Documentário 'Forman vs. Forman' traz revelações sobre a vida do cineasta checo


No filme, que está na seleção do Festival É Tudo Verdade, Milos Forman conta tudo, é honesto na sua autocrítica e o espectador ainda é presenteado com as inesquecíveis imagens de suas grandes obras

Por Luiz Carlos Merten

No começo dos anos 1970, Milos Forman viveu por dois anos, de graça, num hotel de Nova York. Se não fosse a generosidade do dono, sabe-se lá o que poderia ter ocorrido com ele. Depois que os tanques soviéticos esmagaram a chamada 'Primavera de Praga', em 1968, ele abandonou a Checoslováquia. Atraído pela possibilidade de dirigir um filme nos Estados Unidos, fez Procura Insaciável, que desconcertou o público e foi um fracasso. Poderia ter sido o fim para ele. Sem dinheiro, com a mulher e os filhos gêmeos em Praga, sem condições de retornar, dependeu da caridade de um estranho - o dono do hotel.

O diretor checo Milos Forman. Foto: REUTERS/Marcelo Del Pozo

Milos Forman conta essa e outras histórias no documentário de Helena Trestiková e Jakub Hejna, que passa nesta sábado, 26, no É Tudo Verdade. Basta entrar, às 13h, no site do Festival Internacional de Documentários, mas atenção que o número de views é limitado. Vale destacar que o sábado terá duas atrações brasileiras: os debates com os diretores Jorge Bodanzky e João Jardim. Bodanzky debaterá com o público às 16h, após a reexibição de UnB Utopia Distopia às 11h. João Jardim, às 17h, após a apresentação de Atravessa a Vida. Ambos os filmes estão ligados aos temas da educação no Brasil. A Universidade de Brasília, sonho de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira, que sofreu a dura repressão do regime militar e os estudantes de ensino médio que se preparam para o Enem numa escola no interior de Sergipe.

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Nascido na pequena cidade de Caslav, em 1932, Milos Forman lembra a infância despreocupada. O dia em que foi ao cinema pela primeira vez, para ver um filme mudo baseado numa ópera checa muito popular. Na tela, as imagens, e o público que cantava, fornecendo o som. Aquilo o marcou profundamente, e ele diz que talvez tenha nascido ali a decisão de se tornar diretor. Veio a 2.ª Guerra, o pai foi levado pelos nazistas e Forman nunca mais o viu. A mãe também foi levada, a seguir, e ele a reviu apenas uma vez. Nunca se esqueceu daquele reencontro. Tinham tanta coisa para se dizer. Falaram sobre banalidades. A mãe queria saber do tempo, da colheita, das roupas.

Foi criado num internato modelo para órfãos de guerra, mas que passou a ser frequentado por filhos de figurões comunistas. Passou por famílias adotivas, mas não se fixou em nenhuma. Criou fama de rebelde.Tornou-se cineasta e, graças a Pedro, o Negro, Os Amores de Uma Loira e O Baile dos Bombeiros, tornou-se um dos nomes importantes - o mais? - da nouvelle vague checa. Encerrado brutalmente o sonho de liberdade da Primavera de Praga, foi para os EUA, para aquele hotel. A história teria sido outra, se não tivesse sido convidado para dirigir Um Estranho no Ninho. Ganhou seu primeiro Oscar de direção. Para quem sobrevivera ao nazismo e enfrentara a censura do regime comunista, denunciar o sistema manicomial norte-americano com o filme baseado no livro de Ken Kesey fazia todo o sentido.

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Forman foi sempre crítico das instituições, continuou sendo na 'América'. Encantou-se com os hippies e fez o musical Hair, só para descobrir que aquela juventude era muito chata. Ficavam olhando para o céu, coletavam dinheiro para comprar comida e drogas, e ficavam - chapados - olhando para o céu de novo. Liberdade, ou alienação? Fez Na Época do Ragtime, seu ataque ao racismo, e Amadeus, que lhe permitiu voltar a Praga, de onde estava banido. Reencontrou a ex-mulher e os filhos gêmeos. Fez o filme queria, como queria, e ganhou o segundo Oscar de direção. Levou os filhos para os EUA, casou-se de novo - e teve filhos gêmeos com a nova mulher. Era o primeiro a rir da coincidência, esse monte de filhos varões.

