Caco Ciocler vai a Sartre para tratar de vazio contemporâneo


Pela quarta vez na direção, ator revisita 'Huis Clos', do filósofo francês

Por Maria Eugenia de Menezes

Ao decretar “o inferno são os outros”, Jean-Paul Sartre estava a conceber uma máxima que se tornaria infinitamente mais conhecida do que a obra para a qual foi criada. Com o espetáculo No Exit - Entre Quatro Paredes, Caco Ciocler revisita Huis Clos, o texto do filósofo francês que deu origem à afamada frase.

Pela quarta vez em sua carreira, o ator sai de cena para assumir o lugar de diretor. O resultado já pôde ser visto em uma curta temporada em Santo André e estreia nesta sexta, 4, em São Paulo.

Como acontece em parcela considerável da ficção sartriana (basta evocarmos romances, como A Náusea, ou outros títulos teatrais, como As Moscas), Entre Quatro Paredes foi escrita para dar conta dos preceitos do existencialismo, movimento que enfatizava a responsabilidade do indivíduo em dar sentido à própria existência.

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Outro traço evidente na peça é sua filiação à época em que foi concebida: o penúltimo ano da Segunda Guerra, em meio a uma Europa destruída, ocupada pelos nazistas e descrente de dias melhores. “Talvez essa imagem do outro como uma ameaça, um perigo, não faça mais sentido hoje”, acredita Ciocler. “Por outro lado, continuamos a ter essa dependência do reflexo do outro. É preferível recorrer ao outro como algoz do que se ver só. Nada pode ser tão desesperador quanto não ter alguém que possa devolver a cada um sua própria imagem.”

Duas mulheres e um homem estão trancados em uma sala. Essa é a ideia de inferno cunhada por Sartre. Não há fogo, vapores de enxofre ou torturas físicas. Apenas seres condenados a conviver pela eternidade. Em determinado momento, a porta do espaço onde estão encerrados até se abre. Mas nenhum deles terá coragem de partir.

Ao conceber sua versão, o diretor não localizou o enredo em uma época específica. Segue apenas as indicações do autor, optando por um cenário simples, reduzido, nesta versão, a cadeiras feitas de papelão. A atual montagem também não traz cortes ou adaptações ao original. “Ele ri de certas expectativas religiosas e burguesas daquela época. Era algo que não nos interessava, mas foi possível tirar a ênfase desses aspectos sem alterar o texto”, diz Ciocler, que conduz quatro intérpretes: Chris Couto, Sabrina Greve e Daniel Infantini são os mortos que devem responder pelos crimes que cometeram em vida. Ando Camargo surge como funcionário do inferno.

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O tempo pode afetar determinadas obras de maneira imprevista. A sensação de encarceramento ganha sentido renovado em uma sociedade constantemente vigiada. A descrença no porvir, que vicejava em anos de guerra, não cessa de crescer em um tempo sem utopias.

 

NO EXIT – ENTRE QUATRO PAREDES

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Sesc Santo Amaro. Rua Amador Bueno, 505, 5541-4000. 5ª e 6ª, 21 h; sáb., 20 h; dom., 19 h. R$ 3,20/R$ 16. Até 27/10.

Ao decretar “o inferno são os outros”, Jean-Paul Sartre estava a conceber uma máxima que se tornaria infinitamente mais conhecida do que a obra para a qual foi criada. Com o espetáculo No Exit - Entre Quatro Paredes, Caco Ciocler revisita Huis Clos, o texto do filósofo francês que deu origem à afamada frase.

Pela quarta vez em sua carreira, o ator sai de cena para assumir o lugar de diretor. O resultado já pôde ser visto em uma curta temporada em Santo André e estreia nesta sexta, 4, em São Paulo.

Como acontece em parcela considerável da ficção sartriana (basta evocarmos romances, como A Náusea, ou outros títulos teatrais, como As Moscas), Entre Quatro Paredes foi escrita para dar conta dos preceitos do existencialismo, movimento que enfatizava a responsabilidade do indivíduo em dar sentido à própria existência.

