Estação Pinacoteca mostra parte de seu acervo de arte construtiva


Entre os autores selecionados estão Willys de Castro, Sérvulo Esmeraldo, Iole de Freitas e Sérgio Sister

Por Antonio Gonçalves Filho

O título da exposição que a Estação Pinacoteca abre hoje, 15, A Linha Como Direção, foi extraído do Manifesto Realista concebido pelos construtivistas russos há quase um século, em 1920. Escrito por Naum Gabo (1890-1977) com o apoio do seu irmão Antoine Pevsner (1886-1962), ambos figuras seminais da vanguarda russa, o manifesto defendia a criação de uma arte estreitamente vinculada à construção geométrica e apoiada na linha como elemento fundamental para o advento de obras de caráter não figurativo. No Brasil, esse manifesto encontrou ressonância mesmo após a diluição do movimento construtivista, em atividade na ex-URSS até 1934, e na República de Weimar, enquanto durou a Bauhaus, a escola alemã de arquitetura e design fechada pelos nazistas em 1933.

Um dos principais articuladores do renascimento da ideologia construtivista entre nós foi o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), que seria lembrado por uma frase definitiva sobre essa vocação construtiva do Brasil, tanto na arquitetura (e Brasília é exemplo disso) como na pintura e na escultura. Pedrosa dizia que o Brasil “é um país condenado ao moderno”. Seguindo os passos dos vanguardistas russos, atualizou o programa construtivista e deu todo apoio às correntes estéticas modernas que emergiram no País nos anos 1950, em especial o movimento concreto e sua dissidência, o neoconcreto, cujo manifesto, de 1959, propôs uma certa flexibilização nos mandamentos dos ortodoxos concretos.

Um dos artistas históricos do neoconcretismo, o escultor Willys de Castro (1926-1988), é um dos principais nomes da exposição da Estação Pinacoteca, agora reformada e pronta para receber visitantes interessados em seu rico acervo de arte construtiva. A mostra é pequena, mas totalmente formada por peças (13) integrantes da coleção da Pinacoteca, como um ‘pluriobjeto’ concebido por Willys e realizado no ano de sua morte, uma peça de madeira de cedro polido que ilustra esta página e evoca o melhor da geometria do movimento De Stijl, em particular a obra do artista belga Georges Vantongerloo (1886-1965).

continua após a publicidade
Pluriobjeto de Willys de Castro feito em 1988, ano de sua morte Foto: ISABELLA MATHEUS/PINACOTECA

Característica desses pluriobjetos é a exigência da participação ativa do observador para “completar” a escultura ao contemplar a peça dos mais variados ângulos, contribuindo para restaurar seu equilíbrio – instável. Há um diálogo íntimo entre Willys e seu discípulo, Macaparana, também presente na mostra da Pinacoteca com um trabalho igualmente vertical e também construtivo.

Segundo a curadora do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do museu, Fernanda Pitta, apesar de terem em comum a linha como elemento geométrico e a ligação com a herança construtivista, os artistas selecionados mantêm sua autonomia. São filhos dos concretos e neoconcretos, mas seguem o próprio caminho. O pintor paulistano Sérgio Sister, por exemplo, usa a ordem cromática para “enfatizar as mudanças de ritmo na modulação das linhas de seus relevos”, define a curadora, justificando sua inserção como único pintor em meio a esculturas.

continua após a publicidade
Pintura de Sérgio Sister: aconstrução da cor Foto: ISABELLA MATHEUS/PINACOTECA

Uma delas, recentemente restaurada, é a do escultor cearense Sérvulo Esmeraldo (1929-2017), para o qual o volume de suas esculturas era apenas “um suporte para evidenciar as linhas”, caso da obra exposta. Numa proposta semelhante, a escultura em alumínio do seu conterrâneo Luiz Hermano (Quadrado II, de 2003) sugere a figura de um cubo movediço que atualiza (numa dimensão tridimensional) a questão dos metaesquemas de Hélio Oiticica, ao optar por estruturas vazadas.

