29.ª Mostra de Cinema dá a largada


Os dois filmes que abrem hoje a 29.ª Mostra BR de Cinema têm homenagens paternas na origem: o curta My Dad Is 100 Years Old, com roteiro e atuações de Isabella Rossellini, e Good Night, and Good Luck, de e com George Clooney. Veja alguns destaques da mostra

Por Agencia Estado

Hoje à noite, o Memorial da América Latina recebe convidados para a abertura da 29.ª Mostra BR de Cinema, com a apresentação de My Dad Is 100 Years Old (Meu Pai Tem 100 Anos), de Guy Maddin, e Good Night, and Good Luck (Boa Noite, e Boa Sorte), de George Clooney. Dá-se início assim à maratona de cinema que toma conta da cidade até 3 de novembro e terá 405 filmes em sua grade de programação, incluindo os que constam de retrospectivas: 19 na de Victor Sjstrm, 35 na de Manoel de Oliveira, 12 na dos Filmes da Arte France. Enfim, cinema para ninguém botar defeito. E a maratona não poderia começar melhor - com o curta em que Isabella Rossellini, através do canadense Guy Maddin, homenageia o pai ilustre, Roberto Rossellini; e com o longa em que George Clooney, em sua segunda experiência na direção, discute a resistência ao macarthismo e também presta tributo ao seu pai, que foi jornalista. Enfim, a mostra começa sob o signo do pai. Ouça a opinião do crítico O de Isabella Rossellini faria 100 anos em 2006. E qual cinéfilo de respeito não conhece Roberto Rossellini, papa do neo-realismo italiano, autor de obras-primas como Roma, Cidade Aberta e Viagem à Itália? Em seu Antes da Revolução, Bernardo Bertolucci faz um personagem dizer uma fala célebre: "Non si può vivere senza Rossellini" (Não se pode viver sem Rossellini), frase que o diretor brasileiro Paulo César Saraceni (aluno de Rossellini no Centro Sperimentale di Roma) afirma ser sua. Pois bem, nesse curta, escrito por Isabella e dirigido por Maddin, esse grande personagem da história do cinema que foi Roberto Rossellini "dialoga" com seus companheiros de ofício, como Chaplin, Hitchcock, Fellini. Detalhe: eles são todos interpretados por Isabella Rossellini que, de quebra, vive no filme a própria mãe, a divina Ingrid Bergman. O outro pai homenageado é Nick Clooney, jornalista em Cincinatti, Estado de Ohio. "Ele, como outros jornalistas da sua época, tinha como modelo de conduta o apresentador de TV Edward R. Murrow, tido como paladino da livre imprensa em tempos difíceis", disse Clooney na entrevista concedida durante o Festival de Veneza, no qual o filme concorreu. Murrow, interpretado no filme por David Strahairn (prêmio de melhor ator no em Veneza) era muito mais do que um apresentador. Era um âncora ativo, que editava e conduzia o talk show chamado Person to Person e um programa de jornalismo investigativo, See It Now. Desenvolveu seu trabalho enfrentando pressões e resistindo dentro do que lhe permitia a lei. Para entender a história é preciso lembrar que Murrow atuava na época da "caça às bruxas", quando o senador Joseph McCarthy conduzia o Comitê de Atividades Antiamericanas e procurava comunistas até debaixo de sua própria cama. Nesse tempo, muitas carreiras foram arruinadas em Hollywood, nos jornais e TVs, nas escolas. Qualquer suspeito era logo delatado e posto na geladeira, quando não atrás das grades. Vivendo nesse clima, e sob a alça de mira de McCarthy, Murrow nunca se dobrou. O filme é a descrição dessa luta - em sóbrio preto-e-branco e com inserções de música de jazz, o que produz uma impressão de clima anos 50 muito forte no espectador. O realismo é também realçado por outro tipo de inclusão - o de cenas documentais, tiradas dos telejornais da época. Assim, o personagem por trás de tudo, McCarthy, é visto em pessoa. Quando lhe perguntaram por que não havia escalado um ator para interpretar o