 60.ème, criada há três para comemorar os 60 anos do Festival de Cannes. Foi lá que Cacá Diegues e Renata Magalhães mostraram a nova versão de 5 X Favela - Agora por Nós Mesmos. Cercado pelos sete diretores dos cinco episódios, Cacá lembrou que festejou seu 24º aniversário aqui, na Croisette. Foi quando veio pela primeira vez a Cannes, para exibir seu primeiro longa, Ganga Zumba, na Semana da Crítica. Agora, 40 e tantos anos depois, Cacá está de volta apadrinhando a garotada que saiu da favela para tentar a sorte no maior evento de cinema do mundo. É como um conto de fadas. Manaíra Carneiro e Wagner Novais, Cacau Amaral e Rodrigo Felha, Luciano Vidigal, Cacau Barcelos e Luciana Bezerra assinam as cinco histórias da nova versão do filme considerado manifesto do Cinema Novo. Os episódios podem ser irregulares, mas o filme, como um todo, é simpático. Do ponto de vista cinematográfico, o melhor é o primeiro, Fonte de Renda. Mas todos mostram essa raridade - a visão de dentro da favela, a discussão sobre o certo e o errado, o legal e o justo. Será preciso voltar a 5 X Favela. Por enquanto, fica o primeiro registro sobre a exibição, que teve sala lotada.

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Mas o grande destaque do dia foi de Abbas Kiarostami. Juliette Binoche é a imagem que ilustra o cartaz do 63º festival. Quando Gilles Jacob lhe pediu autorização para que isso ocorresse, Juliette ainda não sabia, nem Jacob, que Copie Conforme estaria na seleção oficial. O novo Kiarostami é uma belíssima surpresa até para quem se acostumou a ser surpreendido pelo autor iraniano. Seu filme anterior, Sirin, foi experiência meio frustrada, mas talvez não tivesse acertado tanto o tom em Copie sem passar por aquela viagem pelo rosto feminino. Cinéfilo que se preze se lembra de Sirin. O filme se desenrolava no rosto de mulheres, Juliette incluída, que assistiam a uma representação. Kiarostami já deu múltiplos testemunhos sobre a sociedade iraniana e ontem, na coletiva, militou pela liberdade de expressão em seu país, criticando o governo do presidente Ahmadinejad por manter encarcerado o cineasta Jafar Panahi. O filme, propriamente dito, milita por outro tipo de política, a dos sentimentos.

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Desta vez, Kiarostami filma na Itália, na Toscana, e coloca na tela os problemas de um casal. Copie é bem escrito, partindo de uma discussão sobre arte para discutir como homem e mulher se veem um ao outro. Juliette conta uma história interessante. Ela conhecia Kiarostami de contatos em festivais. Ele a convidou para visitá-la no Irã, ela aceitou. Em Teerã, ele começou a lhe contar uma história. Ele analisava as reações no rosto de Juliette. Encantou-a por 45 minutos e depois lhe confessou que tudo aquilo era mentira, uma ficção que ele ia engendrando para saber se conseguiria prender sua atenção falando numa língua, o inglês, que não a dele.

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Copie Conforme nasceu dessa ideia. O que é falso, o que é verdadeiro na vida como na arte. No início, o espectador não sabe que se trata de um casal. As descobertas vão ocorrendo ao longo de uma conversação muito bem filmada. Kiarostami fez o seu Viagem na Itália, bebendo na fonte de Rossellini, inventor do cinema moderno, mas o filme, falastrão como é e nem de longe animado pelos silêncios de Michelangelo Antonioni, também tem algo dos desencontros do casal de A Aventura. Copie Conforme é o melhor filme deste festival até agora. Numa cena, Juliette experimenta brincos, para decidir qual usar. Ela põe um vermelho. A imagem dura 15/30 segundos na tela. Essa imagem "efêmera" foi escolhida por Kiarostami para ilustrar o cartaz de seu filme, para ser "permanente". Até isso faz parte do mistério de Copie Conforme.