Iole de Freitas, ao criar relevos espaciais com arame, fio de cobre e malha de metal (objeto da década de 1990), dialoga igualmente com o Oiticica do período construtivo. Outra artista mulher bem representada no acervo da Pinacoteca (três peças) é a paulista Mari Yoshimoto (1931-1992), que tem sua obra Esfera III (década de 1970) exposta na mostra.

O título da exposição que a Estação Pinacoteca abre hoje, 15, A Linha Como Direção, foi extraído do Manifesto Realista concebido pelos construtivistas russos há quase um século, em 1920. Escrito por Naum Gabo (1890-1977) com o apoio do seu irmão Antoine Pevsner (1886-1962), ambos figuras seminais da vanguarda russa, o manifesto defendia a criação de uma arte estreitamente vinculada à construção geométrica e apoiada na linha como elemento fundamental para o advento de obras de caráter não figurativo. No Brasil, esse manifesto encontrou ressonância mesmo após a diluição do movimento construtivista, em atividade na ex-URSS até 1934, e na República de Weimar, enquanto durou a Bauhaus, a escola alemã de arquitetura e design fechada pelos nazistas em 1933.

Um dos principais articuladores do renascimento da ideologia construtivista entre nós foi o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), que seria lembrado por uma frase definitiva sobre essa vocação construtiva do Brasil, tanto na arquitetura (e Brasília é exemplo disso) como na pintura e na escultura. Pedrosa dizia que o Brasil “é um país condenado ao moderno”. Seguindo os passos dos vanguardistas russos, atualizou o programa construtivista e deu todo apoio às correntes estéticas modernas que emergiram no País nos anos 1950, em especial o movimento concreto e sua dissidência, o neoconcreto, cujo manifesto, de 1959, propôs uma certa flexibilização nos mandamentos dos ortodoxos concretos.

Um dos artistas históricos do neoconcretismo, o escultor Willys de Castro (1926-1988), é um dos principais nomes da exposição da Estação Pinacoteca, agora reformada e pronta para receber visitantes interessados em seu rico acervo de arte construtiva. A mostra é pequena, mas totalmente formada por peças (13) integrantes da coleção da Pinacoteca, como um ‘pluriobjeto’ concebido por Willys e realizado no ano de sua morte, uma peça de madeira de cedro polido que ilustra esta página e evoca o melhor da geometria do movimento De Stijl, em particular a obra do artista belga Georges Vantongerloo (1886-1965).

Pluriobjeto de Willys de Castro feito em 1988, ano de sua morte Foto: ISABELLA MATHEUS/PINACOTECA

Característica desses pluriobjetos é a exigência da participação ativa do observador para “completar” a escultura ao contemplar a peça dos mais variados ângulos, contribuindo para restaurar seu equilíbrio – instável. Há um diálogo íntimo entre Willys e seu discípulo, Macaparana, também presente na mostra da Pinacoteca com um trabalho igualmente vertical e também construtivo.

Segundo a curadora do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do museu, Fernanda Pitta, apesar de terem em comum a linha como elemento geométrico e a ligação com a herança construtivista, os artistas selecionados mantêm sua autonomia. São filhos dos concretos e neoconcretos, mas seguem o próprio caminho. O pintor paulistano Sérgio Sister, por exemplo, usa a ordem cromática para “enfatizar as mudanças de ritmo na modulação das linhas de seus relevos”, define a curadora, justificando sua inserção como único pintor em meio a esculturas.

Pintura de Sérgio Sister: aconstrução da cor Foto: ISABELLA MATHEUS/PINACOTECA

Uma delas, recentemente restaurada, é a do escultor cearense Sérvulo Esmeraldo (1929-2017), para o qual o volume de suas esculturas era apenas “um suporte para evidenciar as linhas”, caso da obra exposta. Numa proposta semelhante, a escultura em alumínio do seu conterrâneo Luiz Hermano (Quadrado II, de 2003) sugere a figura de um cubo movediço que atualiza (numa dimensão tridimensional) a questão dos metaesquemas de Hélio Oiticica, ao optar por estruturas vazadas.

Iole de Freitas, ao criar relevos espaciais com arame, fio de cobre e malha de metal (objeto da década de 1990), dialoga igualmente com o Oiticica do período construtivo. Outra artista mulher bem representada no acervo da Pinacoteca (três peças) é a paulista Mari Yoshimoto (1931-1992), que tem sua obra Esfera III (década de 1970) exposta na mostra.

