Cannes, um resumo do festival de cinema


O inglês Ken Loach inesperadamente levou a Palma de Ouro com The Wind That Shakes the Barley, desbancando os favoritos Almodóvar e Iñárritu

Por Agencia Estado

Veterano de muitas guerras em Cannes, Ken Loach finalmente ganhou sua Palma de Ouro por The Wind That Shakes the Barley. Loach não estava entre os mais cotados para receber a Palma, mas ela é honrosa e premia um grande diretor que também é um dos últimos defensores do cinema como uma arte realista. Seu filme retrata a Irlanda dos anos 1920, no qual ele investiga o imperialismo inglês e usa um episódio do passado para iluminar o presente (o apoio de Tony Blair a George W. Bush no Iraque). Ken Loach abriu na quinta-feira, 20, o Festival de Cannes com a exibição de The Wind That Shakes the Barley, e criticou, na ocasião, a posição adotada pelo governo britânico com relação à guerra do Iraque. "Não sou anti-inglês, critico apenas o governo inglês e estas são duas coisas diferentes, porque um povo não se identifica necessariamente com seu governo", afirmou o cineasta. Loach defendeu a escolha de fazer um filme sobre o imperialismo inglês na Irlanda, afirmando que "é sempre um bom momento para contar uma história como esta, que pode nos ensinar algo ainda hoje, em uma época na qual um país potente como os Estados Unidos iniciou uma guerra ilegal". O júri presidido por Wong Kar-wai fez uma escolha política, não exatamente no sentido de chegar a uma premiação consensual - o que ocorreu -, mas no de escolher filmes que expressassem um certo comentário sobre o mundo atual. Não deixou de ser uma escolha um tanto surpreendente, pois Loach não estava entre os favoritos e a fama do presidente do júri, Kar-wai, é de esteta, mais preocupado com o erotismo e a elegância formal do que propriamente com a discussão político-ideológica. Palma de Ouro não vai para cineasta ibero-americano Volver, do espanhol Pedro Almodóvar, e Babel, do mexicano Alejandro González Iñárritu, eram favoritos para ganhar a Palma de Ouro, junto com Marie Antoinette, de Sofia Coppola, que apareceu como um possível candidato à Palma nas vésperas da premiação, segundo observou o enviado especial do Estado. No fim das contas, o troféu não foi para um filme ibero-americano - o último espanhol a ganhar a Palma de Ouro em Cannes foi Luis Buñuel, e 1961, que venceu com Viridiana. Pedro Almodóvar não gostou Pedro Almodóvar, cotadíssimo com o seu Volver, ficou com os prêmios de roteiro e interpretação feminina, atribuído ao conjunto de atrizes do seu filme. Outro diretor se sentiria recompensado. Almodóvar, visivelmente, não gostou, mesmo quando Carmen Maura e Penelope Cruz o definiram como o maior diretor do mundo. Sua cara foi de desapontamento. Ele esperava, finalmente, sua Palma de Ouro, depois de vê-la escapar com Tudo Sobre Minha Mãe e Má Educação. Melhor direção fica com González Iñárritu Outro favorito, o mexicano Alejandro Gonzalez Iñárritu ganhou o prêmio de direção por Babel. Há seis anos, ele ganhou em Cannes o prêmio da crítica com seu primeiro longa, Amores Brutos, e assistiu a Amor à Flor da Pele, de Wong Kar-wai, que agora preside o júri. Ficou chapado. Receber o prêmio atribuído por Kar-wai das mãos de outro de seus ícones - Tim Burton - foi demais para Iñárritu. Ele dedicou o prêmio a seus filhos e disse esperar que eles o vejam, um dia, como a expressão da felicidade que um artista pode sentir. Na platéia, Gael Garcia Bernal, um dos atores do filme - ele foi o jovem Ernesto Guevara de Diários de Motocicleta -, mal conseguia conter o choro. Os mais de 10 minutos de aplauso que Babel teve na exibição oficial valeram alguma coisa ou, melhor, muito no 59.