O pai de um menino afegão de 12 anos, que estrelou um dos papéis principais do filme O Caçador de Pipas disse que a companhia que produziu o filme adiou seu lançamento até que os dois possam deixar o Afeganistão, porque temem pela segurança do menino. O The New York Times informou nesta quinta-feira que o estúdio que distribui o filme em grande circuito, a Paramount, adiou o lançamento para dar a três dos garotos afegãos que atuaram em O Caçador de Pipas a chance de fugirem de Cabul, cheios de preocupação de que eles possam ser atacados por causa de uma cena de estupro no filme. O Caçador de Pipas, baseado no best-seller de 2003 do autor afegão-americano Khaled Hosseini, conta a história de dois meninos e a transformação da sua amizade, após o estupro sofrido por um dos dois. O narrador do romance, Amir, testemunha o estupro de seu amigo Hassan, nada faz para impedir a violência e convive ao longo dos anos com a consciência atormentada. O Caçador de Pipas deveria ser lançado em grande circuito nos Estados Unidos no final de novembro e uma nova data ainda não foi anunciada. A Paramount "nos prometeu que resolverá qualquer problema que tivermos agora e no futuro," disse Ahmad Jaan Mahmidzada, cujo filho de 12 anos, Ahmad Khan Mahmidzada, faz o papel de Hassan. Ahmad Khan recebeu US$ 10 mil (R$ 20 mil) para fazer o papel de Hassan. Mas o menino disse à Associated Press no mês passado que jamais faria o papel se soubesse antes que, na história de ficção, Hassan é estuprado. A família de Hassan diz que só tomou conhecimento da cena alguns dias antes da filmagem. Mahmidzada também está preocupado que a história aumente a tensão étnica no Afeganistão, porque ela aborda, de maneira estereotipada, a convivência entre os grupos étnicos afegãos - no caso da cena polêmica, um valentão Pashtun contra um pobre garoto Hazara. Os Pashtuns, maior grupo étnico do Afeganistão, e a minoria Hazara estiveram entre várias facções contrárias, na amarga guerra civil da década de 1990. Milhares de Hazaras foram massacrados em meados da década de 1990, quando o grupo fundamentalista islâmico Taleban, predominantemente formado por Pashtuns, tomou o poder. A violência étnica diminuiu desde a queda do Taleban no final de 2001, mas os afegãos temem que o disparo de qualquer gatilho reviva a espiral. Muitos estão furiosos com o filme indiano Expresso de Cabul de 2006, que retrata os militantes Hazaras como brutais e assassinos.
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