'Animais Noturnos’ é crítico, incisivo e ainda tem Amy Adams e Laura Linney


Tom Ford, o estilista da direção, expõe toda a miséria do mundo

Por Luiz Carlos Merten

Você pode esperar até 17 de novembro, data prevista da estreia, ou então correr para assistir ao novo Tom Ford. Sete anos depois de O Direito de Amar, o estilista (de moda) que virou estilista da mise-en-scène confirma que o cinema não é só um capricho para ele. Tom Ford é do ramo, e um autor. Crítico, impiedoso. Animais Noturnos não se assemelha a nenhum outro filme que você tenha visto. Recente? Nenhum outro filme - ponto. Começa com uma performance numa galeria de arte de Los Angeles. O grotesco erigido em beleza. Mulheres gordas, nuas. Viram deusas em pedestais, objetos de adoração de uma sociedade que vive em função da imagem. Homens e mulheres - belos - reverenciam o feio. Mas o que é um, o que é outro? Os belos são vazios. Amy Adams, bem-vestida, penteada, maquiada, adornada - afinal, é Tom Ford -, vira um objeto. Não tem mais diálogo com o marido, tão belo que é interpretado por Armie Hammer, o herdeiro (texano) de uma família de magnatas do petróleo que poderia comprar Hollywood, se quisesse. A ironia de Tom Ford - o marido está falido, mas morreria se, nessa sociedade de aparência, os outros soubessem. E, nessa noite, a vida burguesa de Susan, a personagem de Amy, é subvertida quando ela recebe um pacote com o livro escrito por seu ex (e a ela dedicado). O livro chama-se Animais Noturnos, como o filme.

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Salta das páginas a história do homem que viaja com a mulher e a filha e, na estrada, é abordado por outro carro - com três anjos caídos que vão transformar a vida da família num pesadelo. O restante do filme acompanha a nata de Los Angeles e a escória texana. É uma história de vingança - revenge, como no quadro pendurado na parede da galeria de Susan. Mas é a vingança de Jake Gyllenhaal como o marido da ficção ou o ex de Amy na realidade? Tom Ford tem a noção do drama. Filma muito bem - e dirige atores melhor ainda. Será um escândalo se Amy Adams e Jake Gyllenhaal, em participação dupla, não obtiverem indicações para o Oscar. São magníficos, mas ainda melhor que eles é Laura Linney, que fica menos de cinco minutos em cena, mas é genial como a mãe de Susan/Amy. A filha odeia a mãe, que tem a frase lapidar - “Toda filha termina por se assemelhar à mãe”. Tudo isso e mais a trilha, a cargo de um compositor que emula o genial Bernard Herrmann que compunha para o mestre do suspense, Alfred Hitchcock. Animais Noturnos baseia-se no livro Tony e Susan, de Austin Wright. É um filmaço, mas a quinta ainda tem outro. Era o Hotel Cambridge - o mundo das ocupações urbanas, por Eliane Caffé. Talvez exista uma conexão possível com o universo performático de Tom Ford. O ator - José Dumont - no prédio ocupado, interagindo com sem-tetos e refugiados. A arte forçando o público a encarar o que as pessoas talvez não queiram ver. A luta pelo direito à moradia.  

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Você pode esperar até 17 de novembro, data prevista da estreia, ou então correr para assistir ao novo Tom Ford. Sete anos depois de O Direito de Amar, o estilista (de moda) que virou estilista da mise-en-scène confirma que o cinema não é só um capricho para ele. Tom Ford é do ramo, e um autor. Crítico, impiedoso. Animais Noturnos não se assemelha a nenhum outro filme que você tenha visto. Recente? Nenhum outro filme - ponto. Começa com uma performance numa galeria de arte de Los Angeles. O grotesco erigido em beleza. Mulheres gordas, nuas. Viram deusas em pedestais, objetos de adoração de uma sociedade que vive em função da imagem. Homens e mulheres - belos - reverenciam o feio. Mas o que é um, o que é outro? Os belos são vazios. Amy Adams, bem-vestida, penteada, maquiada, adornada - afinal, é Tom Ford -, vira um objeto. Não tem mais diálogo com o marido, tão belo que é interpretado por Armie Hammer, o herdeiro (texano) de uma família de magnatas do petróleo que poderia comprar Hollywood, se quisesse. A ironia de Tom Ford - o marido está falido, mas morreria se, nessa sociedade de aparência, os outros soubessem. E, nessa noite, a vida burguesa de Susan, a personagem de Amy, é subvertida quando ela recebe um pacote com o livro escrito por seu ex (e a ela dedicado). O livro chama-se Animais Noturnos, como o filme.