º Festival de Cannes. Brad Pitt que também atua no filme não participou da exibição oficial, mas mandou um telegrama dizendo que aguardava o nascimento de sua filha com a também atriz Angelina Jolie. E, de fato, Shiloh Nouvel Jolie Pitt nasceu no sábado, um dia antes da cerimônia de premiação de Cannes. Filme de Sofia Coppola é vaiado em Cannes A filha de Francis Ford Coppola que era aguardada com grande expectativa no 59.º Festival de Cinema de Cannes, depois do sucesso mundial de Encontros e Desencontros (2003), decepcionou com sua Marie Antoinette que levou uma sonora vaia em sua primeira exibição. Mesmo assim, a rainha interpretada pela atriz Kirsten Dunst, estava muito cotada para o prêmio, segundo publicou a imprensa francesa às vésperas da cerimônia. O filme é uma visão de Sofia sobre a rainha Maria Antonieta que caminha pelo Palácio de Versalhes ao ritmo dos The Strokes. A ambientação é bem cuidada e o vestuário soberbo, da italiana Milena Canonero. O prêmio de melhor atriz foi para elenco de Volver O prêmio de melhor atriz distribuído entre as mulheres de Volver recompensou não apenas um conjunto de mulheres extraordinárias (Penélope Cruz, Carmen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo), como - e Wong Kar-wai o disse, com todas as letras - o grande diretor que tem investigado com tanta sensibilidade o universo feminino. Prêmio de interpretação masculina também vai para colegiado Em contrapartida, o elenco masculino de Indigénes, de Rachid Bouchareb, recebeu como uma consagração o prêmio coletivo que o júri lhe atribuiu. Jamel Debbouze, Samy Naceri, Roschidy Zem, Sami Bouajila, Bernard Blanca são todos descendentes daqueles norte-africanos (da Argélia, do Marrocos, da Tunísia), que deram para libertar a França durante a 2.ª Guerra (embora todos eles fossem alvo de discriminação e racismo no Exercito francês). Sem revanchismo, esse filme forte equivale a um acerto de contas com um passado que a França nunca quis encarar. Jurado faz o balanço do Caméra d?Or Eles são formidáveis, os irmãos Dardenne. Cineastas belgas que ganharam duas vezes a Palma de Ouro (em 1999, por Rosetta; no ano passado, por A Criança, que acaba de estrear em São Paulo), Luc e Jean-Pierre presidiram este ano o júri que outorgou a Caméra d?Or, o prêmio que o Festival de Cannes destina para o melhor filme de diretor estreante. Este repórter integrou o júri. Os irmãos Dardenne são simples e diretos e, ao mesmo tempo, complexos e muito humanos, exatamente como seus filmes. Nem por isso, a convivência foi 100% pacífica. O júri, predominantemente europeu e francófono, forçou a escolha, por unanimidade, do filme romeno A Fost Sau N-A Fost?, de Corneliu Porumboiu, que é bom, mas não era o melhor. O mexicano El Violin, de Francisco Vargas foi o melhor dos 29 longas que concorreram este ano à Caméra d?Or, mas houve resistência da totalidade do júri em reconhecer suas qualidades imensas. Mas foi uma escolha defensável e muito bem recebida, a do filme romeno. A Fost Sau N-A Fost? usa a arma do humor para discutir se o que houve na Romênia, e levou à deposição do regime de Ceausescu, foi mesmo uma revelação. Tema forte, desenvolvido com inteligência e ousadia - na cena da transmissão de um debate pela TV, a câmera fica parada por quase meia hora e o dinamismo da mise-em-scène fica por conta dos diálogos, gestos e olhares -, mas espere para ver El Violin e Hamaca Paraguaya, de Paz Encina, que, com certeza, vão ser exibidos no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo.

