'Deadpool 2' e 'Paris 8' estão entre as estreias de cinema da semana


Chegam aos cinemas nesta quinta, 17, ainda, 'A Natureza do Tempo', 'Entre-Laços', 'O Processo', 'A Abelhinha Maya - O Filme', entre outros filmes; veja trailers

Por Luiz Carlos Merten e Luiz Zanin Oricchio

A estreia de 'Deadpool 2' com seu herói incorreto e ferino

Herói tagarela e desbocado deve salvar garoto de mutante, mas também tem a própria jornada de redenção

Deadpool 2 (Estados Unidos/2018, 120 min.) Dir. de David Leitch, com Ryan Reynolds, Josh Brolin, Morena Baccarin

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Ryan Reynolds na pele do herói Deadpool Foto: Twentieth Century Fox/AP

Depois que Deadpool, o 1, estourou na bilheteria, era só uma questão de tempo até que surgisse o 2, novamente estrelado por Ryan Reynolds. Nesses dois anos, muita coisa ocorreu no universo das HQs. Tivemos a afirmação da Mulher-Maravilha, o transculturalismo de Pantera Negra e até a euforia de Guardiões da Galáxia 2 e Os Vingadores, o mais recente. Os super-heróis estão com tudo, e Deadpool está de volta para fazer a felicidade de seu público.

Deadpool é tagarela, desbocado e politicamente incorreto. No 2, o herói tem de salvar o garoto Russell do mutante Cable que, à maneira do Exterminador, veio do futuro para eliminar o rapaz, antes que vire ameaça. Mas Deadpool também tem a própria jornada de redenção, tendo de superar uma tragédia pessoal.

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A narrativa dispara para diversos arcos sem se tornar realmente dispersiva, mas a característica mais marcante do herói, e dos filmes, é que Deadpool adora conversar com o público e comentar a própria ação. Como ela é irregular, não deixa de ser engraçado ver o herói criticar os próprios roteiristas.

O problema é que Deadpool surgiu como algo novo nesse universo e está se repetindo. A trama não chega a apontar para novas direções, por mais que alguns momentos sejam ótimos – toda a parte que envolve a X Force atinge o objetivo. E, é claro, o ator faz a diferença. Ryan Reynolds, desde as comédias românticas, tem aquele olhar de cãozinho ferido à procura de dona. Josh Brolin também se diverte bastante na pele do vilão, e o próprio cartaz apresenta Reynolds debruçado no ombro do outro. Não é para levar a sério.

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Essa é a lição do diretor David Leitch. James Gunn, em Guardiões, também investe no humor e na trilha. A diferença é que Guardiões ainda visa a atender a um público infantil. Deadpool, mais incorreto, busca outro segmento. Tem até uma ação do futebol, neste ano de Copa, com a intervenção do Manchester United. Só deveria ter sido mais ferino para tornar o 2 necessário e o 3, que muito provavelmente virá, uma expectativa. / L.C.M.

'Paris 8', o estilo francês de amar, pensar e fazer cinema 

Paris 8 / Mes Provinciales  (França/2017, 137 min.)Dir. de Jean-Paul Civeyrac. Com Andranic Manet, Gonzague Van Bervesselès, Corentin Fila

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Paris 8 é a história de um rapaz que sai de Lyon para estudar cinema em Paris. Vai às aulas, faz amigos, amigas, namora, entra em crise, até conseguir rodar sua primeira obra. 

Também é balanço da experiência cinematográfica francesa. Espremido e sufocado pela tradição literária e filosófica do país, o cinema busca respiração própria, como fez a nouvelle vague ao renegar a tradição. 

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Rodado em preto e branco, Paris 8 fala um pouco de tudo isso. Apesar de, às vezes, atulhado pelo excesso de referências (Pascal, Bach, Flaubert, Pasolini, etc.), traz o ar fresco do relacionamento entre jovens, em sua aspiração de agarrar a vida como ela é, em sua angústia terminal diante da impotência. 

