Marinheira de primeira viagem


Livro conta a trajetória de María, a desbravadora espanhola do século 16

Por Ubiratan Brasil

Grandes nomes marcaram a história da navegação dos séculos 15 e 16: Pedro Álvares Cabral, Cristóvão Colombo, Américo Vespúcio, María de Sanabria... María? Sim, em meio a homens que atravessaram mares em direção a terras desconhecidas, uma espanhola marcou presença por comandar uma lendária expedição que ainda hoje é pouco conhecida. "Era uma mulher enérgica e valente", garante o historiador e antropólogo ítalo-uruguaio Diego Bracco, autor de María de Sanabria (tradução de Luís Carlos Cabral, 272 páginas, R$ 39), lançamento da Record para a Bienal do Livro, onde participa hoje, às 13 horas, de um debate no Salão de Idéias. O feito de María foi ter comandado um navio e duas caravelas que, em 1550, partiram do litoral da Espanha rumo à América do Sul, especificamente a região do Rio da Prata. A intenção era controlar um motim em Assunção, no Paraguai, que derrubou o comandante local, Álvar Nuñez Cabeza de Vaca - ele quase foi morto ao tentar conter os abusos dos europeus na região. A Coroa espanhola logo nomeou outro governador, o violento pai de María, Juan de Sanabria. Ele, no entanto, morreu em circunstâncias misteriosas antes do início da viagem. A função recaiu sobre seu filho, que rechaçou a obrigação. "A expedição foi assumida por María, que tinha muitas desavenças com o pai", conta Bracco. "E, quando descobriu que a Coroa precisava de mulheres para povoar o território do Rio Prata para impedir a mestiçagem dos conquistadores espanhóis com as índias, ela apostou naquela chance de evitar o tradicional destino reservado às mulheres naquela época." Diego Bracco, que atualmente vive em Sevilha, é especialista nessa faixa histórica, que compreende os grandes descobrimentos, ou seja, entre os séculos 15 e 16. Por conta disso, já era íntimo da documentação da época, o que abreviou seu trabalho de pesquisa para um ano - boa parte das informações históricas do livro foi pinçada do Arquivo Geral das Índias, de Sevilha, e do Arquivo Geral da Nação Argentina. Mesmo assim, ele lidou com uma escassez de dados, uma vez que boa parte da documentação daquela época era escrita por homens que narravam para outros homens os grandes feitos também de homens. Assim, Bracco assumiu a função de ficcionista para preencher as lacunas históricas, criando detalhes saborosos. Não há, por exemplo, nenhum indício de que María de Sanabria tenha conhecido o navegador alemão Hans Staden que, depois de um naufrágio, escapou astutamente de ser devorado pelos índios tupinambás. Mas o encaminhamento ficcional de Bracco pedia não apenas licenças históricas, mas especialmente apetitosas, daí o fato de os dois se tornarem amantes. "Em geral, documentos históricos não falam de amor", observa. Segundo ele, a ameaça de miscigenação, porém, era real. Bracco lembra que a vinda de mulheres européias buscava combater o que os reis espanhóis entendiam como o Paraíso de Maomé na Terra, ou seja, a profusão de mulheres nas mãos de apenas um homem - consta que havia entre 80 e 100 índias para cada espanhol, no Novo Mundo. María era jovem quando iniciou a grande aventura e contou com os valiosos conselhos de Cabeza de Vaca. Em sua expedição, cercou-se de mulheres que não tinham nada a perder (assassinas, na grande maioria), capazes de ignorar qualquer lei humana na defesa de uma causa considerada justa. Com o apoio delas, María comandou uma atribulada viagem, marcada por ataques de corsários franceses que saquearam quase todos seus mantimentos. Até a chegada à costa brasileira, os navios se perderam, mas María desembarcou com relativa segurança em Santa Catarina. Ela chegou a Assunção, no Paraguai, e viveu na América do Sul até 1598, casando-se duas vezes e deixando uma herança moral para os filhos, que mantiveram o poder da região. Serviço 20.ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Pavilhão de Exposições do Anhembi. Av. Olavo Fontoura, 1.209. 10 h às 22 h. R$ 10. Até 24/8