Houve uma bela festa do Brasil hoje, na salas do 60.ème, criada há três para comemorar os 60 anos do Festival de Cannes. Foi lá que Cacá Diegues e Renata Magalhães mostraram a nova versão de 5 X Favela - Agora por Nós Mesmos. Cercado pelos sete diretores dos cinco episódios, Cacá lembrou que festejou seu 24º aniversário aqui, na Croisette. Foi quando veio pela primeira vez a Cannes, para exibir seu primeiro longa, Ganga Zumba, na Semana da Crítica. Agora, 40 e tantos anos depois, Cacá está de volta apadrinhando a garotada que saiu da favela para tentar a sorte no maior evento de cinema do mundo. É como um conto de fadas. Manaíra Carneiro e Wagner Novais, Cacau Amaral e Rodrigo Felha, Luciano Vidigal, Cacau Barcelos e Luciana Bezerra assinam as cinco histórias da nova versão do filme considerado manifesto do Cinema Novo. Os episódios podem ser irregulares, mas o filme, como um todo, é simpático. Do ponto de vista cinematográfico, o melhor é o primeiro, Fonte de Renda. Mas todos mostram essa raridade - a visão de dentro da favela, a discussão sobre o certo e o errado, o legal e o justo. Será preciso voltar a 5 X Favela. Por enquanto, fica o primeiro registro sobre a exibição, que teve sala lotada.

Mas o grande destaque do dia foi de Abbas Kiarostami. Juliette Binoche é a imagem que ilustra o cartaz do 63º festival. Quando Gilles Jacob lhe pediu autorização para que isso ocorresse, Juliette ainda não sabia, nem Jacob, que Copie Conforme estaria na seleção oficial. O novo Kiarostami é uma belíssima surpresa até para quem se acostumou a ser surpreendido pelo autor iraniano. Seu filme anterior, Sirin, foi experiência meio frustrada, mas talvez não tivesse acertado tanto o tom em Copie sem passar por aquela viagem pelo rosto feminino. Cinéfilo que se preze se lembra de Sirin. O filme se desenrolava no rosto de mulheres, Juliette incluída, que assistiam a uma representação. Kiarostami já deu múltiplos testemunhos sobre a sociedade iraniana e ontem, na coletiva, militou pela liberdade de expressão em seu país, criticando o governo do presidente Ahmadinejad por manter encarcerado o cineasta Jafar Panahi. O filme, propriamente dito, milita por outro tipo de política, a dos sentimentos.

Desta vez, Kiarostami filma na Itália, na Toscana, e coloca na tela os problemas de um casal. Copie é bem escrito, partindo de uma discussão sobre arte para discutir como homem e mulher se veem um ao outro. Juliette conta uma história interessante. Ela conhecia Kiarostami de contatos em festivais. Ele a convidou para visitá-la no Irã, ela aceitou. Em Teerã, ele começou a lhe contar uma história. Ele analisava as reações no rosto de Juliette. Encantou-a por 45 minutos e depois lhe confessou que tudo aquilo era mentira, uma ficção que ele ia engendrando para saber se conseguiria prender sua atenção falando numa língua, o inglês, que não a dele.

Copie Conforme nasceu dessa ideia. O que é falso, o que é verdadeiro na vida como na arte. No início, o espectador não sabe que se trata de um casal. As descobertas vão ocorrendo ao longo de uma conversação muito bem filmada. Kiarostami fez o seu Viagem na Itália, bebendo na fonte de Rossellini, inventor do cinema moderno, mas o filme, falastrão como é e nem de longe animado pelos silêncios de Michelangelo Antonioni, também tem algo dos desencontros do casal de A Aventura. Copie Conforme é o melhor filme deste festival até agora. Numa cena, Juliette experimenta brincos, para decidir qual usar. Ela põe um vermelho. A imagem dura 15/30 segundos na tela. Essa imagem "efêmera" foi escolhida por Kiarostami para ilustrar o cartaz de seu filme, para ser "permanente". Até isso faz parte do mistério de Copie Conforme.