senador, Clooney respondeu: "E quem interpretaria McCarthy melhor do que o próprio McCarthy?" Foi interessante a participação de George Clooney na apresentação do filme no Festival de Veneza. Acostumado, como grande astro hollywoodiano, à condição de superstar e centro das atrações, optou por uma presença mais modesta, como se não quisesse obscurecer a importância do assunto que levava ao festival para discussão. Curiosamente, no filme, Clooney faz também um papel low profile, o de Fred Friendly, produtor de Murrow. É, com perdão da piada fácil, uma presença amigável ao lado de Murrow. Clooney foi tão discreto que se eximiu de fazer comparações diretas entre o que aconteceu durante o macarthismo e o que ocorre hoje nos Estados Unidos. Também não precisava. O recado parece claro: quando um país passa a ver perseguidores em toda a parte, tende a considerar a liberdade como um item supérfluo. SALAS: Centro Cultural São Paulo. R. Vergueiro, 1.000, 3277-3611; Cine Bombril. Salas 1 e 2. Cj. Nacional. Av. Paulista, 2.073, 3285-3696; Cineclube Vitrine. Salas 1, 2 e 3 . R. Augusta, 2.530, 3085-7684; Cinemark - Shopping Sta. Cruz. Sala 9. R. Domingos de Morais, 2.564, 3471-8066; Cine MorumbiShopping. Sala 3. Av. Roque Petroni Jr., 1.089, 5189-4656; Cine Olido. Av. São João, 473, 3334-0001; Cinesesc. Rua Augusta, 2.075, 3064-1668; Espaço Unibanco Sala 1. R. Augusta, 1.475, 288- 6780; Faap. R. Alagoas, 903, 3662 -7332; Memorial da América Latina - Auditório Simon Bolivar. Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, portão 12, 3823-4742; MIS. Av. Europa, 158, 3088 -0896; Reserva Cultural. Sala 2. Av. Paulista, 900, 3287-3529; Sala Cinemateca. Lgo. Sen. Raul Cardoso, 207, 5084 -2177; Sala UOL. R. Fradique Coutinho, 361, 5096 -0585; Unibanco Arteplex. Salas 1 e 2. R. Frei Caneca, 569, 3472-2365; Vão Livre do Masp. Avenida Paulista, 1.578, 3251-5644 INGRESSOS: Individuais: 2.ª a 5.ª, R$ 12; 6.ª a dom., R$ 14. Pacote: 20 filmes, R$ 110; 40 filmes, R$ 200. Integral, R$ 310 INGRESSOS PELA INTERNET: www.mostra.org e www.ingresso.com.br PROGRAMAÇÃO COMPLETA:www.mostra.org

Hoje à noite, o Memorial da América Latina recebe convidados para a abertura da 29.ª Mostra BR de Cinema, com a apresentação de My Dad Is 100 Years Old (Meu Pai Tem 100 Anos), de Guy Maddin, e Good Night, and Good Luck (Boa Noite, e Boa Sorte), de George Clooney. Dá-se início assim à maratona de cinema que toma conta da cidade até 3 de novembro e terá 405 filmes em sua grade de programação, incluindo os que constam de retrospectivas: 19 na de Victor Sjstrm, 35 na de Manoel de Oliveira, 12 na dos Filmes da Arte France. Enfim, cinema para ninguém botar defeito. E a maratona não poderia começar melhor - com o curta em que Isabella Rossellini, através do canadense Guy Maddin, homenageia o pai ilustre, Roberto Rossellini; e com o longa em que George Clooney, em sua segunda experiência na direção, discute a resistência ao macarthismo e também presta tributo ao seu pai, que foi jornalista. Enfim, a mostra começa sob o signo do pai. Ouça a opinião do crítico O de Isabella Rossellini faria 100 anos em 2006. E qual cinéfilo de respeito não conhece Roberto Rossellini, papa do neo-realismo italiano, autor de obras-primas como Roma, Cidade Aberta e Viagem à Itália? Em seu Antes da Revolução, Bernardo Bertolucci faz um personagem dizer uma fala célebre: "Non si può vivere senza Rossellini" (Não se pode viver sem Rossellini), frase que o diretor brasileiro Paulo César Saraceni (aluno de Rossellini no Centro Sperimentale di Roma) afirma ser sua. Pois bem, nesse curta, escrito por Isabella e dirigido por Maddin, esse grande personagem da história do cinema que foi Roberto Rossellini "dialoga" com seus companheiros de ofício, como