Análise: 'Os Incríveis 2' é um programa infantil, mas fica de olho no público adulto


Longa proporciona diversão, mas os personagens mais engraçados são os menos aproveitados da trama

Por Luiz Carlos Merten

Brad Bird realizou talvez a maior animação das últimas décadas - Ratatouille. No cinema de live action, acertou com Protocolo Fantasma, na serie Missão Impossível. É um diretor do qual sempre se espera muito. É o problema de Os Incríveis 2. O filme diverte, mas não surpreende mais. O que tem de melhor vem do filme anterior - as eletrizantes cenas de ação, uma vontade de discutir temas adultos relativos à família e à própria realidade das pessoas empoderadas e das demais, comuns. Os pontos fracos são uma sensação de déjà-vu e a narrativa que se estende. E a Pixar tem de parar com a reviravolta que identifica seus vilões. Parecem do bem e, de repente, tchan... Só não antecipa o que vai ocorrer quem não presta atenção nos detalhes.

Cena de 'Os Incríveis 2' Foto: Pixar

+++ Animação 'Os Incríveis 2' dá protagonismo à Mulher-Elástica no combate ao crime O ponto de partida é interessante. O mundo não quer mais saber de super-heróis. (O cinema, sim, mas essa é outra história.) Surge um publicitário disposto a promover a grande união e reintegrar os super-heróis. Mas há também um sinistro Hipnotizador, que usa uma tela (o cinema?) para controlar as mentes. Brad Bird já disse, o que é raro num diretor de animações (infantis?), que o gênero - é mais que isso, a oitava arte -, costuma ser injustamente colocado num gueto. Seu sonho é que os adultos vejam Os Incríveis 2 sem o álibi de estar levando as crianças. Ele chega a brincar - “É para ver com seu ‘date’, namorado/a.” A trama começa em tempo de #MeToo. Nesse mundo hostil (aos super-heróis), mamãe, a Mulher-Elástica, ganha uma missão e, enquanto ela se empodera, papai, o Sr. Incrível, conhece a dura realidade de cuidar da casa e das crianças. Talvez seja bom dizer que o texto vai fazer agora algumas revelações essenciais - olha o spoiler. Mamãe cai numa cilada e, sozinha, não dá conta de resolver uma situação que pode complicar ainda mais os super-heróis. Papai e as crianças entram em cena para resolver a parada. A família unida jamais será vencida. Bird, com seu nome de pássaro, é um cineasta da família, tanto faz que seja a formada por laços de sangue (Os Incríveis) ou pela cumplicidade e o afeto (Ratatouille, Missão Impossível). Quando fez o primeiro Os Incríveis, em 2004, o cinema não estava tão poluído de super-heróis. (Os Estúdios Marvel estão comemorando 10 anos .) Bird ironiza - hoje tem 600.000 super-heróis voando por aí. O que ele curte são habilidades, e não superpoderes. As do rato que sonha ser chef, as de Ethan Hunt/Tom Cruise e seus amigos. Ethan que se pendura no prédio mais alto do mundo. O carro que voa - de um prédio para outro -, um recurso cartunesco. Chega um momento, no desfecho de Os Incríveis, em que os superpoderes são insuficientes ou ameaçam não resolver. Entram as habilidades. É divertido, mas... Os personagens mais engraçados são os menos aproveitados da trama. O bebê que não controla seus poderes e provoca estragos tem poucas cenas mais do que aquilo que aparecia no trailer. A estilista Edna entra e sai rápido demais. Sobra essa preocupação de Brad Bird de atingir o público adulto. O repórter viu o filme numa sessão especial para crianças e elas ficam agitadas, dispersas. A própria dublagem é esquisita. Como serão, no original, as referências ao Acre, a Raul Gil? As piadinhas regionalizadas raramente funcionam. Outra questão a considerar.  

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Brad Bird realizou talvez a maior animação das últimas décadas - Ratatouille. No cinema de live action, acertou com Protocolo Fantasma, na serie Missão Impossível. É um diretor do qual sempre se espera muito. É o problema de Os Incríveis 2. O filme diverte, mas não surpreende mais. O que tem de melhor vem do filme anterior - as eletrizantes cenas de ação, uma vontade de discutir temas adultos relativos à família e à própria realidade das pessoas empoderadas e das demais, comuns. Os pontos fracos são uma sensação de déjà-vu e a narrativa que se estende. E a Pixar tem de parar com a reviravolta que identifica seus vilões. Parecem do bem e, de repente, tchan... Só não antecipa o que vai ocorrer quem não presta atenção nos detalhes.