Houve uma bela festa do Brasil hoje, na salas do 60.ème, criada há três para comemorar os 60 anos do Festival de Cannes. Foi lá que Cacá Diegues e Renata Magalhães mostraram a nova versão de 5 X Favela - Agora por Nós Mesmos. Cercado pelos sete diretores dos cinco episódios, Cacá lembrou que festejou seu 24º aniversário aqui, na Croisette. Foi quando veio pela primeira vez a Cannes, para exibir seu primeiro longa, Ganga Zumba, na Semana da Crítica. Agora, 40 e tantos anos depois, Cacá está de volta apadrinhando a garotada que saiu da favela para tentar a sorte no maior evento de cinema do mundo. É como um conto de fadas. Manaíra Carneiro e Wagner Novais, Cacau Amaral e Rodrigo Felha, Luciano Vidigal, Cacau Barcelos e Luciana Bezerra assinam as cinco histórias da nova versão do filme considerado manifesto do Cinema Novo. Os episódios podem ser irregulares, mas o filme, como um todo, é simpático. Do ponto de vista cinematográfico, o melhor é o primeiro, Fonte de Renda. Mas todos mostram essa raridade - a visão de dentro da favela, a discussão sobre o certo e o errado, o legal e o justo. Será preciso voltar a 5 X Favela. Por enquanto, fica o primeiro registro sobre a exibição, que teve sala lotada.

Mas o grande destaque do dia foi de Abbas Kiarostami. Juliette Binoche é a imagem que ilustra o cartaz do 63º festival. Quando Gilles Jacob lhe pediu autorização para que isso ocorresse, Juliette ainda não sabia, nem Jacob, que Copie Conforme estaria na seleção oficial. O novo Kiarostami é uma belíssima surpresa até para quem se acostumou a ser surpreendido pelo autor iraniano. Seu filme anterior, Sirin, foi experiência meio frustrada, mas talvez não tivesse acertado tanto o tom em Copie sem passar por aquela viagem pelo rosto feminino. Cinéfilo que se preze se lembra de Sirin. O filme se desenrolava no rosto de mulheres, Juliette incluída, que assistiam a uma representação. Kiarostami já deu múltiplos testemunhos sobre a sociedade iraniana e ontem, na coletiva, militou pela liberdade de expressão em seu país, criticando o governo do presidente Ahmadinejad por manter encarcerado o cineasta Jafar Panahi. O filme, propriamente dito, milita por outro tipo de política, a dos sentimentos.

Desta vez, Kiarostami filma na Itália, na Toscana, e coloca na tela os problemas de um casal. Copie é bem escrito, partindo de uma discussão sobre arte para discutir como homem e mulher se veem um ao outro. Juliette conta uma história interessante. Ela conhecia Kiarostami de contatos em festivais. Ele a convidou para visitá-la no Irã, ela aceitou. Em Teerã, ele começou a lhe contar uma história. Ele analisava as reações no rosto de Juliette. Encantou-a por 45 minutos e depois lhe confessou que tudo aquilo era mentira, uma ficção que ele ia engendrando para saber se conseguiria prender sua atenção falando numa língua, o inglês, que não a dele.

Copie Conforme nasceu dessa ideia. O que é falso, o que é verdadeiro na vida como na arte. No início, o espectador não sabe que se trata de um casal. As descobertas vão ocorrendo ao longo de uma conversação muito bem filmada. Kiarostami fez o seu Viagem na Itália, bebendo na fonte de Rossellini, inventor do cinema moderno, mas o filme, falastrão como é e nem de longe animado pelos silêncios de Michelangelo Antonioni, também tem algo dos desencontros do casal de A Aventura. Copie Conforme é o melhor filme deste festival até agora. Numa cena, Juliette experimenta brincos, para decidir qual usar. Ela põe um vermelho. A imagem dura 15/30 segundos na tela. Essa imagem "efêmera" foi escolhida por Kiarostami para ilustrar o cartaz de seu filme, para ser "permanente". Até isso faz parte do mistério de Copie Conforme.