Chaplin, Hitchcock, Fellini. Detalhe: eles são todos interpretados por Isabella Rossellini que, de quebra, vive no filme a própria mãe, a divina Ingrid Bergman. O outro pai homenageado é Nick Clooney, jornalista em Cincinatti, Estado de Ohio. "Ele, como outros jornalistas da sua época, tinha como modelo de conduta o apresentador de TV Edward R. Murrow, tido como paladino da livre imprensa em tempos difíceis", disse Clooney na entrevista concedida durante o Festival de Veneza, no qual o filme concorreu. Murrow, interpretado no filme por David Strahairn (prêmio de melhor ator no em Veneza) era muito mais do que um apresentador. Era um âncora ativo, que editava e conduzia o talk show chamado Person to Person e um programa de jornalismo investigativo, See It Now. Desenvolveu seu trabalho enfrentando pressões e resistindo dentro do que lhe permitia a lei. Para entender a história é preciso lembrar que Murrow atuava na época da "caça às bruxas", quando o senador Joseph McCarthy conduzia o Comitê de Atividades Antiamericanas e procurava comunistas até debaixo de sua própria cama. Nesse tempo, muitas carreiras foram arruinadas em Hollywood, nos jornais e TVs, nas escolas. Qualquer suspeito era logo delatado e posto na geladeira, quando não atrás das grades. Vivendo nesse clima, e sob a alça de mira de McCarthy, Murrow nunca se dobrou. O filme é a descrição dessa luta - em sóbrio preto-e-branco e com inserções de música de jazz, o que produz uma impressão de clima anos 50 muito forte no espectador. O realismo é também realçado por outro tipo de inclusão - o de cenas documentais, tiradas dos telejornais da época. Assim, o personagem por trás de tudo, McCarthy, é visto em pessoa. Quando lhe perguntaram por que não havia escalado um ator para interpretar o senador, Clooney respondeu: "E quem interpretaria McCarthy melhor do que o próprio McCarthy?" Foi interessante a participação de George Clooney na apresentação do filme no Festival de Veneza. Acostumado, como grande astro hollywoodiano, à condição de superstar e centro das atrações, optou por uma presença mais modesta, como se não quisesse obscurecer a importância do assunto que levava ao festival para discussão. Curiosamente, no filme, Clooney faz também um papel low profile, o de Fred Friendly, produtor de Murrow. É, com perdão da piada fácil, uma presença amigável ao lado de Murrow. Clooney foi tão discreto que se eximiu de fazer comparações diretas entre o que aconteceu durante o macarthismo e o que ocorre hoje nos Estados Unidos. Também não precisava. O recado parece claro: quando um país passa a ver perseguidores em toda a parte, tende a considerar a liberdade como um item supérfluo. SALAS: Centro Cultural São Paulo. R. Vergueiro, 1.000, 3277-3611; Cine Bombril. Salas 1 e 2. Cj. Nacional. Av. Paulista, 2.073, 3285-3696; Cineclube Vitrine. Salas 1, 2 e 3 . R. Augusta, 2.530, 3085-7684; Cinemark - Shopping Sta. Cruz. Sala 9. R. Domingos de Morais, 2.564, 3471-8066; Cine MorumbiShopping. Sala 3. Av. Roque Petroni Jr., 1.089, 5189-4656; Cine Olido. Av. São João, 473, 3334-0001; Cinesesc. Rua Augusta, 2.075, 3064-1668; Espaço Unibanco Sala 1. R. Augusta, 1.475, 288- 6780; Faap. R. Alagoas, 903, 3662 -7332; Memorial da América Latina - Auditório Simon Bolivar. Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, portão 12, 3823-4742; MIS. Av. Europa, 158, 3088 -0896; Reserva Cultural. Sala 2. Av. Paulista, 900, 3287-3529; Sala Cinemateca. Lgo. Sen. Raul Cardoso, 207, 5084 -2177; Sala UOL. R. Fradique Coutinho, 361, 5096 -0585; Unibanco Arteplex. Salas 1 e 2. R. Frei Caneca, 569, 3472-2365; Vão Livre do Masp. Avenida Paulista, 1.578, 3251-5644 INGRESSOS: Individuais: 2.ª a 5.ª, R$ 12; 6.ª a dom., R$ 14. Pacote: 20 filmes, R$ 110; 40 filmes, R$ 200. Integral, R$ 310 INGRESSOS PELA INTERNET: www.mostra.org e www.ingresso.com.br PROGRAMAÇÃO COMPLETA:www.mostra.org

