'Adivinhe Quem Vem para Rezar' ganha versão portuguesa


Montagem da Seiva Trupe da comédia dramática vem ao Festival Mirada

Por Maria Eugenia de Menezes

Adivinhe Quem Vem para Rezar, que será apresentada até domingo no Sesc Belenzinho, é velha conhecida das plateias de São Paulo. Estreou por aqui em 2005, trazendo Paulo Autran e Claudio Fontana como protagonistas. Depois, mereceu montagens em Buenos Aires, tendo o veterano ator Federico Luppi no papel principal, e no Paraguai, com o grupo Arlequim.

A versão que agora aporta na cidade carrega sotaque português: é uma produção da Seiva Trupe, tradicional companhia sediada na cidade do Porto. A vinda ao Brasil ocorre dentro do contexto do Festival Mirada, que busca traçar um diálogo entre a cena teatral da península Ibérica e da América Latina.

“Temos uma estreita relação com os artistas brasileiros e dessa vez isso se dá na dramaturgia”, diz o diretor português Julio Cardoso. Escrita pelo jornalista e dramaturgo Dib Carneiro Neto, a obra revela o encontro entre um homem que, durante a missa de sétimo dia de seu pai, encontra-se com um antigo amigo da família, suposto amante de sua mãe. O tom, obviamente, é de acertos de contas.

continua após a publicidade

Mas o que talvez mobilize a companhia a revisitar a criação seja menos o conflito familiar e mais a possibilidade de observar homens a discorrer sobre seus sentimentos. Ao focalizar as relações sob esse ponto de vista masculino, o dramaturgo – reconhecido por outras obras, como Salmo 91, adaptação do livro Estação Carandiru, que foi encenada por Gabriel Villela – acaba por descortinar outra questão: o mal que o silêncio pode fazer.

Não é apenas com o amante da mãe que o protagonista se encontra. Nessa conversa também entrarão as figuras de um padre e a de seu próprio pai. Todas astutamente interpretadas pelo mesmo ator. Nessa versão, cabe ao ator António Reis desdobrar-se nos três papéis.

Sem fugir à fórmula do drama familiar típico, a peça reúne trocas de acusações, além de segredos que vem à tona, lágrimas, cobranças e traições. Mas consegue, por meio da ironia, revestir a trama de achados cômicos e certa dose de irreverência e leveza. “Trata-se de uma comédia dramática, que carrega um humor profundamente sarcástico”, considera o encenador.

continua após a publicidade

É certamente a maneira como foi delineado o personagem do filho que abre espaço para as inserções de humor. Ainda que se trate de um homem de 40 anos, ele continua a portar-se e a reivindicar atenção de maneira infantil. Guardou mágoas de criança, que o tempo em nada ajudou a resolver.

Outro aspecto a garantir o andamento da trama é o conflito geracional que se dá no palco. Em uma inversão de expectativas, cabe aos mais velhos uma postura mais libertária e compreensiva em relação a diversos assuntos, inclusive sexualidade. O filho, nesse cenário, merece tonalidades mais conservadoras. Coloca-se sempre em posição de confronto em relação a esses homens mais velhos, que ele, invariavelmente, reveste de tintas paternais. “Ele é de um conservadorismo atroz. Está constantemente a criticar o crescimento do homem moderno e sua necessidade de quebrar tabus”, pontua Cardoso. Mas uma transformação se insinua nesse personagem, e ela se originará tanto da dor da perda quanto do alívio do diálogo.

ADIVINHE QUEM VEM PARA REZARSesc Belenzinho. R. Padre Adelino, 1000, 20769700. 6ª e sáb., 20h; dom., 17h. R$ 25

Adivinhe Quem Vem para Rezar, que será apresentada até domingo no Sesc Belenzinho, é velha conhecida das plateias de São Paulo. Estreou por aqui em 2005, trazendo Paulo Autran e Claudio Fontana como protagonistas. Depois, mereceu montagens em Buenos Aires, tendo o veterano ator Federico Luppi no papel principal, e no Paraguai, com o grupo Arlequim.

A versão que agora aporta na cidade carrega sotaque português: é uma produção da Seiva Trupe, tradicional companhia sediada na cidade do Porto. A vinda ao Brasil ocorre dentro do contexto do Festival Mirada, que busca traçar um diálogo entre a cena teatral da península Ibérica e da América Latina.

“Temos uma estreita relação com os artistas brasileiros e dessa vez isso se dá na dramaturgia”, diz o diretor português Julio Cardoso. Escrita pelo jornalista e dramaturgo Dib Carneiro Neto, a obra revela o encontro entre um homem que, durante a missa de sétimo dia de seu pai, encontra-se com um antigo amigo da família, suposto amante de sua mãe. O tom, obviamente, é de acertos de contas.