O restante é história. Forman vs. Forman. Ele conta tudo, é honesto na sua autocrítica e o filme ainda apresenta as inesquecíveis imagens de seus grandes filmes. Para o cinéfilo, há de ser um regalo. O sábado terá mais dois filmes merecedores de atenção: Os Quatro Paralamas, de Roberto Berliner e Paschoal Samora, às 21h (com reprise no domingo às 15h, seguida de debate às 17h), resgata a figura do empresário José Fortes e como ele foi importante para o sucesso da banda. 1982, do argentino Lucas Gallo, às 18h, mostra como a ditadura militar no país vizinho iniciou a Guerra das Malvinas em busca de apoio popular. Com base principalmente em material de arquivo do programa 60 Minutos, mostra como foi feita uma campanha para mobilizar a opinião pública numa espécie de fervor patriótico. O filme critica justamente o papel da imprensa, que foi aliada do regime militar, criando a fantasia de uma guerra que a Argentina não poderia ganhar, principalmente depois que os EUA deram apoio - e tecnologia, e armamentos - à Grã-Bretanha de Margaret Thatcher. O presidente, General Leopoldo Galtieri, não era páreo para a Dama de Ferro e terminou condenado por crimes contra a humanidade.

No começo dos anos 1970, Milos Forman viveu por dois anos, de graça, num hotel de Nova York. Se não fosse a generosidade do dono, sabe-se lá o que poderia ter ocorrido com ele. Depois que os tanques soviéticos esmagaram a chamada 'Primavera de Praga', em 1968, ele abandonou a Checoslováquia. Atraído pela possibilidade de dirigir um filme nos Estados Unidos, fez Procura Insaciável, que desconcertou o público e foi um fracasso. Poderia ter sido o fim para ele. Sem dinheiro, com a mulher e os filhos gêmeos em Praga, sem condições de retornar, dependeu da caridade de um estranho - o dono do hotel.

O diretor checo Milos Forman. Foto: REUTERS/Marcelo Del Pozo

Milos Forman conta essa e outras histórias no documentário de Helena Trestiková e Jakub Hejna, que passa nesta sábado, 26, no É Tudo Verdade. Basta entrar, às 13h, no site do Festival Internacional de Documentários, mas atenção que o número de views é limitado. Vale destacar que o sábado terá duas atrações brasileiras: os debates com os diretores Jorge Bodanzky e João Jardim. Bodanzky debaterá com o público às 16h, após a reexibição de UnB Utopia Distopia às 11h. João Jardim, às 17h, após a apresentação de Atravessa a Vida. Ambos os filmes estão ligados aos temas da educação no Brasil. A Universidade de Brasília, sonho de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira, que sofreu a dura repressão do regime militar e os estudantes de ensino médio que se preparam para o Enem numa escola no interior de Sergipe.

Nascido na pequena cidade de Caslav, em 1932, Milos Forman lembra a infância despreocupada. O dia em que foi ao cinema pela primeira vez, para ver um filme mudo baseado numa ópera checa muito popular. Na tela, as imagens, e o público que cantava, fornecendo o som. Aquilo o marcou profundamente, e ele diz que talvez tenha nascido ali a decisão de se tornar diretor. Veio a 2.ª Guerra, o pai foi levado pelos nazistas e Forman nunca mais o viu. A mãe também foi levada, a seguir, e ele a reviu apenas uma vez. Nunca se esqueceu daquele reencontro. Tinham tanta coisa para se dizer. Falaram sobre banalidades. A mãe queria saber do tempo, da colheita, das roupas.

Foi criado num internato modelo para órfãos de guerra, mas que passou a ser frequentado por filhos de figurões comunistas. Passou por famílias adotivas, mas não se fixou em nenhuma. Criou fama de rebelde.Tornou-se cineasta e, graças a Pedro, o Negro, Os Amores de Uma Loira e O Baile dos Bombeiros, tornou-se um dos nomes importantes - o mais? - da nouvelle vague checa. Encerrado brutalmente o sonho de liberdade da Primavera de Praga, foi para os EUA, para aquele hotel. A história teria sido outra, se não tivesse sido convidado para dirigir Um Estranho no Ninho. Ganhou seu primeiro Oscar de direção. Para quem sobrevivera ao nazismo e enfrentara a censura do regime comunista, denunciar o sistema manicomial norte-americano com o filme baseado no livro de Ken Kesey fazia todo o sentido.