Grandes nomes marcaram a história da navegação dos séculos 15 e 16: Pedro Álvares Cabral, Cristóvão Colombo, Américo Vespúcio, María de Sanabria... María? Sim, em meio a homens que atravessaram mares em direção a terras desconhecidas, uma espanhola marcou presença por comandar uma lendária expedição que ainda hoje é pouco conhecida. "Era uma mulher enérgica e valente", garante o historiador e antropólogo ítalo-uruguaio Diego Bracco, autor de María de Sanabria (tradução de Luís Carlos Cabral, 272 páginas, R$ 39), lançamento da Record para a Bienal do Livro, onde participa hoje, às 13 horas, de um debate no Salão de Idéias. O feito de María foi ter comandado um navio e duas caravelas que, em 1550, partiram do litoral da Espanha rumo à América do Sul, especificamente a região do Rio da Prata. A intenção era controlar um motim em Assunção, no Paraguai, que derrubou o comandante local, Álvar Nuñez Cabeza de Vaca - ele quase foi morto ao tentar conter os abusos dos europeus na região. A Coroa espanhola logo nomeou outro governador, o violento pai de María, Juan de Sanabria. Ele, no entanto, morreu em circunstâncias misteriosas antes do início da viagem. A função recaiu sobre seu filho, que rechaçou a obrigação. "A expedição foi assumida por María, que tinha muitas desavenças com o pai", conta Bracco. "E, quando descobriu que a Coroa precisava de mulheres para povoar o território do Rio Prata para impedir a mestiçagem dos conquistadores espanhóis com as índias, ela apostou naquela chance de evitar o tradicional destino reservado às mulheres naquela época." Diego Bracco, que atualmente vive em Sevilha, é especialista nessa faixa histórica, que compreende os grandes descobrimentos, ou seja, entre os séculos 15 e 16. Por conta disso, já era íntimo da documentação da época, o que abreviou seu trabalho de pesquisa para um ano - boa parte das informações históricas do livro foi pinçada do Arquivo Geral das Índias, de Sevilha, e do Arquivo Geral da Nação Argentina. Mesmo assim, ele lidou com uma escassez de dados, uma vez que boa parte da documentação daquela época era escrita por homens que narravam para outros homens os grandes feitos também de homens. Assim, Bracco assumiu a função de ficcionista para preencher as lacunas históricas, criando detalhes saborosos. Não há, por exemplo, nenhum indício de que María de Sanabria tenha conhecido o navegador alemão Hans Staden que, depois de um naufrágio, escapou astutamente de ser devorado pelos índios tupinambás. Mas o encaminhamento ficcional de Bracco pedia não apenas licenças históricas, mas especialmente apetitosas, daí o fato de os dois se tornarem amantes. "Em geral, documentos históricos não falam de amor", observa. Segundo ele, a ameaça de miscigenação, porém, era real. Bracco lembra que a vinda de mulheres européias buscava combater o que os reis espanhóis entendiam como o Paraíso de Maomé na Terra, ou seja, a profusão de mulheres nas mãos de apenas um homem - consta que havia entre 80 e 100 índias para cada espanhol, no Novo Mundo. María era jovem quando iniciou a grande aventura e contou com os valiosos conselhos de Cabeza de Vaca. Em sua expedição, cercou-se de mulheres que não tinham nada a perder (assassinas, na grande maioria), capazes de ignorar qualquer lei humana na defesa de uma causa considerada justa. Com o apoio delas, María comandou uma atribulada viagem, marcada por ataques de corsários franceses que saquearam quase todos seus mantimentos. Até a chegada à costa brasileira, os navios se perderam, mas María desembarcou com relativa segurança em Santa Catarina. Ela chegou a Assunção, no Paraguai, e viveu na América do Sul até 1598, casando-se duas vezes e deixando uma herança moral para os filhos, que mantiveram o poder da região. Serviço 20.ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Pavilhão de Exposições do Anhembi. Av. Olavo Fontoura, 1.209. 10 h às 22 h. R$ 10. Até 24/8