Hoje à noite, o Memorial da América Latina recebe convidados para a abertura da 29.ª Mostra BR de Cinema, com a apresentação de My Dad Is 100 Years Old (Meu Pai Tem 100 Anos), de Guy Maddin, e Good Night, and Good Luck (Boa Noite, e Boa Sorte), de George Clooney. Dá-se início assim à maratona de cinema que toma conta da cidade até 3 de novembro e terá 405 filmes em sua grade de programação, incluindo os que constam de retrospectivas: 19 na de Victor Sjstrm, 35 na de Manoel de Oliveira, 12 na dos Filmes da Arte France. Enfim, cinema para ninguém botar defeito. E a maratona não poderia começar melhor - com o curta em que Isabella Rossellini, através do canadense Guy Maddin, homenageia o pai ilustre, Roberto Rossellini; e com o longa em que George Clooney, em sua segunda experiência na direção, discute a resistência ao macarthismo e também presta tributo ao seu pai, que foi jornalista. Enfim, a mostra começa sob o signo do pai. Ouça a opinião do crítico O de Isabella Rossellini faria 100 anos em 2006. E qual cinéfilo de respeito não conhece Roberto Rossellini, papa do neo-realismo italiano, autor de obras-primas como Roma, Cidade Aberta e Viagem à Itália? Em seu Antes da Revolução, Bernardo Bertolucci faz um personagem dizer uma fala célebre: "Non si può vivere senza Rossellini" (Não se pode viver sem Rossellini), frase que o diretor brasileiro Paulo César Saraceni (aluno de Rossellini no Centro Sperimentale di Roma) afirma ser sua. Pois bem, nesse curta, escrito por Isabella e dirigido por Maddin, esse grande personagem da história do cinema que foi Roberto Rossellini "dialoga" com seus companheiros de ofício, como Chaplin, Hitchcock, Fellini. Detalhe: eles são todos interpretados por Isabella Rossellini que, de quebra, vive no filme a própria mãe, a divina Ingrid Bergman. O outro pai homenageado é Nick Clooney, jornalista em Cincinatti, Estado de Ohio. "Ele, como outros jornalistas da sua época, tinha como modelo de conduta o apresentador de TV Edward R. Murrow, tido como paladino da livre imprensa em tempos difíceis", disse Clooney na entrevista concedida durante o Festival de Veneza, no qual o filme concorreu. Murrow, interpretado no filme por David Strahairn (prêmio de melhor ator no em Veneza) era muito mais do que um apresentador. Era um âncora ativo, que editava e conduzia o talk show chamado Person to Person e um programa de jornalismo investigativo, See It Now. Desenvolveu seu trabalho enfrentando pressões e resistindo dentro do que lhe permitia a lei. Para entender a história é preciso lembrar que Murrow atuava na época da "caça às bruxas", quando o senador Joseph McCarthy conduzia o Comitê de Atividades Antiamericanas e procurava comunistas até debaixo de sua própria cama. Nesse tempo, muitas carreiras foram arruinadas em Hollywood, nos jornais e TVs, nas escolas. Qualquer suspeito era logo delatado e posto na geladeira, quando não atrás das grades. Vivendo nesse clima, e sob a alça de mira de McCarthy, Murrow nunca se dobrou. O filme é a descrição dessa luta - em sóbrio preto-e-branco e com inserções de música de jazz, o que produz uma impressão de clima anos 50 muito forte no espectador. O realismo é também realçado por outro tipo de inclusão - o de cenas documentais, tiradas dos telejornais da época. Assim, o personagem por trás de tudo, McCarthy, é visto em pessoa. Quando lhe perguntaram por que não havia escalado um ator para interpretar o senador, Clooney respondeu: "E quem interpretaria McCarthy melhor do que o próprio McCarthy?" Foi interessante a participação de George Clooney na apresentação do filme no Festival de