Debate antigo


Por Redação

(Do baú). Há anos se discute a divisão entre a cultura científica e a cultura humanística e é quase como se falassem de duas raças diferentes. Os que defendem que a divisão não é genética sustentam que não dá para saber, pelo comportamento da criança antes dos cinco anos, se ela vai ser de uma cultura ou de outra. Se o garoto gosta de abrir a barriga do ursinho tanto pode significar que ele vai ser um cirurgião ou um médico legista quanto um estripador amador. O meio é que determinaria sua vocação e seu destino. Condicionado pelo meio, o filho de um médico teria naturalmente mais chances de ser um médico também enquanto o filho de um estripador teria mais chances de acabar preso, ou escrevendo um livro de memórias sensacional. Já outros sustentam que a genética é tudo e que no espermatozóide que fecunda o óvulo já está o contador ou o poeta, o advogado ou o engenheiro, o ator ou a manicure. E há os que garantem que o espermatozóide não decide nada, pode chegar no óvulo com os planos que quiser, cheio de ânimo e moral - afinal, derrotou milhões de outros espermatozóides na corrida para ser o primeiro, é natural que se sinta um vencedor e capaz de tudo - mas quem decide mesmo é o óvulo. Presidente da república coisa nenhuma. Contrabaixista e numismata. - Mas, mas... - tenta protestar o espermatozóide. - Quieto - diz o óvulo. - Lembre-se que você é o intruso aqui. Eu estou em minha casa. E na minha casa mando eu! Genética X cultura, hereditariedade X influência do meio... É um debate antigo que nunca se resolve. Por que certas pessoas "dão" para certas coisas e outras não? Mais especificamente, por que eu sou em zero em matemática enquanto tantos à minha volta não só sabem fazer contas como gostam? Meu cérebro já nasceu decidido a rechaçar qualquer tentativa de introduzirem nele a raiz quadrada ou isso foi uma decisão minha que ele acatou? O fato é que há pessoas que querem ser dentista desde pequenas e outras que não apenas não concebem como alguém possa ter uma vocação assim como precisam se controlar para não morder o seu dedo. Seja por influência do meio ou por compulsão genética, o fato é que a partir de uma certa idade nós todos sabemos se queremos abrir barrigas ou não. Estabelecida qual das duas raças é a nossa, podemos escolher entre as opções de cada uma. O que não impede mal-entendidos. Lembro como eu gostava daqueles problemas matemáticos com historinha, tipo "Se um trem sai de uma estação a tal hora viajando a tantos quilômetros por hora e outro sai de outra estação a tantos quilômetros de distância na mesma hora e na mesma velocidade mas o maquinista precisa passar em casa e perde cinco minutos..." ou "Se uma mãe tem três pedaços de laranja para repartir entre cinco filhos..." Cheguei a pensar que meu cérebro gostava de contas e minha vocação era para as ciências exatas, até me dar conta que eu não gostava da matemática. Gostava das historinhas. A divisão ciência/humanismo se projeta na maneira como as pessoas encaram o computador. Resiste-se ao computador, e a toda a cultura cibernética, como uma forma de ser fiel ao livro e à cultura da palavra impressa. Mas é falso que o computador substituirá o papel. Ao contrário do que se pensava há alguns anos, o computador não salvará as florestas. Aumentou o uso do papel em todo o mundo, e não apenas porque a cada novidade eletrônica lançada no mercado corresponde um manual de instrução, sem falar numa embalagem de papelão. O computador estimula as pessoas a imprimirem coisas. Como hoje qualquer um pode ser editor, paginador e ilustrador sem largar o mouse, a tentação de passar sua obra para o papel é quase irresistível. E nada dá uma impressão de permanência como a impressão, ainda menos uma tela ondulante que pode desaparecer com o mero toque numa tecla errada. Mesmo forrando a proverbial gaiola do papagaio um papel impresso tem mais nobreza e perenidade do que qualquer cristal líquido. Mas desconfio que o que salvará o livro será o supérfluo, o que não tem nada a ver com conteúdo ou cultura. Até que lancem DVDs com cheiro sintetizado, nada substituirá o cheiro de papel e tinta nas suas duas categorias inigualáveis, livro novo e livro velho. E nenhuma coleção de CDs ornamentará uma sala com o calor e a dignidade de uma estante de livros. A tudo que falta ao admirável mundo da informática, da cibernética, do virtual e do instantâneo acrescente-se isso: falta lombada. No fim o livro deverá sua sobrevida à decoração de interiores. ''''Há discussões sobre a divisão entre cultura científica e humanística, como se fossem duas raças diferentes'''' ''''Filho de estripador teria mais chances de acabar preso ou de escrever um livro sensacional''''