Cena de 'Os Incríveis 2' Foto: Pixar

+++ Animação 'Os Incríveis 2' dá protagonismo à Mulher-Elástica no combate ao crime O ponto de partida é interessante. O mundo não quer mais saber de super-heróis. (O cinema, sim, mas essa é outra história.) Surge um publicitário disposto a promover a grande união e reintegrar os super-heróis. Mas há também um sinistro Hipnotizador, que usa uma tela (o cinema?) para controlar as mentes. Brad Bird já disse, o que é raro num diretor de animações (infantis?), que o gênero - é mais que isso, a oitava arte -, costuma ser injustamente colocado num gueto. Seu sonho é que os adultos vejam Os Incríveis 2 sem o álibi de estar levando as crianças. Ele chega a brincar - “É para ver com seu ‘date’, namorado/a.” A trama começa em tempo de #MeToo. Nesse mundo hostil (aos super-heróis), mamãe, a Mulher-Elástica, ganha uma missão e, enquanto ela se empodera, papai, o Sr. Incrível, conhece a dura realidade de cuidar da casa e das crianças. Talvez seja bom dizer que o texto vai fazer agora algumas revelações essenciais - olha o spoiler. Mamãe cai numa cilada e, sozinha, não dá conta de resolver uma situação que pode complicar ainda mais os super-heróis. Papai e as crianças entram em cena para resolver a parada. A família unida jamais será vencida. Bird, com seu nome de pássaro, é um cineasta da família, tanto faz que seja a formada por laços de sangue (Os Incríveis) ou pela cumplicidade e o afeto (Ratatouille, Missão Impossível). Quando fez o primeiro Os Incríveis, em 2004, o cinema não estava tão poluído de super-heróis. (Os Estúdios Marvel estão comemorando 10 anos .) Bird ironiza - hoje tem 600.000 super-heróis voando por aí. O que ele curte são habilidades, e não superpoderes. As do rato que sonha ser chef, as de Ethan Hunt/Tom Cruise e seus amigos. Ethan que se pendura no prédio mais alto do mundo. O carro que voa - de um prédio para outro -, um recurso cartunesco. Chega um momento, no desfecho de Os Incríveis, em que os superpoderes são insuficientes ou ameaçam não resolver. Entram as habilidades. É divertido, mas... Os personagens mais engraçados são os menos aproveitados da trama. O bebê que não controla seus poderes e provoca estragos tem poucas cenas mais do que aquilo que aparecia no trailer. A estilista Edna entra e sai rápido demais. Sobra essa preocupação de Brad Bird de atingir o público adulto. O repórter viu o filme numa sessão especial para crianças e elas ficam agitadas, dispersas. A própria dublagem é esquisita. Como serão, no original, as referências ao Acre, a Raul Gil? As piadinhas regionalizadas raramente funcionam. Outra questão a considerar.  

Brad Bird realizou talvez a maior animação das últimas décadas - Ratatouille. No cinema de live action, acertou com Protocolo Fantasma, na serie Missão Impossível. É um diretor do qual sempre se espera muito. É o problema de Os Incríveis 2. O filme diverte, mas não surpreende mais. O que tem de melhor vem do filme anterior - as eletrizantes cenas de ação, uma vontade de discutir temas adultos relativos à família e à própria realidade das pessoas empoderadas e das demais, comuns. Os pontos fracos são uma sensação de déjà-vu e a narrativa que se estende. E a Pixar tem de parar com a reviravolta que identifica seus vilões. Parecem do bem e, de repente, tchan... Só não antecipa o que vai ocorrer quem não presta atenção nos detalhes.

Cena de 'Os Incríveis 2' Foto: Pixar

+++ Animação 'Os Incríveis 2' dá protagonismo à Mulher-Elástica no combate ao crime O ponto de partida é interessante. O mundo não quer mais saber de super-heróis. (O cinema, sim, mas essa é outra história.) Surge um publicitário disposto a promover a grande união e reintegrar os super-heróis. Mas há também um sinistro Hipnotizador, que usa uma tela (o cinema?) para controlar as mentes. Brad Bird já disse, o que é raro num diretor de animações (infantis?), que o gênero - é mais que isso, a oitava arte -, costuma ser injustamente colocado num gueto. Seu sonho é que os adultos vejam Os Incríveis 2 sem o álibi de estar levando as crianças. Ele chega a brincar - “É para ver com seu ‘date’, namorado/a.” A trama começa em tempo de #MeToo. Nesse mundo hostil (aos super-heróis), mamãe, a Mulher-Elástica, ganha uma missão e, enquanto ela se empodera, papai, o Sr. Incrível, conhece a dura realidade de cuidar da casa e das crianças. Talvez seja bom dizer que o texto vai fazer agora algumas revelações essenciais - olha o spoiler. Mamãe cai numa cilada e, sozinha, não dá conta de resolver uma situação que pode complicar ainda mais os super-heróis. Papai e as crianças entram em cena para resolver a parada. A família unida jamais será vencida. Bird, com seu nome de pássaro, é um cineasta da família, tanto faz que seja a formada por laços de sangue (Os Incríveis) ou pela cumplicidade e o afeto (Ratatouille, Missão Impossível). Quando fez o primeiro Os Incríveis, em 2004, o cinema não estava tão poluído de super-heróis. (Os Estúdios Marvel estão comemorando 10 anos .) Bird ironiza - hoje tem 600.000 super-heróis voando por aí. O que ele curte são habilidades, e não superpoderes. As do rato que sonha ser chef, as de Ethan Hunt/Tom Cruise e seus amigos. Ethan que se pendura no prédio mais alto do mundo. O carro que voa - de um prédio para outro -, um recurso cartunesco. Chega um momento, no desfecho de Os Incríveis, em que os superpoderes são insuficientes ou ameaçam não resolver. Entram as habilidades. É divertido, mas... Os personagens mais engraçados são os menos aproveitados da trama. O bebê que não controla seus poderes e provoca estragos tem poucas cenas mais do que aquilo que aparecia no trailer. A estilista Edna entra e sai rápido demais. Sobra essa preocupação de Brad Bird de atingir o público adulto. O repórter viu o filme numa sessão especial para crianças e elas ficam agitadas, dispersas. A própria dublagem é esquisita. Como serão, no original, as referências ao Acre, a Raul Gil? As piadinhas regionalizadas raramente funcionam. Outra questão a considerar.  