O título da exposição que a Estação Pinacoteca abre hoje, 15, A Linha Como Direção, foi extraído do Manifesto Realista concebido pelos construtivistas russos há quase um século, em 1920. Escrito por Naum Gabo (1890-1977) com o apoio do seu irmão Antoine Pevsner (1886-1962), ambos figuras seminais da vanguarda russa, o manifesto defendia a criação de uma arte estreitamente vinculada à construção geométrica e apoiada na linha como elemento fundamental para o advento de obras de caráter não figurativo. No Brasil, esse manifesto encontrou ressonância mesmo após a diluição do movimento construtivista, em atividade na ex-URSS até 1934, e na República de Weimar, enquanto durou a Bauhaus, a escola alemã de arquitetura e design fechada pelos nazistas em 1933.

Um dos principais articuladores do renascimento da ideologia construtivista entre nós foi o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), que seria lembrado por uma frase definitiva sobre essa vocação construtiva do Brasil, tanto na arquitetura (e Brasília é exemplo disso) como na pintura e na escultura. Pedrosa dizia que o Brasil “é um país condenado ao moderno”. Seguindo os passos dos vanguardistas russos, atualizou o programa construtivista e deu todo apoio às correntes estéticas modernas que emergiram no País nos anos 1950, em especial o movimento concreto e sua dissidência, o neoconcreto, cujo manifesto, de 1959, propôs uma certa flexibilização nos mandamentos dos ortodoxos concretos.

Um dos artistas históricos do neoconcretismo, o escultor Willys de Castro (1926-1988), é um dos principais nomes da exposição da Estação Pinacoteca, agora reformada e pronta para receber visitantes interessados em seu rico acervo de arte construtiva. A mostra é pequena, mas totalmente formada por peças (13) integrantes da coleção da Pinacoteca, como um ‘pluriobjeto’ concebido por Willys e realizado no ano de sua morte, uma peça de madeira de cedro polido que ilustra esta página e evoca o melhor da geometria do movimento De Stijl, em particular a obra do artista belga Georges Vantongerloo (1886-1965).

Pluriobjeto de Willys de Castro feito em 1988, ano de sua morte Foto: ISABELLA MATHEUS/PINACOTECA

Característica desses pluriobjetos é a exigência da participação ativa do observador para “completar” a escultura ao contemplar a peça dos mais variados ângulos, contribuindo para restaurar seu equilíbrio – instável. Há um diálogo íntimo entre Willys e seu discípulo, Macaparana, também presente na mostra da Pinacoteca com um trabalho igualmente vertical e também construtivo.

Segundo a curadora do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do museu, Fernanda Pitta, apesar de terem em comum a linha como elemento geométrico e a ligação com a herança construtivista, os artistas selecionados mantêm sua autonomia. São filhos dos concretos e neoconcretos, mas seguem o próprio caminho. O pintor paulistano Sérgio Sister, por exemplo, usa a ordem cromática para “enfatizar as mudanças de ritmo na modulação das linhas de seus relevos”, define a curadora, justificando sua inserção como único pintor em meio a esculturas.

Pintura de Sérgio Sister: aconstrução da cor Foto: ISABELLA MATHEUS/PINACOTECA

Uma delas, recentemente restaurada, é a do escultor cearense Sérvulo Esmeraldo (1929-2017), para o qual o volume de suas esculturas era apenas “um suporte para evidenciar as linhas”, caso da obra exposta. Numa proposta semelhante, a escultura em alumínio do seu conterrâneo Luiz Hermano (Quadrado II, de 2003) sugere a figura de um cubo movediço que atualiza (numa dimensão tridimensional) a questão dos metaesquemas de Hélio Oiticica, ao optar por estruturas vazadas.

Iole de Freitas, ao criar relevos espaciais com arame, fio de cobre e malha de metal (objeto da década de 1990), dialoga igualmente com o Oiticica do período construtivo. Outra artista mulher bem representada no acervo da Pinacoteca (três peças) é a paulista Mari Yoshimoto (1931-1992), que tem sua obra Esfera III (década de 1970) exposta na mostra.