Forman foi sempre crítico das instituições, continuou sendo na 'América'. Encantou-se com os hippies e fez o musical Hair, só para descobrir que aquela juventude era muito chata. Ficavam olhando para o céu, coletavam dinheiro para comprar comida e drogas, e ficavam - chapados - olhando para o céu de novo. Liberdade, ou alienação? Fez Na Época do Ragtime, seu ataque ao racismo, e Amadeus, que lhe permitiu voltar a Praga, de onde estava banido. Reencontrou a ex-mulher e os filhos gêmeos. Fez o filme queria, como queria, e ganhou o segundo Oscar de direção. Levou os filhos para os EUA, casou-se de novo - e teve filhos gêmeos com a nova mulher. Era o primeiro a rir da coincidência, esse monte de filhos varões.

O restante é história. Forman vs. Forman. Ele conta tudo, é honesto na sua autocrítica e o filme ainda apresenta as inesquecíveis imagens de seus grandes filmes. Para o cinéfilo, há de ser um regalo. O sábado terá mais dois filmes merecedores de atenção: Os Quatro Paralamas, de Roberto Berliner e Paschoal Samora, às 21h (com reprise no domingo às 15h, seguida de debate às 17h), resgata a figura do empresário José Fortes e como ele foi importante para o sucesso da banda. 1982, do argentino Lucas Gallo, às 18h, mostra como a ditadura militar no país vizinho iniciou a Guerra das Malvinas em busca de apoio popular. Com base principalmente em material de arquivo do programa 60 Minutos, mostra como foi feita uma campanha para mobilizar a opinião pública numa espécie de fervor patriótico. O filme critica justamente o papel da imprensa, que foi aliada do regime militar, criando a fantasia de uma guerra que a Argentina não poderia ganhar, principalmente depois que os EUA deram apoio - e tecnologia, e armamentos - à Grã-Bretanha de Margaret Thatcher. O presidente, General Leopoldo Galtieri, não era páreo para a Dama de Ferro e terminou condenado por crimes contra a humanidade.

No começo dos anos 1970, Milos Forman viveu por dois anos, de graça, num hotel de Nova York. Se não fosse a generosidade do dono, sabe-se lá o que poderia ter ocorrido com ele. Depois que os tanques soviéticos esmagaram a chamada 'Primavera de Praga', em 1968, ele abandonou a Checoslováquia. Atraído pela possibilidade de dirigir um filme nos Estados Unidos, fez Procura Insaciável, que desconcertou o público e foi um fracasso. Poderia ter sido o fim para ele. Sem dinheiro, com a mulher e os filhos gêmeos em Praga, sem condições de retornar, dependeu da caridade de um estranho - o dono do hotel.

O diretor checo Milos Forman. Foto: REUTERS/Marcelo Del Pozo

Milos Forman conta essa e outras histórias no documentário de Helena Trestiková e Jakub Hejna, que passa nesta sábado, 26, no É Tudo Verdade. Basta entrar, às 13h, no site do Festival Internacional de Documentários, mas atenção que o número de views é limitado. Vale destacar que o sábado terá duas atrações brasileiras: os debates com os diretores Jorge Bodanzky e João Jardim. Bodanzky debaterá com o público às 16h, após a reexibição de UnB Utopia Distopia às 11h. João Jardim, às 17h, após a apresentação de Atravessa a Vida. Ambos os filmes estão ligados aos temas da educação no Brasil. A Universidade de Brasília, sonho de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira, que sofreu a dura repressão do regime militar e os estudantes de ensino médio que se preparam para o Enem numa escola no interior de Sergipe.

Nascido na pequena cidade de Caslav, em 1932, Milos Forman lembra a infância despreocupada. O dia em que foi ao cinema pela primeira vez, para ver um filme mudo baseado numa ópera checa muito popular. Na tela, as imagens, e o público que cantava, fornecendo o som. Aquilo o marcou profundamente, e ele diz que talvez tenha nascido ali a decisão de se tornar diretor. Veio a 2.ª Guerra, o pai foi levado pelos nazistas e Forman nunca mais o viu. A mãe também foi levada, a seguir, e ele a reviu apenas uma vez. Nunca se esqueceu daquele reencontro. Tinham tanta coisa para se dizer. Falaram sobre banalidades. A mãe queria saber do tempo, da colheita, das roupas.

