Papis et Circenses
, vencedor do Prêmio Paraná de Literatura 2012, é ágil e despretensioso. Nele, José Roberto Torero propõe-se a um jogo literário: escrever minibiografias das vidas de todos os Papas da história. Poucos contos se atrevem além de mais de uma página; alguns, preciosos, possuem apenas uma frase.
O livro tem a marca do melhor estilo jornalístico: nenhuma frase é banal, todas informativas. E, revelando a experiência profissional de Torero como roteirista, a maior parte dos contos começam com o narrador situando uma cena para logo se seguirem diálogos ricos e precisos.
E assim, traçando um instigante compendio de sentimentos, uma rica coleção de personalidades chega ao leitor: de Papas perversos a bondosos, passando pelos relapsos e assustados; e envenenados, torturados ou torturadores; culminando nos ingênuos, mas conjurando os invejosos e maliciosos.
O arco do livro passa longe da veneração: os homens que chegam o sumo pontífice são nobres e engenhosos, mas também falhados, repletos de vaidades, orgulhos e medos, e reféns também de inesperadas armadilhas do acaso e dos caprichos do destino. A aposta de Torero no pedestre da vida de Papas, muitos deles atuais santos, aproxima essa comédia de acasos da vida de todos nós.
VINICIUS JATOBÁ É CRÍTICO LITERÁRIO
PAPIS ET CIRCENSES
Autor: José Roberto Torero
Editora: Alfaguara (160 págs., R$ 29,90)