Análise: 'O Filho Eterno' faz um emocionante trabalho de aceitação da paternidade


Longa mostra que nem sempre a drama se livra de um certo didatismo

Por Luiz Zanin Oricchio

Um filme não sendo um livro, é inútil cobrar de O Filho Eterno, de Paulo Machline, que seja igual ou mesmo equivalente à obra de Cristóvão Tezza. Esta pertence a uma categoria da autoficção, em que o autor inventa para melhor falar da complicada relação real estabelecida com o filho sindrômico. 

Pode-se, sim, exigir que o filme esteja em sintonia com o espírito da obra na qual se inspira. E, nesse ponto, entendo que a adaptação se sai bem. A história não é tanto a do filho, “eterno” porque portador da Síndrome de Down. É mais a da trabalhosa aceitação do filho “com defeito” pelo pai intelectual e aspirante a escritor. É desse jeito que o pai verá o filho, nos primeiros tempos, pelo menos.

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Como alguém “deficiente” porque incapaz de satisfazer expectativas nele depositadas. Um filho é um ideal de ego, se sabe. Vem para superar os pais e realizar o que eles não puderam. E, quando esse ideal não é atingido, a reação pode ir da indiferença à agressividade. O reposicionamento das coisas em suas devidas proporções exige paciência, trabalho, sofrimento. E tempo, muito tempo. 

Nesse processo árduo reside a força e a impulsão do filme. Marcos Veras, como Roberto, o pai, e Claudia (Débora Falabella) como a mãe, ocupam polos opostos nesse calvário da aceitação. O filme insinua que se para a mãe o amor é algo natural e incontornável, para o pai é trabalhoso e deve ser construído. E, mais ainda, será necessário um insight, um acontecimento limite, para que Roberto descubra seus sentimentos para com o filho Fabrício (Pedro Vinícius). 

Nem sempre a trama se livra de certo didatismo. Há música demais, o que impele o drama para o melodrama. Mas as virtudes são maiores. Marcos Veras e Débora Falabella dão credibilidade a esse casal assimétrico na relação com a cria. Débora, em especial, é um esteio dramatúrgico ao filme. O garoto Pedro Vinícius destaca-se pela espontaneidade. 

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Para marcar a passagem do tempo, Machline vale-se de um recurso inteligente – a sucessão de Copas do Mundo. Todos que se interessam por futebol (e mesmo os que se importam menos) sabem que as Copas são como um grande relógio universal a marcar existências de quatro em quatro anos. Assim, a trajetória dos personagens é vista desde a Copa de 1982, quando nasce o bebê Fabrício, até a de 1994. De uma derrota dolorida à conquista do tetra – não poderia haver metáfora mais óbvia. Que, no entanto, funciona. Em sua simplicidade, O Filho Eterno emociona. 

Um filme não sendo um livro, é inútil cobrar de O Filho Eterno, de Paulo Machline, que seja igual ou mesmo equivalente à obra de Cristóvão Tezza. Esta pertence a uma categoria da autoficção, em que o autor inventa para melhor falar da complicada relação real estabelecida com o filho sindrômico. 

Pode-se, sim, exigir que o filme esteja em sintonia com o espírito da obra na qual se inspira. E, nesse ponto, entendo que a adaptação se sai bem. A história não é tanto a do filho, “eterno” porque portador da Síndrome de Down. É mais a da trabalhosa aceitação do filho “com defeito” pelo pai intelectual e aspirante a escritor. É desse jeito que o pai verá o filho, nos primeiros tempos, pelo menos.

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Como alguém “deficiente” porque incapaz de satisfazer expectativas nele depositadas. Um filho é um ideal de ego, se sabe. Vem para superar os pais e realizar o que eles não puderam. E, quando esse ideal não é atingido, a reação pode ir da indiferença à agressividade. O reposicionamento das coisas em suas devidas proporções exige paciência, trabalho, sofrimento. E tempo, muito tempo. 

Nesse processo árduo reside a força e a impulsão do filme. Marcos Veras, como Roberto, o pai, e Claudia (Débora Falabella) como a mãe, ocupam polos opostos nesse calvário da aceitação. O filme insinua que se para a mãe o amor é algo natural e incontornável, para o pai é trabalhoso e deve ser construído. E, mais ainda, será necessário um insight, um acontecimento limite, para que Roberto descubra seus sentimentos para com o filho Fabrício (Pedro Vinícius). 

Nem sempre a trama se livra de certo didatismo. Há música demais, o que impele o drama para o melodrama. Mas as virtudes são maiores. Marcos Veras e Débora Falabella dão credibilidade a esse casal assimétrico na relação com a cria. Débora, em especial, é um esteio dramatúrgico ao filme. O garoto Pedro Vinícius destaca-se pela espontaneidade. 

Para marcar a passagem do tempo, Machline vale-se de um recurso inteligente – a sucessão de Copas do Mundo. Todos que se interessam por futebol (e mesmo os que se importam menos) sabem que as Copas são como um grande relógio universal a marcar existências de quatro em quatro anos. Assim, a trajetória dos personagens é vista desde a Copa de 1982, quando nasce o bebê Fabrício, até a de 1994. De uma derrota dolorida à conquista do tetra – não poderia haver metáfora mais óbvia. Que, no entanto, funciona. Em sua simplicidade, O Filho Eterno emociona. 