Mas o que talvez mobilize a companhia a revisitar a criação seja menos o conflito familiar e mais a possibilidade de observar homens a discorrer sobre seus sentimentos. Ao focalizar as relações sob esse ponto de vista masculino, o dramaturgo – reconhecido por outras obras, como Salmo 91, adaptação do livro Estação Carandiru, que foi encenada por Gabriel Villela – acaba por descortinar outra questão: o mal que o silêncio pode fazer.

Não é apenas com o amante da mãe que o protagonista se encontra. Nessa conversa também entrarão as figuras de um padre e a de seu próprio pai. Todas astutamente interpretadas pelo mesmo ator. Nessa versão, cabe ao ator António Reis desdobrar-se nos três papéis.

Sem fugir à fórmula do drama familiar típico, a peça reúne trocas de acusações, além de segredos que vem à tona, lágrimas, cobranças e traições. Mas consegue, por meio da ironia, revestir a trama de achados cômicos e certa dose de irreverência e leveza. “Trata-se de uma comédia dramática, que carrega um humor profundamente sarcástico”, considera o encenador.

É certamente a maneira como foi delineado o personagem do filho que abre espaço para as inserções de humor. Ainda que se trate de um homem de 40 anos, ele continua a portar-se e a reivindicar atenção de maneira infantil. Guardou mágoas de criança, que o tempo em nada ajudou a resolver.

Outro aspecto a garantir o andamento da trama é o conflito geracional que se dá no palco. Em uma inversão de expectativas, cabe aos mais velhos uma postura mais libertária e compreensiva em relação a diversos assuntos, inclusive sexualidade. O filho, nesse cenário, merece tonalidades mais conservadoras. Coloca-se sempre em posição de confronto em relação a esses homens mais velhos, que ele, invariavelmente, reveste de tintas paternais. “Ele é de um conservadorismo atroz. Está constantemente a criticar o crescimento do homem moderno e sua necessidade de quebrar tabus”, pontua Cardoso. Mas uma transformação se insinua nesse personagem, e ela se originará tanto da dor da perda quanto do alívio do diálogo.

ADIVINHE QUEM VEM PARA REZARSesc Belenzinho. R. Padre Adelino, 1000, 20769700. 6ª e sáb., 20h; dom., 17h. R$ 25

Adivinhe Quem Vem para Rezar, que será apresentada até domingo no Sesc Belenzinho, é velha conhecida das plateias de São Paulo. Estreou por aqui em 2005, trazendo Paulo Autran e Claudio Fontana como protagonistas. Depois, mereceu montagens em Buenos Aires, tendo o veterano ator Federico Luppi no papel principal, e no Paraguai, com o grupo Arlequim.

A versão que agora aporta na cidade carrega sotaque português: é uma produção da Seiva Trupe, tradicional companhia sediada na cidade do Porto. A vinda ao Brasil ocorre dentro do contexto do Festival Mirada, que busca traçar um diálogo entre a cena teatral da península Ibérica e da América Latina.

“Temos uma estreita relação com os artistas brasileiros e dessa vez isso se dá na dramaturgia”, diz o diretor português Julio Cardoso. Escrita pelo jornalista e dramaturgo Dib Carneiro Neto, a obra revela o encontro entre um homem que, durante a missa de sétimo dia de seu pai, encontra-se com um antigo amigo da família, suposto amante de sua mãe. O tom, obviamente, é de acertos de contas.

Mas o que talvez mobilize a companhia a revisitar a criação seja menos o conflito familiar e mais a possibilidade de observar homens a discorrer sobre seus sentimentos. Ao focalizar as relações sob esse ponto de vista masculino, o dramaturgo – reconhecido por outras obras, como Salmo 91, adaptação do livro Estação Carandiru, que foi encenada por Gabriel Villela – acaba por descortinar outra questão: o mal que o silêncio pode fazer.

Não é apenas com o amante da mãe que o protagonista se encontra. Nessa conversa também entrarão as figuras de um padre e a de seu próprio pai. Todas astutamente interpretadas pelo mesmo ator. Nessa versão, cabe ao ator António Reis desdobrar-se nos três papéis.

Sem fugir à fórmula do drama familiar típico, a peça reúne trocas de acusações, além de segredos que vem à tona, lágrimas, cobranças e traições. Mas consegue, por meio da ironia, revestir a trama de achados cômicos e certa dose de irreverência e leveza. “Trata-se de uma comédia dramática, que carrega um humor profundamente sarcástico”, considera o encenador.