Veterano de muitas guerras em Cannes, Ken Loach finalmente ganhou sua Palma de Ouro por The Wind That Shakes the Barley. Loach não estava entre os mais cotados para receber a Palma, mas ela é honrosa e premia um grande diretor que também é um dos últimos defensores do cinema como uma arte realista. Seu filme retrata a Irlanda dos anos 1920, no qual ele investiga o imperialismo inglês e usa um episódio do passado para iluminar o presente (o apoio de Tony Blair a George W. Bush no Iraque). Ken Loach abriu na quinta-feira, 20, o Festival de Cannes com a exibição de The Wind That Shakes the Barley, e criticou, na ocasião, a posição adotada pelo governo britânico com relação à guerra do Iraque. "Não sou anti-inglês, critico apenas o governo inglês e estas são duas coisas diferentes, porque um povo não se identifica necessariamente com seu governo", afirmou o cineasta. Loach defendeu a escolha de fazer um filme sobre o imperialismo inglês na Irlanda, afirmando que "é sempre um bom momento para contar uma história como esta, que pode nos ensinar algo ainda hoje, em uma época na qual um país potente como os Estados Unidos iniciou uma guerra ilegal". O júri presidido por Wong Kar-wai fez uma escolha política, não exatamente no sentido de chegar a uma premiação consensual - o que ocorreu -, mas no de escolher filmes que expressassem um certo comentário sobre o mundo atual. Não deixou de ser uma escolha um tanto surpreendente, pois Loach não estava entre os favoritos e a fama do presidente do júri, Kar-wai, é de esteta, mais preocupado com o erotismo e a elegância formal do que propriamente com a discussão político-ideológica. Palma de Ouro não vai para cineasta ibero-americano Volver, do espanhol Pedro Almodóvar, e Babel, do mexicano Alejandro González Iñárritu, eram favoritos para ganhar a Palma de Ouro, junto com Marie Antoinette, de Sofia Coppola, que apareceu como um possível candidato à Palma nas vésperas da premiação, segundo observou o enviado especial do Estado. No fim das contas, o troféu não foi para um filme ibero-americano - o último espanhol a ganhar a Palma de Ouro em Cannes foi Luis Buñuel, e 1961, que venceu com Viridiana. Pedro Almodóvar não gostou Pedro Almodóvar, cotadíssimo com o seu Volver, ficou com os prêmios de roteiro e interpretação feminina, atribuído ao conjunto de atrizes do seu filme. Outro diretor se sentiria recompensado. Almodóvar, visivelmente, não gostou, mesmo quando Carmen Maura e Penelope Cruz o definiram como o maior diretor do mundo. Sua cara foi de desapontamento. Ele esperava, finalmente, sua Palma de Ouro, depois de vê-la escapar com Tudo Sobre Minha Mãe e Má Educação. Melhor direção fica com González Iñárritu Outro favorito, o mexicano Alejandro Gonzalez Iñárritu ganhou o prêmio de direção por Babel. Há seis anos, ele ganhou em Cannes o prêmio da crítica com seu primeiro longa, Amores Brutos, e assistiu a Amor à Flor da Pele, de Wong Kar-wai, que agora preside o júri. Ficou chapado. Receber o prêmio atribuído por Kar-wai das mãos de outro de seus ícones - Tim Burton - foi demais para Iñárritu. Ele dedicou o prêmio a seus filhos e disse esperar que eles o vejam, um dia, como a expressão da felicidade que um artista pode sentir. Na platéia, Gael Garcia Bernal, um dos atores do filme - ele foi o jovem Ernesto Guevara de Diários de Motocicleta -, mal conseguia conter o choro. Os mais de 10 minutos de aplauso que Babel teve na exibição oficial valeram alguma coisa ou, melhor, muito no 59.º Festival de Cannes. Brad Pitt que também atua no filme não participou da exibição oficial, mas mandou um telegrama dizendo que aguardava o nascimento de sua filha com a também atriz Angelina Jolie. E, de fato, Shiloh Nouvel Jolie Pitt nasceu no sábado, um dia antes da cerimônia de premiação de Cannes. Filme de Sofia Coppola é vaiado em Cannes A filha de Francis Ford Coppola que era aguardada com grande expectativa no 59.º Festival de Cinema de Cannes, depois do sucesso mundial de Encontros e Desencontros (2003), decepcionou com sua Marie Antoinette que levou uma sonora vaia em sua primeira exibição. Mesmo assim, a rainha interpretada pela atriz Kirsten Dunst, estava muito cotada para o prêmio, segundo publicou a imprensa francesa às vésperas da cerimônia. O filme é uma visão de Sofia sobre a rainha Maria Antonieta que caminha pelo Palácio de Versalhes ao ritmo dos The Strokes. A ambientação é bem cuidada e o vestuário soberbo, da italiana Milena Canonero. O prêmio de melhor atriz foi para elenco de Volver O prêmio de melhor atriz distribuído entre as mulheres de Volver recompensou não apenas um conjunto de mulheres extraordinárias (Penélope Cruz, Carmen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo), como - e Wong Kar-wai o disse, com todas as letras - o grande diretor que tem investigado com tanta sensibilidade o universo feminino. Prêmio de interpretação masculina também vai para colegiado Em contrapartida, o elenco masculino de Indigénes, de Rachid Bouchareb, recebeu como uma consagração o prêmio coletivo que o júri lhe atribuiu. Jamel Debbouze, Samy Naceri, Roschidy Zem, Sami Bouajila, Bernard Blanca são todos descendentes daqueles norte-africanos (da Argélia, do Marrocos, da Tunísia), que deram para libertar a França durante a 2.