Grandes nomes marcaram a história da navegação dos séculos 15 e 16: Pedro Álvares Cabral, Cristóvão Colombo, Américo Vespúcio, María de Sanabria... María? Sim, em meio a homens que atravessaram mares em direção a terras desconhecidas, uma espanhola marcou presença por comandar uma lendária expedição que ainda hoje é pouco conhecida. "Era uma mulher enérgica e valente", garante o historiador e antropólogo ítalo-uruguaio Diego Bracco, autor de María de Sanabria (tradução de Luís Carlos Cabral, 272 páginas, R$ 39), lançamento da Record para a Bienal do Livro, onde participa hoje, às 13 horas, de um debate no Salão de Idéias. O feito de María foi ter comandado um navio e duas caravelas que, em 1550, partiram do litoral da Espanha rumo à América do Sul, especificamente a região do Rio da Prata. A intenção era controlar um motim em Assunção, no Paraguai, que derrubou o comandante local, Álvar Nuñez Cabeza de Vaca - ele quase foi morto ao tentar conter os abusos dos europeus na região. A Coroa espanhola logo nomeou outro governador, o violento pai de María, Juan de Sanabria. Ele, no entanto, morreu em circunstâncias misteriosas antes do início da viagem. A função recaiu sobre seu filho, que rechaçou a obrigação. "A expedição foi assumida por María, que tinha muitas desavenças com o pai", conta Bracco. "E, quando descobriu que a Coroa precisava de mulheres para povoar o território do Rio Prata para impedir a mestiçagem dos conquistadores espanhóis com as índias, ela apostou naquela chance de evitar o tradicional destino reservado às mulheres naquela época." Diego Bracco, que atualmente vive em Sevilha, é especialista nessa faixa histórica, que compreende os grandes descobrimentos, ou seja, entre os séculos 15 e 16. Por conta disso, já era íntimo da documentação da época, o que abreviou seu trabalho de pesquisa para um ano - boa parte das informações históricas do livro foi pinçada do Arquivo Geral das Índias, de Sevilha, e do Arquivo Geral da Nação Argentina. Mesmo assim, ele lidou com uma escassez de dados, uma vez que boa parte da documentação daquela época era escrita por homens que narravam para outros homens os grandes feitos também de homens. Assim, Bracco assumiu a função de ficcionista para preencher as lacunas históricas, criando detalhes saborosos. Não há, por exemplo, nenhum indício de que María de Sanabria tenha conhecido o navegador alemão Hans Staden que, depois de um naufrágio, escapou astutamente de ser devorado pelos índios tupinambás. Mas o encaminhamento ficcional de Bracco pedia não apenas licenças históricas, mas especialmente apetitosas, daí o fato de os dois se tornarem amantes. "Em geral, documentos históricos não falam de amor", observa. Segundo ele, a ameaça de miscigenação, porém, era real. Bracco lembra que a vinda de mulheres européias buscava combater o que os reis espanhóis entendiam como o Paraíso de Maomé na Terra, ou seja, a profusão de mulheres nas mãos de apenas um homem - consta que havia entre 80 e 100 índias para cada espanhol, no Novo Mundo. María era jovem quando iniciou a grande aventura e contou com os valiosos conselhos de Cabeza de Vaca. Em sua expedição, cercou-se de mulheres que não tinham nada a perder (assassinas, na grande maioria), capazes de ignorar qualquer lei humana na defesa de uma causa considerada justa. Com o apoio delas, María comandou uma atribulada viagem, marcada por ataques de corsários franceses que saquearam quase todos seus mantimentos. Até a chegada à costa brasileira, os navios se perderam, mas María desembarcou com relativa segurança em Santa Catarina. Ela chegou a Assunção, no Paraguai, e viveu na América do Sul até 1598, casando-se duas vezes e deixando uma herança moral para os filhos, que mantiveram o poder da região. Serviço 20.ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Pavilhão de Exposições do Anhembi. Av. Olavo Fontoura, 1.209. 10 h às 22 h. R$ 10. Até 24/8