(Do baú). Há anos se discute a divisão entre a cultura científica e a cultura humanística e é quase como se falassem de duas raças diferentes. Os que defendem que a divisão não é genética sustentam que não dá para saber, pelo comportamento da criança antes dos cinco anos, se ela vai ser de uma cultura ou de outra. Se o garoto gosta de abrir a barriga do ursinho tanto pode significar que ele vai ser um cirurgião ou um médico legista quanto um estripador amador. O meio é que determinaria sua vocação e seu destino. Condicionado pelo meio, o filho de um médico teria naturalmente mais chances de ser um médico também enquanto o filho de um estripador teria mais chances de acabar preso, ou escrevendo um livro de memórias sensacional. Já outros sustentam que a genética é tudo e que no espermatozóide que fecunda o óvulo já está o contador ou o poeta, o advogado ou o engenheiro, o ator ou a manicure. E há os que garantem que o espermatozóide não decide nada, pode chegar no óvulo com os planos que quiser, cheio de ânimo e moral - afinal, derrotou milhões de outros espermatozóides na corrida para ser o primeiro, é natural que se sinta um vencedor e capaz de tudo - mas quem decide mesmo é o óvulo. Presidente da república coisa nenhuma. Contrabaixista e numismata. - Mas, mas... - tenta protestar o espermatozóide. - Quieto - diz o óvulo. - Lembre-se que você é o intruso aqui. Eu estou em minha casa. E na minha casa mando eu! Genética X cultura, hereditariedade X influência do meio... É um debate antigo que nunca se resolve. Por que certas pessoas "dão" para certas coisas e outras não? Mais especificamente, por que eu sou em zero em matemática enquanto tantos à minha volta não só sabem fazer contas como gostam? Meu cérebro já nasceu decidido a rechaçar qualquer tentativa de introduzirem nele a raiz quadrada ou isso foi uma decisão minha que ele acatou? O fato é que há pessoas que querem ser dentista desde pequenas e outras que não apenas não concebem como alguém possa ter uma vocação assim como precisam se controlar para não morder o seu dedo. Seja por influência do meio ou por compulsão genética, o fato é que a partir de uma certa idade nós todos sabemos se queremos abrir barrigas ou não. Estabelecida qual das duas raças é a nossa, podemos escolher entre as opções de cada uma. O que não impede mal-entendidos. Lembro como eu gostava daqueles problemas matemáticos com historinha, tipo "Se um trem sai de uma estação a tal hora viajando a tantos quilômetros por hora e outro sai de outra estação a tantos quilômetros de distância na mesma hora e na mesma velocidade mas o maquinista precisa passar em casa e perde cinco minutos..." ou "Se uma mãe tem três pedaços de laranja para repartir entre cinco filhos..." Cheguei a pensar que meu cérebro gostava de contas e minha vocação era para as ciências exatas, até me dar conta que eu não gostava da matemática. Gostava das historinhas. A divisão ciência/humanismo se projeta na maneira como as pessoas encaram o computador. Resiste-se ao computador, e a toda a cultura cibernética, como uma forma de ser fiel ao livro e à cultura da palavra impressa. Mas é falso que o computador substituirá o papel. Ao contrário do que se pensava há alguns anos, o computador não salvará as florestas. Aumentou o uso do papel em todo o mundo, e não apenas porque a cada novidade eletrônica lançada no mercado corresponde um manual de instrução, sem falar numa embalagem de papelão. O computador estimula as pessoas a imprimirem coisas. Como hoje qualquer um pode ser editor, paginador e ilustrador sem largar o mouse, a tentação de passar sua obra para o papel é quase irresistível. E nada dá uma impressão de permanência como a impressão, ainda menos uma tela ondulante que pode desaparecer com o mero toque numa tecla errada. Mesmo forrando a proverbial gaiola do papagaio um papel impresso tem mais nobreza e perenidade do que qualquer cristal líquido. Mas desconfio que o que salvará o livro será o supérfluo, o que não tem nada a ver com conteúdo ou cultura. Até que lancem DVDs com cheiro sintetizado, nada substituirá o cheiro de papel e tinta nas suas duas categorias inigualáveis, livro novo e livro velho. E nenhuma coleção de CDs ornamentará uma sala com o calor e a dignidade de uma estante de livros. A tudo que falta ao admirável mundo da informática, da cibernética, do virtual e do instantâneo acrescente-se isso: falta lombada. No fim o livro deverá sua sobrevida à decoração de interiores. ''''Há discussões sobre a divisão entre cultura científica e humanística, como se fossem duas raças diferentes'''' ''''Filho de estripador teria mais chances de acabar preso ou de escrever um livro sensacional''''