ª Guerra (embora todos eles fossem alvo de discriminação e racismo no Exercito francês). Sem revanchismo, esse filme forte equivale a um acerto de contas com um passado que a França nunca quis encarar. Jurado faz o balanço do Caméra d?Or Eles são formidáveis, os irmãos Dardenne. Cineastas belgas que ganharam duas vezes a Palma de Ouro (em 1999, por Rosetta; no ano passado, por A Criança, que acaba de estrear em São Paulo), Luc e Jean-Pierre presidiram este ano o júri que outorgou a Caméra d?Or, o prêmio que o Festival de Cannes destina para o melhor filme de diretor estreante. Este repórter integrou o júri. Os irmãos Dardenne são simples e diretos e, ao mesmo tempo, complexos e muito humanos, exatamente como seus filmes. Nem por isso, a convivência foi 100% pacífica. O júri, predominantemente europeu e francófono, forçou a escolha, por unanimidade, do filme romeno A Fost Sau N-A Fost?, de Corneliu Porumboiu, que é bom, mas não era o melhor. O mexicano El Violin, de Francisco Vargas foi o melhor dos 29 longas que concorreram este ano à Caméra d?Or, mas houve resistência da totalidade do júri em reconhecer suas qualidades imensas. Mas foi uma escolha defensável e muito bem recebida, a do filme romeno. A Fost Sau N-A Fost? usa a arma do humor para discutir se o que houve na Romênia, e levou à deposição do regime de Ceausescu, foi mesmo uma revelação. Tema forte, desenvolvido com inteligência e ousadia - na cena da transmissão de um debate pela TV, a câmera fica parada por quase meia hora e o dinamismo da mise-em-scène fica por conta dos diálogos, gestos e olhares -, mas espere para ver El Violin e Hamaca Paraguaya, de Paz Encina, que, com certeza, vão ser exibidos no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo.

Veterano de muitas guerras em Cannes, Ken Loach finalmente ganhou sua Palma de Ouro por The Wind That Shakes the Barley. Loach não estava entre os mais cotados para receber a Palma, mas ela é honrosa e premia um grande diretor que também é um dos últimos defensores do cinema como uma arte realista. Seu filme retrata a Irlanda dos anos 1920, no qual ele investiga o imperialismo inglês e usa um episódio do passado para iluminar o presente (o apoio de Tony Blair a George W. Bush no Iraque). Ken Loach abriu na quinta-feira, 20, o Festival de Cannes com a exibição de The Wind That Shakes the Barley, e criticou, na ocasião, a posição adotada pelo governo britânico com relação à guerra do Iraque. "Não sou anti-inglês, critico apenas o governo inglês e estas são duas coisas diferentes, porque um povo não se identifica necessariamente com seu governo", afirmou o cineasta. Loach defendeu a escolha de fazer um filme sobre o imperialismo inglês na Irlanda, afirmando que "é sempre um bom momento para contar uma história como esta, que pode nos ensinar algo ainda hoje, em uma época na qual um país potente como os Estados Unidos iniciou uma guerra ilegal". O júri presidido por Wong Kar-wai fez uma escolha política, não exatamente no sentido de chegar a uma premiação consensual - o que ocorreu -, mas no de escolher filmes que expressassem um certo comentário sobre o mundo atual. Não deixou de ser uma escolha um tanto surpreendente, pois Loach não estava entre os favoritos e a fama do presidente do júri, Kar-wai, é de esteta, mais preocupado com o erotismo e a elegância formal do que propriamente com a discussão político-ideológica. Palma de Ouro não vai para cineasta ibero-americano Volver, do espanhol Pedro Almodóvar, e Babel, do mexicano Alejandro González Iñárritu, eram favoritos para ganhar a Palma de Ouro, junto com Marie Antoinette, de Sofia Coppola, que apareceu como um possível candidato à Palma nas vésperas da premiação, segundo observou o enviado especial do Estado. No fim das contas, o troféu não foi para um filme ibero-americano - o último espanhol a ganhar a Palma de Ouro em Cannes foi Luis Buñuel, e 1961, que venceu com Viridiana. Pedro Almodóvar não gostou Pedro Almodóvar, cotadíssimo com o seu Volver, ficou com os prêmios de roteiro e interpretação feminina, atribuído ao conjunto de atrizes