Brad Bird realizou talvez a maior animação das últimas décadas - Ratatouille. No cinema de live action, acertou com Protocolo Fantasma, na serie Missão Impossível. É um diretor do qual sempre se espera muito. É o problema de Os Incríveis 2. O filme diverte, mas não surpreende mais. O que tem de melhor vem do filme anterior - as eletrizantes cenas de ação, uma vontade de discutir temas adultos relativos à família e à própria realidade das pessoas empoderadas e das demais, comuns. Os pontos fracos são uma sensação de déjà-vu e a narrativa que se estende. E a Pixar tem de parar com a reviravolta que identifica seus vilões. Parecem do bem e, de repente, tchan... Só não antecipa o que vai ocorrer quem não presta atenção nos detalhes.

Cena de 'Os Incríveis 2' Foto: Pixar

+++ Animação 'Os Incríveis 2' dá protagonismo à Mulher-Elástica no combate ao crime O ponto de partida é interessante. O mundo não quer mais saber de super-heróis. (O cinema, sim, mas essa é outra história.) Surge um publicitário disposto a promover a grande união e reintegrar os super-heróis. Mas há também um sinistro Hipnotizador, que usa uma tela (o cinema?) para controlar as mentes. Brad Bird já disse, o que é raro num diretor de animações (infantis?), que o gênero - é mais que isso, a oitava arte -, costuma ser injustamente colocado num gueto. Seu sonho é que os adultos vejam Os Incríveis 2 sem o álibi de estar levando as crianças. Ele chega a brincar - “É para ver com seu ‘date’, namorado/a.” A trama começa em tempo de #MeToo. Nesse mundo hostil (aos super-heróis), mamãe, a Mulher-Elástica, ganha uma missão e, enquanto ela se empodera, papai, o Sr. Incrível, conhece a dura realidade de cuidar da casa e das crianças. Talvez seja bom dizer que o texto vai fazer agora algumas revelações essenciais - olha o spoiler. Mamãe cai numa cilada e, sozinha, não dá conta de resolver uma situação que pode complicar ainda mais os super-heróis. Papai e as crianças entram em cena para resolver a parada. A família unida jamais será vencida. Bird, com seu nome de pássaro, é um cineasta da família, tanto faz que seja a formada por laços de sangue (Os Incríveis) ou pela cumplicidade e o afeto (Ratatouille, Missão Impossível). Quando fez o primeiro Os Incríveis, em 2004, o cinema não estava tão poluído de super-heróis. (Os Estúdios Marvel estão comemorando 10 anos .) Bird ironiza - hoje tem 600.000 super-heróis voando por aí. O que ele curte são habilidades, e não superpoderes. As do rato que sonha ser chef, as de Ethan Hunt/Tom Cruise e seus amigos. Ethan que se pendura no prédio mais alto do mundo. O carro que voa - de um prédio para outro -, um recurso cartunesco. Chega um momento, no desfecho de Os Incríveis, em que os superpoderes são insuficientes ou ameaçam não resolver. Entram as habilidades. É divertido, mas... Os personagens mais engraçados são os menos aproveitados da trama. O bebê que não controla seus poderes e provoca estragos tem poucas cenas mais do que aquilo que aparecia no trailer. A estilista Edna entra e sai rápido demais. Sobra essa preocupação de Brad Bird de atingir o público adulto. O repórter viu o filme numa sessão especial para crianças e elas ficam agitadas, dispersas. A própria dublagem é esquisita. Como serão, no original, as referências ao Acre, a Raul Gil? As piadinhas regionalizadas raramente funcionam. Outra questão a considerar.  

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