Bonito filme, dirigido por Jean-Paul Civeyrac, com Andranic Manet no papel de Étienne, e Sophie Verbeeck como a engajada Annabelle, um dos amores capitalinos do estudante. Com excessos ou não, o filme não deixa indiferente quem ama Paris, a cultura europeia e o idealismo juvenil. / L.Z.O. 

Na Argélia atual, três histórias entrelaçadas

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A Natureza do Tempo / En Attendant les Hirondelles (França/2016, 113 min.)Dir. de Karim Moussaoui. Com Mohamed Djouhri, Sonia Mekkiou, Mehdi Ramdani

O título brasileiro, A Natureza do Tempo, parece bastante genérico. Mas, o original, En Attendant les Hirondelles (Esperando as Andorinhas), de Karim Moussaoui, também não diz lá grande coisa. Tudo é um tanto vago nesta obra composta de três histórias ambientadas na Argélia contemporânea.

Numa, um corretor imobiliário vê sua vida desmoronar; na segunda, uma jovem não consegue evitar o desejo por um rapaz embora o destino a leve em outra direção; na terceira, um médico vê o passado lhe bater à porta, e não para trazer boas-novas. Bom filme para quem não se importa com lacunas narrativas ou finais felizes. / L.Z.O.

A identidade de gênero em questão

Entre-Laços / Karera ga honki de amu toki wa  (Japão/2017, 127 min.)Dir. de Naoko Ogigami. Com Tôma Ikuta, Rinka Kakihara, Kenta Kiritani

Filme que estreia nesta quinta, 17 de maio, Dia Internacional contra a LGBTfobia, conta a história de três personagens: Tomo (Rinka Kakihara), Makio (Kenta Kiritani) e Rinko (Toma Ikuta). A trama gira em torno de Tomo, garota de 11 anos que, após ser abandonada pelos pais, vai morar com o tio, Makio, e sua namorada, a enfermeira transexual Rinko.

Vencedor do prêmio Teddy, destinado a obras LGBTQ, no Festival de Berlim 2017, longa também ganhou o prêmio de melhor longa-metragem internacional no Festival Mix Brasil 2017. Tema da identidade de gênero tratado com sensibilidade.

Detalhes do processo de impeachment

O Processo Brasil/2018, 137 min)Direção de Maria Augusta Ramos

Documentarista respeitada, Maria Augusta Ramos conquistou diversos prêmios internacionais com seu filme O Processo, que documenta, internamente, na Câmara de Deputados, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em abril de 2016. Se até pensadores de direita, como Olavo de Carvalho, admitem diferenças no processo – para muitos, puro Kafka –, então Maria Augusta busca não propor algo absurdo ao discutir o rito. Mas, no Brasil polarizado, sua tese provoca paixões, ainda mais que o filme exalta duas figuras que se destacam nas fileiras do PT, os senadores Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann. / L.C.M.

As novas aventuras da abelhinha Maya

A Abelhinha Maya: O Filme (Alemanha/2018, 85 min.)Dir. de Noel Cleary, Sergio Delfino, Alex Stadermann

Sequência do filme Abelha Maia – O Filme (2014), do diretor Alexs Stadermann, a trama mostra Maya, uma abelhinha muito animada. Ela e seu melhor amigo, Willy, estão à procura de diversão. Um dia, acidentalmente, ela surpreende de maneira negativa a Imperatriz de Buzztropolis e, como castigo, é forçada a participar dos Jogos de Mel para salvar sua colmeia. Na competição, a abelhinha vai conquistar novos amigos, além de conhecer adversários habilidosos e enfrentar desafios. O maior trunfo da trama é saber explorar as emoções dessa líder nata que também precisa aprender a lidar com os seus defeitos.