do seu filme. Outro diretor se sentiria recompensado. Almodóvar, visivelmente, não gostou, mesmo quando Carmen Maura e Penelope Cruz o definiram como o maior diretor do mundo. Sua cara foi de desapontamento. Ele esperava, finalmente, sua Palma de Ouro, depois de vê-la escapar com Tudo Sobre Minha Mãe e Má Educação. Melhor direção fica com González Iñárritu Outro favorito, o mexicano Alejandro Gonzalez Iñárritu ganhou o prêmio de direção por Babel. Há seis anos, ele ganhou em Cannes o prêmio da crítica com seu primeiro longa, Amores Brutos, e assistiu a Amor à Flor da Pele, de Wong Kar-wai, que agora preside o júri. Ficou chapado. Receber o prêmio atribuído por Kar-wai das mãos de outro de seus ícones - Tim Burton - foi demais para Iñárritu. Ele dedicou o prêmio a seus filhos e disse esperar que eles o vejam, um dia, como a expressão da felicidade que um artista pode sentir. Na platéia, Gael Garcia Bernal, um dos atores do filme - ele foi o jovem Ernesto Guevara de Diários de Motocicleta -, mal conseguia conter o choro. Os mais de 10 minutos de aplauso que Babel teve na exibição oficial valeram alguma coisa ou, melhor, muito no 59.º Festival de Cannes. Brad Pitt que também atua no filme não participou da exibição oficial, mas mandou um telegrama dizendo que aguardava o nascimento de sua filha com a também atriz Angelina Jolie. E, de fato, Shiloh Nouvel Jolie Pitt nasceu no sábado, um dia antes da cerimônia de premiação de Cannes. Filme de Sofia Coppola é vaiado em Cannes A filha de Francis Ford Coppola que era aguardada com grande expectativa no 59.º Festival de Cinema de Cannes, depois do sucesso mundial de Encontros e Desencontros (2003), decepcionou com sua Marie Antoinette que levou uma sonora vaia em sua primeira exibição. Mesmo assim, a rainha interpretada pela atriz Kirsten Dunst, estava muito cotada para o prêmio, segundo publicou a imprensa francesa às vésperas da cerimônia. O filme é uma visão de Sofia sobre a rainha Maria Antonieta que caminha pelo Palácio de Versalhes ao ritmo dos The Strokes. A ambientação é bem cuidada e o vestuário soberbo, da italiana Milena Canonero. O prêmio de melhor atriz foi para elenco de Volver O prêmio de melhor atriz distribuído entre as mulheres de Volver recompensou não apenas um conjunto de mulheres extraordinárias (Penélope Cruz, Carmen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo), como - e Wong Kar-wai o disse, com todas as letras - o grande diretor que tem investigado com tanta sensibilidade o universo feminino. Prêmio de interpretação masculina também vai para colegiado Em contrapartida, o elenco masculino de Indigénes, de Rachid Bouchareb, recebeu como uma consagração o prêmio coletivo que o júri lhe atribuiu. Jamel Debbouze, Samy Naceri, Roschidy Zem, Sami Bouajila, Bernard Blanca são todos descendentes daqueles norte-africanos (da Argélia, do Marrocos, da Tunísia), que deram para libertar a França durante a 2.ª Guerra (embora todos eles fossem alvo de discriminação e racismo no Exercito francês). Sem revanchismo, esse filme forte equivale a um acerto de contas com um passado que a França nunca quis encarar. Jurado faz o balanço do Caméra d?Or Eles são formidáveis, os irmãos Dardenne. Cineastas belgas que ganharam duas vezes a Palma de Ouro (em 1999, por Rosetta; no ano passado, por A Criança, que acaba de estrear em São Paulo), Luc e Jean-Pierre presidiram este ano o júri que outorgou a Caméra d?Or, o prêmio que o Festival de Cannes destina para o melhor filme de diretor estreante. Este repórter integrou o júri. Os irmãos Dardenne são simples e diretos e, ao mesmo tempo, complexos e muito humanos, exatamente como seus filmes. Nem por isso, a convivência foi 100% pacífica. O júri, predominantemente europeu e francófono, forçou a escolha, por unanimidade, do filme romeno A Fost Sau N-A Fost?, de Corneliu Porumboiu, que é bom, mas não era o melhor. O mexicano El Violin, de Francisco Vargas foi o melhor dos 29 longas que concorreram este ano à Caméra d?Or, mas houve resistência da totalidade do júri em reconhecer suas qualidades imensas. Mas foi uma escolha defensável e muito bem recebida, a do filme romeno. A Fost Sau N-A Fost? usa a arma do humor para discutir se o que houve na Romênia, e levou à deposição do regime de Ceausescu, foi mesmo uma revelação. Tema forte, desenvolvido com inteligência e ousadia - na cena da transmissão de um debate pela TV, a câmera fica parada por quase meia hora e o dinamismo da mise-em-scène fica por conta dos diálogos, gestos e olhares -, mas espere para ver El Violin e Hamaca Paraguaya, de Paz Encina, que, com certeza, vão ser exibidos no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo.

