Análise: 'As Duas Irenes' não deixa de evocar o atual protagonismo feminino


Rito de passagem em situação de falta de modelos estáveis

Por Luiz Zanin Oricchio

Em As Duas Irenes, de Fábio Meira, uma garota (Priscilla Bittencourt) descobre que o pai, Tunico (Marco Ricca) tem uma segunda família e outra filha (Isabella Torres) com o mesmo nome e idade que ela. 

Essa relação em espelho das duas Irenes é o que o filme tem de mais fascinante. Olham-se, influenciam-se e evoluem em direções surpreendentes. Outra jogada inteligente é colocar a trama num limbo temporal. Tudo é filmado na Cidade de Goiaz, não há celulares e computadores à vista e as músicas são as de Rita Pavone e sucessos dos anos 50 e 60, como Banho de Lua e Índia. É uma espécie de Macondo ou Comala à brasileira. Mas bem menos soturna que as cidades imaginárias de Gabriel García Márquez e Juan Rulfo. 

Pelo contrário, há um frescor, um certo ar pastoril, que não deixa também de ser algo fora do tempo. Pelo menos do nosso tempo, tão acelerado como desprovido de sentido.

continua após a publicidade
Cena de 'As Duas Irenes' Foto: Vitrine Filmes

As meninas vivem o duplo feminino com bastante espontaneidade. Ricca, impecável como sempre, explora bem um personagem que o diretor, de maneira madura, não procura vilanizar. E o resto do elenco feminino é show: Inês Peixoto, Susana Ribeiro e Teuda Bara. 

No fundo, a história percorre os passos de um rito de passagem em uma particular situação de carência de modelos estáveis. O roteiro é muito bem pensado e leva essa evolução problemática de maneira natural, apesar do inusitado da situação. Lacunar, a história deixa espaços em vazio para que o espectador entre com sua parte. 

continua após a publicidade

Apesar do tom intemporal, As Duas Irenes não deixa de evocar o atual protagonismo feminino, tema de destaque na sociedade que tem repercutido nos filmes. As duas meninas, a princípio apenas sujeitas da ação, tomam por fim as rédeas do destino e intervêm numa situação familiar que sobrevive apenas pelo silêncio cúmplice. São elas o elemento de mudança num esquema que em aparência funciona bem apenas para o polo masculino da equação. 

Nota-se que o trabalho de Meira é feito de depuração intelectual muito rigorosa, pois anda na corda bamba e não cai. Incorpora elementos de sua própria história familiar e as transforma em ficção como prova disso. 

Em As Duas Irenes, de Fábio Meira, uma garota (Priscilla Bittencourt) descobre que o pai, Tunico (Marco Ricca) tem uma segunda família e outra filha (Isabella Torres) com o mesmo nome e idade que ela. 

Essa relação em espelho das duas Irenes é o que o filme tem de mais fascinante. Olham-se, influenciam-se e evoluem em direções surpreendentes. Outra jogada inteligente é colocar a trama num limbo temporal. Tudo é filmado na Cidade de Goiaz, não há celulares e computadores à vista e as músicas são as de Rita Pavone e sucessos dos anos 50 e 60, como Banho de Lua e Índia. É uma espécie de Macondo ou Comala à brasileira. Mas bem menos soturna que as cidades imaginárias de Gabriel García Márquez e Juan Rulfo. 

Pelo contrário, há um frescor, um certo ar pastoril, que não deixa também de ser algo fora do tempo. Pelo menos do nosso tempo, tão acelerado como desprovido de sentido.

Cena de 'As Duas Irenes' Foto: Vitrine Filmes

As meninas vivem o duplo feminino com bastante espontaneidade. Ricca, impecável como sempre, explora bem um personagem que o diretor, de maneira madura, não procura vilanizar. E o resto do elenco feminino é show: Inês Peixoto, Susana Ribeiro e Teuda Bara. 

No fundo, a história percorre os passos de um rito de passagem em uma particular situação de carência de modelos estáveis. O roteiro é muito bem pensado e leva essa evolução problemática de maneira natural, apesar do inusitado da situação. Lacunar, a história deixa espaços em vazio para que o espectador entre com sua parte. 

Apesar do tom intemporal, As Duas Irenes não deixa de evocar o atual protagonismo feminino, tema de destaque na sociedade que tem repercutido nos filmes. As duas meninas, a princípio apenas sujeitas da ação, tomam por fim as rédeas do destino e intervêm numa situação familiar que sobrevive apenas pelo silêncio cúmplice. São elas o elemento de mudança num esquema que em aparência funciona bem apenas para o polo masculino da equação. 