Duas mulheres em uma relação condenada

Querida Mamãe (Brasil/2017, 95 min.)Dir. de Jeremias Moreira Filho. Com Selma Egrei, Letícia Sabatella, Marat Descartes

Querida Mamãe acompanha Helô (Letícia Sabatella) em sua difícil relação com a mãe Ruth (Selma Egrei). Tudo muda quando Helô se apaixona pela pintora Leda. Mas a relação das duas mulheres é condenada pela família e por Ruth, o que aumenta a tensão entre as duas.

A estreia de 'Deadpool 2' com seu herói incorreto e ferino

Herói tagarela e desbocado deve salvar garoto de mutante, mas também tem a própria jornada de redenção

Deadpool 2 (Estados Unidos/2018, 120 min.) Dir. de David Leitch, com Ryan Reynolds, Josh Brolin, Morena Baccarin

Ryan Reynolds na pele do herói Deadpool Foto: Twentieth Century Fox/AP

Depois que Deadpool, o 1, estourou na bilheteria, era só uma questão de tempo até que surgisse o 2, novamente estrelado por Ryan Reynolds. Nesses dois anos, muita coisa ocorreu no universo das HQs. Tivemos a afirmação da Mulher-Maravilha, o transculturalismo de Pantera Negra e até a euforia de Guardiões da Galáxia 2 e Os Vingadores, o mais recente. Os super-heróis estão com tudo, e Deadpool está de volta para fazer a felicidade de seu público.

Deadpool é tagarela, desbocado e politicamente incorreto. No 2, o herói tem de salvar o garoto Russell do mutante Cable que, à maneira do Exterminador, veio do futuro para eliminar o rapaz, antes que vire ameaça. Mas Deadpool também tem a própria jornada de redenção, tendo de superar uma tragédia pessoal.

A narrativa dispara para diversos arcos sem se tornar realmente dispersiva, mas a característica mais marcante do herói, e dos filmes, é que Deadpool adora conversar com o público e comentar a própria ação. Como ela é irregular, não deixa de ser engraçado ver o herói criticar os próprios roteiristas.

O problema é que Deadpool surgiu como algo novo nesse universo e está se repetindo. A trama não chega a apontar para novas direções, por mais que alguns momentos sejam ótimos – toda a parte que envolve a X Force atinge o objetivo. E, é claro, o ator faz a diferença. Ryan Reynolds, desde as comédias românticas, tem aquele olhar de cãozinho ferido à procura de dona. Josh Brolin também se diverte bastante na pele do vilão, e o próprio cartaz apresenta Reynolds debruçado no ombro do outro. Não é para levar a sério.

Essa é a lição do diretor David Leitch. James Gunn, em Guardiões, também investe no humor e na trilha. A diferença é que Guardiões ainda visa a atender a um público infantil. Deadpool, mais incorreto, busca outro segmento. Tem até uma ação do futebol, neste ano de Copa, com a intervenção do Manchester United. Só deveria ter sido mais ferino para tornar o 2 necessário e o 3, que muito provavelmente virá, uma expectativa. / L.C.M.

'Paris 8', o estilo francês de amar, pensar e fazer cinema 

Paris 8 / Mes Provinciales  (França/2017, 137 min.)Dir. de Jean-Paul Civeyrac. Com Andranic Manet, Gonzague Van Bervesselès, Corentin Fila

Paris 8 é a história de um rapaz que sai de Lyon para estudar cinema em Paris. Vai às aulas, faz amigos, amigas, namora, entra em crise, até conseguir rodar sua primeira obra. 

Também é balanço da experiência cinematográfica francesa. Espremido e sufocado pela tradição literária e filosófica do país, o cinema busca respiração própria, como fez a nouvelle vague ao renegar a tradição. 

Rodado em preto e branco, Paris 8 fala um pouco de tudo isso. Apesar de, às vezes, atulhado pelo excesso de referências (Pascal, Bach, Flaubert, Pasolini, etc.), traz o ar fresco do relacionamento entre jovens, em sua aspiração de agarrar a vida como ela é, em sua angústia terminal diante da impotência. 