Veneza. Acostumado, como grande astro hollywoodiano, à condição de superstar e centro das atrações, optou por uma presença mais modesta, como se não quisesse obscurecer a importância do assunto que levava ao festival para discussão. Curiosamente, no filme, Clooney faz também um papel low profile, o de Fred Friendly, produtor de Murrow. É, com perdão da piada fácil, uma presença amigável ao lado de Murrow. Clooney foi tão discreto que se eximiu de fazer comparações diretas entre o que aconteceu durante o macarthismo e o que ocorre hoje nos Estados Unidos. Também não precisava. O recado parece claro: quando um país passa a ver perseguidores em toda a parte, tende a considerar a liberdade como um item supérfluo. SALAS: Centro Cultural São Paulo. R. Vergueiro, 1.000, 3277-3611; Cine Bombril. Salas 1 e 2. Cj. Nacional. Av. Paulista, 2.073, 3285-3696; Cineclube Vitrine. Salas 1, 2 e 3 . R. Augusta, 2.530, 3085-7684; Cinemark - Shopping Sta. Cruz. Sala 9. R. Domingos de Morais, 2.564, 3471-8066; Cine MorumbiShopping. Sala 3. Av. Roque Petroni Jr., 1.089, 5189-4656; Cine Olido. Av. São João, 473, 3334-0001; Cinesesc. Rua Augusta, 2.075, 3064-1668; Espaço Unibanco Sala 1. R. Augusta, 1.475, 288- 6780; Faap. R. Alagoas, 903, 3662 -7332; Memorial da América Latina - Auditório Simon Bolivar. Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, portão 12, 3823-4742; MIS. Av. Europa, 158, 3088 -0896; Reserva Cultural. Sala 2. Av. Paulista, 900, 3287-3529; Sala Cinemateca. Lgo. Sen. Raul Cardoso, 207, 5084 -2177; Sala UOL. R. Fradique Coutinho, 361, 5096 -0585; Unibanco Arteplex. Salas 1 e 2. R. Frei Caneca, 569, 3472-2365; Vão Livre do Masp. Avenida Paulista, 1.578, 3251-5644 INGRESSOS: Individuais: 2.ª a 5.ª, R$ 12; 6.ª a dom., R$ 14. Pacote: 20 filmes, R$ 110; 40 filmes, R$ 200. Integral, R$ 310 INGRESSOS PELA INTERNET: www.mostra.org e www.ingresso.com.br PROGRAMAÇÃO COMPLETA:www.mostra.org

Hoje à noite, o Memorial da América Latina recebe convidados para a abertura da 29.ª Mostra BR de Cinema, com a apresentação de My Dad Is 100 Years Old (Meu Pai Tem 100 Anos), de Guy Maddin, e Good Night, and Good Luck (Boa Noite, e Boa Sorte), de George Clooney. Dá-se início assim à maratona de cinema que toma conta da cidade até 3 de novembro e terá 405 filmes em sua grade de programação, incluindo os que constam de retrospectivas: 19 na de Victor Sjstrm, 35 na de Manoel de Oliveira, 12 na dos Filmes da Arte France. Enfim, cinema para ninguém botar defeito. E a maratona não poderia começar melhor - com o curta em que Isabella Rossellini, através do canadense Guy Maddin, homenageia o pai ilustre, Roberto Rossellini; e com o longa em que George Clooney, em sua segunda experiência na direção, discute a resistência ao macarthismo e também presta tributo ao seu pai, que foi jornalista. Enfim, a mostra começa sob o signo do pai. Ouça a opinião do crítico O de Isabella Rossellini faria 100 anos em 2006. E qual cinéfilo de respeito não conhece Roberto Rossellini, papa do neo-realismo italiano, autor de obras-primas como Roma, Cidade Aberta e Viagem à Itália? Em seu Antes da Revolução, Bernardo Bertolucci faz um personagem dizer uma fala célebre: "Non si può vivere senza Rossellini" (Não se pode viver sem Rossellini), frase que o diretor brasileiro Paulo César Saraceni (aluno de Rossellini no Centro Sperimentale di Roma) afirma ser sua. Pois bem, nesse curta, escrito por Isabella e dirigido por Maddin, esse grande personagem da história do cinema que foi Roberto Rossellini "dialoga" com seus companheiros de ofício, como Chaplin, Hitchcock, Fellini. Detalhe: eles são todos interpretados por Isabella Rossellini que, de quebra, vive no filme a própria mãe, a divina Ingrid Bergman. O outro pai homenageado é