Houve uma bela festa do Brasil hoje, na salas do 60.ème, criada há três para comemorar os 60 anos do Festival de Cannes. Foi lá que Cacá Diegues e Renata Magalhães mostraram a nova versão de 5 X Favela - Agora por Nós Mesmos. Cercado pelos sete diretores dos cinco episódios, Cacá lembrou que festejou seu 24º aniversário aqui, na Croisette. Foi quando veio pela primeira vez a Cannes, para exibir seu primeiro longa, Ganga Zumba, na Semana da Crítica. Agora, 40 e tantos anos depois, Cacá está de volta apadrinhando a garotada que saiu da favela para tentar a sorte no maior evento de cinema do mundo. É como um conto de fadas. Manaíra Carneiro e Wagner Novais, Cacau Amaral e Rodrigo Felha, Luciano Vidigal, Cacau Barcelos e Luciana Bezerra assinam as cinco histórias da nova versão do filme considerado manifesto do Cinema Novo. Os episódios podem ser irregulares, mas o filme, como um todo, é simpático. Do ponto de vista cinematográfico, o melhor é o primeiro, Fonte de Renda. Mas todos mostram essa raridade - a visão de dentro da favela, a discussão sobre o certo e o errado, o legal e o justo. Será preciso voltar a 5 X Favela. Por enquanto, fica o primeiro registro sobre a exibição, que teve sala lotada.

Mas o grande destaque do dia foi de Abbas Kiarostami. Juliette Binoche é a imagem que ilustra o cartaz do 63º festival. Quando Gilles Jacob lhe pediu autorização para que isso ocorresse, Juliette ainda não sabia, nem Jacob, que Copie Conforme estaria na seleção oficial. O novo Kiarostami é uma belíssima surpresa até para quem se acostumou a ser surpreendido pelo autor iraniano. Seu filme anterior, Sirin, foi experiência meio frustrada, mas talvez não tivesse acertado tanto o tom em Copie sem passar por aquela viagem pelo rosto feminino. Cinéfilo que se preze se lembra de Sirin. O filme se desenrolava no rosto de mulheres, Juliette incluída, que assistiam a uma representação. Kiarostami já deu múltiplos testemunhos sobre a sociedade iraniana e ontem, na coletiva, militou pela liberdade de expressão em seu país, criticando o governo do presidente Ahmadinejad por manter encarcerado o cineasta Jafar Panahi. O filme, propriamente dito, milita por outro tipo de política, a dos sentimentos.

Desta vez, Kiarostami filma na Itália, na Toscana, e coloca na tela os problemas de um casal. Copie é bem escrito, partindo de uma discussão sobre arte para discutir como homem e mulher se veem um ao outro. Juliette conta uma história interessante. Ela conhecia Kiarostami de contatos em festivais. Ele a convidou para visitá-la no Irã, ela aceitou. Em Teerã, ele começou a lhe contar uma história. Ele analisava as reações no rosto de Juliette. Encantou-a por 45 minutos e depois lhe confessou que tudo aquilo era mentira, uma ficção que ele ia engendrando para saber se conseguiria prender sua atenção falando numa língua, o inglês, que não a dele.

Copie Conforme nasceu dessa ideia. O que é falso, o que é verdadeiro na vida como na arte. No início, o espectador não sabe que se trata de um casal. As descobertas vão ocorrendo ao longo de uma conversação muito bem filmada. Kiarostami fez o seu Viagem na Itália, bebendo na fonte de Rossellini, inventor do cinema moderno, mas o filme, falastrão como é e nem de longe animado pelos silêncios de Michelangelo Antonioni, também tem algo dos desencontros do casal de A Aventura. Copie Conforme é o melhor filme deste festival até agora. Numa cena, Juliette experimenta brincos, para decidir qual usar. Ela põe um vermelho. A imagem dura 15/30 segundos na tela. Essa imagem "efêmera" foi escolhida por Kiarostami para ilustrar o cartaz de seu filme, para ser "permanente". Até isso faz parte do mistério de Copie Conforme.

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