Bonito filme, dirigido por Jean-Paul Civeyrac, com Andranic Manet no papel de Étienne, e Sophie Verbeeck como a engajada Annabelle, um dos amores capitalinos do estudante. Com excessos ou não, o filme não deixa indiferente quem ama Paris, a cultura europeia e o idealismo juvenil. / L.Z.O. 

Na Argélia atual, três histórias entrelaçadas

A Natureza do Tempo / En Attendant les Hirondelles (França/2016, 113 min.)Dir. de Karim Moussaoui. Com Mohamed Djouhri, Sonia Mekkiou, Mehdi Ramdani

O título brasileiro, A Natureza do Tempo, parece bastante genérico. Mas, o original, En Attendant les Hirondelles (Esperando as Andorinhas), de Karim Moussaoui, também não diz lá grande coisa. Tudo é um tanto vago nesta obra composta de três histórias ambientadas na Argélia contemporânea.

Numa, um corretor imobiliário vê sua vida desmoronar; na segunda, uma jovem não consegue evitar o desejo por um rapaz embora o destino a leve em outra direção; na terceira, um médico vê o passado lhe bater à porta, e não para trazer boas-novas. Bom filme para quem não se importa com lacunas narrativas ou finais felizes. / L.Z.O.

A identidade de gênero em questão

Entre-Laços / Karera ga honki de amu toki wa  (Japão/2017, 127 min.)Dir. de Naoko Ogigami. Com Tôma Ikuta, Rinka Kakihara, Kenta Kiritani

Filme que estreia nesta quinta, 17 de maio, Dia Internacional contra a LGBTfobia, conta a história de três personagens: Tomo (Rinka Kakihara), Makio (Kenta Kiritani) e Rinko (Toma Ikuta). A trama gira em torno de Tomo, garota de 11 anos que, após ser abandonada pelos pais, vai morar com o tio, Makio, e sua namorada, a enfermeira transexual Rinko.

Vencedor do prêmio Teddy, destinado a obras LGBTQ, no Festival de Berlim 2017, longa também ganhou o prêmio de melhor longa-metragem internacional no Festival Mix Brasil 2017. Tema da identidade de gênero tratado com sensibilidade.

Detalhes do processo de impeachment

O Processo Brasil/2018, 137 min)Direção de Maria Augusta Ramos

Documentarista respeitada, Maria Augusta Ramos conquistou diversos prêmios internacionais com seu filme O Processo, que documenta, internamente, na Câmara de Deputados, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em abril de 2016. Se até pensadores de direita, como Olavo de Carvalho, admitem diferenças no processo – para muitos, puro Kafka –, então Maria Augusta busca não propor algo absurdo ao discutir o rito. Mas, no Brasil polarizado, sua tese provoca paixões, ainda mais que o filme exalta duas figuras que se destacam nas fileiras do PT, os senadores Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann. / L.C.M.

As novas aventuras da abelhinha Maya

A Abelhinha Maya: O Filme (Alemanha/2018, 85 min.)Dir. de Noel Cleary, Sergio Delfino, Alex Stadermann

Sequência do filme Abelha Maia – O Filme (2014), do diretor Alexs Stadermann, a trama mostra Maya, uma abelhinha muito animada. Ela e seu melhor amigo, Willy, estão à procura de diversão. Um dia, acidentalmente, ela surpreende de maneira negativa a Imperatriz de Buzztropolis e, como castigo, é forçada a participar dos Jogos de Mel para salvar sua colmeia. Na competição, a abelhinha vai conquistar novos amigos, além de conhecer adversários habilidosos e enfrentar desafios. O maior trunfo da trama é saber explorar as emoções dessa líder nata que também precisa aprender a lidar com os seus defeitos.

Duas mulheres em uma relação condenada

Querida Mamãe (Brasil/2017, 95 min.)Dir. de Jeremias Moreira Filho. Com Selma Egrei, Letícia Sabatella, Marat Descartes

Querida Mamãe acompanha Helô (Letícia Sabatella) em sua difícil relação com a mãe Ruth (Selma Egrei). Tudo muda quando Helô se apaixona pela pintora Leda. Mas a relação das duas mulheres é condenada pela família e por Ruth, o que aumenta a tensão entre as duas.