Nick Clooney, jornalista em Cincinatti, Estado de Ohio. "Ele, como outros jornalistas da sua época, tinha como modelo de conduta o apresentador de TV Edward R. Murrow, tido como paladino da livre imprensa em tempos difíceis", disse Clooney na entrevista concedida durante o Festival de Veneza, no qual o filme concorreu. Murrow, interpretado no filme por David Strahairn (prêmio de melhor ator no em Veneza) era muito mais do que um apresentador. Era um âncora ativo, que editava e conduzia o talk show chamado Person to Person e um programa de jornalismo investigativo, See It Now. Desenvolveu seu trabalho enfrentando pressões e resistindo dentro do que lhe permitia a lei. Para entender a história é preciso lembrar que Murrow atuava na época da "caça às bruxas", quando o senador Joseph McCarthy conduzia o Comitê de Atividades Antiamericanas e procurava comunistas até debaixo de sua própria cama. Nesse tempo, muitas carreiras foram arruinadas em Hollywood, nos jornais e TVs, nas escolas. Qualquer suspeito era logo delatado e posto na geladeira, quando não atrás das grades. Vivendo nesse clima, e sob a alça de mira de McCarthy, Murrow nunca se dobrou. O filme é a descrição dessa luta - em sóbrio preto-e-branco e com inserções de música de jazz, o que produz uma impressão de clima anos 50 muito forte no espectador. O realismo é também realçado por outro tipo de inclusão - o de cenas documentais, tiradas dos telejornais da época. Assim, o personagem por trás de tudo, McCarthy, é visto em pessoa. Quando lhe perguntaram por que não havia escalado um ator para interpretar o senador, Clooney respondeu: "E quem interpretaria McCarthy melhor do que o próprio McCarthy?" Foi interessante a participação de George Clooney na apresentação do filme no Festival de Veneza. Acostumado, como grande astro hollywoodiano, à condição de superstar e centro das atrações, optou por uma presença mais modesta, como se não quisesse obscurecer a importância do assunto que levava ao festival para discussão. Curiosamente, no filme, Clooney faz também um papel low profile, o de Fred Friendly, produtor de Murrow. É, com perdão da piada fácil, uma presença amigável ao lado de Murrow. Clooney foi tão discreto que se eximiu de fazer comparações diretas entre o que aconteceu durante o macarthismo e o que ocorre hoje nos Estados Unidos. Também não precisava. O recado parece claro: quando um país passa a ver perseguidores em toda a parte, tende a considerar a liberdade como um item supérfluo. SALAS: Centro Cultural São Paulo. R. Vergueiro, 1.000, 3277-3611; Cine Bombril. Salas 1 e 2. Cj. Nacional. Av. Paulista, 2.073, 3285-3696; Cineclube Vitrine. Salas 1, 2 e 3 . R. Augusta, 2.530, 3085-7684; Cinemark - Shopping Sta. Cruz. Sala 9. R. Domingos de Morais, 2.564, 3471-8066; Cine MorumbiShopping. Sala 3. Av. Roque Petroni Jr., 1.089, 5189-4656; Cine Olido. Av. São João, 473, 3334-0001; Cinesesc. Rua Augusta, 2.075, 3064-1668; Espaço Unibanco Sala 1. R. Augusta, 1.475, 288- 6780; Faap. R. Alagoas, 903, 3662 -7332; Memorial da América Latina - Auditório Simon Bolivar. Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, portão 12, 3823-4742; MIS. Av. Europa, 158, 3088 -0896; Reserva Cultural. Sala 2. Av. Paulista, 900, 3287-3529; Sala Cinemateca. Lgo. Sen. Raul Cardoso, 207, 5084 -2177; Sala UOL. R. Fradique Coutinho, 361, 5096 -0585; Unibanco Arteplex. Salas 1 e 2. R. Frei Caneca, 569, 3472-2365; Vão Livre do Masp. Avenida Paulista, 1.578, 3251-5644 INGRESSOS: Individuais: 2.ª a 5.ª, R$ 12; 6.ª a dom., R$ 14. Pacote: 20 filmes, R$ 110; 40 filmes, R$ 200. Integral, R$ 310 INGRESSOS PELA INTERNET: www.mostra.org e www.ingresso.com.br PROGRAMAÇÃO COMPLETA:www.mostra.org

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