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Salta das páginas a história do homem que viaja com a mulher e a filha e, na estrada, é abordado por outro carro - com três anjos caídos que vão transformar a vida da família num pesadelo. O restante do filme acompanha a nata de Los Angeles e a escória texana. É uma história de vingança - revenge, como no quadro pendurado na parede da galeria de Susan. Mas é a vingança de Jake Gyllenhaal como o marido da ficção ou o ex de Amy na realidade? Tom Ford tem a noção do drama. Filma muito bem - e dirige atores melhor ainda. Será um escândalo se Amy Adams e Jake Gyllenhaal, em participação dupla, não obtiverem indicações para o Oscar. São magníficos, mas ainda melhor que eles é Laura Linney, que fica menos de cinco minutos em cena, mas é genial como a mãe de Susan/Amy. A filha odeia a mãe, que tem a frase lapidar - “Toda filha termina por se assemelhar à mãe”. Tudo isso e mais a trilha, a cargo de um compositor que emula o genial Bernard Herrmann que compunha para o mestre do suspense, Alfred Hitchcock. Animais Noturnos baseia-se no livro Tony e Susan, de Austin Wright. É um filmaço, mas a quinta ainda tem outro. Era o Hotel Cambridge - o mundo das ocupações urbanas, por Eliane Caffé. Talvez exista uma conexão possível com o universo performático de Tom Ford. O ator - José Dumont - no prédio ocupado, interagindo com sem-tetos e refugiados. A arte forçando o público a encarar o que as pessoas talvez não queiram ver. A luta pelo direito à moradia.  

Você pode esperar até 17 de novembro, data prevista da estreia, ou então correr para assistir ao novo Tom Ford. Sete anos depois de O Direito de Amar, o estilista (de moda) que virou estilista da mise-en-scène confirma que o cinema não é só um capricho para ele. Tom Ford é do ramo, e um autor. Crítico, impiedoso. Animais Noturnos não se assemelha a nenhum outro filme que você tenha visto. Recente? Nenhum outro filme - ponto. Começa com uma performance numa galeria de arte de Los Angeles. O grotesco erigido em beleza. Mulheres gordas, nuas. Viram deusas em pedestais, objetos de adoração de uma sociedade que vive em função da imagem. Homens e mulheres - belos - reverenciam o feio. Mas o que é um, o que é outro? Os belos são vazios. Amy Adams, bem-vestida, penteada, maquiada, adornada - afinal, é Tom Ford -, vira um objeto. Não tem mais diálogo com o marido, tão belo que é interpretado por Armie Hammer, o herdeiro (texano) de uma família de magnatas do petróleo que poderia comprar Hollywood, se quisesse. A ironia de Tom Ford - o marido está falido, mas morreria se, nessa sociedade de aparência, os outros soubessem. E, nessa noite, a vida burguesa de Susan, a personagem de Amy, é subvertida quando ela recebe um pacote com o livro escrito por seu ex (e a ela dedicado). O livro chama-se Animais Noturnos, como o filme.