(Do baú). Há anos se discute a divisão entre a cultura científica e a cultura humanística e é quase como se falassem de duas raças diferentes. Os que defendem que a divisão não é genética sustentam que não dá para saber, pelo comportamento da criança antes dos cinco anos, se ela vai ser de uma cultura ou de outra. Se o garoto gosta de abrir a barriga do ursinho tanto pode significar que ele vai ser um cirurgião ou um médico legista quanto um estripador amador. O meio é que determinaria sua vocação e seu destino. Condicionado pelo meio, o filho de um médico teria naturalmente mais chances de ser um médico também enquanto o filho de um estripador teria mais chances de acabar preso, ou escrevendo um livro de memórias sensacional. Já outros sustentam que a genética é tudo e que no espermatozóide que fecunda o óvulo já está o contador ou o poeta, o advogado ou o engenheiro, o ator ou a manicure. E há os que garantem que o espermatozóide não decide nada, pode chegar no óvulo com os planos que quiser, cheio de ânimo e moral - afinal, derrotou milhões de outros espermatozóides na corrida para ser o primeiro, é natural que se sinta um vencedor e capaz de tudo - mas quem decide mesmo é o óvulo. Presidente da república coisa nenhuma. Contrabaixista e numismata. - Mas, mas... - tenta protestar o espermatozóide. - Quieto - diz o óvulo. - Lembre-se que você é o intruso aqui. Eu estou em minha casa. E na minha casa mando eu! Genética X cultura, hereditariedade X influência do meio... É um debate antigo que nunca se resolve. Por que certas pessoas "dão" para certas coisas e outras não? Mais especificamente, por que eu sou em zero em matemática enquanto tantos à minha volta não só sabem fazer contas como gostam? Meu cérebro já nasceu decidido a rechaçar qualquer tentativa de introduzirem nele a raiz quadrada ou isso foi uma decisão minha que ele acatou? O fato é que há pessoas que querem ser dentista desde pequenas e outras que não apenas não concebem como alguém possa ter uma vocação assim como precisam se controlar para não morder o seu dedo. Seja por influência do meio ou por compulsão genética, o fato é que a partir de uma certa idade nós todos sabemos se queremos abrir barrigas ou não. Estabelecida qual das duas raças é a nossa, podemos escolher entre as opções de cada uma. O que não impede mal-entendidos. Lembro como eu gostava daqueles problemas matemáticos com historinha, tipo "Se um trem sai de uma estação a tal hora viajando a tantos quilômetros por hora e outro sai de outra estação a tantos quilômetros de distância na mesma hora e na mesma velocidade mas o maquinista precisa passar em casa e perde cinco minutos..." ou "Se uma mãe tem três pedaços de laranja para repartir entre cinco filhos..." Cheguei a pensar que meu cérebro gostava de contas e minha vocação era para as ciências exatas, até me dar conta que eu não gostava da matemática. Gostava das historinhas. A divisão ciência/humanismo se projeta na maneira como as pessoas encaram o computador. Resiste-se ao computador, e a toda a cultura cibernética, como uma forma de ser fiel ao livro e à cultura da palavra impressa. Mas é falso que o computador substituirá o papel. Ao contrário do que se pensava há alguns anos, o computador não salvará as florestas. Aumentou o uso do papel em todo o mundo, e não apenas porque a cada novidade eletrônica lançada no mercado corresponde um manual de instrução, sem falar numa embalagem de papelão. O computador estimula as pessoas a imprimirem coisas. Como hoje qualquer um pode ser editor, paginador e ilustrador sem largar o mouse, a tentação de passar sua obra para o papel é quase irresistível. E nada dá uma impressão de permanência como a impressão, ainda menos uma tela ondulante que pode desaparecer com o mero toque numa tecla errada. Mesmo forrando a proverbial gaiola do papagaio um papel impresso tem mais nobreza e perenidade do que qualquer cristal líquido. Mas desconfio que o que salvará o livro será o supérfluo, o que não tem nada a ver com conteúdo ou cultura. Até que lancem DVDs com cheiro sintetizado, nada substituirá o cheiro de papel e tinta nas suas duas categorias inigualáveis, livro novo e livro velho. E nenhuma coleção de CDs ornamentará uma sala com o calor e a dignidade de uma estante de livros. A tudo que falta ao admirável mundo da informática, da cibernética, do virtual e do instantâneo acrescente-se isso: falta lombada. No fim o livro deverá sua sobrevida à decoração de interiores. ''''Há discussões sobre a divisão entre cultura científica e humanística, como se fossem duas raças diferentes'''' ''''Filho de estripador teria mais chances de acabar preso ou de escrever um livro sensacional''''