Foi criado num internato modelo para órfãos de guerra, mas que passou a ser frequentado por filhos de figurões comunistas. Passou por famílias adotivas, mas não se fixou em nenhuma. Criou fama de rebelde.Tornou-se cineasta e, graças a Pedro, o Negro, Os Amores de Uma Loira e O Baile dos Bombeiros, tornou-se um dos nomes importantes - o mais? - da nouvelle vague checa. Encerrado brutalmente o sonho de liberdade da Primavera de Praga, foi para os EUA, para aquele hotel. A história teria sido outra, se não tivesse sido convidado para dirigir Um Estranho no Ninho. Ganhou seu primeiro Oscar de direção. Para quem sobrevivera ao nazismo e enfrentara a censura do regime comunista, denunciar o sistema manicomial norte-americano com o filme baseado no livro de Ken Kesey fazia todo o sentido.

Forman foi sempre crítico das instituições, continuou sendo na 'América'. Encantou-se com os hippies e fez o musical Hair, só para descobrir que aquela juventude era muito chata. Ficavam olhando para o céu, coletavam dinheiro para comprar comida e drogas, e ficavam - chapados - olhando para o céu de novo. Liberdade, ou alienação? Fez Na Época do Ragtime, seu ataque ao racismo, e Amadeus, que lhe permitiu voltar a Praga, de onde estava banido. Reencontrou a ex-mulher e os filhos gêmeos. Fez o filme queria, como queria, e ganhou o segundo Oscar de direção. Levou os filhos para os EUA, casou-se de novo - e teve filhos gêmeos com a nova mulher. Era o primeiro a rir da coincidência, esse monte de filhos varões.

O restante é história. Forman vs. Forman. Ele conta tudo, é honesto na sua autocrítica e o filme ainda apresenta as inesquecíveis imagens de seus grandes filmes. Para o cinéfilo, há de ser um regalo. O sábado terá mais dois filmes merecedores de atenção: Os Quatro Paralamas, de Roberto Berliner e Paschoal Samora, às 21h (com reprise no domingo às 15h, seguida de debate às 17h), resgata a figura do empresário José Fortes e como ele foi importante para o sucesso da banda. 1982, do argentino Lucas Gallo, às 18h, mostra como a ditadura militar no país vizinho iniciou a Guerra das Malvinas em busca de apoio popular. Com base principalmente em material de arquivo do programa 60 Minutos, mostra como foi feita uma campanha para mobilizar a opinião pública numa espécie de fervor patriótico. O filme critica justamente o papel da imprensa, que foi aliada do regime militar, criando a fantasia de uma guerra que a Argentina não poderia ganhar, principalmente depois que os EUA deram apoio - e tecnologia, e armamentos - à Grã-Bretanha de Margaret Thatcher. O presidente, General Leopoldo Galtieri, não era páreo para a Dama de Ferro e terminou condenado por crimes contra a humanidade.

No começo dos anos 1970, Milos Forman viveu por dois anos, de graça, num hotel de Nova York. Se não fosse a generosidade do dono, sabe-se lá o que poderia ter ocorrido com ele. Depois que os tanques soviéticos esmagaram a chamada 'Primavera de Praga', em 1968, ele abandonou a Checoslováquia. Atraído pela possibilidade de dirigir um filme nos Estados Unidos, fez Procura Insaciável, que desconcertou o público e foi um fracasso. Poderia ter sido o fim para ele. Sem dinheiro, com a mulher e os filhos gêmeos em Praga, sem condições de retornar, dependeu da caridade de um estranho - o dono do hotel.