Outro traço evidente na peça é sua filiação à época em que foi concebida: o penúltimo ano da Segunda Guerra, em meio a uma Europa destruída, ocupada pelos nazistas e descrente de dias melhores. “Talvez essa imagem do outro como uma ameaça, um perigo, não faça mais sentido hoje”, acredita Ciocler. “Por outro lado, continuamos a ter essa dependência do reflexo do outro. É preferível recorrer ao outro como algoz do que se ver só. Nada pode ser tão desesperador quanto não ter alguém que possa devolver a cada um sua própria imagem.”

Duas mulheres e um homem estão trancados em uma sala. Essa é a ideia de inferno cunhada por Sartre. Não há fogo, vapores de enxofre ou torturas físicas. Apenas seres condenados a conviver pela eternidade. Em determinado momento, a porta do espaço onde estão encerrados até se abre. Mas nenhum deles terá coragem de partir.

Ao conceber sua versão, o diretor não localizou o enredo em uma época específica. Segue apenas as indicações do autor, optando por um cenário simples, reduzido, nesta versão, a cadeiras feitas de papelão. A atual montagem também não traz cortes ou adaptações ao original. “Ele ri de certas expectativas religiosas e burguesas daquela época. Era algo que não nos interessava, mas foi possível tirar a ênfase desses aspectos sem alterar o texto”, diz Ciocler, que conduz quatro intérpretes: Chris Couto, Sabrina Greve e Daniel Infantini são os mortos que devem responder pelos crimes que cometeram em vida. Ando Camargo surge como funcionário do inferno.

O tempo pode afetar determinadas obras de maneira imprevista. A sensação de encarceramento ganha sentido renovado em uma sociedade constantemente vigiada. A descrença no porvir, que vicejava em anos de guerra, não cessa de crescer em um tempo sem utopias.

 

NO EXIT – ENTRE QUATRO PAREDES

Sesc Santo Amaro. Rua Amador Bueno, 505, 5541-4000. 5ª e 6ª, 21 h; sáb., 20 h; dom., 19 h. R$ 3,20/R$ 16. Até 27/10.

Ao decretar “o inferno são os outros”, Jean-Paul Sartre estava a conceber uma máxima que se tornaria infinitamente mais conhecida do que a obra para a qual foi criada. Com o espetáculo No Exit - Entre Quatro Paredes, Caco Ciocler revisita Huis Clos, o texto do filósofo francês que deu origem à afamada frase.

Pela quarta vez em sua carreira, o ator sai de cena para assumir o lugar de diretor. O resultado já pôde ser visto em uma curta temporada em Santo André e estreia nesta sexta, 4, em São Paulo.

Como acontece em parcela considerável da ficção sartriana (basta evocarmos romances, como A Náusea, ou outros títulos teatrais, como As Moscas), Entre Quatro Paredes foi escrita para dar conta dos preceitos do existencialismo, movimento que enfatizava a responsabilidade do indivíduo em dar sentido à própria existência.

Outro traço evidente na peça é sua filiação à época em que foi concebida: o penúltimo ano da Segunda Guerra, em meio a uma Europa destruída, ocupada pelos nazistas e descrente de dias melhores. “Talvez essa imagem do outro como uma ameaça, um perigo, não faça mais sentido hoje”, acredita Ciocler. “Por outro lado, continuamos a ter essa dependência do reflexo do outro. É preferível recorrer ao outro como algoz do que se ver só. Nada pode ser tão desesperador quanto não ter alguém que possa devolver a cada um sua própria imagem.”

Duas mulheres e um homem estão trancados em uma sala. Essa é a ideia de inferno cunhada por Sartre. Não há fogo, vapores de enxofre ou torturas físicas. Apenas seres condenados a conviver pela eternidade. Em determinado momento, a porta do espaço onde estão encerrados até se abre. Mas nenhum deles terá coragem de partir.