Nota-se que o trabalho de Meira é feito de depuração intelectual muito rigorosa, pois anda na corda bamba e não cai. Incorpora elementos de sua própria história familiar e as transforma em ficção como prova disso. 

Em As Duas Irenes, de Fábio Meira, uma garota (Priscilla Bittencourt) descobre que o pai, Tunico (Marco Ricca) tem uma segunda família e outra filha (Isabella Torres) com o mesmo nome e idade que ela. 

Essa relação em espelho das duas Irenes é o que o filme tem de mais fascinante. Olham-se, influenciam-se e evoluem em direções surpreendentes. Outra jogada inteligente é colocar a trama num limbo temporal. Tudo é filmado na Cidade de Goiaz, não há celulares e computadores à vista e as músicas são as de Rita Pavone e sucessos dos anos 50 e 60, como Banho de Lua e Índia. É uma espécie de Macondo ou Comala à brasileira. Mas bem menos soturna que as cidades imaginárias de Gabriel García Márquez e Juan Rulfo. 

Pelo contrário, há um frescor, um certo ar pastoril, que não deixa também de ser algo fora do tempo. Pelo menos do nosso tempo, tão acelerado como desprovido de sentido.

Cena de 'As Duas Irenes' Foto: Vitrine Filmes

As meninas vivem o duplo feminino com bastante espontaneidade. Ricca, impecável como sempre, explora bem um personagem que o diretor, de maneira madura, não procura vilanizar. E o resto do elenco feminino é show: Inês Peixoto, Susana Ribeiro e Teuda Bara. 

No fundo, a história percorre os passos de um rito de passagem em uma particular situação de carência de modelos estáveis. O roteiro é muito bem pensado e leva essa evolução problemática de maneira natural, apesar do inusitado da situação. Lacunar, a história deixa espaços em vazio para que o espectador entre com sua parte. 

Apesar do tom intemporal, As Duas Irenes não deixa de evocar o atual protagonismo feminino, tema de destaque na sociedade que tem repercutido nos filmes. As duas meninas, a princípio apenas sujeitas da ação, tomam por fim as rédeas do destino e intervêm numa situação familiar que sobrevive apenas pelo silêncio cúmplice. São elas o elemento de mudança num esquema que em aparência funciona bem apenas para o polo masculino da equação. 

Nota-se que o trabalho de Meira é feito de depuração intelectual muito rigorosa, pois anda na corda bamba e não cai. Incorpora elementos de sua própria história familiar e as transforma em ficção como prova disso. 

Em As Duas Irenes, de Fábio Meira, uma garota (Priscilla Bittencourt) descobre que o pai, Tunico (Marco Ricca) tem uma segunda família e outra filha (Isabella Torres) com o mesmo nome e idade que ela. 

Essa relação em espelho das duas Irenes é o que o filme tem de mais fascinante. Olham-se, influenciam-se e evoluem em direções surpreendentes. Outra jogada inteligente é colocar a trama num limbo temporal. Tudo é filmado na Cidade de Goiaz, não há celulares e computadores à vista e as músicas são as de Rita Pavone e sucessos dos anos 50 e 60, como Banho de Lua e Índia. É uma espécie de Macondo ou Comala à brasileira. Mas bem menos soturna que as cidades imaginárias de Gabriel García Márquez e Juan Rulfo. 

Pelo contrário, há um frescor, um certo ar pastoril, que não deixa também de ser algo fora do tempo. Pelo menos do nosso tempo, tão acelerado como desprovido de sentido.

Cena de 'As Duas Irenes' Foto: Vitrine Filmes

As meninas vivem o duplo feminino com bastante espontaneidade. Ricca, impecável como sempre, explora bem um personagem que o diretor, de maneira madura, não procura vilanizar. E o resto do elenco feminino é show: Inês Peixoto, Susana Ribeiro e Teuda Bara. 

No fundo, a história percorre os passos de um rito de passagem em uma particular situação de carência de modelos estáveis. O roteiro é muito bem pensado e leva essa evolução problemática de maneira natural, apesar do inusitado da situação. Lacunar, a história deixa espaços em vazio para que o espectador entre com sua parte. 

Apesar do tom intemporal, As Duas Irenes não deixa de evocar o atual protagonismo feminino, tema de destaque na sociedade que tem repercutido nos filmes. As duas meninas, a princípio apenas sujeitas da ação, tomam por fim as rédeas do destino e intervêm numa situação familiar que sobrevive apenas pelo silêncio cúmplice. São elas o elemento de mudança num esquema que em aparência funciona bem apenas para o polo masculino da equação. 

Nota-se que o trabalho de Meira é feito de depuração intelectual muito rigorosa, pois anda na corda bamba e não cai. Incorpora elementos de sua própria história familiar e as transforma em ficção como prova disso. 

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.