O diretor checo Milos Forman. Foto: REUTERS/Marcelo Del Pozo

Milos Forman conta essa e outras histórias no documentário de Helena Trestiková e Jakub Hejna, que passa nesta sábado, 26, no É Tudo Verdade. Basta entrar, às 13h, no site do Festival Internacional de Documentários, mas atenção que o número de views é limitado. Vale destacar que o sábado terá duas atrações brasileiras: os debates com os diretores Jorge Bodanzky e João Jardim. Bodanzky debaterá com o público às 16h, após a reexibição de UnB Utopia Distopia às 11h. João Jardim, às 17h, após a apresentação de Atravessa a Vida. Ambos os filmes estão ligados aos temas da educação no Brasil. A Universidade de Brasília, sonho de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira, que sofreu a dura repressão do regime militar e os estudantes de ensino médio que se preparam para o Enem numa escola no interior de Sergipe.

Nascido na pequena cidade de Caslav, em 1932, Milos Forman lembra a infância despreocupada. O dia em que foi ao cinema pela primeira vez, para ver um filme mudo baseado numa ópera checa muito popular. Na tela, as imagens, e o público que cantava, fornecendo o som. Aquilo o marcou profundamente, e ele diz que talvez tenha nascido ali a decisão de se tornar diretor. Veio a 2.ª Guerra, o pai foi levado pelos nazistas e Forman nunca mais o viu. A mãe também foi levada, a seguir, e ele a reviu apenas uma vez. Nunca se esqueceu daquele reencontro. Tinham tanta coisa para se dizer. Falaram sobre banalidades. A mãe queria saber do tempo, da colheita, das roupas.

Foi criado num internato modelo para órfãos de guerra, mas que passou a ser frequentado por filhos de figurões comunistas. Passou por famílias adotivas, mas não se fixou em nenhuma. Criou fama de rebelde.Tornou-se cineasta e, graças a Pedro, o Negro, Os Amores de Uma Loira e O Baile dos Bombeiros, tornou-se um dos nomes importantes - o mais? - da nouvelle vague checa. Encerrado brutalmente o sonho de liberdade da Primavera de Praga, foi para os EUA, para aquele hotel. A história teria sido outra, se não tivesse sido convidado para dirigir Um Estranho no Ninho. Ganhou seu primeiro Oscar de direção. Para quem sobrevivera ao nazismo e enfrentara a censura do regime comunista, denunciar o sistema manicomial norte-americano com o filme baseado no livro de Ken Kesey fazia todo o sentido.

Forman foi sempre crítico das instituições, continuou sendo na 'América'. Encantou-se com os hippies e fez o musical Hair, só para descobrir que aquela juventude era muito chata. Ficavam olhando para o céu, coletavam dinheiro para comprar comida e drogas, e ficavam - chapados - olhando para o céu de novo. Liberdade, ou alienação? Fez Na Época do Ragtime, seu ataque ao racismo, e Amadeus, que lhe permitiu voltar a Praga, de onde estava banido. Reencontrou a ex-mulher e os filhos gêmeos. Fez o filme queria, como queria, e ganhou o segundo Oscar de direção. Levou os filhos para os EUA, casou-se de novo - e teve filhos gêmeos com a nova mulher. Era o primeiro a rir da coincidência, esse monte de filhos varões.

O restante é história. Forman vs. Forman. Ele conta tudo, é honesto na sua autocrítica e o filme ainda apresenta as inesquecíveis imagens de seus grandes filmes. Para o cinéfilo, há de ser um regalo. O sábado terá mais dois filmes merecedores de atenção: Os Quatro Paralamas, de Roberto Berliner e Paschoal Samora, às 21h (com reprise no domingo às 15h, seguida de debate às 17h), resgata a figura do empresário José Fortes e como ele foi importante para o sucesso da banda. 1982, do argentino Lucas Gallo, às 18h, mostra como a ditadura militar no país vizinho iniciou a Guerra das Malvinas em busca de apoio popular. Com base principalmente em material de arquivo do programa 60 Minutos, mostra como foi feita uma campanha para mobilizar a opinião pública numa espécie de fervor patriótico. O filme critica justamente o papel da imprensa, que foi aliada do regime militar, criando a fantasia de uma guerra que a Argentina não poderia ganhar, principalmente depois que os EUA deram apoio - e tecnologia, e armamentos - à Grã-Bretanha de Margaret Thatcher. O presidente, General Leopoldo Galtieri, não era páreo para a Dama de Ferro e terminou condenado por crimes contra a humanidade.

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