Veterano de muitas guerras em Cannes, Ken Loach finalmente ganhou sua Palma de Ouro por The Wind That Shakes the Barley. Loach não estava entre os mais cotados para receber a Palma, mas ela é honrosa e premia um grande diretor que também é um dos últimos defensores do cinema como uma arte realista. Seu filme retrata a Irlanda dos anos 1920, no qual ele investiga o imperialismo inglês e usa um episódio do passado para iluminar o presente (o apoio de Tony Blair a George W. Bush no Iraque). Ken Loach abriu na quinta-feira, 20, o Festival de Cannes com a exibição de The Wind That Shakes the Barley, e criticou, na ocasião, a posição adotada pelo governo britânico com relação à guerra do Iraque. "Não sou anti-inglês, critico apenas o governo inglês e estas são duas coisas diferentes, porque um povo não se identifica necessariamente com seu governo", afirmou o cineasta. Loach defendeu a escolha de fazer um filme sobre o imperialismo inglês na Irlanda, afirmando que "é sempre um bom momento para contar uma história como esta, que pode nos ensinar algo ainda hoje, em uma época na qual um país potente como os Estados Unidos iniciou uma guerra ilegal". O júri presidido por Wong Kar-wai fez uma escolha política, não exatamente no sentido de chegar a uma premiação consensual - o que ocorreu -, mas no de escolher filmes que expressassem um certo comentário sobre o mundo atual. Não deixou de ser uma escolha um tanto surpreendente, pois Loach não estava entre os favoritos e a fama do presidente do júri, Kar-wai, é de esteta, mais preocupado com o erotismo e a elegância formal do que propriamente com a discussão político-ideológica. Palma de Ouro não vai para cineasta ibero-americano Volver, do espanhol Pedro Almodóvar, e Babel, do mexicano Alejandro González Iñárritu, eram favoritos para ganhar a Palma de Ouro, junto com Marie Antoinette, de Sofia Coppola, que apareceu como um possível candidato à Palma nas vésperas da premiação, segundo observou o enviado especial do Estado. No fim das contas, o troféu não foi para um filme ibero-americano - o último espanhol a ganhar a Palma de Ouro em Cannes foi Luis Buñuel, e 1961, que venceu com Viridiana. Pedro Almodóvar não gostou Pedro Almodóvar, cotadíssimo com o seu Volver, ficou com os prêmios de roteiro e interpretação feminina, atribuído ao conjunto de atrizes do seu filme. Outro diretor se sentiria recompensado. Almodóvar, visivelmente, não gostou, mesmo quando Carmen Maura e Penelope Cruz o definiram como o maior diretor do mundo. Sua cara foi de desapontamento. Ele esperava, finalmente, sua Palma de Ouro, depois de vê-la escapar com Tudo Sobre Minha Mãe e Má Educação. Melhor direção fica com González Iñárritu Outro favorito, o mexicano Alejandro Gonzalez Iñárritu ganhou o prêmio de direção por Babel. Há seis anos, ele ganhou em Cannes o prêmio da crítica com seu primeiro longa, Amores Brutos, e assistiu a Amor à Flor da Pele, de Wong Kar-wai, que agora preside o júri. Ficou chapado. Receber o prêmio atribuído por Kar-wai das mãos de outro de seus ícones - Tim Burton - foi demais para Iñárritu. Ele dedicou o prêmio a seus filhos e disse esperar que eles o vejam, um dia, como a expressão da felicidade que um artista pode sentir. Na platéia, Gael Garcia Bernal, um dos atores do filme - ele foi o jovem Ernesto Guevara de Diários de Motocicleta -, mal conseguia conter o choro. Os mais de 10 minutos de aplauso que Babel teve na exibição oficial valeram alguma coisa ou, melhor, muito no 59.