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Salta das páginas a história do homem que viaja com a mulher e a filha e, na estrada, é abordado por outro carro - com três anjos caídos que vão transformar a vida da família num pesadelo. O restante do filme acompanha a nata de Los Angeles e a escória texana. É uma história de vingança - revenge, como no quadro pendurado na parede da galeria de Susan. Mas é a vingança de Jake Gyllenhaal como o marido da ficção ou o ex de Amy na realidade? Tom Ford tem a noção do drama. Filma muito bem - e dirige atores melhor ainda. Será um escândalo se Amy Adams e Jake Gyllenhaal, em participação dupla, não obtiverem indicações para o Oscar. São magníficos, mas ainda melhor que eles é Laura Linney, que fica menos de cinco minutos em cena, mas é genial como a mãe de Susan/Amy. A filha odeia a mãe, que tem a frase lapidar - “Toda filha termina por se assemelhar à mãe”. Tudo isso e mais a trilha, a cargo de um compositor que emula o genial Bernard Herrmann que compunha para o mestre do suspense, Alfred Hitchcock. Animais Noturnos baseia-se no livro Tony e Susan, de Austin Wright. É um filmaço, mas a quinta ainda tem outro. Era o Hotel Cambridge - o mundo das ocupações urbanas, por Eliane Caffé. Talvez exista uma conexão possível com o universo performático de Tom Ford. O ator - José Dumont - no prédio ocupado, interagindo com sem-tetos e refugiados. A arte forçando o público a encarar o que as pessoas talvez não queiram ver. A luta pelo direito à moradia.  

Você pode esperar até 17 de novembro, data prevista da estreia, ou então correr para assistir ao novo Tom Ford. Sete anos depois de O Direito de Amar, o estilista (de moda) que virou estilista da mise-en-scène confirma que o cinema não é só um capricho para ele. Tom Ford é do ramo, e um autor. Crítico, impiedoso. Animais Noturnos não se assemelha a nenhum outro filme que você tenha visto. Recente? Nenhum outro filme - ponto. Começa com uma performance numa galeria de arte de Los Angeles. O grotesco erigido em beleza. Mulheres gordas, nuas. Viram deusas em pedestais, objetos de adoração de uma sociedade que vive em função da imagem. Homens e mulheres - belos - reverenciam o feio. Mas o que é um, o que é outro? Os belos são vazios. Amy Adams, bem-vestida, penteada, maquiada, adornada - afinal, é Tom Ford -, vira um objeto. Não tem mais diálogo com o marido, tão belo que é interpretado por Armie Hammer, o herdeiro (texano) de uma família de magnatas do petróleo que poderia comprar Hollywood, se quisesse. A ironia de Tom Ford - o marido está falido, mas morreria se, nessa sociedade de aparência, os outros soubessem. E, nessa noite, a vida burguesa de Susan, a personagem de Amy, é subvertida quando ela recebe um pacote com o livro escrito por seu ex (e a ela dedicado). O livro chama-se Animais Noturnos, como o filme.

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Salta das páginas a história do homem que viaja com a mulher e a filha e, na estrada, é abordado por outro carro - com três anjos caídos que vão transformar a vida da família num pesadelo. O restante do filme acompanha a nata de Los Angeles e a escória texana. É uma história de vingança - revenge, como no quadro pendurado na parede da galeria de Susan. Mas é a vingança de Jake Gyllenhaal como o marido da ficção ou o ex de Amy na realidade? Tom Ford tem a noção do drama. Filma muito bem - e dirige atores melhor ainda. Será um escândalo se Amy Adams e Jake Gyllenhaal, em participação dupla, não obtiverem indicações para o Oscar. São magníficos, mas ainda melhor que eles é Laura Linney, que fica menos de cinco minutos em cena, mas é genial como a mãe de Susan/Amy. A filha odeia a mãe, que tem a frase lapidar - “Toda filha termina por se assemelhar à mãe”. Tudo isso e mais a trilha, a cargo de um compositor que emula o genial Bernard Herrmann que compunha para o mestre do suspense, Alfred Hitchcock. Animais Noturnos baseia-se no livro Tony e Susan, de Austin Wright. É um filmaço, mas a quinta ainda tem outro. Era o Hotel Cambridge - o mundo das ocupações urbanas, por Eliane Caffé. Talvez exista uma conexão possível com o universo performático de Tom Ford. O ator - José Dumont - no prédio ocupado, interagindo com sem-tetos e refugiados. A arte forçando o público a encarar o que as pessoas talvez não queiram ver. A luta pelo direito à moradia.  

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