A estreia de 'Deadpool 2' com seu herói incorreto e ferino

Herói tagarela e desbocado deve salvar garoto de mutante, mas também tem a própria jornada de redenção

Deadpool 2 (Estados Unidos/2018, 120 min.) Dir. de David Leitch, com Ryan Reynolds, Josh Brolin, Morena Baccarin

Ryan Reynolds na pele do herói Deadpool Foto: Twentieth Century Fox/AP

Depois que Deadpool, o 1, estourou na bilheteria, era só uma questão de tempo até que surgisse o 2, novamente estrelado por Ryan Reynolds. Nesses dois anos, muita coisa ocorreu no universo das HQs. Tivemos a afirmação da Mulher-Maravilha, o transculturalismo de Pantera Negra e até a euforia de Guardiões da Galáxia 2 e Os Vingadores, o mais recente. Os super-heróis estão com tudo, e Deadpool está de volta para fazer a felicidade de seu público.

Deadpool é tagarela, desbocado e politicamente incorreto. No 2, o herói tem de salvar o garoto Russell do mutante Cable que, à maneira do Exterminador, veio do futuro para eliminar o rapaz, antes que vire ameaça. Mas Deadpool também tem a própria jornada de redenção, tendo de superar uma tragédia pessoal.

A narrativa dispara para diversos arcos sem se tornar realmente dispersiva, mas a característica mais marcante do herói, e dos filmes, é que Deadpool adora conversar com o público e comentar a própria ação. Como ela é irregular, não deixa de ser engraçado ver o herói criticar os próprios roteiristas.

O problema é que Deadpool surgiu como algo novo nesse universo e está se repetindo. A trama não chega a apontar para novas direções, por mais que alguns momentos sejam ótimos – toda a parte que envolve a X Force atinge o objetivo. E, é claro, o ator faz a diferença. Ryan Reynolds, desde as comédias românticas, tem aquele olhar de cãozinho ferido à procura de dona. Josh Brolin também se diverte bastante na pele do vilão, e o próprio cartaz apresenta Reynolds debruçado no ombro do outro. Não é para levar a sério.

Essa é a lição do diretor David Leitch. James Gunn, em Guardiões, também investe no humor e na trilha. A diferença é que Guardiões ainda visa a atender a um público infantil. Deadpool, mais incorreto, busca outro segmento. Tem até uma ação do futebol, neste ano de Copa, com a intervenção do Manchester United. Só deveria ter sido mais ferino para tornar o 2 necessário e o 3, que muito provavelmente virá, uma expectativa. / L.C.M.

'Paris 8', o estilo francês de amar, pensar e fazer cinema 

Paris 8 / Mes Provinciales  (França/2017, 137 min.)Dir. de Jean-Paul Civeyrac. Com Andranic Manet, Gonzague Van Bervesselès, Corentin Fila

Paris 8 é a história de um rapaz que sai de Lyon para estudar cinema em Paris. Vai às aulas, faz amigos, amigas, namora, entra em crise, até conseguir rodar sua primeira obra. 

Também é balanço da experiência cinematográfica francesa. Espremido e sufocado pela tradição literária e filosófica do país, o cinema busca respiração própria, como fez a nouvelle vague ao renegar a tradição. 

Rodado em preto e branco, Paris 8 fala um pouco de tudo isso. Apesar de, às vezes, atulhado pelo excesso de referências (Pascal, Bach, Flaubert, Pasolini, etc.), traz o ar fresco do relacionamento entre jovens, em sua aspiração de agarrar a vida como ela é, em sua angústia terminal diante da impotência. 

Bonito filme, dirigido por Jean-Paul Civeyrac, com Andranic Manet no papel de Étienne, e Sophie Verbeeck como a engajada Annabelle, um dos amores capitalinos do estudante. Com excessos ou não, o filme não deixa indiferente quem ama Paris, a cultura europeia e o idealismo juvenil. / L.Z.O. 