º Festival de Cannes. Brad Pitt que também atua no filme não participou da exibição oficial, mas mandou um telegrama dizendo que aguardava o nascimento de sua filha com a também atriz Angelina Jolie. E, de fato, Shiloh Nouvel Jolie Pitt nasceu no sábado, um dia antes da cerimônia de premiação de Cannes. Filme de Sofia Coppola é vaiado em Cannes A filha de Francis Ford Coppola que era aguardada com grande expectativa no 59.º Festival de Cinema de Cannes, depois do sucesso mundial de Encontros e Desencontros (2003), decepcionou com sua Marie Antoinette que levou uma sonora vaia em sua primeira exibição. Mesmo assim, a rainha interpretada pela atriz Kirsten Dunst, estava muito cotada para o prêmio, segundo publicou a imprensa francesa às vésperas da cerimônia. O filme é uma visão de Sofia sobre a rainha Maria Antonieta que caminha pelo Palácio de Versalhes ao ritmo dos The Strokes. A ambientação é bem cuidada e o vestuário soberbo, da italiana Milena Canonero. O prêmio de melhor atriz foi para elenco de Volver O prêmio de melhor atriz distribuído entre as mulheres de Volver recompensou não apenas um conjunto de mulheres extraordinárias (Penélope Cruz, Carmen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo), como - e Wong Kar-wai o disse, com todas as letras - o grande diretor que tem investigado com tanta sensibilidade o universo feminino. Prêmio de interpretação masculina também vai para colegiado Em contrapartida, o elenco masculino de Indigénes, de Rachid Bouchareb, recebeu como uma consagração o prêmio coletivo que o júri lhe atribuiu. Jamel Debbouze, Samy Naceri, Roschidy Zem, Sami Bouajila, Bernard Blanca são todos descendentes daqueles norte-africanos (da Argélia, do Marrocos, da Tunísia), que deram para libertar a França durante a 2.ª Guerra (embora todos eles fossem alvo de discriminação e racismo no Exercito francês). Sem revanchismo, esse filme forte equivale a um acerto de contas com um passado que a França nunca quis encarar. Jurado faz o balanço do Caméra d?Or Eles são formidáveis, os irmãos Dardenne. Cineastas belgas que ganharam duas vezes a Palma de Ouro (em 1999, por Rosetta; no ano passado, por A Criança, que acaba de estrear em São Paulo), Luc e Jean-Pierre presidiram este ano o júri que outorgou a Caméra d?Or, o prêmio que o Festival de Cannes destina para o melhor filme de diretor estreante. Este repórter integrou o júri. Os irmãos Dardenne são simples e diretos e, ao mesmo tempo, complexos e muito humanos, exatamente como seus filmes. Nem por isso, a convivência foi 100% pacífica. O júri, predominantemente europeu e francófono, forçou a escolha, por unanimidade, do filme romeno A Fost Sau N-A Fost?, de Corneliu Porumboiu, que é bom, mas não era o melhor. O mexicano El Violin, de Francisco Vargas foi o melhor dos 29 longas que concorreram este ano à Caméra d?Or, mas houve resistência da totalidade do júri em reconhecer suas qualidades imensas. Mas foi uma escolha defensável e muito bem recebida, a do filme romeno. A Fost Sau N-A Fost? usa a arma do humor para discutir se o que houve na Romênia, e levou à deposição do regime de Ceausescu, foi mesmo uma revelação. Tema forte, desenvolvido com inteligência e ousadia - na cena da transmissão de um debate pela TV, a câmera fica parada por quase meia hora e o dinamismo da mise-em-scène fica por conta dos diálogos, gestos e olhares -, mas espere para ver El Violin e Hamaca Paraguaya, de Paz Encina, que, com certeza, vão ser exibidos no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo.

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