O título da exposição que a Estação Pinacoteca abre hoje, 15, A Linha Como Direção, foi extraído do Manifesto Realista concebido pelos construtivistas russos há quase um século, em 1920. Escrito por Naum Gabo (1890-1977) com o apoio do seu irmão Antoine Pevsner (1886-1962), ambos figuras seminais da vanguarda russa, o manifesto defendia a criação de uma arte estreitamente vinculada à construção geométrica e apoiada na linha como elemento fundamental para o advento de obras de caráter não figurativo. No Brasil, esse manifesto encontrou ressonância mesmo após a diluição do movimento construtivista, em atividade na ex-URSS até 1934, e na República de Weimar, enquanto durou a Bauhaus, a escola alemã de arquitetura e design fechada pelos nazistas em 1933.

Um dos principais articuladores do renascimento da ideologia construtivista entre nós foi o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), que seria lembrado por uma frase definitiva sobre essa vocação construtiva do Brasil, tanto na arquitetura (e Brasília é exemplo disso) como na pintura e na escultura. Pedrosa dizia que o Brasil “é um país condenado ao moderno”. Seguindo os passos dos vanguardistas russos, atualizou o programa construtivista e deu todo apoio às correntes estéticas modernas que emergiram no País nos anos 1950, em especial o movimento concreto e sua dissidência, o neoconcreto, cujo manifesto, de 1959, propôs uma certa flexibilização nos mandamentos dos ortodoxos concretos.

Um dos artistas históricos do neoconcretismo, o escultor Willys de Castro (1926-1988), é um dos principais nomes da exposição da Estação Pinacoteca, agora reformada e pronta para receber visitantes interessados em seu rico acervo de arte construtiva. A mostra é pequena, mas totalmente formada por peças (13) integrantes da coleção da Pinacoteca, como um ‘pluriobjeto’ concebido por Willys e realizado no ano de sua morte, uma peça de madeira de cedro polido que ilustra esta página e evoca o melhor da geometria do movimento De Stijl, em particular a obra do artista belga Georges Vantongerloo (1886-1965).

Pluriobjeto de Willys de Castro feito em 1988, ano de sua morte Foto: ISABELLA MATHEUS/PINACOTECA

Característica desses pluriobjetos é a exigência da participação ativa do observador para “completar” a escultura ao contemplar a peça dos mais variados ângulos, contribuindo para restaurar seu equilíbrio – instável. Há um diálogo íntimo entre Willys e seu discípulo, Macaparana, também presente na mostra da Pinacoteca com um trabalho igualmente vertical e também construtivo.

Segundo a curadora do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do museu, Fernanda Pitta, apesar de terem em comum a linha como elemento geométrico e a ligação com a herança construtivista, os artistas selecionados mantêm sua autonomia. São filhos dos concretos e neoconcretos, mas seguem o próprio caminho. O pintor paulistano Sérgio Sister, por exemplo, usa a ordem cromática para “enfatizar as mudanças de ritmo na modulação das linhas de seus relevos”, define a curadora, justificando sua inserção como único pintor em meio a esculturas.

Pintura de Sérgio Sister: aconstrução da cor Foto: ISABELLA MATHEUS/PINACOTECA

Uma delas, recentemente restaurada, é a do escultor cearense Sérvulo Esmeraldo (1929-2017), para o qual o volume de suas esculturas era apenas “um suporte para evidenciar as linhas”, caso da obra exposta. Numa proposta semelhante, a escultura em alumínio do seu conterrâneo Luiz Hermano (Quadrado II, de 2003) sugere a figura de um cubo movediço que atualiza (numa dimensão tridimensional) a questão dos metaesquemas de Hélio Oiticica, ao optar por estruturas vazadas.

Iole de Freitas, ao criar relevos espaciais com arame, fio de cobre e malha de metal (objeto da década de 1990), dialoga igualmente com o Oiticica do período construtivo. Outra artista mulher bem representada no acervo da Pinacoteca (três peças) é a paulista Mari Yoshimoto (1931-1992), que tem sua obra Esfera III (década de 1970) exposta na mostra.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.