Na Argélia atual, três histórias entrelaçadas

A Natureza do Tempo / En Attendant les Hirondelles (França/2016, 113 min.)Dir. de Karim Moussaoui. Com Mohamed Djouhri, Sonia Mekkiou, Mehdi Ramdani

O título brasileiro, A Natureza do Tempo, parece bastante genérico. Mas, o original, En Attendant les Hirondelles (Esperando as Andorinhas), de Karim Moussaoui, também não diz lá grande coisa. Tudo é um tanto vago nesta obra composta de três histórias ambientadas na Argélia contemporânea.

Numa, um corretor imobiliário vê sua vida desmoronar; na segunda, uma jovem não consegue evitar o desejo por um rapaz embora o destino a leve em outra direção; na terceira, um médico vê o passado lhe bater à porta, e não para trazer boas-novas. Bom filme para quem não se importa com lacunas narrativas ou finais felizes. / L.Z.O.

A identidade de gênero em questão

Entre-Laços / Karera ga honki de amu toki wa  (Japão/2017, 127 min.)Dir. de Naoko Ogigami. Com Tôma Ikuta, Rinka Kakihara, Kenta Kiritani

Filme que estreia nesta quinta, 17 de maio, Dia Internacional contra a LGBTfobia, conta a história de três personagens: Tomo (Rinka Kakihara), Makio (Kenta Kiritani) e Rinko (Toma Ikuta). A trama gira em torno de Tomo, garota de 11 anos que, após ser abandonada pelos pais, vai morar com o tio, Makio, e sua namorada, a enfermeira transexual Rinko.

Vencedor do prêmio Teddy, destinado a obras LGBTQ, no Festival de Berlim 2017, longa também ganhou o prêmio de melhor longa-metragem internacional no Festival Mix Brasil 2017. Tema da identidade de gênero tratado com sensibilidade.

Detalhes do processo de impeachment

O Processo Brasil/2018, 137 min)Direção de Maria Augusta Ramos

Documentarista respeitada, Maria Augusta Ramos conquistou diversos prêmios internacionais com seu filme O Processo, que documenta, internamente, na Câmara de Deputados, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em abril de 2016. Se até pensadores de direita, como Olavo de Carvalho, admitem diferenças no processo – para muitos, puro Kafka –, então Maria Augusta busca não propor algo absurdo ao discutir o rito. Mas, no Brasil polarizado, sua tese provoca paixões, ainda mais que o filme exalta duas figuras que se destacam nas fileiras do PT, os senadores Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann. / L.C.M.

As novas aventuras da abelhinha Maya

A Abelhinha Maya: O Filme (Alemanha/2018, 85 min.)Dir. de Noel Cleary, Sergio Delfino, Alex Stadermann

Sequência do filme Abelha Maia – O Filme (2014), do diretor Alexs Stadermann, a trama mostra Maya, uma abelhinha muito animada. Ela e seu melhor amigo, Willy, estão à procura de diversão. Um dia, acidentalmente, ela surpreende de maneira negativa a Imperatriz de Buzztropolis e, como castigo, é forçada a participar dos Jogos de Mel para salvar sua colmeia. Na competição, a abelhinha vai conquistar novos amigos, além de conhecer adversários habilidosos e enfrentar desafios. O maior trunfo da trama é saber explorar as emoções dessa líder nata que também precisa aprender a lidar com os seus defeitos.

Duas mulheres em uma relação condenada

Querida Mamãe (Brasil/2017, 95 min.)Dir. de Jeremias Moreira Filho. Com Selma Egrei, Letícia Sabatella, Marat Descartes

Querida Mamãe acompanha Helô (Letícia Sabatella) em sua difícil relação com a mãe Ruth (Selma Egrei). Tudo muda quando Helô se apaixona pela pintora Leda. Mas a relação das duas mulheres é condenada pela família e por Ruth, o que aumenta a tensão entre as duas.