(Do baú). Há anos se discute a divisão entre a cultura científica e a cultura humanística e é quase como se falassem de duas raças diferentes. Os que defendem que a divisão não é genética sustentam que não dá para saber, pelo comportamento da criança antes dos cinco anos, se ela vai ser de uma cultura ou de outra. Se o garoto gosta de abrir a barriga do ursinho tanto pode significar que ele vai ser um cirurgião ou um médico legista quanto um estripador amador. O meio é que determinaria sua vocação e seu destino. Condicionado pelo meio, o filho de um médico teria naturalmente mais chances de ser um médico também enquanto o filho de um estripador teria mais chances de acabar preso, ou escrevendo um livro de memórias sensacional. Já outros sustentam que a genética é tudo e que no espermatozóide que fecunda o óvulo já está o contador ou o poeta, o advogado ou o engenheiro, o ator ou a manicure. E há os que garantem que o espermatozóide não decide nada, pode chegar no óvulo com os planos que quiser, cheio de ânimo e moral - afinal, derrotou milhões de outros espermatozóides na corrida para ser o primeiro, é natural que se sinta um vencedor e capaz de tudo - mas quem decide mesmo é o óvulo. Presidente da república coisa nenhuma. Contrabaixista e numismata. - Mas, mas... - tenta protestar o espermatozóide. - Quieto - diz o óvulo. - Lembre-se que você é o intruso aqui. Eu estou em minha casa. E na minha casa mando eu! Genética X cultura, hereditariedade X influência do meio... É um debate antigo que nunca se resolve. Por que certas pessoas "dão" para certas coisas e outras não? Mais especificamente, por que eu sou em zero em matemática enquanto tantos à minha volta não só sabem fazer contas como gostam? Meu cérebro já nasceu decidido a rechaçar qualquer tentativa de introduzirem nele a raiz quadrada ou isso foi uma decisão minha que ele acatou? O fato é que há pessoas que querem ser dentista desde pequenas e outras que não apenas não concebem como alguém possa ter uma vocação assim como precisam se controlar para não morder o seu dedo. Seja por influência do meio ou por compulsão genética, o fato é que a partir de uma certa idade nós todos sabemos se queremos abrir barrigas ou não. Estabelecida qual das duas raças é a nossa, podemos escolher entre as opções de cada uma. O que não impede mal-entendidos. Lembro como eu gostava daqueles problemas matemáticos com historinha, tipo "Se um trem sai de uma estação a tal hora viajando a tantos quilômetros por hora e outro sai de outra estação a tantos quilômetros de distância na mesma hora e na mesma velocidade mas o maquinista precisa passar em casa e perde cinco minutos..." ou "Se uma mãe tem três pedaços de laranja para repartir entre cinco filhos..." Cheguei a pensar que meu cérebro gostava de contas e minha vocação era para as ciências exatas, até me dar conta que eu não gostava da matemática. Gostava das historinhas. A divisão ciência/humanismo se projeta na maneira como as pessoas encaram o computador. Resiste-se ao computador, e a toda a cultura cibernética, como uma forma de ser fiel ao livro e à cultura da palavra impressa. Mas é falso que o computador substituirá o papel. Ao contrário do que se pensava há alguns anos, o computador não salvará as florestas. Aumentou o uso do papel em todo o mundo, e não apenas porque a cada novidade eletrônica lançada no mercado corresponde um manual de instrução, sem falar numa embalagem de papelão. O computador estimula as pessoas a imprimirem coisas. Como hoje qualquer um pode ser editor, paginador e ilustrador sem largar o mouse, a tentação de passar sua obra para o papel é quase irresistível. E nada dá uma impressão de permanência como a impressão, ainda menos uma tela ondulante que pode desaparecer com o mero toque numa tecla errada. Mesmo forrando a proverbial gaiola do papagaio um papel impresso tem mais nobreza e perenidade do que qualquer cristal líquido. Mas desconfio que o que salvará o livro será o supérfluo, o que não tem nada a ver com conteúdo ou cultura. Até que lancem DVDs com cheiro sintetizado, nada substituirá o cheiro de papel e tinta nas suas duas categorias inigualáveis, livro novo e livro velho. E nenhuma coleção de CDs ornamentará uma sala com o calor e a dignidade de uma estante de livros. A tudo que falta ao admirável mundo da informática, da cibernética, do virtual e do instantâneo acrescente-se isso: falta lombada. No fim o livro deverá sua sobrevida à decoração de interiores. ''''Há discussões sobre a divisão entre cultura científica e humanística, como se fossem duas raças diferentes'''' ''''Filho de estripador teria mais chances de acabar preso ou de escrever um livro sensacional''''

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