Um filme não sendo um livro, é inútil cobrar de O Filho Eterno, de Paulo Machline, que seja igual ou mesmo equivalente à obra de Cristóvão Tezza. Esta pertence a uma categoria da autoficção, em que o autor inventa para melhor falar da complicada relação real estabelecida com o filho sindrômico. 

Pode-se, sim, exigir que o filme esteja em sintonia com o espírito da obra na qual se inspira. E, nesse ponto, entendo que a adaptação se sai bem. A história não é tanto a do filho, “eterno” porque portador da Síndrome de Down. É mais a da trabalhosa aceitação do filho “com defeito” pelo pai intelectual e aspirante a escritor. É desse jeito que o pai verá o filho, nos primeiros tempos, pelo menos.

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Como alguém “deficiente” porque incapaz de satisfazer expectativas nele depositadas. Um filho é um ideal de ego, se sabe. Vem para superar os pais e realizar o que eles não puderam. E, quando esse ideal não é atingido, a reação pode ir da indiferença à agressividade. O reposicionamento das coisas em suas devidas proporções exige paciência, trabalho, sofrimento. E tempo, muito tempo. 

Nesse processo árduo reside a força e a impulsão do filme. Marcos Veras, como Roberto, o pai, e Claudia (Débora Falabella) como a mãe, ocupam polos opostos nesse calvário da aceitação. O filme insinua que se para a mãe o amor é algo natural e incontornável, para o pai é trabalhoso e deve ser construído. E, mais ainda, será necessário um insight, um acontecimento limite, para que Roberto descubra seus sentimentos para com o filho Fabrício (Pedro Vinícius). 

Nem sempre a trama se livra de certo didatismo. Há música demais, o que impele o drama para o melodrama. Mas as virtudes são maiores. Marcos Veras e Débora Falabella dão credibilidade a esse casal assimétrico na relação com a cria. Débora, em especial, é um esteio dramatúrgico ao filme. O garoto Pedro Vinícius destaca-se pela espontaneidade. 

Para marcar a passagem do tempo, Machline vale-se de um recurso inteligente – a sucessão de Copas do Mundo. Todos que se interessam por futebol (e mesmo os que se importam menos) sabem que as Copas são como um grande relógio universal a marcar existências de quatro em quatro anos. Assim, a trajetória dos personagens é vista desde a Copa de 1982, quando nasce o bebê Fabrício, até a de 1994. De uma derrota dolorida à conquista do tetra – não poderia haver metáfora mais óbvia. Que, no entanto, funciona. Em sua simplicidade, O Filho Eterno emociona. 

Um filme não sendo um livro, é inútil cobrar de O Filho Eterno, de Paulo Machline, que seja igual ou mesmo equivalente à obra de Cristóvão Tezza. Esta pertence a uma categoria da autoficção, em que o autor inventa para melhor falar da complicada relação real estabelecida com o filho sindrômico. 

Pode-se, sim, exigir que o filme esteja em sintonia com o espírito da obra na qual se inspira. E, nesse ponto, entendo que a adaptação se sai bem. A história não é tanto a do filho, “eterno” porque portador da Síndrome de Down. É mais a da trabalhosa aceitação do filho “com defeito” pelo pai intelectual e aspirante a escritor. É desse jeito que o pai verá o filho, nos primeiros tempos, pelo menos.

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Como alguém “deficiente” porque incapaz de satisfazer expectativas nele depositadas. Um filho é um ideal de ego, se sabe. Vem para superar os pais e realizar o que eles não puderam. E, quando esse ideal não é atingido, a reação pode ir da indiferença à agressividade. O reposicionamento das coisas em suas devidas proporções exige paciência, trabalho, sofrimento. E tempo, muito tempo. 

Nesse processo árduo reside a força e a impulsão do filme. Marcos Veras, como Roberto, o pai, e Claudia (Débora Falabella) como a mãe, ocupam polos opostos nesse calvário da aceitação. O filme insinua que se para a mãe o amor é algo natural e incontornável, para o pai é trabalhoso e deve ser construído. E, mais ainda, será necessário um insight, um acontecimento limite, para que Roberto descubra seus sentimentos para com o filho Fabrício (Pedro Vinícius). 

Nem sempre a trama se livra de certo didatismo. Há música demais, o que impele o drama para o melodrama. Mas as virtudes são maiores. Marcos Veras e Débora Falabella dão credibilidade a esse casal assimétrico na relação com a cria. Débora, em especial, é um esteio dramatúrgico ao filme. O garoto Pedro Vinícius destaca-se pela espontaneidade. 

Para marcar a passagem do tempo, Machline vale-se de um recurso inteligente – a sucessão de Copas do Mundo. Todos que se interessam por futebol (e mesmo os que se importam menos) sabem que as Copas são como um grande relógio universal a marcar existências de quatro em quatro anos. Assim, a trajetória dos personagens é vista desde a Copa de 1982, quando nasce o bebê Fabrício, até a de 1994. De uma derrota dolorida à conquista do tetra – não poderia haver metáfora mais óbvia. Que, no entanto, funciona. Em sua simplicidade, O Filho Eterno emociona. 

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