A estreia de 'Deadpool 2' com seu herói incorreto e ferino

Herói tagarela e desbocado deve salvar garoto de mutante, mas também tem a própria jornada de redenção

Deadpool 2 (Estados Unidos/2018, 120 min.) Dir. de David Leitch, com Ryan Reynolds, Josh Brolin, Morena Baccarin

Ryan Reynolds na pele do herói Deadpool Foto: Twentieth Century Fox/AP

Depois que Deadpool, o 1, estourou na bilheteria, era só uma questão de tempo até que surgisse o 2, novamente estrelado por Ryan Reynolds. Nesses dois anos, muita coisa ocorreu no universo das HQs. Tivemos a afirmação da Mulher-Maravilha, o transculturalismo de Pantera Negra e até a euforia de Guardiões da Galáxia 2 e Os Vingadores, o mais recente. Os super-heróis estão com tudo, e Deadpool está de volta para fazer a felicidade de seu público.

Deadpool é tagarela, desbocado e politicamente incorreto. No 2, o herói tem de salvar o garoto Russell do mutante Cable que, à maneira do Exterminador, veio do futuro para eliminar o rapaz, antes que vire ameaça. Mas Deadpool também tem a própria jornada de redenção, tendo de superar uma tragédia pessoal.

A narrativa dispara para diversos arcos sem se tornar realmente dispersiva, mas a característica mais marcante do herói, e dos filmes, é que Deadpool adora conversar com o público e comentar a própria ação. Como ela é irregular, não deixa de ser engraçado ver o herói criticar os próprios roteiristas.

O problema é que Deadpool surgiu como algo novo nesse universo e está se repetindo. A trama não chega a apontar para novas direções, por mais que alguns momentos sejam ótimos – toda a parte que envolve a X Force atinge o objetivo. E, é claro, o ator faz a diferença. Ryan Reynolds, desde as comédias românticas, tem aquele olhar de cãozinho ferido à procura de dona. Josh Brolin também se diverte bastante na pele do vilão, e o próprio cartaz apresenta Reynolds debruçado no ombro do outro. Não é para levar a sério.

Essa é a lição do diretor David Leitch. James Gunn, em Guardiões, também investe no humor e na trilha. A diferença é que Guardiões ainda visa a atender a um público infantil. Deadpool, mais incorreto, busca outro segmento. Tem até uma ação do futebol, neste ano de Copa, com a intervenção do Manchester United. Só deveria ter sido mais ferino para tornar o 2 necessário e o 3, que muito provavelmente virá, uma expectativa. / L.C.M.

'Paris 8', o estilo francês de amar, pensar e fazer cinema 

Paris 8 / Mes Provinciales  (França/2017, 137 min.)Dir. de Jean-Paul Civeyrac. Com Andranic Manet, Gonzague Van Bervesselès, Corentin Fila

Paris 8 é a história de um rapaz que sai de Lyon para estudar cinema em Paris. Vai às aulas, faz amigos, amigas, namora, entra em crise, até conseguir rodar sua primeira obra. 

Também é balanço da experiência cinematográfica francesa. Espremido e sufocado pela tradição literária e filosófica do país, o cinema busca respiração própria, como fez a nouvelle vague ao renegar a tradição. 

Rodado em preto e branco, Paris 8 fala um pouco de tudo isso. Apesar de, às vezes, atulhado pelo excesso de referências (Pascal, Bach, Flaubert, Pasolini, etc.), traz o ar fresco do relacionamento entre jovens, em sua aspiração de agarrar a vida como ela é, em sua angústia terminal diante da impotência. 

Bonito filme, dirigido por Jean-Paul Civeyrac, com Andranic Manet no papel de Étienne, e Sophie Verbeeck como a engajada Annabelle, um dos amores capitalinos do estudante. Com excessos ou não, o filme não deixa indiferente quem ama Paris, a cultura europeia e o idealismo juvenil. / L.Z.O. 