Ao conceber sua versão, o diretor não localizou o enredo em uma época específica. Segue apenas as indicações do autor, optando por um cenário simples, reduzido, nesta versão, a cadeiras feitas de papelão. A atual montagem também não traz cortes ou adaptações ao original. “Ele ri de certas expectativas religiosas e burguesas daquela época. Era algo que não nos interessava, mas foi possível tirar a ênfase desses aspectos sem alterar o texto”, diz Ciocler, que conduz quatro intérpretes: Chris Couto, Sabrina Greve e Daniel Infantini são os mortos que devem responder pelos crimes que cometeram em vida. Ando Camargo surge como funcionário do inferno.

O tempo pode afetar determinadas obras de maneira imprevista. A sensação de encarceramento ganha sentido renovado em uma sociedade constantemente vigiada. A descrença no porvir, que vicejava em anos de guerra, não cessa de crescer em um tempo sem utopias.

 

NO EXIT – ENTRE QUATRO PAREDES

Sesc Santo Amaro. Rua Amador Bueno, 505, 5541-4000. 5ª e 6ª, 21 h; sáb., 20 h; dom., 19 h. R$ 3,20/R$ 16. Até 27/10.

Ao decretar “o inferno são os outros”, Jean-Paul Sartre estava a conceber uma máxima que se tornaria infinitamente mais conhecida do que a obra para a qual foi criada. Com o espetáculo No Exit - Entre Quatro Paredes, Caco Ciocler revisita Huis Clos, o texto do filósofo francês que deu origem à afamada frase.

Pela quarta vez em sua carreira, o ator sai de cena para assumir o lugar de diretor. O resultado já pôde ser visto em uma curta temporada em Santo André e estreia nesta sexta, 4, em São Paulo.

Como acontece em parcela considerável da ficção sartriana (basta evocarmos romances, como A Náusea, ou outros títulos teatrais, como As Moscas), Entre Quatro Paredes foi escrita para dar conta dos preceitos do existencialismo, movimento que enfatizava a responsabilidade do indivíduo em dar sentido à própria existência.

Outro traço evidente na peça é sua filiação à época em que foi concebida: o penúltimo ano da Segunda Guerra, em meio a uma Europa destruída, ocupada pelos nazistas e descrente de dias melhores. “Talvez essa imagem do outro como uma ameaça, um perigo, não faça mais sentido hoje”, acredita Ciocler. “Por outro lado, continuamos a ter essa dependência do reflexo do outro. É preferível recorrer ao outro como algoz do que se ver só. Nada pode ser tão desesperador quanto não ter alguém que possa devolver a cada um sua própria imagem.”

Duas mulheres e um homem estão trancados em uma sala. Essa é a ideia de inferno cunhada por Sartre. Não há fogo, vapores de enxofre ou torturas físicas. Apenas seres condenados a conviver pela eternidade. Em determinado momento, a porta do espaço onde estão encerrados até se abre. Mas nenhum deles terá coragem de partir.

Ao conceber sua versão, o diretor não localizou o enredo em uma época específica. Segue apenas as indicações do autor, optando por um cenário simples, reduzido, nesta versão, a cadeiras feitas de papelão. A atual montagem também não traz cortes ou adaptações ao original. “Ele ri de certas expectativas religiosas e burguesas daquela época. Era algo que não nos interessava, mas foi possível tirar a ênfase desses aspectos sem alterar o texto”, diz Ciocler, que conduz quatro intérpretes: Chris Couto, Sabrina Greve e Daniel Infantini são os mortos que devem responder pelos crimes que cometeram em vida. Ando Camargo surge como funcionário do inferno.

O tempo pode afetar determinadas obras de maneira imprevista. A sensação de encarceramento ganha sentido renovado em uma sociedade constantemente vigiada. A descrença no porvir, que vicejava em anos de guerra, não cessa de crescer em um tempo sem utopias.

 

NO EXIT – ENTRE QUATRO PAREDES

Sesc Santo Amaro. Rua Amador Bueno, 505, 5541-4000. 5ª e 6ª, 21 h; sáb., 20 h; dom., 19 h. R$ 3,20/R$ 16. Até 27/10.

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