É certamente a maneira como foi delineado o personagem do filho que abre espaço para as inserções de humor. Ainda que se trate de um homem de 40 anos, ele continua a portar-se e a reivindicar atenção de maneira infantil. Guardou mágoas de criança, que o tempo em nada ajudou a resolver.

Outro aspecto a garantir o andamento da trama é o conflito geracional que se dá no palco. Em uma inversão de expectativas, cabe aos mais velhos uma postura mais libertária e compreensiva em relação a diversos assuntos, inclusive sexualidade. O filho, nesse cenário, merece tonalidades mais conservadoras. Coloca-se sempre em posição de confronto em relação a esses homens mais velhos, que ele, invariavelmente, reveste de tintas paternais. “Ele é de um conservadorismo atroz. Está constantemente a criticar o crescimento do homem moderno e sua necessidade de quebrar tabus”, pontua Cardoso. Mas uma transformação se insinua nesse personagem, e ela se originará tanto da dor da perda quanto do alívio do diálogo.

ADIVINHE QUEM VEM PARA REZARSesc Belenzinho. R. Padre Adelino, 1000, 20769700. 6ª e sáb., 20h; dom., 17h. R$ 25

Adivinhe Quem Vem para Rezar, que será apresentada até domingo no Sesc Belenzinho, é velha conhecida das plateias de São Paulo. Estreou por aqui em 2005, trazendo Paulo Autran e Claudio Fontana como protagonistas. Depois, mereceu montagens em Buenos Aires, tendo o veterano ator Federico Luppi no papel principal, e no Paraguai, com o grupo Arlequim.

A versão que agora aporta na cidade carrega sotaque português: é uma produção da Seiva Trupe, tradicional companhia sediada na cidade do Porto. A vinda ao Brasil ocorre dentro do contexto do Festival Mirada, que busca traçar um diálogo entre a cena teatral da península Ibérica e da América Latina.

“Temos uma estreita relação com os artistas brasileiros e dessa vez isso se dá na dramaturgia”, diz o diretor português Julio Cardoso. Escrita pelo jornalista e dramaturgo Dib Carneiro Neto, a obra revela o encontro entre um homem que, durante a missa de sétimo dia de seu pai, encontra-se com um antigo amigo da família, suposto amante de sua mãe. O tom, obviamente, é de acertos de contas.

Mas o que talvez mobilize a companhia a revisitar a criação seja menos o conflito familiar e mais a possibilidade de observar homens a discorrer sobre seus sentimentos. Ao focalizar as relações sob esse ponto de vista masculino, o dramaturgo – reconhecido por outras obras, como Salmo 91, adaptação do livro Estação Carandiru, que foi encenada por Gabriel Villela – acaba por descortinar outra questão: o mal que o silêncio pode fazer.

Não é apenas com o amante da mãe que o protagonista se encontra. Nessa conversa também entrarão as figuras de um padre e a de seu próprio pai. Todas astutamente interpretadas pelo mesmo ator. Nessa versão, cabe ao ator António Reis desdobrar-se nos três papéis.

Sem fugir à fórmula do drama familiar típico, a peça reúne trocas de acusações, além de segredos que vem à tona, lágrimas, cobranças e traições. Mas consegue, por meio da ironia, revestir a trama de achados cômicos e certa dose de irreverência e leveza. “Trata-se de uma comédia dramática, que carrega um humor profundamente sarcástico”, considera o encenador.

É certamente a maneira como foi delineado o personagem do filho que abre espaço para as inserções de humor. Ainda que se trate de um homem de 40 anos, ele continua a portar-se e a reivindicar atenção de maneira infantil. Guardou mágoas de criança, que o tempo em nada ajudou a resolver.

Outro aspecto a garantir o andamento da trama é o conflito geracional que se dá no palco. Em uma inversão de expectativas, cabe aos mais velhos uma postura mais libertária e compreensiva em relação a diversos assuntos, inclusive sexualidade. O filho, nesse cenário, merece tonalidades mais conservadoras. Coloca-se sempre em posição de confronto em relação a esses homens mais velhos, que ele, invariavelmente, reveste de tintas paternais. “Ele é de um conservadorismo atroz. Está constantemente a criticar o crescimento do homem moderno e sua necessidade de quebrar tabus”, pontua Cardoso. Mas uma transformação se insinua nesse personagem, e ela se originará tanto da dor da perda quanto do alívio do diálogo.

ADIVINHE QUEM VEM PARA REZARSesc Belenzinho. R. Padre Adelino, 1000, 20769700. 6ª e sáb., 20h; dom., 17h. R$ 25

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.