Na Argélia atual, três histórias entrelaçadas

A Natureza do Tempo / En Attendant les Hirondelles (França/2016, 113 min.)Dir. de Karim Moussaoui. Com Mohamed Djouhri, Sonia Mekkiou, Mehdi Ramdani

O título brasileiro, A Natureza do Tempo, parece bastante genérico. Mas, o original, En Attendant les Hirondelles (Esperando as Andorinhas), de Karim Moussaoui, também não diz lá grande coisa. Tudo é um tanto vago nesta obra composta de três histórias ambientadas na Argélia contemporânea.

Numa, um corretor imobiliário vê sua vida desmoronar; na segunda, uma jovem não consegue evitar o desejo por um rapaz embora o destino a leve em outra direção; na terceira, um médico vê o passado lhe bater à porta, e não para trazer boas-novas. Bom filme para quem não se importa com lacunas narrativas ou finais felizes. / L.Z.O.

A identidade de gênero em questão

Entre-Laços / Karera ga honki de amu toki wa  (Japão/2017, 127 min.)Dir. de Naoko Ogigami. Com Tôma Ikuta, Rinka Kakihara, Kenta Kiritani

Filme que estreia nesta quinta, 17 de maio, Dia Internacional contra a LGBTfobia, conta a história de três personagens: Tomo (Rinka Kakihara), Makio (Kenta Kiritani) e Rinko (Toma Ikuta). A trama gira em torno de Tomo, garota de 11 anos que, após ser abandonada pelos pais, vai morar com o tio, Makio, e sua namorada, a enfermeira transexual Rinko.

Vencedor do prêmio Teddy, destinado a obras LGBTQ, no Festival de Berlim 2017, longa também ganhou o prêmio de melhor longa-metragem internacional no Festival Mix Brasil 2017. Tema da identidade de gênero tratado com sensibilidade.

Detalhes do processo de impeachment

O Processo Brasil/2018, 137 min)Direção de Maria Augusta Ramos

Documentarista respeitada, Maria Augusta Ramos conquistou diversos prêmios internacionais com seu filme O Processo, que documenta, internamente, na Câmara de Deputados, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em abril de 2016. Se até pensadores de direita, como Olavo de Carvalho, admitem diferenças no processo – para muitos, puro Kafka –, então Maria Augusta busca não propor algo absurdo ao discutir o rito. Mas, no Brasil polarizado, sua tese provoca paixões, ainda mais que o filme exalta duas figuras que se destacam nas fileiras do PT, os senadores Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann. / L.C.M.

As novas aventuras da abelhinha Maya

A Abelhinha Maya: O Filme (Alemanha/2018, 85 min.)Dir. de Noel Cleary, Sergio Delfino, Alex Stadermann

Sequência do filme Abelha Maia – O Filme (2014), do diretor Alexs Stadermann, a trama mostra Maya, uma abelhinha muito animada. Ela e seu melhor amigo, Willy, estão à procura de diversão. Um dia, acidentalmente, ela surpreende de maneira negativa a Imperatriz de Buzztropolis e, como castigo, é forçada a participar dos Jogos de Mel para salvar sua colmeia. Na competição, a abelhinha vai conquistar novos amigos, além de conhecer adversários habilidosos e enfrentar desafios. O maior trunfo da trama é saber explorar as emoções dessa líder nata que também precisa aprender a lidar com os seus defeitos.

Duas mulheres em uma relação condenada

Querida Mamãe (Brasil/2017, 95 min.)Dir. de Jeremias Moreira Filho. Com Selma Egrei, Letícia Sabatella, Marat Descartes

Querida Mamãe acompanha Helô (Letícia Sabatella) em sua difícil relação com a mãe Ruth (Selma Egrei). Tudo muda quando Helô se apaixona pela pintora Leda. Mas a relação das duas mulheres é condenada pela família e por Ruth, o que aumenta a tensão entre as duas.

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