Grandes nomes marcaram a história da navegação dos séculos 15 e 16: Pedro Álvares Cabral, Cristóvão Colombo, Américo Vespúcio, María de Sanabria... María? Sim, em meio a homens que atravessaram mares em direção a terras desconhecidas, uma espanhola marcou presença por comandar uma lendária expedição que ainda hoje é pouco conhecida. "Era uma mulher enérgica e valente", garante o historiador e antropólogo ítalo-uruguaio Diego Bracco, autor de María de Sanabria (tradução de Luís Carlos Cabral, 272 páginas, R$ 39), lançamento da Record para a Bienal do Livro, onde participa hoje, às 13 horas, de um debate no Salão de Idéias. O feito de María foi ter comandado um navio e duas caravelas que, em 1550, partiram do litoral da Espanha rumo à América do Sul, especificamente a região do Rio da Prata. A intenção era controlar um motim em Assunção, no Paraguai, que derrubou o comandante local, Álvar Nuñez Cabeza de Vaca - ele quase foi morto ao tentar conter os abusos dos europeus na região. A Coroa espanhola logo nomeou outro governador, o violento pai de María, Juan de Sanabria. Ele, no entanto, morreu em circunstâncias misteriosas antes do início da viagem. A função recaiu sobre seu filho, que rechaçou a obrigação. "A expedição foi assumida por María, que tinha muitas desavenças com o pai", conta Bracco. "E, quando descobriu que a Coroa precisava de mulheres para povoar o território do Rio Prata para impedir a mestiçagem dos conquistadores espanhóis com as índias, ela apostou naquela chance de evitar o tradicional destino reservado às mulheres naquela época." Diego Bracco, que atualmente vive em Sevilha, é especialista nessa faixa histórica, que compreende os grandes descobrimentos, ou seja, entre os séculos 15 e 16. Por conta disso, já era íntimo da documentação da época, o que abreviou seu trabalho de pesquisa para um ano - boa parte das informações históricas do livro foi pinçada do Arquivo Geral das Índias, de Sevilha, e do Arquivo Geral da Nação Argentina. Mesmo assim, ele lidou com uma escassez de dados, uma vez que boa parte da documentação daquela época era escrita por homens que narravam para outros homens os grandes feitos também de homens. Assim, Bracco assumiu a função de ficcionista para preencher as lacunas históricas, criando detalhes saborosos. Não há, por exemplo, nenhum indício de que María de Sanabria tenha conhecido o navegador alemão Hans Staden que, depois de um naufrágio, escapou astutamente de ser devorado pelos índios tupinambás. Mas o encaminhamento ficcional de Bracco pedia não apenas licenças históricas, mas especialmente apetitosas, daí o fato de os dois se tornarem amantes. "Em geral, documentos históricos não falam de amor", observa. Segundo ele, a ameaça de miscigenação, porém, era real. Bracco lembra que a vinda de mulheres européias buscava combater o que os reis espanhóis entendiam como o Paraíso de Maomé na Terra, ou seja, a profusão de mulheres nas mãos de apenas um homem - consta que havia entre 80 e 100 índias para cada espanhol, no Novo Mundo. María era jovem quando iniciou a grande aventura e contou com os valiosos conselhos de Cabeza de Vaca. Em sua expedição, cercou-se de mulheres que não tinham nada a perder (assassinas, na grande maioria), capazes de ignorar qualquer lei humana na defesa de uma causa considerada justa. Com o apoio delas, María comandou uma atribulada viagem, marcada por ataques de corsários franceses que saquearam quase todos seus mantimentos. Até a chegada à costa brasileira, os navios se perderam, mas María desembarcou com relativa segurança em Santa Catarina. Ela chegou a Assunção, no Paraguai, e viveu na América do Sul até 1598, casando-se duas vezes e deixando uma herança moral para os filhos, que mantiveram o poder da região. Serviço 20.ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Pavilhão de Exposições do Anhembi. Av. Olavo Fontoura, 1.209. 10 h às 22 h. R$ 10. Até 24/8

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